Poesia Completa das Borboletas

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Vazio

Não há nada
Somente vazio
Um copo sem fundo
Um corpo que quer vida

Não há verbos
Para decifrar
A cegueira
De nossos movimentos

Não há dicionário
Para encapar
Os meus,
O seu,
Os nossos
Sentimentos

Não há energia
Nem transcendência do viver

Não há nada
No olhar
Não sobrou coisa nenhuma

Mas há
Você navegando
Em mim.

Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

Frio

Frio
Adivinha minha alma
Percorra
Sinta
Perceba
A saudade

Frio
Fale
Amargue
Congele
Apague
Tudo

Frio
Endureça
A minha vontade
Congele
Meus dedos
Vire pedra
Para que
Eu nunca
Atire no destino

A quem interessar
Congelou
Minha alma

Frio
Abrace-me
Necrose
Apodreça
Para que nada aconteça

Frio
Não me leve
Não me enterre
Não me deixe

Quero
Arrepiar
Não só de frio
Mas de
Clamor
De um frio absoluto
De amar.

Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

De que lugar

Onde anda você?

Em que parágrafo você acorda?

Em que capítulo você se despe?

Com que asas você voa?

Em que céus devo te procurar?

Em que estação você floresce?

Em que águas devo te recolher?

Qual o recado que vai enviar?

Em que nuvem vai escrever.....

Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

O Tapa

Ele pertencia a alguma tribo.
Havia nascido mirrado, moreno, gritava feito indomado e era de gênio irascível.
Donde surgiu isto?
Criatura tão imprevisível, veio ao mundo onde todos só desejavam o aprazível.
Ele era tenente, contente e soberbo, dono de si mesmo.
Era do mundo.
A mãe gritava,
Se irritava.
E ele não se alterava.
Até que um dia...
Sem data...
Sem tempo...
A paciência navegou e naufragou na violência, e a mãe deu um tapa na cara do herdeiro, vomitando sua raiva com raça, na face da criança que ela mesma gerou!
Mas... o pescoço dele virou e ficou assim errado, de
cara virada, nas costas, vendo o mundo afastado.
A mãe gritou e se apavorou e não houve ciência e cientista
que desvirasse o virado.
E ele se criou, num mundo onde ele próprio assistia às aulas de pescoço virado, nas costas.
Mas tirou vantagem!
A mãe tinha trabalho.
Tudo de costas, num mundo que só conta as horas prá frente.
Tinha bom ouvido, porque os olhos nos traem, o olfato nos engana e a verve nos veste de lama mas, ele ganhou na percepção.
O menino, agora homem, cresceu, se profissionalizou e arrasou em tudo.
Até nas conquistas!
Mas, de costas?
Sim de costas.
Como?
Foi assim: ela passou, ele de pescoço virado ignorou; ela se virou e piscou e ele se apaixonou!
Se casaram de data marcada, convite confirmado, com balada ensaiada e festa preparada.
Mas. como seria a entrada?
Ele de costas para a nave central, onde o padre ministrava os sacramentos?
Ela o amava e resolveu:
Vou entrar com ele de cara virada, de braço dado.
Ninguém perdeu!
A Igreja encheu.
Ela desceu do carro, frente aos curiosos,
Feliz!!!
No patamar, à porta, ele a esperava, de pescoço virado.
Ela na certeza de que o amava...
...o beijou... e o pescoço d’ele, desvirou.
O trauma estancou e ela mais se encantou!
E entraram assim:
Ela, elegante, e ele de pescoço desvirado, na grande mágica que o AMOR faz na vida.

Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

Índice Poético

Meu Deus,
Me perdoe
Porque o vinho que bebi em dezenas
Me deu um tapa
E pela madrugada
Em metamorfose
Eu vi o corredor
E entrei nele de cabelos longos
E o dragão que habitava nele
Chamuscou meus fios
E eu
Em transformação
Fui à vidente
Para decifrar as linhas
E ela nada me disse
E virei vatapá
Mistura
E no compasso de tudo
Num vôo sem direção
Eu fiquei envidraçada
E a partir de um todo
A verdade
Se perdeu
Em uma história sem fim,
Dentro de uma taça
Onde escorre a vida
E tudo é
Refluxo
Do que vivemos.

Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

Outro quarto de hotel
outras cortinas. outra garrafa vazia de vinho seco.
o sol batia no meu rosto
me recusei a sair da cama
dormi por mais uma hora.

outros braços me envolviam.
uma outra mulher
seu batom vermelho borrou minha camisa branca
mas eu gostava das marcas que elas deixavam
raramente eu fazia questão de lavar minha roupa.

o cheiro que elas deixavam em mim.
o carinho que faziam no meu cabelo
gostava da forma como me enganavam
mulheres.
tão doces.

acordei sozinho naquele quarto
ela havia partido e eu nem percebi.
vi que ainda tinha vinho e cigarros
não estava completamente sozinho.
enquanto se tem isso o homem pode viver.

peguei as chaves do meu ford-T
paguei a hospedagem. saí.
não queria terminar por aqui
era um longo caminho de volta
mas de volta para onde?

outro desgraçado domingo.
voltei pro bar.
uma mulher se aproximou. K.
era assim que ela gostava de ser chamada.
Kristen, volte para cama.

talvez eu só não quisesse sair daquele quarto sozinho outra vez.

Inserida por leticia_santos_13

Brilhante Escuridão

Minhas linhas escritas com rimas.
As vezes parecem vazias.
Vazias pela falta de fraternidade.
Que me causam um enorme conflito.

Uma enorme calamidade.
Fazer do frio, calor.
Da tristeza, amor.
Do pequeno tempo, uma eternidade.

Sigo vagarosamente pensando.
Será que vale apena ser autor?
Será que só eu espalho amor?
Será que só eu transformei o meu frio em calor?

Não se esqueça, quando digo frio, não digo do corpo.
Digo do que tens na cabeça.
Digo de toda maldade e superação, de todo medo e maldição.
Sua mente nunca estará em vão, meus versos vieram de uma imensa escuridão.

Inserida por euoguedes

há sempre um degrau
entre o que se escreve
e o que se gostaria
de ter escrito
e quando há um poema
inexaurível
desses que nunca mais se pode
parar de ler
que não se pode mais soltar
porque no meio dele há um vórtice
um poço d’água potável
onde se pode nadar muito
em círculos, sem pressa
onde se pode apanhar com as mãos
os peixes intermináveis
não há como não ponderar
sobre qual seria o verdadeiro poema
aquele outro ainda maior
mais robusto
que alguém tentou escrever

Inserida por pensador

um cavalo pode mudar o curso
de um poema
é preciso não temê-lo
os saltos, os espaços vazios
de como se arranjam entre si
de como, sem atrito, produzem luz
disse
deixe o seu corpo boiar
pra que as letras pairem diante dos olhos
é preciso que o dia nos encubra
com alguma névoa pálida
e a fumaça dos automóveis forme
entre nós e as coisas
uma espécie de anteparo vertical
quase transparente
e nos faça avistar de longe os músculos rijos
de um bando de animais que trotam
por entre os carros

Inserida por pensador

amor aos pedaços

às vezes a felicidade é um rótulo bonito de azeite que recolho em silêncio da mesa de jantar para que não desconfiem da minha sanidade.

Inserida por pensador

ersatzspielerin

teimo em não acender a luz, encalhada
sem saber se quem – eu ou o mundo
é suplente de algo primevo
se o que existe é a tensão ou
degrau de recursividade.
o violento da memória é a retenção do vazio.
penso em palavras multiportantes, como não me escapa fazer:
merimnologia, ou: considerar é arder.
mermeridade, ou: ansiar é condenar-se.
metameridade, ou: a parte pelo todo.
palavras me procuram, procuram a nós
porque as salvamos de um desígnio adjunto
nos lançamos aos fins da tensão.
me vejo merócrina, exocito
e a elas entrego
qual impostora estertorada
o grau primeiro das coisas.

Inserida por pensador

the dream is always the same

pelo olhar sensível de gael, anita foi registrada
ao sorver seu remédio urbano, uma panaceia
de talos nutridos em gosma atmosférica
da dedigrisa pauliceia desvairada

simulacro bem efeito e postado
ante o brilho de coreografado reboliço
de dedos glissantes e stacattos
o par ex-sedento caiu na trombada

no que a chôcha vontade degringolava
e se quase cantava batalha gorada
gael cuidava de martelar o pino
na prenda rosa-médio cada vez mais baça

anita lhe dizia, sem fogo nas bilas vagas
que uma diezira tremenda lhe acometia
ao superlotar-se a polpa sanga
de estandartes fincados em várzea

gael, já morto no banhado
– o coco esbagaçado –
queixou-se de cafubira baita
e baliu: não sei de nada!!!

Inserida por pensador

tempos bicudos

lip
lab
lang
langue
linguagem
láparo
long
lab
lip

bo
bo
boca
balal
bela
ba
ba

sim
safa
sofia
safadita
sofis
safo
sim

Inserida por pensador

as mulheres
como nós
ocultas
aos domingos
vadiam
o quanto podem
a qualquer hora
e sozinhas
conjuram demônios
se despem das peles
furam bonecos
viram sirenas
arpejam
arrastam móveis
afiam facas

Inserida por pensador

pois é agora
que abro também tua jaca
e desdobro uma por uma
as tuas ideias plissadas
hoje eu vou te concutir
e depois ainda passo um arado
na tua roça de cicatriz
vou te deixar terraplano

Inserida por pensador

Resgate

Às vezes penso
Tenho quase certeza
Não sou daqui

Minha alma
Grita por liberdade
Enquanto meu corpo
Reprime meus instintos
Juntos com as diretrizes
Da sociedade.

Não cabe
Dentro da minha alma
Essa inclusão.

Minha consciência
Clama por expansão,
Comunicação.

Liberdade,
Esse é o significado do resgate.

Inserida por DaniRaphael

Ofertar

Eu te ofereço a luz do dia,
A paz, a reflexão
Te ofereço
O colo do canto,
Da minha canção.

Te ofereço
Estar consciente,
Ciente
Que somos uno.

Te ofereço
O abraço apertado
Calado
Aquele que desmancha
Só por estar

Estar acolhido
Num amor eterno
Fraterno
Amor que pode curar

Te ofereço a vida
A alegria

O momento é esse
Estou a te chamar.

Inserida por DaniRaphael

Primeiro amor

Queria ter te visto moleca,
Corrido contigo sem pressa
Cirandando onde o tempo
Demorava a passar.

Queria ter tirado teus laços,
Embaraçado teus cachos
Tua boneca roubar.

Queria ter tido o gosto
Do teu primeiro beijo,
Ter sido teu sonho
Ter brincado contigo.

Passeado nos montes,
Embaixo do céu azulado.
Ter sido seu melhor amigo.

Inserida por DaniRaphael

Saudades

Saudades de quando
O tempo
Não tinha tempo
E todo o tempo
demorava a passar.

Saudades de me perder
No esquecimento
Sentir o vento
Não ter hora pra voltar

Saudades de estar em festa
Dançar a Bessa
Sem me entregar

Saudades do tempo
Que vivido foi.
Intenso...
Mas que não volta mais.

Inserida por DaniRaphael

Infinito

O que há além do infinito
Retalhos fadados,
Mensagens perdidas,
Orgulhos feridos,
Ilusão, desilusão....

Pontos que finalizam,
Letras que recomeçam.
Mãos que tecem e
Desfazem ao mesmo tempo,
As leis do destino.

No além que se molda
Tão infinito
Quanto a presença do agora e
Transborda para dentro
Um universo inteiro de intenções.

No além das palavras não ditas
Dos olhares que nunca se cruzaram
Há um caminho para cada lágrima,
Cada sorriso,
Cada querer que nunca foi quisto.

Como numa prateleira gigante
Onde tudo se encontra e
Não sabe o que se procura.
Estão as respostas
Para as perguntas não feitas,
Para as histórias
Que jamais foram contadas .

Histórias de personagens tão vividos
Tão sofridos
Tão sem ânsia de ser,
Que deixam de se perceber.

No além do universo traduzido
Existe um ato, Um exato...
Momento em que tudo se encaixa,
Numa pequena caixa
No centro da Palma da mão

Inserida por DaniRaphael

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