Poemas de Juventude Poetas Conhecidos
Infinitamente
Quanta solidão
Amarguei
Até chegar
No teu beijo
Quantos dias ásperos
Tive que digerir
Na fome
Do teu corpo
Faminta de ti
Entre brumas
Da imaginação
Recordarás
Que nunca é sempre
Na lembrança
Você é meu
Meu desejo
Sempre
Infinitamente
Meu.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Neste Ano Novo
Lençóis brancos
Alvos
Onde todo dia
Descortinas, tua alma.
Na cama,
Com calma.
Antes da aurora
Forres de intenções sua oração
Para que tenhas,
Na alma
A cor da lua
Palma
Alva.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
O Décimo - Primeiro Dedo
Era uma vez, uma mulher que tinha guardado em si um segredo. Como a palavra indicava, era silencioso, deitava no mistério.
Mas quem guarda um segredo e não resgata o enigma
fica infeliz, doente.
E o imaginar veio como acalento e cirurgia para sua alma
...transformou-se em caneta, tenra, macia, perspicaz e mordaz, transformando tudo em verso.
Mas o verso é masculino e falou com a imaginação:
– Quem sou eu que visita esta página?
E a imaginação respondeu:
– Você é meu desejo, meu mundo e agora vou transformar-te em realidade.
E o segredo se escondeu, a realidade estampou, o tempo absorveu o perfume e a existência percorreu as ruas e labirintos desesperado como urgência.
E nesta briga a estação passou e o ser caneta não se
cansou, roncou tudo e virou o escritor, o artífice.
A fantasia é feminina.
Em paz com a realidade.
Quer ser verbo e decifrada como o décimo-primeiro dedo dominado pelo imaginar.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Rita
Rita ficou brava e, numa correria que a raiva desperta subiu onde o pensamento não aliança e ficou lá como alma penada, a chorar acima na comunheira da casa.
Chorou os minutos.
Chorou as horas.
Chorou por dias.
Os meses.
Longos anos.
Chorou tanto e por resumidos até que alguém percebeu que o choro amoleceu o pau da comunheira.
As paredes derretiam, aí notaram que lá estava Rita a chorar e ia fazer a casa desabar.
Como fazer, era rezar para Nossa Senhora do Pilar para calar seu choro.
Mais oravam, mais choro caía.
E a casa dissolvia lentamente sem solução. Rita na comunheira da casa a lacrimejar.
E o pior, agora rangia, trepidava raiva e vergava os paus da construção.
E a casa deteriorou, desmanchou.
E todo mundo abandonou o que era uma construção. Ficou a casa ali vergada, desabitada
Por anos.
Até que alguém teve a graça de falar da desgraça com Rita.
Amassar a argila onde suas lágrimas se derramaram. Deus fez o homem do barro sem as lágrimas de Rita. Era tempo de magia, reconstruir.
Rita, desistir de ser lamento e assombração de um passado que se despedaçou sem lembranças, banhado de tanto chorar.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Cercados
A idéia feita na ilusão em acreditar na capacidade de vivermos sempre em comboio, trombando uns com os outros...
...assim, feito barulho provocado pelo ranger do atrito nos trilhos, lustrando nossa carga de paciência cada vez mais longa, numa simetria infinita e solitária.
Vão ficando vagões cada vez maiores, se amontoando ao longo da penosa existência, deixando tudo de ser
paraíso para
morrer na fina linha que retorce nos trilhos.
Desgastadas e tortas.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Apesar de tudo ainda te amo
A noite está calma, me sinto inquieta
e não consigo dormir, sorrir ou até mesmo chorar.
Abro a janela e tudo que vejo parece estar você,
mas você não está mais aqui.
Tudo é tristeza e dor.
Essa saudade aumenta a cada instante e me sufoca
cada vez mais.
Esse silêncio me enlouquece.
Te desejo ver de novo e essa incerteza mata-me aos poucos.
Se eu pudesse separar as barreiras que existem entre nós,
quem sabe estaríamos juntos.
Jamais deixaria você partir como da última vez...
E agora só existe um desejo: você!
Um objetivo: possuir-te novamente!
Uma esperança: ser amada por ti eternamente!
JEITINHO MALANDRO
Esse jeitinho malandro de me conquistar
esse jeitinho dengoso de me possuir
Essa carinha de anjo me entorna a cabeça
Fica fazendo charminho, não me deixa dormir
E eu fico fora do mundo, não sei o que fazer
Escreve versos de amor para te agradar
Não sei se é fantasia tudo isso que sinto
É esse jeitinho malandro de me conquistar
Te escrevo dos pés à cabeça e te pinto no avesso
Leio o teu pensamento prá frente e prá trás
Te faço dormir no meu colo mordendo teu queixo
E esse jeitinho malandro me pede arrevesso !
PÁSSAROS
"..os pássaros da praça cantaram
na tarde de sol. Levaram o seu canto
às folhas das árvores. E os galhos
abertos sorriram de amor.."
"..o meu pensamento que transpôs vales e colinas,
que vagou, incontentado,por astros e galáxias,
volta hoje, como menino, ao ponto distante
que deixou atrás,à procura daquele primeiro
sorriso,em busca do primeiro olhar que o enfeitiçou"
Mas temos a possibilidade de amar.
Sejais vós quem fordes, ou o que fizerdes, eu sei quem eu sou. Terra. Vida Ressurreição. Uma verdadeira aventura.
Sair da vastidão do desconhecido, da imensidão e entrar numa nova vida apaixonante e aventureira. Isto, é o novo mundo poeticamente apaixonante.
Tempestade
Sua beleza sem perfume, seu sorriso me envolvia, seu beijo quente a alma fria.
Mas no meu peito eu te queria...
Na incerteza de meus passos, sobre a ponte da ilusão, seu olhar me penetrava bem castanho a escuridão.
Ninguém sabia da verdade, muito menos da mentira.
Você sorria algo queria se me chamasse, eu logo iria.
Cortando a vinha da cidade cinza, onde se esmaga a solidão.
Dançando com a sorte, mais rápido que a morte.
Fez da loucura o seu galope, depois sumiu na multidão.
Foi quando a carne virou pedra, e sobre a brasa se aqueceu.
A boca seca molha o bico no conhaque, no gosto forte, assim esquece esse desastre...
Felipe Almaz
Eu não sou mais o que era
Do tempo que já passei
Eu libertei minha fera
Sou hoje o que me tornei.
Santo Antônio do Salto da Onça RN
PERSPECTIVA
Segundo a Física
duas pessoas não podem estar
ao mesmo tempo
no mesmo lugar.
Por isso, é impossível
termos, na íntegra,
o mesmo ponto de vista do outro.
Já sentiu o coração delascerado?
Ou pela paixão selvagem de uma noite,
Ou pelas acelerações que pareciam tocar devagar?
Por onde anda a minha pequena fé, em seu coração de luz...
Vou contigo pra Pasárgada
Meu caro Manuelito
Quem sabe lá eu encontre
Dos Anjos, os versos íntimos!
Pensando bem, eu irei
Para o mundo de Drummond
Tão vasto quanto ele mesmo
Mais vasto do que o som!
Jorge e sua Fulô
Bem me acompanhariam
As estrelas de Bilac
Mais forte lá brilhariam
De Campos e todo o LUXO
A vida seria perfeita
Como os versos de Vinícius
Na morte, vida refeita!
Citando Manuel Bandeira, Augusto dos Anjos, Carlos Drummond, Jorge de Lima, Olavo Bilac, Augusto de Campos e Vinícius de Moraes.
UTOPIA
Aquela estrela é minha
Aquela, pequenina,
Na esquina do Universo, escondidinha.
Eu, que não tenho nada além dos meus chinelos,
Além dos meus poemas, além dos meus anseios,
Sou feliz proprietário de uma estrela,
Uma que eu inventei, e para vê-la,
Fecho os olhos na hora de sonhar.
Aquela estrela é minha, senhores astronautas,
Vagabundos do espaço de ninguém:
Cuidado, ela é frágil, assim como meus versos,
Astrônomos, que fuxicai pelo Universo,
Se um dia descobrirem essa estrela,
Ela tem nome, chama-se Utopia.
Aquela estrela é minha, senhor Deus,
Que pastoreais nuvens no Infinito,
E que semeais sóis e tempestades
Não leves a mal a pretensão do poeta,
Mas, aquela estrela, ainda que feia, é minha,
Não faz parte do elenco dos teus astros,
Eu a fiz com as mãos, o sonho, o coração.
Aquela estrela é minha, senhoras e senhores
E, quem quiser passear na minha estrela,
Numa tarde qualquer, de chuva ou sol,
É só me dar as mãos, ser meu amigo,
Compreender minhas incompreensões,
E caminhar comigo.
Mas não reparem se, de madrugada,
Não houver mais estrelas nem mais nada
É que ,às vezes, acordo mal dormido,
Oprimido, homem e pingente,
E minha estrela, triste, vai embora,
E só regressa numa nova aurora,
Quando eu volto a ser gente..
CONCLUSAO
Quando
a noite vier
e sentirmos saudade
de tudo
que por infelicidade
não se concretizou. . .
Quando
imaginarmos o impossível:
que a vida nos sorri
sem temor ou mentiras...
Quando
entrelaçarmos nossos corpos
e deixarmos este mundo
de imperfeições
então
seremos felizes e perfeitos.
Esqueceremos a maldade,
nos aqueceremos
na felicidade.
Esqueceremos tudo:
a inveja,
a malícia,
o despeito
e a falsidade
desta vida
concreta.
Elevar- nos-emos
espiritualmente,
seremos um do outro
eternamente,
como Deus ordenou.
Só assim
poderemos ser felizes.
Nada dividirá
o nosso sentimento
e então
chegaremos à conclusão
de que só foi feliz
nesta vida
quem amou!
A dor do poeta não é a dor do poema
a dor do poema e dele mesmo
a dor do poeta se confunde entre letras e lágrimas que escorrem sobre a face/folha de papel do poeta em dor
DE AMOR E DE ESPERANÇA
"....no amor que flui em nós, água corrente ... "
Eu sei,amor, a vida está difícil
- o preço do feijão, a ausência de futuro,
a poluição, a falta de ternura,
a falta de verdade e de abertura,
esse medo do escuro...
O perigo maior,porém,é que esta vida,
este cansaço, esta ilusão perdida
destruam esse amor,fortuna que nos resta.
E,sem fazer versinhos cor-de-rosa,
eu quero neste verso,nesta prosa,
dizer que ha um caminho ,uma fresta.
Inda é possível,amor, esse milagre
de multiplicar o pão.
É só somar as coisas que nós somos,
é dividir as coisas que nós temos,
subtrair todo egoísmo e ódio
na matemática do coração.
Amor,vamos brincar de aventureiros,
vamos buscar em nós, na humanidade,
no amor que flui em nós, água corrente,
um tesouro escondido à flor da terra.
Um tesouro que existe,em que pisamos,
o qual não vemos,porque não olhamos,
um tesouro real e verdadeiro.
Vamos amor, me leve nos teus braços,
eu te levo em meus versos,que são teus
Vamos abrir estrada em nossos passos,
vamos abrir estradas para o mundo,
vamos falar com Deus..
( do livro " Canção pro Sol Voltar" , Editora do Escritor )
Castelo Hanssen é jornalista e escritor , membro fundador do Grupo Literário Letra Viva e da Academia Guarulhense de Letras.
POEMA MARGINAL
Poeta,eu? Eu não !
Meu poema não tem poesia
Não tem bandeira
Não tem corrente
Não tem escola
Tremula no meu terreiro poético
o mastro nú. Pau de sebo.
Meu poema é cheio de falhas
Meu poema é vazio
Meu poema mente.
Discretamente como o moço
lúcido no ponto do ônibus.
Meu poema não tem sentido
Não tem boca
nem ouvido
Vai como um rio sem direção
à margem da cidade acesa...
do livro "Licença Para a Vida " Editora do Escritor
