Poesia dos 40 anos

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NATAL SECRETO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Anos e anos de procura, e não encontrei a versão do meu natal no meio das cores fartas e sintéticas que saturam as ruas da cidade. Nem mesmo nas cartas de crédito e consumo que chegam à caixa de correspondências de minha casa e me chamam pras lojas enfeitadas por itens e gentes. Ou só por itens, porque afinal, pessoas também são itens no brilho superficial dos shoppings que se enchem de afetos para todos os gostos e poderes aquisitivos.
O natal com que sonho desde criança, e que não casava com os sonhos de outras crianças, nunca veio ao meu encontro. Talvez porque não exista, e porque os sonhos de meninos e adultos alienígenas não podem mesmo se realizar, para que o mundo não seja desarrumado. Jamais me achei, nem ao meu natal disforme, sob as ondas da paz comercial desse amor que se apresenta nos moldes emergenciais da velha data instituída.
Com o tempo, precisei adequar meu egoísmo à normalidade cívica e dogmática do natal que polui os olhos e dentro em pouco poluirá lixeiras, esquinas, encruzilhadas e guetos. Quando a minha esquisitice lamber os restos de abraços, discursos e sorrisos, meus olhos verão pessoas ainda mais esquisitas e carentes revirarem o lixo em busca dos restos gastronômicos do natal. Para essas pessoas, afetos de fim de ano são presentes de outro mundo.

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AMIZADE PLATÔNICA

Demétrio Sena, Magé – RJ.

Foram anos de olhares tão só meus,
de carinho isolado, sem resposta,
uma cumplicidade no vazio
de quem gosta e não gosta; só se deixa...
Fui amigo platônico, distante,
mesmo próximo, pleno de presença;
tive afetos restantes dos descuidos
ou de surtos da tua solidão...
Sob as perdas, os danos que sofri,
rabisquei as versões de realidade
que não vi, mas vivi de não viver...
Minha mente seguiu meu coração
sob o vão das imagens afetivas,
e teus nãos me nutriram de silêncios...

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O AMOR E O TEMPO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Apesar dos desgastes ou ações dos anos,
das verdades maiores do que todo encanto,
desse quanto se foi do que fomos um dia,
quero nosso destino sob os nossos pés...
É com todas as perdas e os danos da vida,
os desvios do mundo, as ilusões frustradas,
que me sinto sem chão ao me pensar sem ti;
perco minhas estradas e caio de mim...
Um amor todo entregue às erosões e o limo,
sem o mimo dos dias mais frescos do amor
nem aquele desejo incontido no corpo...
Mas escavo as vivências e nos recupero,
quando menos espero dos fósseis do tempo
entre os quais não deixamos de pulsar por nós...

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A FORÇA DA FARSA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Foram anos e anos do que jamais foi
para quem desenhei na quimera tão minha,
tão acima do quanto poderia ser
a não ser pra quem perde a noção e o bom senso...
Foi assim que te amei numa espera infinita,
fiz de conta e me fiz acreditar no conto,
fiquei pronto pra quando chegasse o momento
esperado por nós; na verdade, por mim...
Você foi essa força que tirei da farsa,
uma praça de sonhos que plantei sozinho
pra perder o meu tempo e não me ver passar...
Fui a sua certeza de alguém por aí,
caso fosse preciso ancorar em um cais;
nada mais do que algo pra ser menos um...

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CONSTATAÇÃO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Durante muitos anos, ela o aceitou exatamente como ele dizia ou confessava ser, sem qualquer disfarce ou rodeio. Só passou a rejeitá-lo, com todas as forças do seu íntimo, quando constatou que, de fato, ele era exatamente como dizia ou confessava ser.

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SÓ UM CONTO QUASE DE AMOR

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Durante anos e anos, em todos os reencontros ocasionados sempre por ele, depois de longos afastamentos, ela dizia que o amava. Com todas as forças do seu ser. Toda sua verdade. Parecia mesmo que ela o amava, pela comoção demonstrada; os abraços desmedidos; a multiplicação das mãos; os beijos que não escolhiam quais partes do corpo.
Eles eram amigos íntimos; muito íntimos. Deitavam juntos inteiramente nus; se acariciavam sem fazer sexo; frequentavam campos, recantos e cachoeiras desertas, onde mais pareciam no jardim do Éden. Trocavam juras de amizade perpétua, sempre assim: sem permitirem que um romance pusesse tudo a perder. Que as nominatas e os arremates físicos os tornassem proibidos, porque ambos já tinham em separado, perante a sociedade, nominatas formais incompatíveis com quaisquer outras.
Um dia, ela não reconheceu sua voz numa ligação telefônica. E quando ele se anunciou, disse que lá não havia ninguém com aquele nome; portanto, era engano. Certo de que o engano era seu, e de muitos anos, o velho amigo desligou o aparelho e seguiu sem fazer queixumes.
Bem vivido, com uma larga experiência de mundo e formado em seres humanos pela escola do tempo, aquele homem sobreviveu ao baque. Não a culpou e compreendeu que a grande amiga se rendera finalmente às nominatas, mesmo sem os arremates. Fora convertida pela sociedade sempre correta, imaculada, religiosa e defensora de nomes.

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SOLIDÃO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Sempre achei que o silêncio dos anos a fio
calaria este grito que já calo em mim;
este frio na espinha, esta chama na pele
que não sei abafar quando encontro teus olhos...
Presumi que teria os favores do tempo,
dos empenhos do mundo ao abrir horizontes,
ao expor tantas pontes pra todas as margens
de verdades mais fortes do que meu segredo...
Tantos anos e o sonho de ao menos um dia
reservar um instante para ser só nosso
e fazer a magia tomar corpo em nós...
O que sonho é bem pouco, somente o rascunho
do cenário e da cena que desenho a esmo
com o punho cansado desta solidão...

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⁠TÉCNICAS DE LUTA EMOCIONAL

Demétrio Sena - Magé

Descobri há poucos anos, que sou capaz de suportar pelo menos uma hora dos insultos de uma pessoa. E por escrito, pelo menos umas quatro laudas de bombardeio. Isso vai depender da minha leitura do grau de carência, desequilíbrio emocional, fragilidade ou, em última instância, do grau de periculosidade que tal pessoa demonstre.
A periculosidade que meço nunca está na força física, no poder socioeconômico nem na "brabeza" do indivíduo. Está na sua fragilidade assim confessada, involuntariamente, pela carência e o desequilíbrio. Alguém assim representa um perigo para si mesmo e, em decorrência, para nós. Imagine uma criatura enfartar porque você a deixou ainda mais estressada. Ou você agredir fisicamente alguém mais frágil, que não está cabendo em si... a tal ponto que já nem é responsável pelos próprios atos. Os exemplos variam e se diversificam. Deixo a cargo de sua imaginação.
Depois de mais ou menos uma hora ou quatro laudas, minha valentia é me retirar. Se logo após isso, precisar me defender física, policial ou judicialmente, serei sempre técnico, pela questão que faço de saber o quanto fiz para que ninguém chegasse às vias de fato comigo. Quem quiser arrumar um problema sério para mim, terá que recorrer à calúnia... Sem provas.

Inserida por demetriosena

PRA REVIVER

Demétrio Sena - Magé

Desta vez entendi que o que sinto é tão só;
tantos anos perdida no seu faz de conta,
que minha'lma ficou embevecida e tonta
por um laço que a mágoa transformou em nó...

De repente o castelo ao vento se desmonta,
como todos os sonhos se tornaram pó;
minha voz perde as notas, o que tenho é dó,
mas nem é musical; a música me afronta...

Sairei desta sombra, porque sempre o fiz;
tantos tombos na vida me deram destreza
pra seguir outra vez e tentar ser feliz...

Entre todos os meios de chegar ao fim,
decidi que não vou me render à tristeza
por alguém que brincava de gostar de mim...
... ... ...

Respeite autorias. É lei

Inserida por demetriosena

⁠Quando a reforma aconteceu, Calvino tinha apenas 9 anos de idade, não foi Lutero quem aderiu ao calvinismo, foi Calvino quem aderiu a reforma!
Os personagens da reforma são: John Wycliff (1325-1384), John Huss (1372-1415), Jerônimo Savonarola (1452-1498), conhecidos como pré-reformadores, combateram irregularidades e imoralidades do clero católico romano; já Martinho Lutero (1483-1546) foi quem colocou a reforma em curso, juntamente com Filipe Melanchton (1497-1560) e os professores de Wittemberg!!!
O calvinismo é apenas uma ramificação desajustada, deturpada e distorcida da reforma!!!

Inserida por VerbosdoVerbo

O ser humano aprende a falar com cerca de três anos, a ouvir, nunca. Aprende a andar também por volta dos três anos, mas, não aprende triblar as pedras do caminho. Aprende a querer, a desejar, e, cai no primeiro não da vida. Aprende que com dezoito anos é adulto, amadurecer, nem sempre. Aprende a magoar, e, não sabe o valor de reconhecer erros. Aprende o pai-nosso, mas, não conhece Jesus. Aprende a ler e escrever, porém, não sabem ler seus dias e a ser autores da sua história. Aprende que não se é nada sozinho, e, faz de tudo para parecer autosuficiente. Aprende a falar te amo e na verdade, não sabem amar. Aprendem, mas, não evoluem.

“A infância não me é distante. Há poucos anos atrás eu ainda corria descalço, subia em arvores e ralava os joelhos. Sorria, chorava, tinha medo do escuro. Às vezes parece que tudo foi um filme, ou um teatro. E se foi um teatro, talvez a peça tenha acabado antes da hora, e as cortinas tenham se fechado muito depressa, quando meu papel de ser criança, começava a fazer sentido."

Cai uma pétala da rosa, a renovação, começa um novo ciclo, uma nova fase, bonita, uma transformação. 15 anos, o botão se transformou em uma rosa.

A velhice nem sempre é sinônimo de sabedoria, porque há pessoas que levam consigo ignorância de anos.

“Todos os anos, fazemos muitos planos de mudança. Faça os planos saírem do papel com a atitude de começar a mudar agora. Se você ficar aguardando que o mundo mude, terá muito o que esperar. Seja o motor das mudanças de que necessita.”

Quando se tem quase 15 anos, e está no 8º ano do ensino fundamental, a coisa que uma garota mais deseja na vida, é a tal sonhada festa de 15 anos, ou ser a mais popular da escola. Mas não para Ana, o que ela mais desejava com seus quase 15 anos, era a liberdade de poder ser o que ela quisesse sem ter que dar satisfação, a liberdade de ir em buscar dos seus sonhos.Hoje ela tem 20 anos e ainda sonha com essa liberdade!

Fazem tantas previsões para o fim do mundo. Quando farão uma que nos diga quando ele simplesmente se tornará melhor? O fim do mundo ocorre a vários anos. Quem não vê isso, está apenas se cegando para todos os problemas, que temos visto, espalhados pelo mundo desde que nascemos.

Pouco importa quanto tempo vivi. Perpassei anos, décadas; e quase um século. O tempo pouco importa. Sobre algo tenho certeza: tendo vivido nove ou noventa, sei somente o suficiente para saber que não sei quase nada. Mas digo isso para não dizer que não sei nada.

Sem o passado não existe o futuro, construa em seu presente a historia que você quer que seja contada daqui a alguns anos.

“Diga-me como ela está?! Faz anos que não a vejo… Dizem que ela está tão linda, mas continua sozinha. Eu quero saber quantos namorados ela colocou até aqui… Em todos esses anos?! E se você ver a minha garota, pergunte-a ela essas coisas que estou te pedindo… Não fale que fui eu, por favor. Deixe quieto, só para ver o que ela vai falar… Eu a procurei nesses lugares que ela tanto adorava estar… Mas parece que ela sumiu de todos. Acho que mudou de vontades, eu me lembro do rosto dela as vezes… Sabe, eu desconfio que eu a sempre quis… Sei lá, essa garota ficou no meu cérebro por todos os dias. Eu era jovem, inconsequente o bastante, eu a deixei em meio ao frio… Mas sabe quando alguém não sai do seu cérebro?! Quando passa anos e anos e continua ali?! Só me lembro que ela chorou até quase morrer… Mas não consigo esquecer a voz dela. Não consigo esquecer tudo que ela me falou… Eu idiota só a fiz gritar de dor.“.