Poemas de Vida Soneto
SORTE (soneto)
Na minha má sorte, a boa é pendente
Eu nunca inferi por que. Não entendia
Nos prados do fado estava ausente
Indaguei a vida por que era. Não sabia
Na quimera do meu dia, fui inocente
De uma tal timidez íntima e correntia
Que o passar do tempo foi em frente
E as venturas pouco tiveram cortesia
E assim, o sonho se fez bem distante
O vario momento me foi um instante
E por eles pouco soube dessuar valor
Sinto, sem, no entanto, ser dissonante
Que se fiquei ou se eu passei avante
O importante é que fui e serei amor...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
SONETO EM MOVIMENTO
De tudo um pouco fiz, e não te esqueço
O pensamento é movimento relutante
Na sofrença eu vivo então agonizante
Tal forma, que o poetar está do avesso
À espera é de um, vã gemido, sonante
Que já saiu dos ventos do meu senso
São fragmentos de dor que não venço
De amarga profunda frustração, dante
E neste vazio de um vadio descenso
Dispenso o amanhã num novo avante
De rude ação, de esquecer, e tão tenso
Não estou propenso a nostalgia gigante
Sei que o depois é outro dia, pretenso
Pois, na solidão, no render sou levante...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, 18 de janeiro
Cerrado goiano
SONETO PELO CAMINHO
O meu fado pôs a me versejar
Pelas trilhas do destino nefando
Me fez chorar, rir, foi interrogando
Acerca do amor pôs a ignorar
Subi e desci, e a vida foi forjando
Desafinei certamente ao disciplinar
E pude segredar na noite de luar
Assim, estórias foram desfiando
Por vielas, ruas e, becos a andejar
Andei, e ele comigo foi andando
Pelos caminhos o diverso a poetar
Agora, o canto maduro, no comando
Lembranças, tudo tem tempo e lugar
Na estrada, continuo caminhando...
(até Deus chamar!)
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
20/01/2017, 14'00"
Cerrado goiano
SONETO TRISTE
Hoje acordei com meu verso triste
Escorrendo pelo papel só inclinação
Cabisbaixa a inspiração e, pelo chão
Querendo lira na sorte que não existe
Pois, cada cisma, na cisma consiste
E o prazenteiro é em vão, e assim são:
Desferrolha fagulhas infeliz do coração
Petrechando a consternação em riste
As minhas angústias querem expansão
Minha dor, está ali sozinha, é imensidão
Tão calada, não entenderão o que sente
Aí quem me dera, não a ter! Pois então?
A tenho!... E pouco cabe na solidão...
Quando caberia aqui: - verso contente!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro, 2017, 05'55"
Cerrado goiano
SONETO AGONIADO
Agonio de ti, ó silêncio, do cerrado
Diz coisas que a sorte não vai entender
Da tua brisa saudades tu pões a trazer
Nas brumas, com suspiro empoeirado
Do teu torto cenário bruto, fustigado
Ascende lembranças no entardecer
Tão pálidas na tua secura, vão haver
Solidão, que o meu sonho fica calado
E nos teus murmúrios do alvorecer
O meu ao teu então fica encarnado
Largando lágrimas na face a perecer
Talvez um dia eu entenda o teu agrado
Por agora, o que faz é meu entristecer
Porém, todavia, és âmbito do meu fado
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
REFLEXÕES DE UM ADEUS (soneto)
Calado, ouvindo o silêncio ranger
Imerso no pensamento solitário
Gritante no peito o medo a bater
Do adeus, e que no fado é vário
Agora, cá no quarto, a me deter
Angústias do cismar involuntário
Que o temor no vazio quer dizer
E a aflição querendo o contrário
São duas pontas do nosso viver
No paralelo do mesmo itinerário
De ir ou ficar moendo o querer
E neste tonto e rápido breviário
Que é o tempo, me resta varrer
Os espantos, pois imutar é diário
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Mês de maio, 2017
Cerrado goiano
À SOLIDÃO (soneto)
Oh! jornada de inação. O silêncio em arruaça
Arde as mãos, o coração, aperreado arrepia
O olhar, tremulo e ansioso, tão calado espia
O tempo, no tempo, lento, que ali não passa
No cerrado ressequido, emurchecido é o dia
E vê fugir, a noite ribanceira abaixo, devassa
E só, abafadiço, o isolamento estardalhaça
No peito aflito de uma emoção áspera e fria
Pobre! Se põe a sofrer, nesta tua má sorte
No indizível horror de um sentimento vão
Quando silenciosa e solitária é a morte...
Bem à tua paz! Bem ao teu “às” sossego!
Melhor na quietude, ao espírito elevação.
Se na solidão, viva! E saia deste apego!...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, 11 de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
OCASIÃO (soneto)
A coerência lá se foi tão espantada
por um tropel de vândalos da rudeza
E mesmo o depois de tanta clareza
quedam robóticos, sem mais nada...
No escarcéu disperso, contos de fada
O veras, sem exatidão, e sem defesa
expõe toda a burrice e a estranheza
do revelado na dada outra jornada...
Sobra “Inania verba”, nenhum intento
ao mourejar hercúleo do lhano cidadão.
Indiferentes, só importa o seu contento!
Mas não é meu. Se afasta da tal meta
de parceiro, de irmão, fazer a ocasião
Cria-se curvas, e não a essencial reta...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
OS SESSENTA (soneto)
Os sessenta anos duma alma inquieta
Cabelos brancos, a face vivida, poente
Os olhos no qual se trova inteiramente
Bagatelas, onde mora a emoção poeta
Um sonhador de sentimento profeta
De palavras que falam, inda inocente
Versos que do peito saem de repente
Docemente, em uma parição secreta
Uma determinação tão só, tão largada
Que o silêncio urge, no invento venta
A sorrir, e ou a chorar, lhe é camarada
E se na parada se senta, pouco tenta
Aquieta, numa má sorte da derrocada.
São os encantos de se ter os sessenta...
CORAÇÃO EM PASSAS (soneto)
Ah! quem há de poetar, saudade penosa e tirana
O que na emoção cala, e o versar não escreve?
- Range, doí, pregada na lembrança, e, em greve
Sente, em amargos no peito, o que era soberana
O coração em passas, e é um redemoinho fulana
Em explosão, fria e grossa, e ao enamorado deve
E ao olhar desalentado asfixia o pensamento leve
Que, paz e harmonia, saem em ignota caravana...
Quem o verso alcançara pra a rima desta solidão?
Ai! quem há de amenizar, assim torna-la tão breve...
Se infinito é o silencio; E o vazio então agiganta?
E os lábios secam. E o olhar chora. Tudo em vão?
E a sensação se refugia num sepulcro de neve?
E então as trovas de amor esvaem na garganta?
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
12 de março de 2019
Cerrado goiano
Um dia depois.
Olavobilaquiando
SER QUEM SOU (soneto)
Ora (direis) ser quem sou! Exato.
Me perdi no caminho, me achei, no entanto
A cada passo, erro e acerto, vários o relato
Vou andando, o atrás se desfez por encanto
E o tempo vai passando, veloz, enquanto
O pensamento recusa ser apenas um ato
Cintila. E, saudoso, o trovar é um pranto
Na solidão de ser, em um poetar abstrato
Direis agora: Incoerente e louca quimera!
Que não quero ser quem sou? Que sentido
Pois ser quem sou, deixei de ser o que era...
E eu vos direi: Amando o amor sou valeria
Pois se amei, o meu afeto não terá partido
Assim, pude ouvir e entender minha poesia
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
agosto de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
REMORSO II (soneto)
Às vezes, um poetar me espera
E os amores e temores infando
Me padecem, doem, até quando?
E assim, em branco vai a quimera
Inspiração, emoção, vou sufocando
N'alma, sem a doce ventura sincera
Oh! Como este gozo no poetar quisera
Mais suspirar, viver e amar trovando!
Ah! Quão dura é a vera realidade
Desespera, ao encarar a vetustez
Te traz remorso e tira a suavidade
Das paixões que deixei por talvez
Da timidez do olhar na oportunidade
E dos versos quererem só a lucidez!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
28/08/2019, 06'55"
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
SONETO EM MARCHA
O tempo lá se vai, em debandada
Por um tropel veloz e, tão diverso
Os segundos no minuto submerso
E a hora em tanta década passada
E no que parece um conto de fada
O destino, tão acirrado e perverso
Com o seu bronco verso e reverso
Avança... com a inexorável jornada
Sobra a saudade, de um momento
Aquele que é o hercúleo ao poeta
A quimera, lembrança, o contento
Mas dentre tantas, varia é a meta
No amor, e o amor um juramento
Versando vida, e o saber profeta...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 03, de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
A GENTE
Eu e tu: soneto e eu, poética repartida
Em duas estimas, duas estimas numa
Aí sentida. Tu e eu: ó versejada vida
De duas sortes que em uma só resuma
Prosa de partilha, cada uma presumida
Da alma contida, conferida... em suma
Essência na essência, sem que alguma
Deixe de ser una, sendo à outra medida
Duplo fado sentimental, a cuja a sina
Que na própria paixão cada uma sente
A sensação dum aquinhoar da emoção
Ó quimera duma poesia integralmente
Que infinitamente brote da inspiração
E, suspire na inspiração infinitamente...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26, agosto, 2021, 11’03’ - Araguari, MG
Soneto: Sonho
O vento sorrateiro na janela
Sem paciência grita
Escuta o eco do medo
A vida desafiando os espinhos
O tempo passa ligeiro
A voz é engolida a seco
A coragem salta do peito
O sol floriu um sorriso
Os sonhos fazem o caminho
A esperança faz a rega
A paciência faz o ninho
É assim quando continua de pé
Nada acontece sem luta
Nada acontece sem fé
Autoria #Andrea_Domingues ©️
Todos os direitos autorais reservados 26/07/2022 às 08:00 hrs
Manter créditos de autoria original _ Andrea Domingues
Soneto De Infância
Infância é uma flor que ainda não desabrochou
Criança é um amor que ainda não amou
Sua ingenuidade é aprender sem saber
Feliz é quem cresce sem nunca crescer.
Brincar, sem nunca cansar.
Começar, para nunca cessar.
Descobrir, mas nunca omitir.
Viver a vida leve e a sorrir.
Então o mar da vida se apresenta, furioso
Esperando encontrar um marinheiro corajoso
Disposto a enfrentar as tempestades da vida.
Corajoso, porque vive a infância eternamente,
Sem medo de errar e ser julgado pela gente
Porque vive uma vida colorida, infantil e divertida.
Soneto: Esperança
O vento batendo na porta
Sem compostura nenhuma
É o eco dos sentimentos
É tudo que você tanto guarda
Palavras, dores e angústias
É entulho no caminho
Às vezes temos que falar
Se livrar do que pesa
O vento sopra com jeito
A voz é engolida a seco
E as angústias saltam do peito
Eco da dona vida
Nada acontece sem fé
Rega pra ser florida
Autoria de #Andrea_Domingues ©️
Todos os direitos autorais reservados 25/05/2022 às 18:20 hrs
Manter créditos de autoria original _ Andrea Domingues
Nascimento de Irã
Como um espetáculo, nasce a vida! Que já se inicia com nome de poesia.
Os Deuses a abençoaram no primeiro dia,
E em seus olhos a luz e a vida se inicia.
Já nasceu com um brilho reluzente; Em seus olhos àquela estrela refletia.
Primeiro som foi um grito de euforia,
Que iluminou os processos da mente.
Nos caminhos que vai trilhar com ação,
O meu amor lhe servirá de proteção; E as palavras modificarão seu coração.
Bem-vindo! É o que os humanos dizem,
Pois, bem sabem, a grande sorte que têm,
Sorte de poder ter um sábio, Irã, Amém.
“Maria Helena Troiana — Mãe”
VISÃO
No cerrado vi um peão a toda brida
Pelos cascalhados da árida estrada
Do meu sonho não entendia nada
Se eu estava na morte ou na vida
Entre folhas ressequidas, adormecida
Uma caliandra, sendo colhida por fada
Em cachos, no beiral da lua prateada
Numa tal tenra pálida beleza já vencida
E nesta ilusão a ele fiz uma chamada
Vós estás de chegada ou de partida?
O tal peão, O Tempo, de sua cruzada
Respondeu: não tenho alguma parada
Levo comigo o podão de toda a vida
A caliandra colhida, é tua infância perdida.
CONSELHOS....
Quando eu, solitário e inquieto, faço
Poesia de apelo, em um rogo intuindo
E busco palavras de um poético laço
É para adoçar o meu amargo infindo
Cada verso, conselheiro construindo
Indo o fado sem calma nem embaraço
Cheio de estrofe, rimas, vai seguindo
Erigindo o rumo no devido compasso
Passo a passo, aconselha: tudo passa!
No infortúnio, na leveza, cada graça
Pois, tem abrigo, e também o perigo
Aí, então, os conselhos, no concelho:
Se mais velhos, seremos mais fedelho
E eles, feliz e com dor choram comigo! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/01/2021, 08’25” – Triângulo Mineiro
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