Poemas Olavo Bilac sobre Patria
Não há, em todo o universo das conversações filosóficas, estupidez maior do que tentar explicar um filósofo a partir da sua catalogação profissional e da coincidência fortuita do título dos seus livros com os de outros livros quaisquer, ignorando solenemente as suas referências intelectuais, a formação das suas idéias, a estrutura da sua obra e o texto mesmo do que ele escreveu.
A idéia mais cretina que já passou pela cabeça humana foi a de que a ciência e a tecnologia iriam aumentar a liberdade humana. Elas só aumentam o poder dos que têm sobre os que não têm.
Da minha própria definição da filosofia como 'unidade do conhecimento na unidade da consciência e vice-versa', decorre que a primeira obrigação do filósofo é abrir-se a todas as correntes de pensamento, a todos os valores que estejam em luta no seu tempo, deixar-se impregnar por eles sem nenhum julgamento prévio e, aos poucos, ir buscando alcançar uma atitude intelectual de conjunto que faça justiça aos vários pontos de vista, baseando nisso a construção da sua personalidade e o seu senso de orientação na vida e no conhecimento. Isso implica que ele só deve começar a expor publicamente os seus pontos de vista quando alcançar um certo nível de maturidade intelectual (foi por isso mesmo que só publiquei meu primeiro livro aos 48 anos de idade, uma das estréias mais tardias da literatura nacional). E é óbvio que qualquer investigação dos capítulos da sua vida anteriores a esse momento revelarão aspectos da sua formação que depois se integraram num quadro maior com novo significado, e que isoladamente NÃO SÃO provas de 'adesão' a esta ou àquela idéia. Só à luz da sua filosofia atual se pode compreender esses capítulos, mas o observador ignorante ou malicioso pode fazer aí uma confusão dos diabos, tomando etapas de um aprendizado como se fossem dogmas de uma crença. No Brasil, onde tantos, em compensação da insignificância das suas vidas, gostariam de posar de detentores de 'inside informations' escandalosas e demolidores de reputações, a tentação de fazer isso é quase irresistível.
O estudante que acompanha regularmente as minhas aulas e faz um esforço sério para apreender as estruturas profundas do meu pensamento, ainda que sem aderir a todas as minhas opiniões sobre pontos particulares, especialmente da política atual, torna-se um continuador e um intérprete qualificado da minha obra. Se, em vez disso, o cidadão apenas adere a algumas opiniões minhas que chegaram ao seu conhecimento, fazendo ou não delas a inspiração principal e o polo orientador da sua militância cultural ou política, isso não faz dele, evidentemente, um 'discípulo' nem representante do meu pensamento, por mais simpático que ele seja à minha pessoa e aos meus esforços.
Nenhum conservador deve ter a imprudência de comparecer a uma universidade para dar uma palestra sem levar uma tropa-de-choque disposta a tudo, igual àquela que o estará esperando para não deixá-lo fazer a palestra. A igualdade democrática, salvo engano, opõe argumentos a argumentos e tropas-de-choque a tropas-de-choque.
"Todo o universo dos nossos pensamentos e emoções nós recebemos da cultura; ou somos modelados por ele ou os modelamos nós mesmos, conforme a nossa capacidade de iniciativa. A absorção da cultura presente na máxima medida possível é uma condição da liberdade humana. Se você não quer ser modelado pela cultura, vai ter de reforjá-la para seu próprio uso e o dos outros.
Grandes escritores e filósofo integram o máximo que podem da sua cultura contemporânea, e criam uma personalidade intelectual própria. Ortega y Gasset: 'A reabsorção das circunstâncias é o destino concreto do homem.' Alguém tem de ajudar você a fazer isso, ou você tem de se educar a si mesmo para isso."
A filosofia, sendo educação em sua mais íntima essência, é por isto mesmo metadidática, não havendo nela a possibilidade de uma seriação graduada do mais fácil para o mais difícil. Em filosofia a melhor maneira de dizer é aquela que encarne da maneira mais direta e fiel o próprio método filosófico, e o método filosófico melhor é o que mais eficazmente apreenda a coisa da qual se fala, sem nada acrescentar à sua simplicidade ou subtrair da sua complexidade. Não se pode falar legitimamente de filosofia senão desde um ponto de vista filosófico. Não há quadro de referência externo desde o qual se possa 'compreender' uma filosofia, pela simples razão de que a filosofia é a arte de montar os quadros de referência de toda compreensão.
Às vezes me pergunto se jovens que nunca conheceram a época em que ninguém tinha de mostrar documentos (e muito menos cartão de crédito) nos hotéis, em que se podia fumar à vontade nos restaurantes, em que só os doentes se preocupavam com a saúde, em que só as pessoas gordíssimas faziam regime e em que as mulheres se sentiam lisonjeadas em vez de chamar a polícia quando recebiam cantadas de rua chegarão um dia a compreender o que é a dignidade humana.
A linguagem das emoções humanas, usada para descrever as relações do homem com Deus — a devoção, o temor, o amor, o arrependimento, a esperança etc. — é toda constituída de metáforas e símbolos que, em vez de traduzir essas relações de maneira apropriada e fidedigna, não fazem senão assinalar, justamente, a fronteira entre o expressável e o inexpressável. O que vejo por toda parte, no mundo religioso, é no entanto um grosseiro antropomorfismo materialista que desespiritualiza a vida do espírito e a reduz ao jogo vulgar das emoções terrestres.
“A idéia de que a educação é um direito é uma das mais esquisitas que já passaram pela mente humana. É só a repetição obsessiva que lhe dá alguma credibilidade. Que é um direito, afinal? É uma obrigação que alguém tem para com você. Amputado da obrigação que impõe a um terceiro, o direito não tem substância nenhuma. É como dizer que as crianças têm direito à alimentação sem que ninguém tenha a obrigação de alimentá-las. A palavra 'direito' é apenas um modo eufemístico de designar a obrigação dos outros.”
A 'ética laica', a 'educação para a cidadania' é o que sobra no exterior quando a consciência interior se cala e quando as ações do homem já nada significam além de infrações ou obediências a um código de convencionalismos e de interesses casuais.
A covardia, a estupidez e a sem-vergonhice da elite brasileira dão uma imagem aproximada do infinito matemático.
Semana de Arte Moderna de 1922: Mário de Andrade era um idiota presunçoso, Oswald um picareta esperto. Do movimento, só sobrou quem não estava lá: Manuel Bandeira, Drummond, Jorge de Lima.
Um experimento tem de provar ou negar primeiro um fato, para DEPOIS alegá-lo a favor ou contra uma teoria.
A associação da cor negra com o mal, o perigo, a dor, a privação, a opressão, o luto ou o sacrifício não tem a mínima referência pejorativa à raça africana, aliás de pele marrom e não preta. É apenas a expressão verbal direta e exata de uma experiência primordial e universal: a da diferença entre a luz e as trevas, o claro e o escuro, experiência que há milênios se repete identicamente em todos os bebês de todas as raças, cores, formatos, classes e nacionalidades.
Nenhuma agência governamental -- nenhuma, absolutamente nenhuma -- pode colocar a busca da verdade acima das condições sociais, políticas e financeiras que tornam possível o seu próprio trabalho.
Um homem sem alta cultura espiritual munido de um diploma de ciências é um inimigo de espécie humana.
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