Poesia de Desabafo de Vinicius de Morais

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Cair de uma Flor

O homem urbano, no concreto
pulou do prédio.
O homem se foi.
Quis adocicar a essência.
Ele se foi por isso.
Partiu para sempre.
Afundou no buraco que caiu.

Buraco ele deixou, há muitos
na rua, na vida nem se fala.
Levou almas, lágrimas,
elas preencheram a cova
que ele formou.

Seu peso na vida foi grande.
Penosa estrada curta.
Era jovem, 17 anos.
Homem de nascença,
menino de idade,
criança de ser.
Ah, como todos nós
somos crianças.

O edifício era comprido,
tocava o céu.
Por entre as escadas
ele chegou às nuvens.
Nuvens onde dança anjo,
escorrega na chuva,
que molha e revive.

Nasceu de novo, graças as gotas
que caem pouco a pouco ao chão.
Tocam pessoas restantes,
bebem dessa água e se nutrem.

Partiu o homem, todos irão.
Todos ficam aqui, ali, lá.
Bem ao longe, eu vejo o homem,
todos os outros homens que se guardam
e sofrem. Pelo mundo ser sofrido.

Não mais restam olhos.
Boca se foi, saliva secou.
Abraço foi só em uma caixa.
Descida na terra magra e seca.
Seca com verme, seca com dor
tanta dor.
Encharcada por saudade.
Deixada por medo

Foi para sempre.
Não mais volta.
Claro que volta!
Volta no sentir,
na falta que faz
Nas lembranças nas quais
nunca se vão.

Inserida por LexMor

Poema de Ressaca

Uma lindérrima rapariga
passou adiante,

com uma saia enegrecida
criatura bem laminada.

Criança celebérrima,
alfinetou cada retina.

Quantas vozes em uma só,
desnorteou qualquer sentimento

Atrevi em pegar sua mão
ouvidos macios de doces

palavras firmes não hesitei
ela exalava almas-flores.

Fluídos de desejo pelo todo
no meio a distância

um toque aproximado
calma filho, calma, há tempo.

pele-veludo
rosto, brilho repentino

cabelo espesso e taludo
vaga e remota lembrança

Sede por envolvê-la
em meus magros braços

feminina de sá
corpo bem buliço

remexia à sambá
aquele quadril postiço

Enlaçamos os dedos
carnes ferveram-se cruas

A disse:-Vamos para fora
vamos para a rua.

O mundo é grande,
cabe nossa dádiva

da noite deliberante
e total instigante

pois éramos amantes pós-festa
e proferi-a versos romanescos

(atitude esmiuçada)
copiados do tempo parado

bem ali, naquele lugar
os ponteiros congelaram

me revirava de ponta cabeça
vi o mundo do avesso

aliás, nem mundo eu vi,
ouvi muito menos, sentir quem sabe.

Levá-la-ei ao todo
nos murmúrios do amor

despedir-me bem chocho
embalsamado na terra

Compeliu a saudade acometida
refutei-a com poesia

afim de evitar um desconsolo
esquecer à minha pessoa

em pronome de tratamento
direcionado pelo palpitar lírico

Dulcíssimo foi seus contornos,
inundam minhas reminiscências

trago-te ao pé seu jeito idôneo
sem resignação

por despertar a pureza
onde paira maledicência.

Inserida por LexMor

Complexo


É dia triste, procuro fotos em gavetas esquecidas.
Em porta-retratos talhados por lembranças.
Estou sozinho em casa. O dia está nublado.
As memórias ardem o cérebro.
Certa pessoa nunca se vai.
Há pensamentos que só uma longa dose de solidão é capaz de formá-los,
E sento, atento, fechado comigo mesmo.
Repasso os acasos mundanos, são muitos.
Reformulo a consciência e as atitudes errôneas.
Estou na sala.
Os quadros, o abajur e a escrivaninha. A prateleira florada por livros,
lembro-me do homem, sinto medo.
Me pergunto se sou homem, se pertenço mesmo a uma raça desprezível, vingativa e invejosa.
A persiana filtra a luz, a pouca luz, é fim de tarde.
Está nublado, o quintal apagado, folhas mortas ao chão.
Medo de prosseguir. A vida não rara decepciona, mas continuo em pé,
no meio dos homens, são muitos.
Descubro que sou homem, e que não sonhava. Sou mal, ambicioso, mortal.
Senti meu coração pulsar, porque sou animal.
Me fiz confidente de sentimentos ácidos.
A tarde se foi, meu bem também.
Vi sorrisos em uma fotografia. Eu estava lá.
Beijei o vidro, segurei por um breve momento. Sai da casa.
Voltei ao mundo dos homens.

Inserida por LexMor

Som indecifrável

Qual seria o som do universo?
um chiado de vento?
um telefone mudo?
para alguns seria o fim do mundo!

Não sei o som da galáxia
nunca viajei para o espaço
em uma banana branca.
Arrisco em dizer que seria
choro de bebê, pedindo colo
e mais colo do infinito.

Seria o beijo da lua com o sol?
ou de estrelas povoando
cada milímetro do espaço sideral
corrompendo com a matéria
inorgânica da explosão?
Fantasio a ideia
de um cavalo-alado
com brasão e véu nas crinas
com um sacerdote a tocá-lo
os gruírem de suas rimas

O barulho do universo
pode ter vários tons
e melodias, concreto
de pássaros pigarreando
sucintos na minha janela
toques do horizonte aberto
e inóspito,
que me chamam pra dançar
no balanço do ócio

Sobrevivo com a surdez
da minha curiosidade, na terra árida,
ferida
e nos olhares discretos pra cima
só em tentar entender
da onde vêm o cantar
da vida.

Inserida por LexMor

Olhar para trás


Passei do desejo ao acaso.
Vejo o fim da vida próximo.
As lembranças de nada desfaço,
hoje, velho, só guardo remorso.

Flor púrpura, estrada passada.
Jovem fui pego pelo seu laço.
Criança sozinha e fechada,
moça de diferente compasso.

Luz eterna, nunca mais a verei.
A esperança pálida se foi,
tristeza que a tempos alentei.

Despeço-me com alma impura,
daquela que só me fez reluzir,
na noite amena e escura.

Inserida por LexMor

Miudinho

Tinha uma mocinha,
bem loirinha,
da cidade pequenininha,
que andava com flores,
na cestinha
da bicicletinha.

Toda meiguinha,
bem depressinha,
quanta gracinha,
daquela mocinha
loirinha, da cidade
pequenininha.

Com a bochechinha
rosinha,
escondia do solzinho
debaixo da sombrinha,
e bebia aguinha,
pra voltar a passear
na biclicletinha.

Na esquininha,
ela caiu, e machucou
a perninha,
fez dodóizinho,
tadinha.

Um menininho
desesperadinho
ajudou ela
a se levantar
rapidinho,
pra ganhar
um beijinho
no rostinho
vermelhinho
e sentir amorzinho.

Inserida por LexMor

Bem na minha insônia

Debruço sobre meus livros
e a sala continua vazia, sem abajur
uma menina no ponto do ônibus
às onze e meia da noite
resolve ir embora a pé
colhendo flores no cemitério.

Eu continuo na sala, agora há vento,
muito vento, é a chuva.
O telefone toca e eu atendo,
nenhuma palavra.
Não me levanto da poltrona,
ali mesmo continuo.
O céu brilha
flashes formam sombras
na janela aberta.

A menina passou pela porta
senti o cheiro das flores
vagamente umedeceram meus poros

A cidade dorme, o ônibus passou no ponto a sós
ela não entrou, já havia ido.
O ônibus continua,
é meia-noite.

Um passarinho morreu de choque elétrico.
Houve o velório com os outros passarinhos,
no mesmo cemitério onde a moça colheu flores.
No terreno que sepultaram o passarinho
nasceu novas flores,
foi na parte que a moça havia tirado as outras flores
para poder agora nascer novas vidas
junto com o passarinho.

Tudo isso aconteceu em uma noite chuvosa.

Inserida por LexMor

Patrícia Mendes

Quantos segredos
há em uma fotografia?
quanta paz
há em desenhos?
quanta luz há um formato?

Eu só olhei e mais nada,
as expressões fortes e sérias
de uma moça
que eu vi sem querer
em uma foto-novela

Amei-a da terra do nada
por onde brotou
um cálice de flor
da gaveta empoeirada
na qual era guardada
uma imagem emoldurada,
no porta-retratos de cor.

Lembrei-me das moedas cunhadas
na qual vinham o retrato
de D. Pedro I
e a imperatriz desejou-o
o belo rosto rasteiro.

Vou pedi-lá em casamento
ainda hoje irei
graças a minha curiosidade
adiantar minhas cartas
acelerar as brigas
reconciliar os beijos
que nunca dei.

Dirigir-me-ei aos pais, pedir-lhes à mão,
disser-lhes sobre a foto do meu pecado
colorida, preta e branca
do diamante escasso
que encarava a fina lente
e penetrava o rigor olhar
no limbo aro

Estás a duzentos, não!
trezentos e oitenta mil quilômetros
de enfática distância
do meu apartamento de esquina
ombreando com minha estima
alerta e desespera a ganância

no rapaz esquálido,
que anos luz
a viu
estacada,
defronte
de perfil

sua silhueta reta
os cabelos soltos
mornos
nascidos de uma nova era
da carne no osso.

Como pode o sol permear
os arredores de casa
da rua, sem trazê-la?
e o meu castigo já estava imposto
a punição de não conhecê-la.

Em um quadro marcado
foram pintados
os olhos simétricos
a rebuscada boca
para o meu aval
literário, poético.

Inserida por LexMor

Tédio

de chinelo,
ao longe
um jornal velho

com rosto patético
cabelo de ontem
inédito

roupão amarelo
do Sinério

no corpo hermético

sem inspiração
pra poético

até voltar
a dormir
no concreto
remédio
do assédio.

Inserida por LexMor

o amor

ah, o amor

o que eu faço com o famoso
amor devasso?

misturo com tabaco
acendo um cigarro
e o fumo
dou boas tragadas
de compasso

ele acaba,
jogo a guimba fora
com os amassos,
tencionada pelos dedos
na sarjeta dos maus amados
e marginalizados
lugar no qual vivo extasiado.

e depois faço literatura
pronto, é simples
é pratico
nada conciso

Depois, acendo outro.

Inserida por LexMor

Morangos e gelos

Para o homem
ela não troca
ela tira
e revira.

Tira a roupa
rasga a camisa
desce a calcinha rendada
desabotoa o sutiã farto
e morde os lábios

tira o cigarro da boca
apaga-o na pele
tira suas dúvidas
tira sua vergonha

senta e sobe
olha pro teto
enfia os dedos na boca
aperta os dentes na língua

ela é mulher de sangue
de sorriso ébrio
ela penetra a voz nos meus ouvidos
e me pega nas partes

ela retarda o tempo,
bebe um Martini Rosé

senta e levanta
abre e fecha,
toda hora
a todo momento
e eu esqueci
que tenho que ir trabalhar

no momento que
as luzes do motel
pararam de piscar

Inserida por LexMor

Noite esta

eu queria estar ao seu lado
mas os seios fartos
me seguram nos
seios leitosos e nodosos
pela blusa modelados
fixados nos poros da mão.

Seu eu pudesse
te puxaria agora
da cadeira fria
te levaria para ler
no telhado da casa
o livro que eu lia
e beber o mesmo
vinho que eu bebia.

a nuvem de gafanhotos
questionaria
que acima passaria
compactada pelo frio
e que guerreava com vaga-lumes
no ardor do lindo dia
que surgia.

Subiríamos pela escada
de madeira afunilada
rebocada na parede,
por argila modelada
posicionada ao céu
com folhas emaranhadas
folhas verdes de fel.

Se caso amanhecesse,
levaria coxas de retalhos,
bem simples, com amassos.
Alguns travesseiros
para vermos
constelações secretas
no seu maior ensejo.

Ordenharia vacas voadoras
e tomaríamos leite espumejante
vindo de lugar nenhum,
dançaríamos ao som
da viola do campo
beijaríamos com adoçante
para viver um grande
e incessante amor.

Se esse abstrato meu pintado
em um quadro ou
em uma carta
que não fosse enviada
gotejasse na sua mão,
não entenderia
o tamanho do tato
sentido e cultivado
no pergaminho escondido
que é minha solidão.

Inserida por LexMor

Tentar daqui ou dali... Encontraremos sempre as pedras das dificuldades no caminho, mas o importante é tentar e ser flexíveis como a água que contorna seus obstáculos.
Pior do que fracassar é desistir, pois vale mais fracassar tentando, do que ser derrotado pelo medo de não conseguir.

Inserida por DeniseMorais

Não se esconda atrás de uma mascara, porque não se esconde seus segredos .
Não transforme sua vida em uma farça,no seus olhos eu vejo seu medo.

Inserida por Byela

Que hoje o dia venha feliz!
Trazer sorrisos, para você dividir...
Trazer palavras doces, para você deixar fluir
Carinhos para você repartir
Delicadezas para você oferecer
Pessoas para conhecer.
Chances de doar seu amor
De multiplicar seus sentimentos
De fazer crescer sua alma,com emoções
Que traga a possibilidade, de tocar mais corações
E... semear infinitamente o amar...
Para feliz ver florir a essência da vida,
"Doar amor"
E fazer de seu caminho a prova que viveu verdadeiramente...
Amando a todos!

Inserida por mralarcon

Pena, algo leve e sem significado, porém, de extrema importância, pois, ou você depena um pássaro ou mergulha a pena na tinta e escreve uma bela história.

Moral: Ou você inveja o que é do outro, ou faz por onde se tornar invejado.

Inserida por gmorais

A gente costuma atrair o que nós somos!
então seja você , e pare de reclamar das pessoas erradas que aparecem na sua vida , pois são suas atitudes que tem atraído tais.

Inserida por NandoMorais

Ela tinha o tal do "ORGULHO"
ergueu-se e fingiu que não era importante
mas seu coração jamais seria o mesmo
jamais amaria como amou
pois é único tal tipo de sabor

Inserida por Segredosdaalma

Era loucura ama-lo
e por isto ela amou
Então pensou que seria loucura abandona-lo
e de toda sua loucura ela se curou

Inserida por Segredosdaalma

Minha história é um texto sem resumo
Ora ao lado de alguém, ora sozinho...
Que perder-se também é um caminho
Onde só os mais fortes buscam rumo.
Se você quer ir mesmo? Eu me acostumo!
E prometo sorrir na despedida
Se voltares depois, direi: -''Querida,
Não voltei pra você nem pra ninguém,
Que na vida tirando o 'V' que tem
As três letras restantes são de 'IDA'.

Inserida por grasypiton

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