Poesia de Filha Querida
A sensação que eu tenho é que a maioria das pessoas está aqui a passeio.
E a maioria das pessoas vive uma vida inteira completamente superficial.
DOMINGOS
Ruas deitadas sobre o chão dos domingos
descançam do pisotear das multidões
que no atravessar corrido das esquinas
são indiferentes aos seus sentimentos
a caneta escreve por si mesma
eu só lhe dou expediente
estou sempre a escrever o poema
que um dia se fará presente
Riz de Ferelas
A SÍNDROME DE TÂNTALO
O gosto do inefável
Não vivenciado
Drapeja e se sedimenta
Viscosa e manentemente
Pelas papilas gustativas
Da estrela oniricamente sibarita
Como também (na realidade)
ANACORETA:
Pois --- ao nadar seguindo o contrafluxo
Do vórtice refratário á canção do horizonte ---
O totem da soledade
Testemunha a olência das macieiras
Passar inexoravelmente ao longe,
Além de o converter no mais feraz bioma da orfandade insone.
Embora, contudo,
---- Apesar de o mundo
Parecer soturno,
A cor de ÉBANO
Sofrer uma procela de insultos
Ou o BÓSON DE HIGGS
Flutuar imperceptível
Tal qual uma deidade inútil ---
O rio Nilo da vida
Continua a delinear seu curso:
Compelindo o astro bruno
A lutar de modo contumaz e diuturno
Para encontrar seu rumo.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
navegando nessas águas sombrias
escondem o horizonte das estrelas
não diferencio a noite mais dos dias
imenso oceano em busca de poemas
estive buscando o horizonte de seus pensamentos
pois a luz que vi em seus olhos nunca se apagou
depois de muitas tempestades continuo escrevendo
pois escrevo que o que perdura sempre é o amor
são as estrelas no céu que iluminam meu caminho
mas é o amor em meu coração que lhes dá o brilho
aqui nesta noite em alto mar, eu busco o meu destino
são as pedras do mar que fazem os versos deste livro
Livro de poesia Novos Ventos
aqui no fundo do mar, em sombria água
busquei redenção como náufrago fantasma
para sempre vivendo nos versos esquecidos
na escuridão do fundo do mar em um livro
Riz de Ferelas
Livro de poesia Novos Ventos
seus sonhos se despedaçaram
como navios agora naufragados
tentaram navegar onde a luz não alcança
perderam no horizonte sua distância
Riz de Ferelas
Livro de poesia Novos Ventos
tudo que me sobra, uma lembrança distante
dias que se foram, seu sorriso no horizonte
sonhos dão força para caminhar mais um dia
amor escreve cada verso que se torna poesia
um oceano preenchido com minhas lágrimas
não descreveria a extensão de minhas mágoas
Riz de Ferelas
se a cada batida meu coração escrever um verso
vou te alcançar mesmo do outro lado do universo
Riz de Ferelas
estrelas, me emprestem um pouco de seu brilho
para eu poder iluminar o meu caminho
existe alguém que eu quero encontrar
no fim de tudo, quando tudo acabar
Riz de Ferelas
" "A superação não é a negação da queda, mas o abraço firme que damos em nossas próprias ruínas antes de reconstruir o castelo. Quem não tropeça nunca, provavelmente anda em círculos."
— Gilson de Paula Pires
(E cá entre nós: quem nunca levou um tombo digno de Oscar que atire a primeira muleta...)
Canção do Mar
Por Gilson de Paula Pires
Mar que dança sem cansaço,
nos compassos do arrebol,
teu azul é meu abraço,
teu rugido, meu farol.
Sal que cura velha dor,
brisa que canta esperança,
me ensinas o valor
do tempo que nunca cansa.
Nas tuas ondas me esqueço
do que o mundo fez pesar,
sou menino em recomeço,
sou silêncio a navegar.
Teu mistério me fascina,
tua fúria me seduz,
és abismo, és disciplina,
és espelho que conduz.
Oh mar, irmão dos valentes,
confidente dos sem lar,
me ensina a ser permanente
e livre como teu mar.
— Gilson de Paula Pires
"As estrelas não brilham para serem vistas por todos, mas para lembrar aos que olham para o alto que a luz nunca se apaga na escuridão."
— Gilson de Paula Pires
Versos de Aventuras
Por Gilson de Paula Pires
Não nasci pra beira do rio,
sou correnteza, sou mar,
sou passo largo e desafio,
não me contento em esperar.
Carrego o vento na mente,
um mapa feito de sonhos,
e um coração que pressente
caminhos novos, tristonhos.
Cada pegada é história,
cada tropeço, lição,
a aventura é minha glória,
é fogo, é chão, é paixão.
Não busco fim nem chegada,
sou feito de ir e viver,
minha alma é sempre alada,
meu destino: acontecer.
— Gilson de Paula Pires
O Pintor de poesias
Assemelha-se o poeta,
A um jeitoso pintor,
Que após desenhar a reta,
Faz um quadro de valor.
Enquanto o dotado artista
Pinta as cores de uma flor,
O hábil e audaz lirista
Acha a alegria na dor.
Imagens a tinta escreve
E a palavra pinta rima;
Mesmo um feito muito breve
Torna-se única obra-prima.
Risca, pincela, sombreia
Às letras mortas, aviva.
Zela, contenta, anima
Ao bom descanso convida.
Pensa, avalia, medita,
Às cores mortas, alegra.
Rima, argumenta, versa
À bela arte invita.
É o pintor de poesias
E o poeta de afrescos.
O feitor das alegrias
E dos autos principescos.
Vinde à agradável arte
Do espírito eloquente.
E pintai seu estandarte
Adornado belamente.
Não dou ao destino o crédito
sobre os caminhos que segui
e as coisas que alcancei
Mas foi o acaso que me guiou
à sorte de esbarrar na tua boca.
