Coleção pessoal de LexMor

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No Meio de Lobos...


quero apenas ganhar uns trocadinhos,
no futuro que nem me preocupo imaginar.
Viver perdido por ai
dormir um dia ali, outro aqui,
amar de igual para o igual, as pessoas,
beijá-las com a ponta gelada do nariz,
me esforçar o máximo para continuar ser fiel a mim
e utopicamente feliz.

Silencioso



Há um sentimento dentro de mim, que o sinto no silêncio.

Eu sinto nojo de pessoas que forçam uma nova beleza, que não seja a própria delas,
e para isso usam produtos para esconder algo já belo.
Eu sinto nojo de pessoas que são mais emissão do que o próprio íntimo.
Eu sinto nojo de pessoas que se esquecem de nós no dia seguinte.
De pessoas sem consciência, e honestidade.
Eu sinto nojo de pessoas sem alma.
Nojo de pessoas com maldade nos olhos.
Eu sinto nojo de pessoas que trocam os olhares, os toques e as presenças, por um simples celular à mesa do boteco.
Que beijam com a língua à mostra.
Que se matam para transmitir uma boa aparência,
não falam bobagens,
não andam de bicicleta para sentir o vento no rosto,
procuram ser o tempo todo equilibradas e não extravasam debaixo da chuva,
e que por dentro são todas cheias de complexos e perturbador vazio.
Eu sinto nojo de pessoas que não têm paciência para poesia
e querem ter mais religião e imitar santo, do que ter amor no coração.
Eu sinto nojo daquelas pessoas que só cobram e pouco faz,
e aquelas que te abandonam em plena ilusão.
(às vezes essa ilusão salvaria uma vida)
Eu sinto nojo de pessoas que tentam falar bonito, escrever certo, que se preocupam mais com a estética do que com o verdadeiro.
Pessoas com sorrisos largos, cabelos arrumados, as roupas passadas,
que procuram aprender vários idiomas, ganhar muito dinheiro, ter carros, viver uma vida programada e sem turbulências,
e que não têm uma lágrima sequer nos olhos para chorar por outro.
Eu sinto tremendo nojo dessas pessoas.

Pessoas, ah! Essas pessoas.
Que te chamam de imbecil só por tentar fazê-las sorrir um pouco mais.
Acham sua presença um estorvo e depois partem para lados crivados de mentira e ignorância.
Às vezes, me dá uma imensa vontade de quebrar o relógio, acabar com as horas,
viver igual bicho, sem regra nenhuma.
Metido a vadiar pelas ruas, sem as divisões dos dias e dos momentos.
Sem rumo algum, apenas absorvendo o que há de mais natural nesse mundo.
Quem sabe assim, eu consiga parar de sentir nojo de algumas pessoas.
Porém, creio eu, na última gota de esperança, que isso de nada adiantaria.

Então, enquanto isso, eu me contento com garrafas de whisky e muita poesia.

Encontro Improvisado de Amor


Eu não sabia mais o que falar
já que tudo em minha volta parecia cair em ruínas.
Minhas pernas bambeavam
o coração pedaço em pedaço despetalava-se
nos segundos lentos, mudos e surdos das horas,
e dissolvia-se igual açúcar na chuva
(em um encontro tão desejado).

Saudade daquele dia, mulher!

Por trás do vidro
que seja transparente
há outra sombra.

Nunca se Apaga


A maior lembrança que eu tenho é o dia do seu aniversário.
O meu melhor café da manhã foi o na padaria da esquina,
servido a pão com manteiga, café preto, café quente.
Lembro-me de que o assoprava para você, enquanto vestias as luvas e a toca de tricô
fio a fio costurada à mão, por sua mãe.
Eu sorria! Você com bochechas vermelhas, os lábios trêmulos e esbranquiçados,
também sorria. Balançava os braços e as pernas com tanta sutileza,
era quase invisível de tão doce, só para se esconder do insistente frio.
Porém o frio não desistia em levar-te para dançar. Enciumava-me todo, e logo me esquecia.
Era uma simples e apagada manhã de outono.

Não seria exagero meu em afirmar que ao seu lado
os pássaros voaram mais alto, passaram do céu,
bicaram as estrelas, como se fossem sementes na terra e, descobriram uma luz que alimenta.
Difícil não é? Pois bem, aconteceu!
Que as árvores decidiram desenraizar-se para poderem brincar com os cachorros e os mendigos na rua.
Não seria exagero eu dizer que quando estava com você, eu fui feliz.
Eu sei, eu sei, esse é o maior dos exageros.
Mas acredite, foi o que eu fiz.

Costumo me lembrar, não muito, não demais, da sua ternura.
Faz tanto tempo, quanta saudade dos velhos momentos.
A última taça de vinho que nós bebemos,
encontra-se junta a vela que acendemos para aquele simples jantar-surpresa de primavera.
Estão dentro da estante de vidro que nunca mais ousei em abrir.
(Vejo que há uma última gota avermelhada ao fundo que nunca se secou).
Todas às vezes que tento, paro com a mão na dobradiça e encosto a cabeça.
Repudio-me por ser um fraco e, não conseguir abrir uma reminiscência tão bela.

Os livros de poesia, com aquelas folhas amareladas, encontram-se inalterados na mesma estante.
Nunca mais li um verso se quer de algum deles.
Minha alegria ficou naquelas páginas esmiuçadas pelo tempo.
Não ei de incomodá-los, repousam e dormem, repousam e dormem.

Meus sentimentos alojam-se na mais alva nuvem, circulante no mundo.
Se tu, minha donzela, soubestes o tanto que ainda estás comigo,
entenderia as palavras cortadas, nunca ditas, que continuam insistindo para serem ouvidas,
nas páginas misteriosas da vida.

Vá, eu vou, já fui. Sozinho, ouvindo Beethoven ou Debussy.
Embriagando-me com vinho, deslizando meu corpo por uma saudade jamais vista ou sentida.
É minha saudade, acredite minha bela, é minha eterna ferida.

Passa, passa, é muito rápido


O amor não precisa de tempo,
tempo só serve para envelhecer e eternizar as coisas.

Ame agora e esqueça este tempo,
se esqueça do mundo
se esqueça de tudo.

Lembre-se apenas do momento,
mas este agora já foi,
porém outros virão.
Abraça-os com força nas unhas
para eles ficarem marcados, nas costas do tempo.

Lírica


Vou escrever o tanto de poesia que for possível
e continuarei bobo
só para te fazer sorrir todos os dias...

desse modo, prolongarei minha humilde e dedicada vida
ao seu lado, menina que me inspira
a ter amor para sempre,
sem que se apague sua lembrança infinita.

Charada


Meu amor é igual suicídio
não tem explicação

se acontece, é de repente

Olho para a ponta do nariz
(e vou)
nado de braçadas
e ando pelas ventas
digo amor...

abraço essa causa,
sem culpa.

Escuto embaralhado
vejo uma bagunça
que nem me preocupo
em organizá-la
ou buscar atalhos.

Meu amor pode nascer de qualquer lugar,
até debaixo de uma árvore

por isso não fico preocupado
se ele irá surgir,
continuo a andar por aí
sem olhar para o relógio
e com o cabelo despenteado.

mais tarde
abro um vinho
reflito nisso

pelas ruas prossigo
emocionado
por não saber explicar
e nem controlar
este meu amor divino.

Be-á-bá do H com A


Tiro o H do "há”
e vira o artigo feminino
acentuado e forte, digno de se amar,
o "á".

Decido escrever assim:
“agá”
aquela letra solitária, logo ali.
Preencho todos os seus lados
com letras exatas
além de ficar engraçado,
me faz morrer de rir.

Ou inverto as posições,
troco os locais:
de "há”
onde no mundo sempre existe uma coisa,
metamorfoseio-o em "ah”
e esticado
como queijo na chapa:
“aaaaaaaaaaaaaaah”
se torna um suspiro idolatrado
pelo feminino, no qual,
coincidentemente acabei de pensar.

Aquele que só o "á" acentuado
como disse lá atrás
é capaz de criar.

Milênios e Séculos, Dias das Horas


Meu amor por você é milenar.
Veio lá de trás
quando nada existia
e tudo começava a se criar.
O graveto e a pedra mordiscar,
as árvores ainda não eram plantadas
não se precisava de paz
nem correr por medo do tempo.
As águas agrupavam-se ainda
por debaixo da terra,
se preparando para formar os rios
e os mares.
A chuva não castigava,
deslizava sobre as primeiras gramas
verdes, destacadas do cinza
das tempestades arqueológicas.

Nosso amor, apareceu bem antes
do primeiro arco-íris
e no final dele colocou o lendário ouro tilintante,
com um trevo de quatro folhas
atrás da orelha.

Esse amor partiu do nada,
do branco intato.
Nem era escrito em poesias.
Eu e você nem existíamos.
Os romances nem pai e mãe tinham
e as quatro estações estavam indecisas entre si.

Inventou ditados populares
e até pintou com Da Vinci

Que amor é esse?
Dono de tudo

dono do passado,
do presente
e do futuro.

Dono de mim
malandro que sou,
honesto vagabundo.
De você minha dama
do olhar profundo
para esse que rege com mão de ferro
todos os meus desejos astutos.

Nosso amor, alimentou o primeiro
caso de fome da história mundial.

Chorou por ver guerras,
caminhou a passos, ora largos, ora estreitos.
Já pensou em desistir de nos encontrar
até já voltou bêbado a pé de outro continente
colhendo flores dos jardins alheios e imaginários,

se esperançou ao ver uma criança nascer.

Não quero entender esse amor
que já viveu de tudo neste terreno instável.

Quero apenas sentir a cada momento
a sua existência anormal e inexplicável
e ver que ele ainda acredita em Deus
nos homens, na natureza
em nós, seres amados.

Não ignore este amor que durou
séculos e séculos de vida
nas linhas das páginas dos anos.
Se ele andou sozinho
todo esse tempo,
enfrentou a velhice com suas dificuldades
e preconceitos,
não foi à toa.

Tartamudo e irreverente
sorriu para todos os lados
e hoje estamos deitados
no ápice da intimidade
com os prazeres a flor da pele,
na cama aquecida,
esperando cada segundo girar
bem devagar
como se fosse um desespero do fim.

Sei que na lápide ele não se encerrará,
continuará em outro lugar
mais denso, junto com nós dois
de mãos dadas e eternos
direcionados por anjos serviçais.

Nosso amor viverá
conosco, no céu de lá.

Poema de Boteco

Consigo falar de tudo
o quanto existe

compreendo e sei

Não quero expor aquilo
que já vive

anseio algo que
ainda não notei.

Lavra as Almas


No início da fria madrugada
ao telefone com a minha amada
e ela com sono já despedindo
a disse que algo bom estava vindo.

Acalme-se coração apressado
há tanto tempo no relógio a rodar.
O dia no céu permanece guardado
em vem a chuva pra gente se amar.

O barulho por nós admirado
no momento em que tudo era são
criou-se um aconchego desejado

a orquestra do amor havia tocado,
enquanto as árvores balançavam
e batiam os galhos ao invés de mãos.

Descontrole

Roí, roí, roí
(a unha é roída)

come, come, come
(a carne comida)

amo, amo, amo
(e você minha linda)

sente, sente, sente
(todas às vezes graças ao meu nervosismo,
que é sempre bem vinda
e muito querida).

Medo de Cores


Há noites no qual sinto vontade
de me trancar em um quarto de hotel
e suicidar com o meu próprio medo.

Por causa do tempo isolado,
longe de tudo e pelo desajeito
ao deparar com algo branco, afastado

feito para inventar uma passagem do inócuo dia.
Uma forma concreta, um quadro

e nele pintar um sentido reto de linha
para criar de passo em passo
uma obra de arte, a vida.

Vamos que *amo!


Cada um se sente bem
com aquilo que se tem

a cada manhã
que se abre a janela
e se permite o vento mapear
na cama quente
o corpo de alguém

e por estar feliz
por mais um nascer
ao lado da alma
do seu amor também

depois, levantar da cama
ajoelhar e orar
ver a pessoa
e pedir esperança,
para enfim dizer:
-Amém.

Inevitável

E essa tal boêmia
que vai acabar
por me matar
um dia

junto com os
angustiantes versos
de líricas poesias.

O Visto Eterno

Te amo infinito
no coração afinco
dentro do corpo nutrido
e pela alma, excluído.

Tudo excluído
foi tudo perdido
o passado era aquilo
um dia partido
na surdez do ouvido.

Quando te vi
foi lindo,
inventou o calor
que eu não elimino
até agora zelado
por anos, mantido.

Neste tempo promíscuo
sonhei em beijar-te a boca
com o lábio mordido
por dente de mimo.

Sua roupa em alinho
o sangue na veia
permeia o seu rio
corre líquido mítico
me dê vida
em sede de bico.

Agora, pode chegar
o dia de ir, não vivo
nem uma hora a mais
nem menos que isso
por motivos próprios
por dentro, há sinto.

Brincadeira de Hora em Segundos

Lá, lá atrás do tempo
criou-se um descontento
Isso? Há muito me lembro
pungir o vento,
nas costas das horas
que estavam distraídas lendo.

Não sei se gostavam
porém achavam-se atentas
pararam até os ponteiros
que todos os dias andam pela sala,
passam pela cozinha
pelo quarto, voltam pra sala, e sentam.

Os números que formam o dia e a noite
o nascer e o crepúsculo
pairavam no ar escasso e cortante
e usavam grandes óculos escuros
em cima do muro,
comiam um maduro fruto
olhando o poço fundo
do mundo.

com os olhos vendados
filtravam o brilho deste tempo
o tempo rodante,
no espaço barulhento
o tempo passado, o tempo pequeno
desesperado e frêmito
por atrás deste paciente poema lento.

Por que sentes dor?

Não sei! Se eu fosse detentor deste conhecimento, ia lá no fundo,
lá no motivo inicial, o ponto de partida
e entenderia sem pestanejar o porquê de tudo isso.
Entenderia, não com a intenção de findá-la ou
retirá-la com as mãos da terra que é meu corpo
arrancando com raiz, caule, verme e pétalas
mas sim para afrontar os meus medos e desejos
e descobrir o motivo no qual escrevo
e entro em seguida no desespero.

Porém, este entendimento, tenho pavor em conhecê-lo.
Posso deixar de poetizar pelo simples fato
de ter elucidado a causa mais íntima,
que briga submersamente para que permaneça no anonimato,
e só saia em forma de poesia.
É por isso que tenho essa dor crônica
pelo fato de que eu nunca me esforcei para encará-la de frente.
Não tenho a pretensão
de ser sabedor do motivo pelo qual dói
e em seguida olhar o medo que tanto me encoraja
e saciar o desejo que tanto me impulsiona.

Desde modo, nunca conseguirei responder essa pergunta.
Minha dor é dos papéis e das declamações
minha dor é relógio na madrugada que fofoca às almas
os nuances sobre o dia dos vivos
é linguajar popular acessível a todos.
Minha dor é um código indecifrável de palavras
que não perco tempo em decifrá-lo
apenas em escrever o que é necessário
para que essa dor continue a pulsar forte
e me inspire até o dia em que eu for embalsamado.

Na Velhice/ no Outono/ na Saudade

Ainda trago ao pé de mim
aquela mulher ao meu lado.
Deus, como foi rápido,
cada olhar sem rumo e disfarçado
os beijos ardentes como febre de outono.

Outrora desses anos todos que passaram
carrego no meu interior
a única mulher que eu amei.

Tive muitas outras
uma por noite
duas por noite
três
quatro
outras por meses
até anos longos e duráveis
mas aquela, nunca se apagou da minha vida,
nem nunca vai.

Não tive chance de ter mais dores com ela
ajudá-la em suas necessidades,
diversas tristezas e calamidades.

Ela está ai, anda por ruas estreitas
por entre cidades pequenas.
Sei que viaja, cuida dos filhos
se resguarda, bebe vinho no natal
faz dieta e lê bons livros
poupa-se do cansaço da mulher
e lembra,
às vezes lembra.
Talvez todas as noites
ou intervalos de meses
anos,
até décadas
Meu Deus, isso é muito tempo
mas ela lembra.

Não se lembra de mim em si,
porém do sol diferente
que brisava seu rosto pequeno.
Pai! Como eu ainda lembro
daquela pinta na bochecha
no corpo tão pequetito, e tão sereno.

Lembra-se dos chocolates, das flores
dos jantares fulminantes e estrelados.
Voltávamos e eu virava a esquina errada
só para continuar mais tempo a andar com ela.
De quando eu chorava ao deixar ela em casa
na vigia da lua e dos anjos.

Eu não me esqueço, como eu não me esqueço
do amor que virou arte nos ares
nos cafés que frequentamos,
das trufas que comemos
dos ursinhos de pelúcia
no cinema,
das horas esquecidas ao telefone
eu nem olhava para o relógio.
Das diversas vezes que levou as roupas à costureira
para remendar os rasgos que eu havia dado
na noite anterior.
E de quando ela me chamava de: "louco",
o meu "louco".

A vida? A vida passa por ai,
despercebida e calada.
Não dá o menor sinal de aviso
ela anda nas pontas dos pés
de mansinho, a cada dia que nasce
a cada sol que aparece
como que se voltasse de uma festa
e a vida, um dia fica nessa festa que não tem hora pra acabar
chamada mundo.

Hoje, já se passaram sessenta anos
sessenta e poucos anos, confundo os números,
que o meu amor foi embora.
não sei ao certo
estou velho
meus cabelos brancos não me deixam mentir.

O que eu diria se ele estivesse na minha frente agora?

- Diria o tanto que eu ainda a amo.
Palavras que me abalam profundamente.
Porque são palavras que eu nunca disse.