Poemas de Vida Soneto

Cerca de 319 poemas de Vida Soneto

OS SESSENTA (soneto)

Os sessenta anos duma alma inquieta
Cabelos brancos, a face vivida, poente
Os olhos no qual se trova inteiramente
Bagatelas, onde mora a emoção poeta

Um sonhador de sentimento profeta
De palavras que falam, inda inocente
Versos que do peito saem de repente
Docemente, em uma parição secreta

Uma determinação tão só, tão largada
Que o silêncio urge, no invento venta
A sorrir, e ou a chorar, lhe é camarada

E se na parada se senta, pouco tenta
Aquieta, numa má sorte da derrocada.
São os encantos de se ter os sessenta...

Inserida por LucianoSpagnol

CORAÇÃO EM PASSAS (soneto)

Ah! quem há de poetar, saudade penosa e tirana
O que na emoção cala, e o versar não escreve?
- Range, doí, pregada na lembrança, e, em greve
Sente, em amargos no peito, o que era soberana

O coração em passas, e é um redemoinho fulana
Em explosão, fria e grossa, e ao enamorado deve
E ao olhar desalentado asfixia o pensamento leve
Que, paz e harmonia, saem em ignota caravana...

Quem o verso alcançara pra a rima desta solidão?
Ai! quem há de amenizar, assim torna-la tão breve...
Se infinito é o silencio; E o vazio então agiganta?

E os lábios secam. E o olhar chora. Tudo em vão?
E a sensação se refugia num sepulcro de neve?
E então as trovas de amor esvaem na garganta?

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
12 de março de 2019
Cerrado goiano
Um dia depois.
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

SER QUEM SOU (soneto)

Ora (direis) ser quem sou! Exato.
Me perdi no caminho, me achei, no entanto
A cada passo, erro e acerto, vários o relato
Vou andando, o atrás se desfez por encanto

E o tempo vai passando, veloz, enquanto
O pensamento recusa ser apenas um ato
Cintila. E, saudoso, o trovar é um pranto
Na solidão de ser, em um poetar abstrato

Direis agora: Incoerente e louca quimera!
Que não quero ser quem sou? Que sentido
Pois ser quem sou, deixei de ser o que era...

E eu vos direi: Amando o amor sou valeria
Pois se amei, o meu afeto não terá partido
Assim, pude ouvir e entender minha poesia

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
agosto de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

REMORSO II (soneto)

Às vezes, um poetar me espera
E os amores e temores infando
Me padecem, doem, até quando?
E assim, em branco vai a quimera

Inspiração, emoção, vou sufocando
N'alma, sem a doce ventura sincera
Oh! Como este gozo no poetar quisera
Mais suspirar, viver e amar trovando!

Ah! Quão dura é a vera realidade
Desespera, ao encarar a vetustez
Te traz remorso e tira a suavidade

Das paixões que deixei por talvez
Da timidez do olhar na oportunidade
E dos versos quererem só a lucidez!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
28/08/2019, 06'55"
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

MUDAR O RUMO (soneto)

Muda-se o ontem, o hoje outras vontades
Muda-se o rumo, outra é a tal esperança:
E neste andejar, o destino é de mudança
E no ser e ter, nas tralhas: as dualidades

Se nas histórias permanecem as saudades
Em cada linha traçada, tem a criada aliança
Também, afinal o bom é ter boa lembrança
Fugaz, pois o viver não é só de felicidades

Mudam-se as verdades, e o encanto
Do mal as mágoas numa tristura fria
E a poesia num eterno agridoce canto

E assim neste mudar tanto no dia a dia
Já não há espanto no diverso recanto
Portanto, é bom afazer-se com tal folia...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/01/2020, 05’55” - Cerrado goiano
paráfrase Luiz Vaz de Camões

Inserida por LucianoSpagnol

ALTERAÇÃO (soneto)

Como se a sorte, tirar-me, assim quer
Como a névoa no cerrado embaça o ipê
Você, assim na sina tornou-se por quê?
E o destino passou outra trova escrever

Como se as promessas não mais a mercê
Não mais se lê na vã inspiração a sofrer
Você, agora figura numa dor para valer
E os sonhos se fazem de simples clichê

Um céu tão cinza matizou-se lá fora
Sem arco íris e um ar tão tenebroso
Na alma, é sofrência que sinto agora

Como se pudesse não ser malditoso
Nesta poesia, em que o verso chora
O que um dia no cantar foi mavioso...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03 de março de 2020 – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

POR TANTO TEMPO (soneto)

Por tanto tempo, o sonho era infinito
Vivia aflito, desvairado no sentimento
Que inda hoje, ao olhar o meu escrito
As quimeras me vêm ao pensamento

Por tanto tempo, sozinho e restrito
Meu silêncio, era áspero e violento
Mas por dentro, queria ser erudito
Mas havia tristura e voz de lamento

E hoje vejo uma certeza na direção
Dito: - “a única coisa que não muda,
é que tudo muda”. Sábia conclusão!

Pois, nesta vida de Deus nos acuda
O encenar é com agridoce emoção!
A poesia segui... e a fantasia miúda.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/03/2020, 17’29” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DO TEMPO

O tempo lá se vai, e vai apressado
Por um tropel das vândalas horas
E tão dispersas nas ondas sonoras
Do outrora, passando, é passado...

E o minuto pelo vento é levado
Alado, seguido... pelas auroras
Num voo certo. Duras senhoras
Da direção... as damas do fado!

Não fique espantado meu caro!
O amparo vem do seu bom viver
E do bem doado, amado, é claro!

Então, não se preocupe em correr
É aos poucos, em um querer raro
Lento, assim o tempo irá render...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
12 de março de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

ABANDONO (soneto)

Silêncio mudo, rente ao meu lado
Como uma melancolia a sussurrar
Há cem mil sensações a me olhar
E o pensamento vagando isolado

Tanto abraço desesperado, atado
Na imensidão do tempo sem lugar
E inspiração rútila a me abandonar
Todos os dias aqui no árido cerrado

É a solidão, cega, áspera e tão fria
E a nossa vida ficando mais breve
E as nossas mãos sem afável valia

A hora passa, e cobra a quem deve
São as horas que sentencia a poesia
O efêmero, tal a rapidez descreve...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 de março de 2020 - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠BARCOS DE PAPEL (soneto)

Na chuva da temporada, pela calçada
A enxurrada era um rio, e o meio fio
O teu leito, com barragem e desafio
Na ingênua diversão da meninada

Bons tempos felizes, farra, mais nada
Ah! Os barcos de papel, inventivo feitio
Cada qual com um sonho e um tal brio
Navegando sem destino, a sua armada

Chuva e vento, aventura e os barquinhos
Tal qual a fado nos mostra os caminhos
E a traçada quimera no destino velejada

Barcos de papel, ah ideais, são poesias
Que nos conduzem nas cheias dos dias
No vem e vai, no balanço, da jornada...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/06/2020, 11’05” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

FIADO (soneto)

Espiando na janela, a sorte vai em bando
E as nuvens levedando o pensamento
E pelo vento a rapidez vai multiplicando
E a poesia urdindo o vário sentimento:

Pranteio, rio, apresso, acalmo.... Ando
Descanso, me cubro, e fico ao relento
Assim, cada tento, tento sem mando
Neste lugar secreto, óbice e fomento

Apressa-te, sonho, amanhã é seguinte
Um novelo em turbilhão e de requinte
Pois, o que mais importa é estar amado

Não te fies da dor nem da arrogância
O destino tem a sua real importância
E a vida, não, e nunca negocia fiado!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10/07/2020, 07’29” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ATO DE CARIDADE (soneto)

Que eu tenha o Bem, e Paz. Assim eu faça!
Que a mão posta ouça as preces, alce voo
Maria, Mãe, volva tua face para essa graça
Que eu seja caridoso sem louvar que sou

Se muito ou pouco, que tudo me satisfaça
Não importe ou doa o quanto me custou
Não deixe que o orgulho seja uma ameaça
E a minha fé seja o troco que me sobrou

Que o riso e abraço, seja pra quem vier
De onde vier, onde estiver, assim seja!
Ó Deus Pai! Me abençoe nesse prover

E, no viver, sempre tenha amor e laços
E no pão de cada dia, bênçãos, eu veja
Partindo com o irmão em dois pedaços

© Luciano Spagnol -poeta do cerrado
22/07/2020, 09’52” - Triângulo Mineiro
paráfrase Djalma Andrade

Inserida por LucianoSpagnol

⁠VERSAR MORIBUNDO (soneto)

Tome, solidão, está espada, e.… fira
Meu sofrente coração, tão azarento.
Que importa a mim ter árduo lamento
Se a sorte no destino é persistente ira

Ah! .... emoção lacrimosa e funesta lira
Que ao vazio regi, mirrando o momento
Que esbroa o plural tramite do alento
Polvilhando no peito essa dor tão cuíra

Ó silêncio! Que vem musicar saudade
Troando a minha vida em tempestade
Na aberração do infortúnio fecundo...

Mas a atormentada trava da teimosia
Infeliz. Catuca a inspiração da poesia
Sangrando o meu versar moribundo!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/07/2020, 09’12” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SONETO VIVO SOBRE A MORTE ...

Se casualmente aqui deparar, ledor
Com soneto vivo na morte acabado
Leia piedoso este versar imaculado
Pois, fui caminhante e um trovador

Já cadáver feito, aspeito o pecador
Em cada estrofe uma prece ao lado
Cravado no amor, o poeta lacerado
Choro e saudade, assim, espero for

Já sem norte, leia-me com voz forte
Pra ser escutado donde eu estiver
E a alma no descanso seja na sorte

E, então, o sentido o aplauso quiser
Que escolho vivo, do que na morte
Pois, lá logo se há de me esquecer! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/03/2021, 10’46” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠A GENTE

Eu e tu: soneto e eu, poética repartida
Em duas estimas, duas estimas numa
Aí sentida. Tu e eu: ó versejada vida
De duas sortes que em uma só resuma

Prosa de partilha, cada uma presumida
Da alma contida, conferida... em suma
Essência na essência, sem que alguma
Deixe de ser una, sendo à outra medida

Duplo fado sentimental, a cuja a sina
Que na própria paixão cada uma sente
A sensação dum aquinhoar da emoção

Ó quimera duma poesia integralmente
Que infinitamente brote da inspiração
E, suspire na inspiração infinitamente...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26, agosto, 2021, 11’03’ - Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Nascimento de Irã

Como um espetáculo, nasce a vida! Que já se inicia com nome de poesia.
Os Deuses a abençoaram no primeiro dia,
E em seus olhos a luz e a vida se inicia.

Já nasceu com um brilho reluzente; Em seus olhos àquela estrela refletia.
Primeiro som foi um grito de euforia,
Que iluminou os processos da mente.

Nos caminhos que vai trilhar com ação,
O meu amor lhe servirá de proteção; E as palavras modificarão seu coração.

Bem-vindo! É o que os humanos dizem,
Pois, bem sabem, a grande sorte que têm,
Sorte de poder ter um sábio, Irã, Amém.

“Maria Helena Troiana — Mãe”

Inserida por luis_luis_1

De corpo, alma, mente

Sentindo teu coração pulsar,
Batendo bem forte,
Percebo a sorte
Que foi te encontrar.

Meu sangue ferve.
Nesse quarto a gente se ama,
Nos deliciamos nessa cama,
Minha alma fica leve.

Não vejo a hora passar,
Em teus braços
Sinto o tempo parar.

Nos encaixamos perfeitamente.
Eu te amo
De corpo, alma, mente.

VISÃO

No cerrado vi um peão a toda brida
Pelos cascalhados da árida estrada
Do meu sonho não entendia nada
Se eu estava na morte ou na vida

Entre folhas ressequidas, adormecida
Uma caliandra, sendo colhida por fada
Em cachos, no beiral da lua prateada
Numa tal tenra pálida beleza já vencida

E nesta ilusão a ele fiz uma chamada
Vós estás de chegada ou de partida?
O tal peão, O Tempo, de sua cruzada

Respondeu: não tenho alguma parada
Levo comigo o podão de toda a vida
A caliandra colhida, é tua infância perdida.

Aware

Não sei como explicar,
E talvez nem preciso,
Todos podem ver isso.
Meus olhos brilham ao te encontrar.

E nem de longe consigo disfarçar.
Que toda tarde te espero
Que em cada abraço eu te quero
Mais e mais e sinto o tempo parar.

Me atraso pra te esperar
Crio mil pretextos: café, pastel, gatos...
Só pra te ver chegar.

E para estar sempre contigo,
Te transformei em poema
E pra aonde eu for te levarei comigo.

Inserida por JEduardoSoaresA

My parallel universe

No caos do dia a dia,
Você me abraça e não me aflijo,
Meu peito anseia por teu Beijo.
Você é a melhor companhia.

Para mim é imenso privilégio
Ter você ao meu lado,
Sentir meu corpo no teu colado,
Distante de qualquer tédio.

O teu olhar me convida
A sussurros noturnos,
Amar e curtir a vida.

Ao teu lado tudo é belo,
Tudo se encaixa.
Você é meu universo paralelo.

Inserida por JEduardoSoaresA