Poesia de Boca
O que você supõe a meu respeito, não condiz com a verdade.
Pela tua boca, sou o que você quiser, mas na íntegra, até você sabe do meu valor.
Viajei no seu olhar, a sua boca eu quis beijar, sua pele macia quis tocar.
Quando consegui, descobri o que é amar.
Ela bebe na boca da garrafa
dá um show na praça
pula amarelinha como se pulasse a lua
faz paródia com Maysa
diz que a brisa é sua
“NE me quitte pás”
diz que não se embriaga a toa,
mas com meia garrafa voa
e canta como a sabiá...
ela bebe na boca da garrafa
talvez por pirraça
sabe que eu detesto
as vezes tropeça nos seus tornozelos
pra cair nos meus braços
olhar nos meus olhos e dizer que eu não presto
Ela bebe na boca da garrafa
pra armar barraco e me ver apreensivo
sabe do meu zelo pela sua conduta
mas diz que é adulta e que tem juízo...
CONTA-GOTA
Beija-me como quem chupa manga
Manga dos meus desejos
Derrama sobejos na minha boca
Diz que a vida é conta-gota
De sentir e ressentir
Nessa sucessão de dias
Diz que isso é vida louca...
ENQUANTO ESPERO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Há um beijo guardado em minha boca,
uma roupa largada no meu corpo,
para quando minh´alma o tiver nu
junto ao seu; à nudez de suas formas...
Entre pela janela dos meus olhos
e me assalte, o controle é todo seu,
para irmos ao céu das sensações
que só tenho comigo, enquanto espero...
Os meus poros reservam salsa e sal
que temperam a minha solidão
nesta nau ancorada em suas águas...
Tem um triste gemido este prazer
de sonhar e saber que só é sonho;
que me ponho pra mim em seu lugar...
POESIA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Poesia tem que ser um afago na alma ou um soco na boca do estômago.
SETE CHAVES
Demétrio Sena - Magé
Um amor cofre forte com boca-de-lobo,
cuja chave ou segredo fica na matriz,
me faria feliz, mas a preço de mágoas
que não quero causar se não for só a mim...
E por isso me fecho num silêncio insano,
nesse banco do tempo que me rende angústias,
em um plano mais fundo que todos os limbos
ou que todo mistério das máfias antigas...
Meu amor por você rende juras vedadas,
cobra juros doridos por qualquer menção,
quando meu coração toma o rumo dos olhos...
Carro-forte não pode levar o que sinto
pra guardar numa ilha de algum ombro amigo;
fecho tudo comigo e sufoco meu ser...
Escuta, meu amor,
na boca do povo
o pranto da Wiphala,
nas linhas e cores
das veias do destino
tem sido escrito
o poemário do século
com latino-americanos
e todos sacrifícios
em nome da liberdade
e dolorosos fatos.
O perigo dos governos
autoproclamados,
com apoios de países
com vil interesse
é para semear
o genocídio e depois
fazer os seus
crimes apagados,
porque juridicamente
são menos do que ratos.
Escuta, meu amor,
não nos encontramos,
não sei nem se
um dia nos encontraremos,
peço que a tropa e o General
não os deixemos em nome
do que nós acreditamos;
Sofro a dor dos humildes
que os homens do golpismo
da Bolívia estão matando
e no Chile outros andam
o seu povo estão cegando.
Em Boca de La Grita
há mortos e feridos.
Surreais os dramas
da tropa em exílio.
Farta dos mentirosos
agindo em rede.
Brutais os dramas
da tropa presa.
Para o povo sobreviver
tem sido um desafio.
Quase não há mais
como escrever poesia.
O General continua
há mais de cinquenta
dias desaparecido,
Não consigo crer
que esteja mais vivo.
Longe de ser
o heroísmo
e nem perto
do novo
testemunho
da boca
do Tenente,
Sou a poesia
de cada dia
para dizer
que não estou
nenhum pouco
contente,
Mas sou gente
o suficiente
para assumir
quando erro
e aplaudir
o quê merece.
O céu foi aberto
para a Cruz
Vermelha,
e que seja
o início para
a misericórdia,
e a inauguração
da concórdia
por um novo
destino a seguir.
Não há o quê
comemorar,
Há muito por
fazer e por
muitos rezar,
Não posso
fazer muito;
O compromisso
comigo mesma
foi renovado,
Para te dizer
o quê era
para ser dito:
ter prendido
o General
não tem
sido bendito,
e da tropa
digo o mesmo
deste imenso
e cruel sacrifício!
Sou o verbo
que denuncia
abertamente
na boca do
jovem tenente.
Nesta Pátria
há quem
nela durma
e que se
desencontra
na esquina
do destino
indiferente
ou conivente.
Não me importo
nadar contra
a corrente,
vou escrevendo
nas páginas
da vida
que estou
descontente
porque estão
arruinando
o General,
e acho que
nem sei mais
o quê é poesia.
Anseio libertar
a tropa mesmo
sem ter a ideia
de como fazer,
só sei que não
há mais tempo
a perder,
o maltrato
rompeu todo
o limite humano.
Se você consegue
fingir que não viu,
que nada sabe
e que não tem
boca para reclamar,
fique sabendo
que quando um
tirano faz
de alguém
um preso
de consciência,
essa pessoa
não pertence
mais a ninguém;
ela passa
a pertencer
a Humanidade inteira,
e como sou feita
de sonhos, fibra e honra
não tenho como parar
de pedir que tudo venha
à tona para te libertar.
Entregando pistas
como quem te dá
bombons com a boca,
aos poucos entrego
tudo o quê para nós
nunca foi segredo.
Fingindo sempre
que não entendo
mantenho você preso,
porque sei quase
tudo ao teu respeito.
Enfeitiçando através
das minhas pistas
assim é perversão
doce para inquietar
dia e noite o coração
a vir me encontrar.
Domando assim
as manias de brincar
com o coração alheio,
no silêncio poético
construí o meu castelo.
Caminhando mesmo
sem pensar você virá
imparável porque sou
tudo o quê o teu instinto
sempre esteve a buscar
e o teu coração a sonhar.
Adoçar com os meus
beijos a sua boca
é a minha mais louca
e maior ambição,
E você não haverá
de querer outra coisa.
Que você está caindo
na minha mão,
Por premonição vejo
que é todo meu
o seu desassossegado
e doido coração.
É fato que não está
escrito em nenhum lugar,
Eu sei que você faminto
há de se lambuzar
com o mel da sedução:
coloquei você em revolução.
Vou te dar Paçoca
de Carne de Sol
na sua linda boca,
E derreter você
todinho é o quê
mais quero na vida,
Que eu sou louca
por você não nego,
Todos os dias tenho
sempre um novo
motivo para dizer
baixinho mesmo
longe do seu ouvido
o quanto te quero,
No seu coração é
certeza que eu habito,
e transforme a minha
poesia no seu vício fino.
Adoçar os seus lábios
com um Sonho
recheado de afeto,
Partir ele no prato
e te dar na boca
para ver o seu sorriso.
Te cuidar como se
ainda fosse um
menino com atenção,
amor, carinho, poesia
e constante devoção.
Um romance de fato
para ser verdadeiro
só é vivido com zelo,
calor e aconchego.
Te entrego o poemário
do desejo, da espera
e da entrega do coração.
Te quero sacralidade
e repleto de adoração.
Pode ter sido verdade ou não
porque nem tudo dá
para crer o quê sai da boca da gente;
A praga do Padre morto
na Tamandaré pode seguir vigente.
Pode me chamar
de louca quando
cobiço a sua boca,
É claro que quero
te beijar como
quem consome um
delicioso Cambucá,
Não estou aí agora,
é a poesia quem está.
As flores azuis do tempo
se abriram roçando
na pele e o Sol também,
o meu nome na sua boca
ainda há de ser o hino
mais bonito ser ouvido
até por quem não sabe
que na sua vida eu existo.
A minha bolsa, o leque,
o chapéu são feitos
com palha de Carnaúba,
e dia e noite desenho
rotas para me tornar tua.
Trancei duas pulseiras
de palha de Bananeira,
uma é minha e a outra é tua,
de alguma maneira
quem sabe vou encontrar
a chave para te despertar
e fazer-te sonhar com os olhos
abertos com o tempo de amar.
