Poemas de Jaak Bosmans

Cerca de 143 poemas de Jaak Bosmans

Retorno

Estranho sentimento esse de voltar!
De algum lugar que fui e não me lembro.
Mas jamais vou esquecer!
Um lugar de colocar perdas,
De trocar abraços, ternuras e olhares
Espaço apertado de amarguras,
Sem tempo para desencontros
Paisagens velhas relembradas no coração
Lugar de onde voltei!
Onde o tempo não tem tempo,
Espaço para sonhar brincando
Lugar de nada se ter, de nada ser.
Apenas estar.
Mas voltei!
Faltava o seu nada ter
Seu nada ser
Nosso estar.

Jaak Bosmans

Inserida por JaakBosmans

Ladeira

Nascia, enumerado pelos seus dentes,
Os primeiros raios de sol.
Às vezes corro pelos campos,
procurando regularmente a visita intolerável de bailarinas.
O atraso do trem causa-me distorções no abdômen.
Minhas conquistas nunca se limitam no mais vulgar
e a parte final é sempre tomada de grandes sóis.
Giro sobre o tornozelo, muitas vezes quebrado pelo amanhecer
e percorro com o olhar a janela branca, o ponteiro.
Nosso sorriso não é permitido.
Um pôr-do-sol nos confunde com a ladeira.
A subida é cansativa “sozinho”.
Um automóvel, nossos encontros.
Minha alegria foi te imaginar como silhueta.
Entrei neste instante no oceano profundo de meu vazio.
Agora é preciso descansar,
virar para o outro lado e esperar.

Jaak Bosmans

Inserida por JaakBosmans

Teorema do Tempo

No princípio era apenas um sonho.
Tive rainha, príncipe e princesa.
Pura emoção da emoção mais pura.
E o tempo passava fácil.
Sem medos, inimigos ou armas.
No princípio era apenas um sonho.
Mas a realeza se tornou realidade.
E mostrou que nunca fui rei.
Porque hoje é meu aniversário.
E o tempo, o meu maior adversário.

Jaak Bosmans

Inserida por JaakBosmans

Amor sem passado sem futuro


No caminhar sobre o resto das lembranças
Percebo perdidos pedaços que já esqueci
Foi a força de toda uma história de paixão
Terminada no início de um amor que nunca tive

Me perdia no sentido vago de algumas alegrias
Que me sorria à noite, me acordando em lágrimas.

Era um tempo presente, pretérito do não saber.
Me conjugando na primeira pessoa, singular e inexplorável.
A ela pertencendo lugar fixo na segunda do mais que perfeito.
Assim me desfiz no desejo de conjugações.

Onde apenas a primeira pessoa deve ser sempre plural
Pertencendo ao mágico mistério do amor.

O nós que se faz um!

Jaak Bosmans

Inserida por JaakBosmans

Dor menor

Minha poesia é toda sua
Permissiva e sem conceito
Se gera angústia, me pertence
Sonhos traduzidos, revelados e desfeitos
Alma apedrejada, mas sorrindo de tanta dor.
Confundo as emoções, quando dilacera todos os enganos.
Porque sempre se torna despedida da realidade,
Brilhando em fantasias!

Jaak Bosmans

Inserida por JaakBosmans

Assim ...


Hoje tenho muito pra te falar!
Descortinar!
Explicar!
Combinar!
Perguntar!
Tudo feito
Com todo o silêncio!

Jaak Bosmans

Inserida por JaakBosmans

Entardecer de sonhos


No entardecer de meus sonhos, encontrei-te
Escondida entre nuvens e canções,
Dormias sobre plumas, flores e cores
Beijavam-te borboletas e colibris.
Acheguei-me a teu arfar.
Roubar-te um só beijo!
Não!
Apenas retratei teu semblante em pinturas mágicas
Me contive!
Agora, guardo comigo seu retrato,
nas asas de cada borboleta.
E seu beijo parado no ar,
nas multicores de cada beija-flor!


Jaak Bosmans

Inserida por JaakBosmans

Metamorfose

De todas as coisas que já não me tenho e já não me sou
Preservo sempre o substancial motivo de apenas estar
E num suspiro reverter nosso futuro no último bater do coração
Me retratando assim apenas em metamorfose!

Jaak Bosmans 01-08-08

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Procura incerta

A beleza sempre se esconde
Na incerteza de qualquer procura.
Apenas no mais profundo da alma,
Quem a tem pura, pode encontrá-la.

Jaak Bosmans

Inserida por JaakBosmans

Suíte quebra – nós.

Uma suíte para nós dois
Apenas para nós dois.
Harmonia e melodia
Para os nossos corações.
Uma suíte alegre
Com peças bem colocadas
Com ritmo de alegria
Num estalar de nozes.


Quebrando o gelo com os corpos
Doçura, no paladar de cada beijo.

Jaak Bosmans -14 – 10 - 2008

Inserida por JaakBosmans

Natureza viva

Caminho por lugares vastos,
Onde ouço apenas o arfar dos rochedos
Ali se fixa a liberdade,
Porque movimentos são prisões

E as cadeias fortes das cordilheiras,
Prendem toda a neblina no seu ventre.
Apenas a presença daquele sol,
Derrete e liberta muito antes da condenação.

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Divã

-Então?
- É um sonho que me persegue Doutor
- Hum!
- O mesmo sonho Doutor, que me persegue.
- Hum!!
- Doutor, esse sonho não para de me perseguir.
- Hum hum!
- Esse sonho continua a me perseguir Doutor.
- Hummmm!
- Doutor, é ele, o sonho que me persegue.
- Hum!
........
- Deu certo Doutor! Deu certo!!!!!!!!!
- Hum????
- Agora, sou eu é quem persigo o sonho!!!!!!!
- Então?

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Poema aos meus inimigos

Comecei debruçado sobre uma grande bola achatada nos seus extremos
Tombada em seu próprio eixo
Ás vezes iluminada, outras numa grande escuridão.
À medida que crescia me parecia ser cada vez menor dentro desta bola.
Amava sem medidas, corria pelos campos.
Brincava com ecos que me respondiam sempre a mesma coisa.
Sabia que era assim.
Apenas repetições.
Me desencontrei em vários encontros e me perdi em estradas sem fim.
Conheço lugares, gente e pessoas.
Me reconheço mesmo nas fotos antigas, onde só passou um pedaço de mim.
Tenho queixas dos meus inimigos.
Gosto deles!Eles só não sabem, porque são meus inimigos.
E olhando esta gaveta aberta, com traças, perfumes e chinelo, estou apenas procurando.
As pessoas que eu perdi no tempo, debruçado nesta grande bola chata.

Jaak Bosmans

Inserida por JaakBosmans

Branco.

Tingiu-o o tempo.
Tingiu-o sonhos interrompidos.
Tingiu-o a neve do coração gélido
De um amor que me traiu.

Tento ainda traços coloridos.
Cores fortes, como os músculos da esperança.
Nos cabelos de um velho jovem.
Que ainda sonha que foi só um sonho.

Jaak Bosmans
27-10-2008

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Conhecer coisas é ser culto...
Conhecer os outros é ser sábio...
Conhecer a si próprio é ser esclarecido!
Por isso sou uma realidade virtual e imaginária. A mais concreta possível.
Às vezes me confundo comigo mesmo.Isto é enigmático mas faz bem para minha pele.Só tenho saudades do futuro.
Gosto de estar sentado, deitado ,em pé, mas nunca caído. Prefiro ser uma versão de primeira categoria de mim mesmo, a ser uma versão de segunda categoria de outra pessoa. Sobre ser ou não ser velho prefiro dizer que velhice é só uma questão de tempo, e eu nunca tive tempo pra esta coisa. Sou circular em pensamentos mas, bastante espiralado no sentido semiótico da vivência. Me encontro em cantos,cântaros e no meu recanto,de onde crio um mundo invisível,e aqui brinco de alegrias. Pulo muros,acordo mais cedo só pra ver ainda os dois eternos namorados se despedindo:o sol e a lua. Sou um,às vezes me diluo,ou me multiplico,conforme as palavras que posso ouvir,escrever e desenhar.Mas prefiro sempre o barulho do estilhaçar de um arco-iris.Bonito demaaaaaaaaaaais.Quem sou eu? Muitos me conhecem, mas poucos sabem de mim. É uma questão de exuberância líquida e vaporosa,nunca sólido,pois este é um estado que se espedaça com facilidade!Fui o que não sou mais e não serei o que sou agora.Apenas gosto de jogar pedras em lagoas, olhar para o céu, e me despir para tomar banho.Sou um clone de mim mesmo espirro alto.Tudo em mim é extremamente coerente, até quando ando de bike ou faço de conta que não te vejo no shopping.Recordo sempre das pessoas que nunca vi e minha lembrança nunca falha.
Quem sou? Porque preciso ser?

Jaak Bosmans

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Ébrio


Em passos largos ainda tenho
A velocidade da estagnação
Ainda que, de longe venho
Permaneço ébrio na lucidez do coração

Inserida por JaakBosmans

Ópera dos interior.

Começam os acordes do velho acordeão,
Em leque que brinca de abre e fecha.
Entra junto, a melodia simples da rabeca.
Que chora feliz fora do ombro.

Nesse momento se inicia a ópera em uivos tristes.
Da terrível dor, que faz o “tíu” latir.

Falta ritmo! Falta um batido.
E começa escondido o ritmo proibido
De um triângulo amoroso.
Ela, ele e ele; e às vezes ele, ela e ela.

Assim a dança começa,
Sem ter hora de nunca acabar.

Apeia do cavalo o coronel
Que manda calar o “tíu”.
Aos pouco o ritmo diminui.
Separando aqueles vértices.

Acordeão e rabeca,
Isto é casal comum.
Não dá dança, e acaba a festa.

Jaak Bosmans 2 -11- 2008

Inserida por JaakBosmans

"Da prata liberdade"

Folhas prata da embaúba
Em meio ao verde de toda a mata
Gritam chuva.

Minha prata interior também grita.
Liberdade.

Embaúba prata é folha é mata.
Recebe chuva e desfolha.
Liberdade.

Começo de paisagens.
Primaveras repetidas, nunca iguais.

Na mesma busca que tenho em mim.
De gritos presos, silêncio e mata.

Diferentes amores, primaveras e pratas.


Jaak Bosmans

Inserida por JaakBosmans

Caminho familiar

Pesado elo entre o sonho e a realidade.
De impor felicidades

De querer apenas em simples pensar.
Abandono de lares imperfeitos.

Só posso te ver em saudades.
Através das grades da prisão de que me fiz.

Noite de grandes luas.
Pequenos gritos de guerra vencida.

Grandes sabores de beijos crus.
Apenas cozidos no mel da amargura.

Só vozes cruéis me embalaram.
Inesquecível noite de dezembro.

Que do filho amado ouvi gritar.
Que algemas colocassem em seu pai.

Com crueldade e sem perdão.
Noite de pesados elos desfeitos.

Jaak Bosmans
7-11-2008

Inserida por JaakBosmans

Não sei se o que escrevo é tão poético.
Procuro apenas decifrar as angústias e as esperanças que me calam.


Jaak Bosmans

Inserida por JaakBosmans