Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada

Cerca de 59414 frases e pensamentos: Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada

Regresso I

Lá vou eu com a saudade na mão
Sendo levado ao sabor do fado
Respingando as lembranças pelo chão
Triste tormento este suspiro calado

Pobre dor esvaída
Roja no afeto como tudo
No pesar lhe dando vida
E no sonho uivo agudo

Agora jaz na direção
Do fado em seu acato
Parte comigo na emoção

O me dar ( ao pai) que me alimenta
De gratidão e esperança numa volta
Vou embora. Regressar me acalenta

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
05/08/2012, 05’59”
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Cardoça na roça

Na roça se vai de carroça
O burro puxando a joça
A moça ao lado da choça
Se protege da cardoça
Que na palhoça cai
Numa estridente coça
E dali ninguém sai
Com tanta cardoça
E poça no terreiro, ai... ai...
Pois de carroça se volta da roça

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Maio de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Palavras

Conjunto de sons articulados
Quando de gestos de amor
Ao coração tem significados
Quando de brilho no olhar
Ao espírito vem acariciar
Quando redige sorriso
Aquece a alma, tira o griso
Quando repleta de emoção
Denota histórias de paixão
Quando de lágrima furtiva
Vem da operação acusativa
Quando sem sensibilidade
Ao medo traz autoridade
Quando nos da liberdade
Dá asas, sonhos, finalidade
Sempre expressando a nós
Diversidade. Desatando os nos
Que deixa o nosso viver calado
Aí então grifa elocução ao fado...
Palavras, sentimento ortografado

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado

Inserida por LucianoSpagnol

O solitário,
pasmo da descoberta
conduziu-se de poeta
e, tentou salvar
a sua solidão.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
10/06/2019
Cerrado goiano
Paráfrase Sérgio Santal

Inserida por LucianoSpagnol

CÍCIO

Em mim um cício, que esmorecer escava
Entristecido e desiludido o bom encanto
Jogado no murmúrio em qualquer canto
Uiva e faz da queixa uma enfada escrava

Mas amastes, profundamente, portanto
Olhais com leveza a tristeza que trava
O peito, e outrora não em ti ela forjava
Cousas tristes, e aqui te torturem tanto

O amante encena o palco em que vive
E, em contraponto de abrandar, abrasa
Numa nova guia, outro pesar, e avive...

E assim, a quem possa saber, eu ando:
Solitário e no silêncio da alma sem asa
Numa sofreguidão, a andar chorando...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
11 de julho de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

VITA NUOVA

Deste de outrora prazer me convidas
Se ao mesmo desejo me faz desejos
Nestas tão insensatas vindas e idas
É amor abrasador e de doces beijos

Não me poete das lágrimas perdidas
Não me troves os olhares em cortejos
Há neste amor, o amor de liras ouvidas
E dos pecados cem mil são os pelejos

Amo-te! A distância, apenas uma porta
Entreaberta. Deixe-a assim, eu volto!
Se a nós nada importa, o que importa...

Ainda te amo, o amor, amor que canto
E o tenho na poesia, teu cheiro envolto
VITA NUOVA! Sempre cheia de encanto.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
14 de junho de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

DESTERRO

Já do amor findo? Chega! Na tristura sou exilado
Irei, trôpego, embriagado, no amor assim sozinho
O silêncio em coro, nas rosas também há espinho
Choro, angústia, no cerrado, vazio no peito calado

Neste amor, como num sonho, sonho sonhado
Sorrisos, as alegrias espelhadas pelo caminho
Serão guardadas nas lembranças com carinho
Como quem guarda o tesouro um dia achado

Adeus, generoso afeto, prazer do meu desejo!
O mar onde navegou sonegados antigos idílios
Berço onde a quimera desenhou cada beijo!

Adeus! Esta partição, há de pesar-me tanto
Como quem na solidão suplica por auxílios
Jogado num canto, encharcado de pranto...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
18/07/2019, 05’05’
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

SURDINA

No ar ressequido o joão de barro canta
Um joão de barro no ar do cerrado
Encanta, na madrugada que se levanta
Que encantado!

Um joão de barro canta. Um rosário
Longe, entre o mangueiral, tece...
Operário, que trabalha solitário
Musicando a sua prece.

Que encantado! Soa na sua sina
De poético, de pássaro bravio
Tomando a sua amada, inquilina
No seu covil!

Silente. O sol no seu nascente
Vazado pelo canto de tua benesse
João de barro, que cantas docemente
Musicando a sua prece

Que belo, na magia em oferta
O olhar melancólico e vazio
Desperta a alma tão deserta
Aos ouvidos este canto luzidio

Já tanto ti ouvi! Já ti ouvi tanto!
Coração, por que estais emocionado?
Por que chora, ao ouvir-te o canto,
João de barro que musica no cerrado.

E com que júbilo o joāo de barro canta
No ar sossegado, no ar do cerrado
Encanta, na madrugada que se levanta.
Que agrado!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

HORAS TANTAS

Horas tantas, aterrado e um tanto aflito
Confidenciei para a lua o meu detrimento
Do acaso, que com as desditas foi escrito
E se a fito, ainda o sinto no pensamento

Atroa, n'alma um pávido e nuvioso grito
Titilando dores em um amofino violento
Arremessando os anseios para o infinito
Tal o choro do cerrado aflado pelo vento

Clemente lua, que o meu azar sentiste!
No firmamento confessei o meu pranto
Enfardado pelas nuvens transparentes

E no meu peito, uma solidão tão triste
Onde o poetar a soluçar em um canto
Escorre silenciosas lágrimas ardentes

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
30 de julho de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

PROMESSAS DE PAIXÃO

As promessas de paixão perecem como fumaça
São versos que adoçam e azedam o pensamento
Palavras dispersas da empolgação em uma caça
Uma quimera, que no sonho do poeta, um invento

Perfumes imersos nas lembranças que devassa
A alma, vapor em um sopro ao torvelim do vento
Raios de ilusão que na noite cravejam a vidraça
Dos sonhos, e vivem em um único e só momento

Mas as que passam para o amor, em um feito
Ah! estas ao coração em um clarão alucina
Acalmam e fazem na emoção a sua morada

Acaloram os ouvidos e adentram pelo peito
É saciar a sede em riacho de agua cristalina
Tornando camarada a vida em sua caminhada

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
31 de julho de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

CICLOS

Tempo. Segue avante, agridoce gomo
Delírios ardentes, o destino e liminar
O coração pulsa, o amor em assomo
Do desejo primeiro, olhar... Sonhar!

Fado. Sede, - querer o beijo, como
se quer o perfume a nos encantar
O afeto abre-se em riso, doce pomo
E declama a voz do prazer... Amar!

Sina. Messe e baixa, fausto e tributo
Nascimentos e também alma de luto
Nada é eterno, metamorfose. Pensar!

Sorte. Oh! Madrasta!... assíduo drama
Das trilhas aflitas pelo chão derrama
As dores, risos e lástimas... Meditar!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
17 de agosto, 2019
Araguari, MG
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

CONTENTAS

Contentas... Mas que enfado perturba
A alma inquieta? Que dor esta serva
Que ao peito aperta, e pouco se eleva
A fé, casta, vibrante tal o som duma tuba

É o banzé! Que palpita como uma turba
Nos devaneios, e os sonhos de mim leva
Do meu seio, e vão, desenhando treva
Assim aos luzidos pensamentos deturba

Aquietes, com o juízo nu, no travesseiro
Solto as quimeras... e ei-las, aligeirar
Nos caminhos da serenidade por inteiro

Alegra-te na concórdia doce e macia
Da vida, leve, com o desejo de amar
O bom hálito do prazer subleva o dia!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
23 de agosto de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

DUALISMO

Ora sim, ora não, variável cotidiano
Vivo ansiando, em dúvidas e prece
Num dualismo, a arder, e assim tece
A alma, tumulto e clamor, vil insano

Fatal, no rir como no chorar, padece
E, como num sorvedoiro, o profano
Moro entre a crença e o desengano
Como se o azarão assim o tivesse

Pobre, capaz de maquinal ousadia
Temores, e das virtudes insatisfeito
Nem das alegrias, gorjeta e cortesia

E, no logro da obsessão do agora
Devora a maravilha do meu peito
Em assombros que a poesia chora

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
26/08/2019, 05'10"
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

Como quisesse erudito ser, poetando
As brancas paginas da imaginação
As quimeras, vestidas de inspiração
Inventaram asas e partiram voando

Inserida por LucianoSpagnol

Tudo longe, tudo vazio, tudo sem encanto
do teu canto, teu olhar, no peito no entanto
que se põe a suspirar... as tuas lembranças!

Inserida por LucianoSpagnol

Tudo tão longe, tão grande, tão emudecido
aqui neste gemido em sofrido alarido...
Me ponho ao vento por ti clamar:
- como é bom poder te amar!

Inserida por LucianoSpagnol

Ora (direis) ser quem sou! Exato.
Me perdi no caminho, me achei, no entanto
A cada passo, erro e acerto, vários o relato
Vou andando, o atrás se desfez por encanto

Inserida por LucianoSpagnol

CHORO OCULTO

Se me escorre bochornal pesar
Da alma inquietada e tão sofrida
Parece-me afliges querendo voar
Dos lamentos desta copiosa vida

E a minha triste cisma dolorida
Em lágrimas opacas põe a rolar
Nas tristuras e do silêncio saída
Não esquecida, insiste em pisar

E fico, cabisbaixo, olhando o vago
No peito o gosto pálido e amargo
E minha emoção duma cor marfim

Assim, eu choro, um choro velado
Ninguém os vê brotar de tão calado
Ninguém os vê arando dentro de mim!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
29, agosto de 2019
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

A MORTE

Oh! dor negra! O adeus tal breve fumaça
Chora o pesar, a despedida em romaria
E vê despedaçar, amealhar a mágoa fria
Por onde o cortejo da saudade passa...

Mói o aperto no peito, sentenciado dia
A noite sem sossego, o acosso devassa
E só, trevoso, e o silêncio estardalhaça
No horror desta ausência, lamúria vazia

Oh! Jornada! A sofrer, fado de hino forte
Olhar molhado, e a alma cheia de pranto
Tinhas junto a vida, tendo tão junto a morte

Partiste! Denotando está infesta loucura
Trocaste o vital por este sossego santo
Desenhando na recordação tanta tristura

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
03/09/2019, cerrado goiano
Despedida de meu irmão Eugênio
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

VELHAS SAUDADES

Olha as velhas saudades, tão cáusticas
Do que as saudades novas, menos antigas
Tanto mais agridoces do que as ortigas
Derradeiras na alma e assim tão fubicas

A lembrança, a dor, tristura em futricas
Que o tempo não as corroem nas fadigas
Tão casmurras e se abrigam nas cantigas
Dos amores perdidos e com as suas tricas

Não choremos, camaradas, a saudade!
Vivamos a cada segundo! E vivamos!
Como a esperança que não envelhece

Na felicidade, e também na bondade
E assim com o riso e harmonia vamos
Dando conforto aos que dela padecem!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Setembro de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.

Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.

Entrar no canal do Whatsapp