Poesia de Medo
PAZ NÃO SE NEGOCIA
Já me anulei por medo de perder
Fiquei em lugares que deixaram de me caber
Fiz silêncio pra não incomodar
Segurei o mundo, mas esqueci de me segurar
Fui ficando, mesmo sem ter pra onde ir
Até que entendi: paz é saber partir
Paz não se negocia
Nem por afeto, nem por companhia
Se for pra ficar, que traga leveza
Se for pra ferir, que vire lembrança e clareza
Tem gente que sai e a paz floresce
Tem gente que fica… e a alma adoece
Que o tempo ensine com silêncio e sinais
Quem vale a pena… e quem só traz temporais
Aprendi a ouvir o que o tempo diz
Que cada passo vale mais que um talvez
Que paz não é só silêncio no ar
É ter coragem de recomeçar
Não carrego mais o peso do que passou
Nem deixo o medo dizer onde vou
Hoje me entrego ao que me faz crescer
E deixo o que não me deixa ser
Já fui abrigo pra quem não se abrigou
Fui farol pra quem nunca voltou
Hoje eu sou meu próprio lar
E nem todo mundo vai poder entrar
Paz não se negocia
Nem se pede com covardia
Se for pra curar, que venha devagar
Se for pra doer… é melhor deixar
Vivemos nesse mundo com medo de tudo
Estamos sempre criando o medo,
é medo de errar, medo de parar, medo de receber o não, afinal de contas pra que serve o medo mesmo?
Só nos encorajar cada vez mais.
A mudança gera desconforto.
É preciso transpor a barreira do medo e despertar para novas possibilidades.
Garoto.
ele dizia ter medo,
como se amar fosse um crime
e o sentimento, uma sentença.
então eu disse que seria a última vez que nossos olhos se encontravam.
e nesse momento minhas mãos tremiam,
meus olhos ardiam,
como se o adeus queimasse por dentro.
ele tentou me prender num beijo de despedida,
mas meu “não” foi o grito mais forte
que o meu coração já deu.
Logo entendi que não foi falta de sentimento… foi excesso de lucidez.
Tenho medo…
Você diz que ama o sol,
mas quando ele aparece, se esconde numa sombra.
Tenho medo…
Você diz que ama a chuva,
mas quando ela cai, se esconde sob o guarda-chuva.
Tenho medo…
Você diz que ama o frio,
mas quando ele chega, se esconde entre cobertas.
Continuo com medo…
Você também diz que me ama.
Quantos sonhos seus deixaram de florescer porque, com medo do silêncio do processo, você os expôs antes da hora só para provar que existiam?
Janice F. da Rocha
NÃO TEMAS
(Inspirada em Isaías 41:10)
Quando o medo tenta me calar,
E o coração quer desanimar,
Tua voz me chama na escuridão:
“Não temas, filho, segura Minha mão.”
Nos dias em que tudo parece ruir,
E até a fé começa a fugir,
Tua presença me envolve outra vez,
Com Teu amor que nunca me deixa de vez.
Não temas, Eu sou contigo,
Sou teu abrigo, sou teu amigo.
Te fortaleço, te faço andar,
Com Minha mão vou te sustentar.
Não desanimes, Eu sou fiel,
Meu cuidado vem do céu.
Não temas, Eu estou aqui —
E não vou te deixar cair.
Quando a dor insiste em ficar,
E os ventos tentam me derrubar,
Tu me levantas com Tua verdade,
E me revestes de eternidade.
És o escudo em meio ao trovão,
És paz completa no meu coração.
Mesmo quando eu não posso ver,
Eu sei, Senhor, estás a me proteger.
Nenhuma luta vai me afastar,
Do Teu amor que vem me guardar.
Se o mundo inteiro me abandonar,
Teu braço forte vem me segurar.
Não temas, Eu sou contigo,
Sou teu refúgio, sou teu abrigo.
Te fortaleço, te dou direção,
Sou tua rocha, sou tua mão.
Não desanimes, confia em Mim,
Minha promessa não tem fim.
Não temas, Eu estou aqui —
Pra sempre, até o fim.
Pra sempre…
Eu sou teu Deus — confia em Mim.
Corro com medo da pressa,
pois a estrada é sábia e lenta.
Quem voa demais pelo chão,
esquece o que o chão comenta.
Corro sem olhar atrás, sem saber o final dessa corrida.
Amar em Silêncio
Me sinto em meio a muitos,
mas sozinho no meu ser.
Carrego o medo nos olhos,
de quem só quer viver.
Julgam meu passo, meu gesto,
meu jeito de olhar o céu.
Julgam o amor que ofereço,
sem fronteiras, sem anel.
Não amo só um, amo todos,
sem raça, sem credo, sem cor.
Meu coração é um abrigo,
feito só de puro amor.
Mas o mundo virou tela,
onde o afeto é medido em cliques.
E o amor, tão verdadeiro,
se perdeu entre os likes.
Queria apenas ser visto,
não por filtros ou edição.
Mas por quem sente comigo,
a verdade do coração.
Reflexo Desconexo
William Contraponto
Não é por amor nem por favor,
É o medo que mantém.
Aparência moldada no pavor
De estar consigo e mais ninguém.
Rostos se dobram em disfarces,
Almas se calam no fundo.
Caminha-se em círculos e impasses,
Um vulto preso ao peso do mundo.
A verdade arde como chama,
Mas se esconde atrás da muralha.
O coração sabe o que reclama,
O corpo finge e logo falha.
Ser livre exige despir-se inteiro,
Aceitar a sombra que nos invade.
O medo é muro, frio carcereiro,
Que nega ao ser sua própria verdade.
E quando a máscara enfim cair,
Não restará nada além da essência.
Um ser cansado de fugir,
Sedento de paz, faminto de consciência.
A ansiedade me deixa em pânico.
É uma mistura de medo, sufoco e pensamentos que não param.
Às vezes parece que o corpo quer gritar e a mente só quer sumir por um instante.
Conectar-se com a própria alma,
Abraçar o presente sem medo,
Viajar pelos caminhos do mundo
E colorir cada instante com coragem.
Hoje eu senti medo.
Medo de que alguém tivesse machucado uma pessoa que eu simplesmente adoro.
Mas o que mais me assustou não foi a possibilidade da dor…
Foi perceber que, se isso realmente tivesse acontecido, talvez eu tivesse perdido o meu “medo”.
Porque, nesse caso, a pessoa que machucou quem eu adoro não estaria mais entre nós hoje.
Desejos
Desejo o seu desejo de desejar-me, o beijo sem medo;
Desejo o toque sútil de dedos ávidos a tocar-me a pele eriçada, pronta, à esperar a ousadia de lábios quentes a explorar com avidez cada centímetro do meu ser;
Desejo seu desejo de estar comigo em noite de lua nua;
Desejo a vida transpassando por nós até onde os pensamentos não podem tocar, onde apenas o entrelaçar dos corpos quentes, voluptuosos de um desejo ardente queiram estar;
Desejo mais que tudo estar fora de mim quando o meu eu estiver em você!
E num encaixe perfeito como o vinho e a taça, caber sem esforço no seu mundo sendo simplesmente a medida exata.
Desejo..,
Resolvi me encantar de novo.
Sem medo de parecer ingênuo,
sem vergonha de admitir que a vida, às vezes,
ainda me surpreende.
Resolvi me encantar de novo
porque cansei de olhar tudo com cansaço,
de esperar o pior,
de viver na defensiva como se o mundo fosse só espinho.
Quero voltar a me admirar com o simples:
um céu que muda de cor sem pedir aplauso,
um sorriso que aparece do nada,
um gesto pequeno que salva o dia.
Resolvi me encantar de novo
porque percebi que o encanto não some —
a gente é que se fecha.
E eu decidi abrir a porta.
Quero sentir de novo aquele brilho nos olhos,
aquela vibração no peito,
aquela sensação de “caramba, ainda vale a pena”.
Resolvi me encantar de novo
porque mereço uma vida que me desperte,
não que me anestesie.
E se o mundo insiste em ser duro,
eu insisto em ser luz.
Porque o encanto…
sempre começa dentro.
A esperança é leve chama
Que insiste em permanecer;
Mesmo quando o medo clama,
Ela ensina a renascer.
A paz floresce em segredo
No terreno do próprio ser.
Quem atravessa o medo
Descobre força em renascer.
Já abracei o mundo, sonhei a fundo
Fui sem medo, joguei em segredo
Brinquei de viver, querendo e sem querer
Tive oportunidades perdidas
Vivi com pessoas chatas e outras queridas
Segue o jogo, segue a vida.
Elenir Cruz
O medo é um visitante silencioso, que muitas vezes chega sem avisar e tenta nos convencer de que não somos capazes. Ele aperta o peito, paralisa os passos e faz a mente girar em círculos. Mas o medo, por mais desconfortável que seja, não é inimigo — é sinal de que estamos vivos, conscientes dos riscos e atentos às possibilidades.
Sentir medo não é fraqueza; é humanidade. É o corpo e a mente nos dizendo que algo importa, que estamos prestes a crescer ou a enfrentar algo desconhecido. O segredo não está em ignorá-lo, mas em reconhecê-lo e avançar apesar dele.
Cada vez que ousamos caminhar mesmo com o medo presente, descobrimos coragem onde pensávamos não haver. Cada passo dado com o coração acelerado é um ato de liberdade e de autoconfiança.
O medo também nos ensina limites, clareza e foco. Ele nos lembra de cuidar de nós mesmos e de respeitar nosso tempo de preparação. E, quando olhamos para trás, percebemos que as barreiras que pareciam intransponíveis eram apenas trampolins para nossa força interior.
Enfrentar o medo é transformar o desconhecido em aprendizado, o aperto no peito em impulso e a hesitação em coragem. É assim que crescemos — não apesar do medo, mas junto dele.
