Poesia do Preconceito Vinicius de Morais
AMOR DE POETA
De um lado, o sentimento, do outro lado
O fado, pelado, cru, desnudo de fantasia
O sonho no beiral do lampejo debruçado
Na alva, na lua, e no entardecer do dia
Se fala de afetos, lasso fica o seu agrado
É que a paixão o cega, e o pranto o guia
Nas sofrências que tatuam o seu passado
Cada verso dilacerado, senhora a poesia
Intenso. Emoção vaza em cada trova sua
Sem defesa, intacta, e de total entrega
Do silêncio, a ternura no estro profundo
Em frente as sensações, a tua alma nua
Onde a mais ingênua imaginação navega
O árduo amor, dos Poetas deste mundo!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
01/04/2020, 07’12” - Cerrado goiano
Obrigado
Pelos dons oferecidos, poeto
(o meu poetar é no cerrado)
Pela inspiração sou inquieto
Obrigado!
Pelos devaneios, as venturas
Em sua formosura e pecado
Pelos versos com aventuras
Obrigado!
Pelo afeto com suas rimas
Horas más, as sem agrado
Também, pelas com estimas
Obrigado!
Pelo ipê no sertão em flor
Nos versos não ter faltado
Ó singelo trovas de amor
Obrigado!
E tu, que és alento constante
No estro o desejo acordado
Ai! sempre do sonho diante
Poesia.... Obrigado! Obrigado!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02/04/2020, 07’50” - Cerrado goiano
Paráfrase Pedro Homem de Melo
Mulher da Vida...
(8 de março)
Mulher...
família,
poder onde quiser,
negligente, de vigília,
de vário fazer,
contida,
Ser,
destemida,
dama,
senhora,
esposa,
moça,
guardada ou envelhecida,
da cidade ou da roça,
querida,
de todas as idades,
tão linda,
contém verdades,
onde houver,
diversas habilidades,
Mulher da vida... vida de Mulher
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02/03/2020 – Cerrado goiano
[...] dia da Mulher – 08 de março
ALANCEADO (soneto)
Chorei, quando te perdi. Mas sentir
Saudades... foi o maior do sofrer
E do céu cinzento ali a emudecer
Você, te vi de minha alma partir!
Talvez foi o fado, no seu querer
Ou as falhas que nos fez desistir
Competir? Com o desafeto, ir
pela contramão, não sei ser...
Porém te digo: - por ti fui vigor!
E se nesta dor, se aqui eu choro
É porque um dia eu pude sonhar
Talvez sonhei demais, fui sonhador
Mas, tal qual um certeiro meteoro
Alanceou quem a você quis amar!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Março de 2020 - Cerrado goiano
ÁGUAS DE MARÇO (soneto)
Na tarde do cerrado, tarde de chuvarada
A vida, arfa das quaresmeiras o perfume
Lilás, exalando aroma em um tal volume
Espalhando pelo chão nuance desbotada
Na tarde tropical, de quaresma, o lume
Do dia, é embaçado, e a ventania riçada
O ar, a criação, e a flora toda ela calada
A hera faz que os pingos d’água espume
O silêncio é partido pelo grito da seriema
Num guincho alto de estalo e esto triste
Melando o peito com melancolia extrema
A tarde vai, num entardecer onde insiste
A chuva, quase em pranto, sem dilema
Pois, nas águas de março, poética existe!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/03/2026, 17'15" - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
conjugando o verso
o verso versado
ao poetar versa
num teor sagrado
inspiração diversa
num versar fiado...
da imaginação, em conversa!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/03/2016 - cerrado goiano
IRIS
[...] a admiração
não cessa
até que se esgote a temporada...
eterna paixão!
Íris, flor encantada
pássaro em ascensão
singelo feitio
poesia e ilusão
da cor azul anil...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2020, julho - Triângulo Mineiro
VIRADA
Começa a haver meia noite, memoração
Como se tudo no tilintar das taças finda
Calam-se os corações, os fogos falam
Abraços hão de haver, de haver ainda
E o universo inteiro sozinho...
O meu fadário calado e na berlinda
Do silêncio na inspiração d'um ninho
Ruídos da rua, passos de ida e vinda
E os festejos sussurrando baixinho
E sozinho o universo inteiro...
Felicitações me são dadas do vizinho
Pelo ar ecoam acumulação de cheiro
Então deixo ilusões na taça de vinho
E velo solenemente o meu cativeiro
E inteiro sozinho o universo...
No rés do chão ter esperanças é roteiro
Já o pensamento na saudade disperso
Esperando, escutando, leve e sorrateiro
Qualquer coisa, antes de dormir, averso
Sozinho, solitário não, romeiro...
Vou dormir! Amanhã, dia outro e diverso.
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Poeta do cerrado
ADEUS ANO VELHO
Deste que passaram-se horas
Do velho ano
Do ano que já é outrora
Agora recordação, tempo profano
A cada segundo, minuto, hora
Dia após dia, quotidiano
O tempo vai, vai embora
Sorrateiro e ufano
Muito antes, antes de mim
Veloz e insano
Sem parar, até o fim...
No diverso plano
Vida que segue, "Quixotesco" no seu rocim
Adeus velho ano!
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Poeta do cerrado
DESENCONTRO
Que sorte forasteira é esta
Que caminha sem sentido
Riscando rumo partido
E pouca ventura empresta?
Finge ser o destino, direção
Sussurrando ser boa nova
Se mais parece uma cova
Exílio arquitetado pro coração.
São desencontrados gestos
A nos jogar feridos ao chão,
Criando silêncio na emoção,
Com tais sonhos indigestos,
Que viram amarras pra ilusão,
Solidão nos desejos incertos,
E nos fazem boquiabertos...
Sem ter o amor, ah isto não!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano
A PORTA
De tábua és construída
ao vento e a poeira corta
marca chegada e partida
viva e morta: sou a porta
Eu abro para quimera
me fecham no temporal
sou tramelada, espera
proteção, da casa ritual
E neste abre e fecha
a escada é o meu chão
lá fora eu vejo pela brecha...
O bem, é a porta do coração.
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, 27 de maio
Cerrado goiano
A NOITE
Oh! jornada negra! O silêncio debruçado
Lá fora... um raio rasgando o céu, espia
A minha alma, teimosa, cheia de porfia
Fria, chuva que cai, molhando o cerrado
No horizonte desfalece a luz do fim do dia
No céu tenebrosa, a lua, e o quarto calado
E só, trevoso e largo, o trovão estardalhado
Troando a solidão da chuvosa noite vazia
Devassa... oh! jornada escura de loucura
Que estardalhaça no peito suspiro fundo
E excarcera o medo sem qualquer ternura
Pobre umbroso de arrelia, e moribundo
O sono, pávido e prostrado de amargura
A noite, chuvosa, faz-se lento o segundo.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, 25 de outubro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
MISÉRIA POÉTICA
Vi-a, erodente trova, chorã, fustigada
Vãs rimas, mesmo assim, com melodia
Em seu lânguido versejar, desvairada
Queixar do amor, qualquer, na poesia
Sensível, miserável. Verso apaixonado
Duma emoção, que assim, me seduzia
Escorrendo na trova ardor enamorado
Num prelúdio divino de afeto e agonia
Me feriu. Em cada cântico a dor ecoava
Do poeta golpeado, então, resvalava
Da poesia: pranto, sussurro e clamor
Suspirei. Gemia o verso num lamento
De inquietação, sensação e sentimento
Da miséria poética sofrente de amor...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29 julho, 2022, 14’33” – Araguari, MG
VIDA DO VERSO
Sempre a sussurrar sentimento incerto
O poema à sensação se faz aventureiro
Ao poeta deixa aquele gostinho aberto
Sempre, em busca dum sonho certeiro
Da paixão ao amor, tem trova em alerta
Mas, nunca deixando de ser por inteiro
Na prosa que tem aquela medida certa
De poética, vem o sentimental primeiro
Na rima, a imaginação como fronteira
Do seguro a ilusão, a pluralidade beira
É inspiração, pois, do destino escorre
Enquanto, na prosa tem aquela batida
Tudo é só encanto, abrandando a vida!
É arte, narração, senão, o verso morre...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15 de agosto, 2022, 13’13” – Araguari, MG
*dia de NS D’Abdia da Água Suja, Romaria, MG
RETRATO DE MÃE
Mãe... tens o amor primeiro
O colo tão cheio de atenção
Sublime o teu doce coração
Com o teu carinho certeiro
Tens o puro nome: missão
Resignação, apoio certeiro
És tu Mãe, teor verdadeiro
Que oferta toda a devoção
Teu olhar o olhar de Deus
Bom, amigo, tão presente
No esmero dos tinos teus
És o sermão com jeitinho
Aquele amor inteiramente
Alento no nosso caminho!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 de agosto, 2022, 19’03” – Araguari, MG
SONETO CINZA
Como no cerrado, o torto é vestuário
Desenhando no vento árida textura
Rajando o céu em escarlate mistura
O coração na paixão, tem imaginário
Eu, na solidão, de imperfeita bravura
Vejo a desdita germinar no itinerário
E o amor em tal solene rito arbitrário
Frustrado pela própria azeda ternura
Fico então no conforto do contrário
Do que no peito me anuncia a tortura
Implorando amor com um destinatário
Mais, que o viver possa ter procura
E a vontade de ter amor, seja vário
No afeto, o amor no fado, é ventura
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
25 de maio de 2016 – Cerrado goiano
VELHA PORTEIRA
Pela velha porteira da estrada
Passou o passo, passo a passo
De afã, sonho, pressa, cansaço
Todos com sua singular toada
Por ela a vida passa, meada
Passo crasso, leve e pedaço
De ser, em um tal compasso
De sensação, sem ter parada
Ó velha porteira no vai e vem
As secas, invernadas, ir além
Vendo a história, fase, tolice
Afinal, no tempo está contido
O que divisa o destino vivido
E hoje passo por ti na velhice...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31 janeiro, 2022, 15’16” – Araguari, MG
PORTA-VOZ
Cada naco do fado de que eu vivi
Resumido, desvairado e disperso
Suspirei, chorei, contentei e senti
E tudo o mais sussurado no verso
Amei, dos não amores sobrevivi
Em um trovar poético e diverso
Alguns com exatidão os escrevi
Amoroso, na imaginação imerso
Tudo passa, fugaz e tão fecundo
Poesia é vida e vive eternamente
E não é minúscula e ou teoremas
Tende. Intui. No inspirado segundo
Em cada sensação ali está presente
Deixo de porta-voz, os meus poemas
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
24, novembro, 2021, 20’07” – Araguari, MG
ELA
Todo dia ela sussurra, informal
do profundo, a sensação escoa
com a sua sedução tão virginal
e asas ao vento a ilusão povoa
Literária de matizado de vitral
da caligrafia e, de olência boa
dando cheiro pro sentimental
na graça poética que a coroa
É ela, a poesia, versos que cria
o amor, essência, nada em vão
e que ao poeta o ego acaricia
E, assim, tão emocional e bela
percorre no feito da permissão
varia, e o acaso prosa com ela...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26 de abril, 2022, 19’40” – Araguari, MG
MINHAS POESIAS
Eu as escrevo tal qual a uma prece
Desfiadas do sentimento ao dispor
Se dando mais que nunca por amor
Ocultas na sensação que as aquece
Eu as deixo na ilusão que enriquece
Ninadas numa emoção a lhe compor
Catadas da existência com tal vigor
No ímpeto da poética que a apetece
Das poesias, sofredoras, mas ditas
Esfoladas no cenário das desditas
Cada qual com a sua tal antologia
Minhas poesias, o sentido exposto
Do âmago desnuando o seu rosto
Ao agrado, numa sede que aprazia...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24 fevereiro, 2022, 15’36” – Araguari, MG
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