Poemas do Século XIX
Que não daria eu, para voltar a mocidade? Aceitaria qualquer condição, menos, é claro, fazer exercícios, acordar cedo e tornar-me respeitável.
Às vezes, podemos passar anos sem viver em absoluto, e de repente toda a nossa vida se concentra num só instante.
A maioria dos homens morre de uma espécie de senso comum rasteiro; e descobre, quando já é demasiado tarde, que as únicas coisas de que nunca nos arrependemos são as nossas tolices.
Não gosto nada de saber o que dizem de mim nas minhas costas. Faz com que eu fique convencido demais.
Sempre! Que palavra horrível! Estremeço só de ouvi-la. As mulheres gostam muito de empregá-la. Estragam todo e qualquer romance tentando fazer com que dure para sempre. É também uma palavra sem sentido. A única diferença entre um capricho e uma paixão eterna é que o capricho dura um pouco mais.
A tragédia da velhice consiste não no fato de sermos velhos, mas sim no fato de ainda nos sentirmos jovens.
Aquele que sabe dominar os convidados num jantar em Londres pode dominar o mundo. O futuro pertence aos requintados. Os charmosos dominarão o mundo.
A rebeldia, aos olhos de qualquer pessoa que tenha estudado um pouco de História, é a virtude original do ser humano.
É melhor ser belo do que bom. Mas, por outro lado, ninguém está mais pronto do que eu a reconhecer que é preferível ser bom a ser feio.
Sempre é possível anular o passado. O arrependimento, o esquecimento e a renúncia poderiam apagá-lo. Mas o futuro era improvável.
A finalidade do mentiroso é simplesmente fascinar, deliciar, proporcionar regozijo. Ele é o fundamento da sociedade civilizada.
Agouros, sinais, são coisas que não existem. O destino não costuma enviar arautos. É muito sabido, ou muito cruel para fazer isso.
Todas as mulheres transformam-se em suas mães. Essa é a tragédia delas. Isso não ocorre com os homens. Essa é a tragédia deles.
A beleza, a verdadeira beleza, acaba onde principia a expressão inteligente. A inteligência em si é uma espécie de exagero; desmancha a harmonia de qualquer rosto. A partir do instante em que nos metemos a pensar, vamos ficando só olhos, ou só testa, ou qualquer outro horror. Olhe para os homens que vencem em qualquer dos ramos do saber. São inteiramente hediondos!
Quando alguém está apaixonado, começa por enganar-se a si mesmo e acaba por enganar os outros. É o que o mundo chama romance.
O verdadeiro tolo, de quem os deuses zombam e a quem tentam destruir, é aquele que não conhece a si próprio.
Nestes tempos, os jovens pensam que o dinheiro é tudo, algo que comprovam quando se tornam mais velhos.
Nota: Trecho adaptado de um diálogo do livro "O retrato de Dorian Gray".
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