Poemas de Filosofia
O Lobo e os Abutres
Em leito, sinto
oh, quão frio,
lobo só, sem matilha,
eco de uivo calado
que reverbera na pedra crua.
Não tema,
está só!
Não reclame, diziam eles,
engula o choro
como quem engole a própria sombra.
Em leito, sentia
já não mais,
mas, nada!
Frio sou
não!
Tornei-me
um vulto que se dissolve
na geada da madrugada,
uma presença que ecoa
no vácuo entre o ser e o deserto.
Em leito, sentiria
na pele,
rasgando o instinto
como faca cega.
Seleção natural
de almas partidas.
Quantos lobos
perecem em si mesmos
por não entender
que há algo errado
na dança da sobrevivência?
Em leito, sinto
coração, não mais.
Odor pérfido
de carniça ao amanhecer.
Não eram lobos,
eram abutres
vestidos de companheiros,
espreitando o cansaço
da fera solitária.
Liberdade, enfim?
Ou apenas a descoberta
de que a solidão
é menos vil
do que a falsa aliança
dos que fingem caçar juntos
mas apenas esperam
o momento da queda?
E quando o sol rasga a penumbra
como lâmina quente,
vejo o rastro das garras
que um dia julguei companheiras.
Eles não uivam,
não caçam,
não sangram pela honra
de viver em matilha.
São carniceiros,
esperando o último suspiro
da presa que pensavam ter domado.
Então ergo meu uivo
para o alto,
rompendo o céu cinzento
com o brado de quem
não teme mais a escuridão.
O eco invade os vales,
acorda os corvos,
faz tremer as sombras
que habitam a floresta.
E descubro,
na solidão que corta,
a liberdade crua
de ser lobo
entre abutres.
Não sou ferido,
sou a cicatriz que se ergue,
o instinto que sobrevive
ao banquete dos falsos.
Sou a fera que renega
o pacto da servidão.
Sou o silêncio que precede
o grito dos justos,
a promessa de que mesmo só,
o lobo sempre voltará
a caminhar sob a lua
sem temer as aves de rapina.
“Ela se foi,
Não sei onde encontra-la,
Sempre a elogiaram,
Eu a tinha como tão comum, que
Até achava exagero.
Hoje, que ela se foi,
Percebi quão preciosa ela era,
Essa ausência me causa um vazio tão grande
Que por vezes penso em tomar do cálice supremo,
E por fim ter a solução desta grande perda.
Mas, antes disso lhe deixo um recado;
- Onde estiver, esteja melhor do que eu Alegria."
“SER HUMANO
Por quê ser humano,
Porque ser assim?
Qual a fonte de tuas ações?
De ondes espelha esse
Gesto rude e insensível?
Por ventura, só houvera em ti
Sentimentos maus e sombrios?
Até quando te estendem a mão, desconfias;
- O que quer este estranho?
Por quê ser humano?
Ao acaso está é tua natureza?
Isso é, ser humano?”
“Sol, não quero mais vê-lo,
Que minha última memória
Seja a de uma noite fria e chuvosa,
Onde amarguei a fio cada minuto.”
“Dizem que quando estamos prestes a morrer,
Um filme passa bem a nossa frente,
- Estou bem acomodado, por favor, pode começar.”
"MOTIVO
Preciso de um motivo mais nobre para viver!
Da realidade que vivia não tenho mas posse,
Sinto agora nada mais além de um grande vazio,
Em um imenso vácuo com o grito incessante do silencio.
Preciso de um motivo mais nobre para viver,
A grande questão é que não encontro,
E parece ficar ainda mais difícil na medida em que maquio esse estado com um uma piada ou brincadeira leviana e superficial a fim de ter um sorriso ainda mais superficial, com a infeliz falsa esperança de que esse poço de tristeza se esvazie, mas, só continuo nessa incessante tentativa porque sempre esqueço que é um poço e que ele sempre vai brotar.
Preciso de um motivo mais nobre para viver!
Mas, com essa companhia, o silêncio, fica difícil de ter ideias.
Preciso de um motivo mais nobre para viver,
O inerte silêncio não é um bom companheiro,
Ele insiste em chamar sua companheira loucura para se juntar a nós."
FILOSOFANDO
Ainda que minha certeza transborde
Não procuro alguém que comigo concorde
Seria pedir demais!
Afinal, não sou nenhum Platão
Mas procuro alguém que exale paz
E que ao menos venere a minha opinião.
Memento Mori
Quando descobri que iria morrer
Me encarei triste no espelho
Tenho tanto para fazer em tão pouco tempo
Quando descobri que iria morrer
Por um momento o chão se abriu
O vazio se fez presente e a escuridão me engoliu
Quando descobri que iria morrer
Entendi que todos vão
Me lembrei que a dona morte não faz distinção
Quando descobri que estava viva
Meu Deus! Que susto eu levei
Eu estive viva o tempo todo e nunca a reparei?
Quando descobri que estava viva
Criei asas e voei
Me livrei de todo peso que sempre carreguei
“A solidão nos é realmente insuportável quando nos assustamos com os nossos pensamentos.
Devemos sempre ter cautela ao conceder elogios, pois estes só serão valiosos pela sua raridade
Não raro os homens se alegram mais com futilidades que com coisas realmente importantes.”
“O medo de sair de casa me assombra,
se pelo menos soubesse que te encontraria,
numa esquina qualquer da vida.
Mas, na cidade onde moro não há esquinas.
As ruas são infinitamente movimentadas.
pessoas não param, não se cumprimentam,
por isso tenho medo de sair de casa, contudo,
a solidão com quem habito em quatro paredes,
já começa a me espreitar, como um monstro
se aproxima de mim, receio que em breve me devorará.”
Só existe uma forma irreversível de miséria humana,
a completa falta de humanidade é a ausência de afeto
seja este amoroso, romântico ou parental.
Apenas destes seres ocos de divindade devemos ter dó,
por estes devemos ter infinita compaixão e lastima.
Miserável, portanto, é todo homem que não conheceu o amor,são de fato necessitados, carentes ao extremo deste bem supremo, destes eu tenho muita pena, e ao mesmo tempo receio mórbido de sua companhia, pois, ao passo que são miseráveis, são também perigosos e extremistas radicias.
As pérolas de meu irmão Jadeilson
Meu irmão, Jadeilson, é um homem simples, mas vez por outra me manda uma pérola filosófica. Outro dia, ouvi de sua boca algo espantoso, para um homem que tem como ofício, ser pedreiro e criador de galinhas.
Disse-me ele em uma conversa sobre política e corrupção: "Prefiro conviver com Leão saciado a ter que viver com um Cão faminto. Fazia ele analogia simples ao político rico e ao político pobre. Hoje, todavia, em outra conversa, me disse meu irmão: "Evan, você sabia que a persistência é a mãe da prosperidade?"
Nos dois casos, disse pra ele que são conceitos, contudo, vindo dele, de quem eu sei que não leu em livro algum, disse que sim era um pensamento original de muita relevância, uma vez que lhe veio à mente pela observação e não por estudo meticuloso, também a ideia do cão faminto nos reporta ao livro de "Eclesiastes", mas sei que ele não tem a maldade intelectual para plagiar o ora dito Clássico Bíblico. Disse a ele, meu irmão você um verdadeiro filósofo, à moda de Sócrates, que não escrevera nada.
Tudo que precisas saber sobre os homens e os deuses está em Homero.
As escrituras sagradas dos indianos falam um pouco mais dos imortais.
Vai com Sócrates, a Platão e Aristóteles, não te esqueças de Voltaire e de Descartes. Antes disso leia os épicos universais.
Pense em Dante, na suprema poesia, e com Shakespeare experimenta a maestria, dos fantasmas recitando a humanidade.
Vai a Proust entender a descrição e o ciúme... Anda ao lado de Cervantes e Dom Quixote, nos caminhos deste gênio inventor da liberdade.
Eis o que penso sobre a arrogância do homem em qualquer campo de ação.
Quando a insanidade e a estupidez engana a criatura e ela e torna maior que seu criador. Muitos homens se tonam arrogantes, se acham poderosos pelo sucesso material, outros por conquistas intelectuais, esquecem suas origens físicas e metafísicas, ignoram a verdade suprema, a de que tudo que há nos mundos sensíveis e insensíveis ao homem está sob o domínio de Deus.
Devemos buscar diariamente ser uma luz no mundo, para guiar nossos pares, que como nós andam cambaleantes nas trevas das nossas imperfeições, e não um abismo de arrogância e estupidez mundanas.
Aos olhos dos homens que não sabem do meu universo, concluem estes senhores debilmente, que não consigo terminar o que começo.
É que toda rotina e gestos repetidos me enfadam. Por isso me tornei escritor, neste contexto criativo, posso com um ponto final, por fim em um projeto, seja este um conto, um romance ou um verso.
Todavia nunca termino meus trabalhos textuais com ponto final, prefiro sempre uma breve interrogação. Sou um escritor medíocre ou um gênio preso nas grades do anonimato?
evandocarmo.com
Então o verbo se fez carne
e a carne se fez homem
e o homem se fez poeta
e poeta se fez Deus
e Deus se fez musa
e a musa era mulher
e se chamou Ariadne
Ariadne foi morar no labirinto
para onde conduziu o poeta
de olhos vendados
e poeta habitou sozinho
entre anjos e demônios
com a palavra eternidade.
"Evitemos todo tipo de insanidade religiosa concernente à
eternidade, pois a única possível ao homem até agora foi a
literatura.”
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