Poemas do Século XIX
A verdadeira tragédia do pobre é que só pode aspirar à renúncia. Os belos pecados, como as coisas belas, são privilégio dos ricos.
O homem é menos ele mesmo quando fala de sua pessoa. Mas deixe que se esconda por trás de uma máscara, e então ele contará a verdade.
- Ele gosta de mim, sei que gosta de mim. É claro que costumo lisonjeá-lo de uma maneira horrível. Tenho um estranho prazer em dizer-lhe certas coisas, mesmo sabendo que vou arrepender-me de as ter dito. Em regra, ele é encantador comigo, e ficamos no estúdio a falar de mil e
uma coisas. Às vezes, porém, ele é terrivelmente irreflectido e parece ter um enorme prazer em me fazer sofrer. E então, sinto que entreguei toda a minha alma a alguém que a trata como se fosse uma flor para colocar na lapela, um ornamento para deleite da sua vaidade, um enfeite para um dia de Verão.
O egoísmo não consiste em vivermos conforme os nossos desejos, mas sim em exigirmos que os outros vivam da mesma forma que nós gostaríamos. O altruísmo em deixarmos todo mundo viver do jeito que bem quiser.
As criaturas vulgares não nos impressionam a imaginação. Ficam limitadas ao seu século. Nenhum encanto as pode transfigurar: Conhecemo-lhes o espírito como os chapéus. Elas passeiam no parque de manhã e tomam chá, tagarelando à tarde. Têm sorrisos esteriotipados e boas maneiras. São transparentes. Mas uma atriz! Como é diferente uma atriz... Por que não me diz que só vale a pena amar uma atriz?
Qualquer pessoa pode ser boa no campo. Ali não há tentações. Eis por que as populações rurais são tão pouco civilizadas. Civilizar-se não é fácil. só se consegue por dois meios: cultivando-se, ou pervertendo-se.
“Ela apareceu com vermelho exagerado e roupa de menos noite passada. Em uma mulher, isso é sempre um sinal de desespero”
Há momentos em que é preciso escolher entre viver a sua própria vida plenamente, inteiramente, completamente, ou assumir a existência degradante, ignóbil e falsa que o mundo, na sua hipocrisia, nos impõem.
Eu estabeleço uma norma para diferenciar bem as pessoas. Escolho os amigos pela beleza, os conhecidos pelas qualidades de carácter, e os inimigos pelas de inteligência. Todo o cuidado é pouco na escolha dos inimigos. Não tenho um único que seja estúpido. São todos homens de capacidade intelectual e, por conseguinte, todos me apreciam.
As desventuras são suportáveis pois vêm de fora, são meros acidentes. É no sofrimento causado pelas nossas próprias faltas que se sente a ferroada da vida.
A beleza é uma forma da genialidade, aliás, é superior à genialidade na medida em que não precisa de comentário. Ela é um dos grandes fatos do mundo, assim como a luz do sol, ou a primavera, ou a miragem na água escura daquela concha de prata que chamamos de lua. Não pode ser interrogada, é soberana por direito divino.
De acordo com os psicólogos, há momentos em que o desejo do pecado, ou do que os homens chamam de pecado, domina de tal modo a nossa natureza, que cada fibra do corpo e cada célula do cérebro parecem ser movidos por impulsos terríveis. Em tais momentos, os homens e as mulheres perdem sua liberdade e seu arbítrio. Dirigem-se como autômatos para seu objetivo fatal. O direito de escolher lhes é recusado e sua consciência está morta, ou, se ainda vive, é somente para emprestar atrativos à rebelião e encanto a desobediência. Pois todos os pecados, como sempre nos recordam os teólogos, são pecados de desobediência!
É preciso comungar com a alegria, a beleza, a cor da vida. Quanto menos se falar dos horrores da vida, melhor se vive.