Poemas inteligentes
Dos leitores
Há leitores que acham bom tudo o que a gente escreve. Há outros que sempre acham que poderia ser melhor. Mas, na verdade, até hoje não pude saber qual das duas espécies irrita mais.
Domingo
O tédio e a diversão múltipla dos domingo amam entrelaçar-se.
( In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.)
Acho que sábado é a rosa da semana; sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e alguém
despeja um balde de água no terraço: sábado ao vento é a rosa da semana. Sábado de manhã é
quintal, uma abelha esvoaça, e o vento (...)
“Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança”.
(Trecho dos versos publicados originalmente no livro "Sentimento do Mundo", Irmãos Pongetti - Rio de Janeiro, 1940. Foram extraídos do livro "Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985, pág. 78.)
Fisiognomia
Há longos narizes pensativos que parecem estar pescando. São uns introvertidos, uns inofensivos... O diabo são esses narizinhos arrebitados, sempre se dando conta de tudo.
(in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.)
A palidez do dia é levemente dourada.
O sol de Inverno faz luzir como orvalho as curvas
Dos troncos de ramos secos.
O frio leve treme.
“Porque a poesia purifica a alma
...e um belo poema — ainda que de Deus se aparte —
um belo poema sempre leva a Deus!”
Texto extraído do livro "Nova Antologia Poética", Editora Globo - São Paulo, 1998, pág. 105.
Ator
O ator é metade gente metade personagem,
não se distinguindo bem as metades.
Conhecimento
Mantemos reserva para com o desconhecido,
esquecendo que não nos conhecemos a nós mesmos.
( In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.)
“Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é”.
( Alberto Caeiro [Heterônimo de Fernando Pessoa], In Poemas Inconjuntos - In Poesia, Assírio e Alvim, ed. Fernando Cabral Martins, Richard Zenith, 2001.)
Mas eu não tenho problemas; tenho só mistérios.
Todos choram as minhas lágrimas, porque as minhas lágrimas são todos.
Todos sofrem no meu coração, porque o meu coração é tudo.
( Álvaro de Campos [Heterônimo de Fernando Pessoa], In Poesia, Assírio e Alvim, ed. Teresa Rita Lopes, 2002.)
“Enquanto isso, Deus, que afinal é clemente, Põe-se a cogitar na criação. em outro mundo, De uma nova humanidade - sem livre-arbítrio”...
(trecho do livro em PDF: Baú de Espantos)
A vida é a hesitação entre uma exclamação e uma interrogação. Na dúvida, há um ponto final. Bernardo Soares
(extraído do livro em PDF: Aforismo e Afins)
“ Era um lugar em que Deus ainda acreditava na gente... Verdade que se ia à missa quase só para namorar mas tão inocentemente que não passava de um jeito, um tanto diferente, de rezar”...
(trecho extraído do livro em PDF: Baú de Espanto)
” Querias que eu falasse de "poesia" um pouco mais... e desprezasse o quotidiano atroz... querias... era ouvir o som da minha voz e não um eco - apenas - deste mundo louco!”
(trecho extraído do livro em PDF: Baú de Espanto)
“Como eu vou saber, pobre arqueólogo do futuro, o que inquietamente procuro em minhas escavações do ar?”
(trecho do poema O descobridor do livro em PDF: Baú de Espantos)
Mas todas suas iras são de Amor;
todos os seus males são um bem,
que eu por todo outro bem não trocaria.
Estrela perigosa – Rosto ao vento – marulho e silêncio – leve porcelana – templo submerso – trigo e vinho – Tristeza de coisa vivida – árvores já floresceram – o sal trazido pelo vento – conhecimento por encantação – Esqueleto de idéias – Ora pro nobis – Decompor a luz – Mistério de estrelas – Paixão pela exatidão – Caça aos vagalumes. Vagalume é como orvalho – Diálogos que disfarçam conflitos por explodir – Ela pode ser venenosa como às vezes o cogumelo é.
No obscuro erotismo de vida cheia – nodosas raízes. Missa negra, feiticeiros. Na proximidade de fontes, lagos e cachoeiras braços e pernas e olhos, todos mortos se misturam e clamam por vida.
Sinto falta dele como se me faltasse um dente na frente: excrucitante.
Que medo alegre, o de te esperar.
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