Poesia do Preconceito Vinicius de Morais
Meus pensamentos são rabiscos trêmulos, letras soltas tentando conter o que não cabe em mim. Talvez ninguém os leia, mas escrevê-los já é uma forma de não desaparecer. Não busco aplausos, busco alívio. Cada fragmento no papel é uma tentativa de existir, de organizar a dor que o silêncio engole. Mesmo imperfeitos, esses pedaços de mim me lembram que ainda estou aqui, tentando.
Nunca seremos o que os outros sonharam para si e tudo bem. As expectativas alheias vestem corpos que não são os nossos, e exigem normalidades que minha mente e meu corpo jamais prometeram. Cada olhar de "você devia ser assim" é só mais um lembrete de que a vida real não segue roteiros de felicidade emprestada. Aprendi a existir fora desses moldes, a valorizar quem sou, mesmo quando não correspondo ao que esperavam de mim.
Força não é silêncio infinito. Entre a armadura e o pranto contido, Deus sorri ao meu desabar em segredo.
Nos dias cinzas, a chuva é meu eco frio, um sussurro da cachoeira que conheci, onde mente e céu choram juntos, e a tristeza vira um abraço silencioso.
As notas de Tchaikovsky tocam minha dor, como se conhecessem minhas cicatrizes. No caos da vida, sua música dá forma à angústia e por um instante, ela dança.
Reconstruir-me foi o mais doloroso dos trabalhos. Após o AVC, era como montar um quebra-cabeça… sem saber se todas as peças ainda existiam. Cada palavra reaprendida, cada passo ensaiado, foi uma batalha contra a fratura da minha identidade. E essa reconstrução… não era só do corpo, mas da alma: repostar a autoimagem onde antes… só havia ruínas.
Cansado de lutar por sonhos que nunca virão, enfrento minhas dores sabendo que a vitória é impossível. A cura plena não chega, e o peso da ausência é maior que a dor. Cada esforço esvai-se como sombra ao sol, mas ainda persisto, porque a rendição seria pagar o preço mais alto: perder a mim mesmo.
Minha história é feita de lutas, vitórias pequenas e derrotas marcadas. Sobram-me lembranças, cicatrizes que ainda doem, mas que também contam minha força. Cada memória é um passo tímido, um sopro de vida que renasce, um convite para seguir, pois nem toda ferida impede a esperança.
Houve momentos em que um abraço era tudo que eu precisava… mas ninguém estava lá. A solidão se torna um grito mudo, um vazio que aperta o peito, quando o corpo implora por calor e só recebe o frio implacável das paredes gélidas. Nessas horas, a ausência do toque se torna tortura, e o abraço que nunca veio rasga ainda mais a minha alma já despedaçada.
Talvez meu destino seja esse: ser ombro, mesmo quando eu desabo por dentro. Curar dores alheias enquanto carrego as minhas em silêncio. Ouvir choros… quando tudo o que eu queria era alguém pra ouvir o meu. Minhas lágrimas são segredos guardados, mas ainda assim… faço das minhas mãos cansadas um abrigo para quem precisa. Mesmo que o alívio… nunca venha pra mim.
Minhas dores viraram degraus… mas não me levam a lugar algum. Cada obstáculo vencido, cada movimento reencontrado, é só um fôlego breve… antes do próximo degrau, mais alto, mais cruel. É um ciclo exausto: subo… pra voltar ao mesmo ponto. Corro… sem sair do lugar. Como quem anda numa esteira… presa à própria luta.
Quando a mente falha… sinto-me naufragar em um mar espesso, sem bússola, sem voz, sem ar. A depressão… um inimigo invisível, feito neblina que invade os pulmões, correntes que enlaçam a língua, um eclipse que apaga toda clareza. Não é o mundo que enfrento… é um labirinto dentro de mim, onde cada passo afunda, cada pensamento vira eco distorcido, e a esperança… se esfarela como poeira em mãos trêmulas.
Não importa o caminho, o desfecho é sempre o mesmo. Eu, naufrágio de mim. É como se o erro estivesse gravado em minha essência, antes mesmo de eu nascer. Cada escolha apenas uma variação do inevitável. Luto, insisto, me debato, mas há algo maior, invisível, que já decidiu meu lugar, é à margem, entre os que tentam e nunca chegam.
Tenho inclinação para me destruir, sou o martelo e o muro que trinca. Cada falha vira sentença, cada pensamento uma marreta contra mim mesmo. Temo a força das minhas próprias mãos, que insistem em demolir o pouco que ainda permanece de pé.
O amor em excesso não escorre, não transborda, ele pesa como um lençol molhado sobre o peito. Afeto demais vira névoa densa, cobrindo meus passos, roubando o ar onde eu queria aprender a respirar sozinho. O que era abraço vira amarra. O que era cuidado vira cárcere disfarçado de zelo.
Sozinho, num quarto que ecoa ausência, meus olhos flutuam, meu pensamento sangra em palavras. Quando o mundo fecha suas portas, faço das frases meu abrigo, das letras minha trincheira. Escrevo pra que o silêncio não me engula inteiro.
Sou uma pessoa feliz, presa num inverno que insiste em ficar. Carrego o sol na memória, o riso nos ossos, o amor em cicatrizes abertas. Mas, por agora, é a tristeza quem ocupa o palco, enquanto minha alegria espera, quieta, nos bastidores.
Tomar remédios é andar sobre um fio. Cada comprimido é um pacto, uma promessa de silêncio na mente, mas também o risco de naufragar mais fundo. É um mar instável, uma química que tenta domar os monstros, mas às vezes os alimenta. Vivo entre marolas e calmarias artificiais, tentando não me perder no balanço frágil do que chamam equilíbrio.
Penso nos dias bons, mas a dor me puxa pelos tornozelos, como se eu tentasse nadar em cimento. Cada pensamento feliz é afogado por um espasmo, um aperto, um sopro de tristeza cravado no corpo. Quero ver luz, mas há sempre uma sombra colada aos meus passos, sussurrando que sonhar dói mais do que desistir.
Tem dias em que o cansaço pesa e a vida parece uma canção repetida. Mas mesmo nessa rotina silenciosa, há um fio tênue de esperança, o sono que acolhe, o descanso que renova, e a certeza de que, a cada amanhecer, uma nova nota pode surgir na melodia.
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