Poemas Olavo Bilac sobre Patria

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"As épocas luminosas da História são aquelas em que um mesmo corpo de crenças é compartilhado pelo povo e pelos sábios, diferindo apenas no grau de compreensão refletida com que apreendem substancialmente as mesmas verdades.

Nas épocas de obscuridade, ao contrário, aquilo que os estudiosos sabem se torna dificilmente comunicável à população em geral, não por um mero descompasso de vocabulário técnico, mas por um abismo de diferença entre duas concepções do mundo mutuamente incompatíveis e intraduzíveis. É numa dessas épocas que vivemos.

Os 'meios de difusão' tornaram-se 'meios de ocultação' numa escala tal que já não há nenhum exagero em dizer que a mídia popular tem hoje por missão principal ou única tornar a verdade inverossímil ou inalcançável.

Qualquer pessoa que tenha os jornais e a TV como sua fonte principal de informações está excluída, in limine, da possibilidade de julgar razoavelmente a veracidade e a importância relativa das notícias.

A política tornou-se um assunto esotérico, em que somente um reduzido círculo de estudiosos pode atinar com o que está acontecendo."

(Diário do Comércio, 6 de dez. de 2012)

Inserida por LEandRO_ALissON

Uma constante na minha vida foi a falta completa de estímulos intelectuais no ambiente em torno, exceto no breve período que, já cinquentão, morei no Rio e pude conviver com os últimos remanescentes da mais brilhante geração de escritores que o Brasil já teve.
Na maior parte do tempo, tive de tirar proveito tático dos estímulos negativos -- a estupidez circundante excita ao menos a parte feroz da inteligência.
Mas hoje em dia a estupidez média de acadêmicos e jornalistas já perdeu até essa espécie de força inversa, regredindo ao estágio pré-verbal em que não se pode nem fazer dela objeto de piada, porque o nada não é satirizável.
Cada vez tenho menos vontade de escrever sobre a atualidade mental brasileira. Tudo o que me interessa é dar uma redação final aos meus cursos gravados.

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Um filósofo tem de ser julgado pelas afirmações básicas que constituem o fundamento da sua filosofia, não sobre opiniões de passagem (em geral orais e improvisadas) sobre assuntos laterais.
Os meus atacantes invertem isso porque NÃO SÃO CAPAZES DE LER A MINHA OBRA FILOSÓFICA, muito menos de tentar apreender a figura do conjunto.

Qualquer crítica a opiniões laterais emitidas por um filósofo ou escritor tem de ser ao menos respeitosa ao ponto de reconhecer que detalhes menores e de ocasião não desmerecem o conjunto de uma obra.
Estudando a obra do Otto Maria Carpeaux, descobri dezenas de opiniões erradas aqui e ali. Vocês conseguem me imaginar falando dele, por essa razão, com ares de desprezo superior?
Os que se metem a meus críticos são bárbaros, selvagens iletrados que ignoram até as regras mais óbvias da ética intelectual.

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A palavra 'ciência' tem, no mínimo, três sentidos usuais:
1- Antes de tudo, ela designa o IDEAL de um conhecimento verdadeiro, auto-evidente ou provado, ou, para usar um termo grego, 'apodíctico', ou seja, indestrutível.
2 - Designa a atividade real dos cientistas, a qual visa à realização desse ideal mas, na maioria dos casos, tem de se contentar com resultados que ficam bem abaixo dele. Quando se dá a esses resultados o valor absoluto do ideal que eles não alcançam, aí já começa a vigarice científica.
3 - A classe profissional dos cientistas e professores universitários de ciências, empenhada em sugar verbas de pesquisa estatais e privadas e elevar-se aos mais altos postos de poder e prestígio no mundo.
Só os que permanecem fiéis ao IDEAL representam o valor da ciência. Todos os outros (a maioria esmagadora) são um bando de picaretas e mentirosos.

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Confundir a cultura filosófica com o exercício da filosofia é como confundir a cultura musical com a música. É uma atitude tão idiota que basta, por si, para excluir o sujeito tanto da música quanto da cultura musical.
TODO o ensino de filosofia no Brasil é baseado nessa confusão digna de um orangotango.
Entendem por que os verdadeiros filósofos -- Mário Ferreira dos Santos, Vilem Flusser, Vicente Ferreira da Silva, eu -- fomos sempre rejeitados no ambiente universitário brasileiro, enquanto nulidades como José Arthur Gianotti, Marilena Chaui e Renato Janine Ribeiro eram ali celebradas como grandes filósofos?

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Não basta apreender a verdade pelo pensamento, é preciso transformá-la num hábito ou posse permanente, e que só se obtêm pela remoção das distrações e pela concentração do intelecto. A concentração, como é óbvio, intensifica a atividade do intelecto, e nunca a suprime a pretexto de desenvolver supostas ‘faculdades superiores’. O termo ‘visão interior’ utilizado por todos os místicos, refere-se ao estado de evidência permanente que é alcançado pelo intelecto, e que nunca poderia ser alcançado pelo seu mero exercício esporádico e intermitente, e sim somente pela prática voluntária e regular.

Por outro lado, a possibilidade da corrupção não decorre de alguma falha constitutiva do próprio intelecto, mas do simples fato de que pensar é simultaneamente um ato lógico (portanto ontológico) e um ato psicológico (portanto biológico), respondendo simultaneamente, de uma parte, às exigências constitutivas da verdade e, de outra parte, às contingências e demandas do corpo em sua instabilidade e flutuação cíclica. Quando o pensamento é fiel à sua missão, quando ele se atém à universalidade lógica que reflete a permanência e a universalidade do ser, ele é o ‘intelecto são’ que conduz o homem à verdade. Quando, ao contrário, ele se deixa envolver pelas funções inferiores e se torna escravo da imaginação e dos desejos, ele mergulha na obscuridade subjetiva dos impulsos biológicos, e é o ‘intelecto doente’ que encerra o homem na prisão da mentira e da ilusão.

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"Nenhum intelectual pode estar realmente próximo do seu povo quando sua definição de 'povo' provém de um estereótipo sociológico -- quando não ideológico -- e não de uma elaboração abstrativa feita a partir dos dados da vivência pessoal. A vivência pessoal, por sua vez, não liga o indivíduo ao 'povo', assim genericamente, mas se dá através da família, do bairro, da cidade, das raízes pessoais enfim. Por isto, dentre os intelectuais, aqueles que melhor expressaram o sentimento do povo brasileiro chegaram até ele por meio de suas recordações pessoais, como o fizeram José Lins do Rego, Ariano Suassuna, Antônio de Alcântara Machado e Gilberto Freyre.

Já se você aborda o povo por meio de idéias como 'classe', 'revolução' ou 'cidadania' etc., você só enxerga as partes dele que se encaixam, mais ou menos, por mera coincidência, em esquemas produzidos pela casta intelectual, condutora das revoluções. Um povo, em si, não é nunca revolucionário, não é nem sequer progressista. Um povo é sempre conservador, apegado a recordações e tradições. Quem não valoriza o passado e as tradições não pode conhecer o povo, porque não sente como ele. A vida popular é feita de emoções simples e milenares. A vida de família, por exemplo, é o coração da vivência popular. Que não ama essas coisas não pode compreender o povo."

(Revista Mundo Multicultural, ano 1, edição nº 12, de dezembro de 2001)

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A inveja é o mais dissimulado dos sentimentos humanos, não só por ser o mais desprezível mas porque se compõe, em essência, de um conflito insolúvel entre a aversão a si mesmo e o anseio de autovalorização, de tal modo que a alma, dividida, fala para fora com a voz do orgulho e para dentro com a do desprezo, não logrando jamais aquela unidade de intenção e de tom que evidencia a sinceridade.

[...] A gente confessa ódio, humilhação, medo, ciúme, tristeza, cobiça. Inveja, nunca. A inveja admitida se anularia no ato, transmutando-se em competição franca ou em desistência resignada. A inveja é o único sentimento que se alimenta de sua própria ocultação.

O homem torna-se invejoso quando desiste intimamente dos bens que cobiçava, por acreditar, em segredo, que não os merece. O que lhe dói não é a falta dos bens, mas do mérito. Daí sua compulsão de depreciar esses bens, de destruí-los ou de substituí-los por simulacros miseráveis, fingindo julgá-los mais valiosos que os originais. É precisamente nas dissimulações que a inveja se revela da maneira mais clara.

As formas de dissimulação são muitas, mas a inveja essencial, primordial, tem por objeto os bens espirituais, porque são mais abstratos e impalpáveis, mais aptos a despertar no invejoso aquele sentimento de exclusão irremediável que faz dele, em vida, um condenado do inferno. Riqueza material e poder mundano nunca são tão distantes, tão incompreensíveis, quanto a amizade de Abel com Deus, que leva Caim ao desespero, ou o misterioso dom do gênio criador, que humilha as inteligências medíocres mesmo quando bem sucedidas social e economicamente.

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Desde a Revolução Francesa, os movimentos ideológicos de massa sempre recrutaram o grosso de seus líderes da multidão dos semi-intelectuais ressentidos. Afastados do trabalho manual pela instrução que receberam, separados da realização nas letras e nas artes pela sua mediocridade endêmica, que lhes restava? A revolta. Mas uma revolta em nome da inépcia se autodesmoralizaria no ato. O único que a confessou, com candura suicida, foi justamente o 'sobrinho de Rameau'. Como que advertidos por essa cruel caricatura, os demais notaram que era preciso a camuflagem de um pretexto nobre. Para isso serviram os pobres e oprimidos. A facilidade com que todo revolucionário derrama lágrimas de piedade por eles enquanto luta contra o establishment, passando a oprimi-los tão logo sobe ao poder, só se explica pelo fato de que não era o sofrimento material deles que o comovia, mas apenas o seu próprio sofrimento psíquico. O direito dos pobres é a poção alucinógena com que o intelectual ativista se inebria de ilusões quanto aos motivos da sua conduta.

[...] Se esses movimentos fossem autenticamente de pobres, eles se contentariam com o atendimento de suas reivindicações nominais: um pedaço de terra, uma casa, ferramentas de trabalho. Mas o vazio no coração do intelectual ativista, o buraco negro da inveja espiritual, é tão profundo quanto o abismo do inferno. Nem o mundo inteiro pode preenchê-lo. Por isso a demanda razoável dos bens mais simples da vida, esperança inicial da massa dos liderados, acaba sempre se ampliando, por iniciativa dos líderes, na exigência louca de uma transformação total da realidade, de uma mutação revolucionária do mundo. E, no caos da revolução, as esperanças dos pobres acabam sempre sacrificadas à glória dos intelectuais ativistas.

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O caminho normal da formação de opiniões passa por três fases: partimos de um SÍNTESE CONFUSA de várias impressões, em seguida procedemos à sua ANÁLISE e por fim chegamos a uma SÍNTESE DISTINTA.
Esse trajeto, no Brasil, tornou-se proibitivo. Incapaz de análise, cada um se apega à sua síntese confusa inicial e a defende com unhas e dentes, batendo no peito com o orgulho sublime de ser um paladino da verdade e da justiça.
Isso acontece EM TODO E QUALQUER DEBATE PÚBLICO DE QUALQUER ASSUNTO QUE SEJA.
Tudo palhaçada, teatro, pose e, no fim das contas, loucura.

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Que futuro pode ter um povo que não quer ser governado por homens cultos e inteligentes, mas por imbecis semi-analfabetos diante dos quais ele não se sinta inferiorizado?

Se você tem complexo de inferioridade, pense nisto: talvez você seja inferior mesmo.

Se você é inferior, não adianta diminuir o padrão de medida para se sentir melhor. Quando você se mede por um imbecil de sucesso, sempre resta o sucesso para marcar uma diferença humilhante.

Só há um jeito de se livrar de todas essas veadagens: tente ser grande por dentro e aceitar uma posição social modesta. Seja generoso como um rei e humilde como um lavrador. Nunca mais terá complexo de nada.

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Nos meus estudos de astrologia, cheguei a um impasse. Criei uma vasta estratégia metodológica para transformar o assunto em matéria de estudo científico, mas, uma vez erguido o arcabouço teórico, era impossível passar à fase da pesquisa empírica, que requeria muita gente, muito tempo e muito dinheiro. Então decidi abandonar o assunto até segunda ordem.

Não me preocupo com o preconceito contra a astrologia, porque a astrologia que se pratica hoje, inspirada pela ideologia da New Age, é ela própria um conjunto de preconceitos.

Não há debate sério entre os que dizem ser a astrologia uma ciência e os que respondem que é uma pseudociência. Ela não é nem uma coisa nem outra: é um problema científico, que aguarda um tratamento à altura. Não será com proclamações de fidelidade ou com anátemas acadêmicos que vamos resolver esse caso.

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Se a alma fosse uma substância separada do corpo, seria impossível compreender qualquer coisa da psicologia de um ser humano pela sua expressão corporal.
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Corpo e alma não podem estar 'unidos', porque são apenas a mesma coisa vista em duas escalas: quando a matéria se extingue, a forma que a modelava permanece na mente de Deus. Quanto ao 'espírito', também não é uma substância distinta (só os gnósticos acreditam nisso), é apenas a faixa superior da alma.
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O dualismo está tão impregnado na cultura moderna, que a maioria das pessoas continua interpretando nesse sentido a afirmação de que 'a alma é a forma do corpo'. Entende forma no sentido de formato externo, ou no sentido da distinção entre o espacial e o inespacial. Alguém diz, por exemplo, 'A alma não tem glândulas'. É claro que tem. A alma não é o formato, é a fórmula, o algorítimo, o princípio articulador, a lei de proporcionalidade intrínseca do corpo. Nada está no corpo que não esteja antes — e depois — na alma.
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O algoritmo contém todas as mutações que a individualidade corporalizada pode sofrer ao longo da sua existência terrestre, separadas daquelas que não pode. Por exemplo, você pode ficar gordo ou magro, pode vir a ser um santo ou um genocida, mas não se transformará jamais numa vaca ou num trombone.

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Se você quer me ofender gravemente, me diga coisas como: 'Admiro muito você e a véia dos gatos', 'Admiro muito você e o Marco Antonio Vil', 'Admiro muito você e o Arruinaldo Azevedo', 'Admiro muito você e o Rodrigo Cocô', 'Admiro muito você e o hominho dos dois dedos.'

Se você quer me ofender mais ainda, diga que o meu problema com essas pessoas é divergência de opiniões.

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Jeremy Bentham dividiu as ciências em 'cenoscópicas' e 'ideoscópicas'. Ajustando um pouco as definições, digo que as primeiras estudam a realidade tal como ela se apresenta à experiência comum da espécie humana, as segundas a realidade tal como aparece segundo os recortes especializados que a tornam acessível aos métodos das várias ciências.
Os que estudam a ciência política ou, em geral, as ciências sociais só pelo ângulo ideoscópico cometem erro após erro, e nunca se emendam.
Mas a preparação do intelecto para as ciências cenoscópicas nada tem a ver com a educação científica habitual e especializada. Ela passa pela impregnação imaginativa do estudioso no 'senso comum', no modo como as pessoas de carne e osso vêem as coisas na sua experiência concreta.
É toda uma disciplina da percepção, do sentimento, da imaginação, em suma: da alma.
Essa é uma das normas básicas que orientam o COF. Tê-la aprendido faz com que os meus alunos acertem em suas análises políticas cem vezes mais que os opinadores jornalísticos e acadêmicos usuais.

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Só acredito nestas três leis do processo histórico:
1. A difusão dos fatos produz novos fatos.
2. À medida que a difusão aumenta, os fatos se precipitam em velocidade alucinante, até o ponto em que ninguém mais consegue acompanhá-los.
3. A ignorância, a loucura e a confusão crescem na razão direta da quantidade de conhecimento disponível.

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Só o homem de cultura pode julgar as coisas na escala da humanidade, da História, da civilização. Os outros seguem apenas a moda do momento, criada ela própria por jornalistas incultos e professores analfabetos, e destinada a desfazer-se em pó à primeira mudança da direção do vento.

A cultura pessoal é a condição primeira e indispensável do julgamento objetivo. A incultura aprisiona as almas na subjetividade do grupo, a forma mais extrema do provincianismo mental.

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“Mas aí nós temos de fazer uma distinção, que os escolásticos faziam, entre o que é a nesciência e o que é a ignorância. A nesciência é você não saber alguma coisa; a ignorância é você não saber alguma coisa que você deveria saber. Então, nós temos de sair em busca dos pontos de ignorância do filósofo, ou seja, aquilo que ele não viu, embora estivesse na frente dele, e embora, pela lógica do seu pensamento, ele devesse ver.”

(COF, Aula 120)

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Mas com freqüência os advogados erram até na sua própria área.
Por exemplo, no caso de uma ofensa à religião, se o crime não teve um destinatário pessoal, se não houve a interrupção de uma cerimônia religiosa nem o vilipêndio a um objeto FÍSICO de culto, NÃO ADIANTA PROCESSAR NINGUÉM.
Só serve para acumular jurisprudência favorável ao criminoso.

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O hábito mais abjeto na conduta da 'classe científica' é o desprezo 'a priori' que tantos dos seus membros têm pelas experiências comuns da humanidade que eles não consigam ou não desejem repetir pelos seus métodos usuais.
Se é para a ciência conservar algo do seu prestígio, essa merda tem de acabar.
Ninguém pode ficar esperando o beneplácito acadêmico para perceber o que percebe e sentir o que sente.
O próprio Aristóteles já ensinava que um certo respeito pelo conhecimento pré-científico é uma condição indispensável da ciência.

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