Poemas de Chuva
MORTE
(Edson Nelson Soares Botelho)
A chuva cai na escuridão da noite
Vislumbrando a estrada da morte
O vulto preto aproxima-se lentamente
No silêncio que atormenta os mais fortes
O medo aniquilando todas as esperanças
O olhar frio sem nenhum sentimento
Cada vez mais próximo
A redenção de todo o sofrimento
A figura macabra emoldura seu destino
Aumentando ainda mais a sua dor
Para que sua partida seja o mais breve
Sem dar nenhuma esperança
Reduzindo pela metade seu último suspiro
A cada dia vivido fenece todas as lembranças
Tempestade de Amor
O tempo está fechado lá fora
Ouço a chuva caindo no telhado
Sinto tanta saudade agora
Por que você não está do meu lado?
Vejo as rajadas do vento
Está tudo triste e escuro
Me pergunto a todo momento
Como fui tão imaturo?
O pingo da chuva cai no chão
Como a lágrima que sinto cair
Ela representa a escuridão
Dói lembrar de você partir
Com o raio vem aquele clarão
É tempestade que apavora
Deixou ferido meu coração
Por que você foi embora?
É vendaval, trovoada
Quanto estrago, quanta dor
Eu perdi minha amada
Como deixei acabar o amor?
Chuva fina
Manhã de chuva fina,
Manhã de gostoso friozinho,
Dia de se aquecer junto ao amorzinho,
Bem coladinho, bem gostosinho,
Tarde gostosa prá tirar aquele cochilinho,
Quando a noite chegar pra aquecer o corpinho,
Nada melhor que um chocolate bem quentinho,
Na hora de dormir não esqueça do cobertorzinho,
E com o seu amor dormir bem abraçadinho.
A. Cardoso
Como é bom sentir o petricor
da terra banhada pela chuva,
saber que está nutrindo
o florescer de uma bela flor
e que assim, aviva a flora
que logo ganhará mais cor
semelhante a um amor
de dentro pra fora
num ciclo de bastante valor.
Nenhuma chuva cai sem motivo,
ou porque tá quente demais ou porque o tempo vai mudar.
Nas culturas mais antigas a chuva era um sinal de limpeza,
levava embora todos os maus espíritos e deixava a calmaria.
Então, só agradeço à Deus pelas chuvas que mandou...
Limpou e levou embora todo o resquicio de 'sujeira' e de pequenas poeiras, deixando só alegria por aqui!
Nada é por acaso, nem mesmo a chuva!
Noite bem escura lá fora
Nenhum pirilampo acordado
Cai uma chuva calma agora
Uma paz de olhos fechados...
Até parece
Que a natureza
Também adormece...
mel - ((*_*))
Quando meus sonhos se desfazem em meio as gotas de chuva que caem ao chão;
Agradeço a Deus por tudo o que sou...
Mais ainda assim peço um pouco mais de fé, paciência e atenção;
E peço para que ele me ajude quando meus pés não suportarem mais, e quando meu coração já não mais bater, só peço a ele que cuide mim se assim eu merecer...
Bom Dia Quinta-feira!
Entra e derrama uma chuva
de bençãos na minha vida,
transborda meu coração de
paz e harmonia e livra-me
de todo mal e que Deus
esteja à frente, abrindo
meu caminho e ilumando
minhas escolhas.
Amém!
O sol me intregra...
a chuva me alegra...
mas este mormaço
me amordaça...
me deixa sem graça...
mel - ((*_*))
Teu corpo conhece a chuva
como quem conhece antigos rituais.
E quando o mundo pesa demais,
você vai pra areia, pra água, pro vento —
como quem volta pro útero da Terra
pra ser reconcebida.
Você não é feita de superfície.
Você é profundezas,
instinto,
pressentimento.
E mesmo quando te quebram,
você recolhe os cacos com mãos firmes,
sussurra teu canto ancestral
e se reconstrói.
Você é filha da Loba.
Daquela que anda sozinha,
mas nunca perdida.
Daquela que vê no escuro,
que fareja mentira,
que protege o que ama
até sangrar.
Te chamam de intensa —
mas a verdade é que você só sabe viver por inteiro.
Não nasceu pra amores rasos,
pra presenças mornas,
pra silêncios que negam acolhimento.
Você é toque que cura,
olhar que despedaça mentiras,
palavra que pulsa verdade.
Você ama como quem reza.
Sente como quem invoca.
E chora, sim.
Porque quem sente tudo, às vezes precisa desaguar.
Mas não se engane:
até teu choro tem força de tempestade.
Você é força.
Você é livre.
E o mundo ainda vai ouvir o teu uivo —
não como pedido de socorro,
mas como anúncio de renascimento.
Assim como a chuva, tenho aprendido a cair, mas também a encontrar o caminho aos céus.
Assim como as nuvens, aprendi a resguardar meu sol, mas também a permitir-me brilhar.
Os socos que me foram acertados, descobri que não devem ser recitados; os olhos só refletem o que a alma os condenam a enxergar
e as raízes do homem já compuseram todos os finais dos livros que só leram pela metade.
Da minha janela
Vejo a chuva da minha janela,
pingos que dançam no vidro,
como se quisessem trazer tristeza,
mas não é bem assim.
Daqui observo o mundo,
dias e noites se sucedendo,
ventos que arrastam tempestades,
sol que aquece e devolve o calor.
Acompanho o tempo,
não o que veste o ar de frio ou de fogo,
mas o que se estende, invisível,
bordando a vida com sua passagem.
O tempo nunca caminha só:
vem de mãos dadas com o sol e a chuva,
com flores que se abrem,
galhos que se despem,
árvores que morrem e renascem.
E eu, aqui dentro,
descubro que o tempo não mora em mim.
Ele corre lá fora,
nas ruas, nos céus, nos ventos,
enquanto em mim há apenas silêncio —
um espaço onde o instante repousa,
e nada envelhece.
Roberval Pedro Culpi
26/08/2025
Da Janela no sertão
Da minha janela vejo a chuva,
e ela cai como se fosse choro do céu.
Mas não, não é tristeza não:
é só o sertão do mundo molhando sua pele,
pra lembrar que até a pedra dura
se rende à água mansa.
O tempo corre lá fora,
feito cavalo brabo,
ora levantando poeira nos ventos,
ora abrindo o peito pro sol quente da vida.
Dias e noites se alternam,
como se Deus brincasse de fiar luz e sombra
na roca invisível da eternidade.
Eu fico aqui, de dentro,
vendo árvore nascer, perder folha,
morrer e ressuscitar no mesmo tronco.
É como se cada galho fosse profeta
dizendo que nada se perde:
só muda de roupa,
feito romeiro no caminho.
E aprendo que o tempo não mora em mim,
mora lá fora, correndo nas águas,
cantando nos ventos, ardendo no sol.
Dentro de mim só tem o silêncio,
um silêncio grande,
onde o instante fica parado —
feito retrato da alma,
feito milagre da vida.
Roberval Pedro Culpi
26/08/2025
Tens que ir?
Lá fora a chuva cai.
No quarto, fumaça de caracol.
Paredes se comprimem
diante de nós dois.
Face a face, deleito-me
no momento tão mágico
que deixa à deriva
os problemas do dia.
Por que tens que ir?
Se te quero só pra mim?
Se só você é meu sim?
Por que tens que ir?
Se ao coração não mente
e sempre te senti?
OLIVEIRA, Marcos de. Tens que ir?. In: OLIVEIRA, Marcos de. Tristeza por
Borboletas. Porto Alegre: Alcance, 2012. p. 12.
Pensamento IV
O que criamos nós?
Se o chuveiro imita a chuva,
se a lâmpada finge ser sol,
se o tecido sonha ser pele —
o que criamos nós?
Se a roda é vista da lua,
se domamos o galope com fogo,
se voamos como pássaros,
ou pairamos como libélulas —
o que criamos nós?
Copiamos. Adaptamos.
Ajustamos o mundo à nossa imagem.
Chamamos isso de invenção.
Mas no fim, manipulamos.
Eu acredito em Deus, mas me pergunto se Ele crê em mim,
assim como cremos na Sua chuva, e no seu Sol.
O que é real? As paredes sólidas e frias de concreto,
concreto, a realidade concreta. Ou a memória fugaz
de um abraço quente e terno, terno, visto o terno,
chego ao trabalho, olho-me no espelho, e não vejo nada.
Cego, vejo além do espelho e enxergo através da realidade sensível,
sensível, atravesso as aparências em busca de algo que transcenda o tangível.
Mas então o espelho despedaça-se diante dos meus olhos,
como coisa real, um mosaico de sentimentos e lembranças,
desfaz-se e reconstrói-se a cada instante. Cada caco reflete uma versão minha,
mas, entre tantos, quem realmente sou eu?
Há tantos de mim que não podem tantos estarem certos, e entre tantos, perdi-me.
Que sejamos abençoados
com uma chuva
de esperança infinita
de que hoje
o voo será mais alto
e mais bonito
para alcançarmos
aquele sonho
que somente
nosso coração conhece!
NUM DIA DE CHUVA
Céu cinza, telhados molhados
As gotas de chuva no vidro da minha janela
Escorrem feito lágrimas
Bate àquela saudade
Do abraço que não aperta mais
De quem só restou um retrato amarelecido
E a presença que insistiu em ficar dentro de mim
Dos olhos que não se cruzarão mais com os meus
De sentimentos fugidios que moram no ontem
Saudade daquilo que não tomou forma
As gotas de chuva choram na minha janela
Enquanto a saudade chove em meus olhos.
Novembros Perdidos
Era uma tarde de chuva na primavera
Recolhi os teus calçados na beira de fora em nossa casa de madeira
Limpei-me a calça suja de algumas poeiras da varanda
Onde ficávamos em duas cadeiras observando as estações
O teu semblante nunca iria imaginar-me um preço para trocá-lo
Você colocava um vestido verde retro com pétalas de rosas
Permitia decair sobre as curvas de seu pescoço um perfume manso
Fazia-me sentir em nuvens emolduradas por Deus
Sonhava todos os dias em percorrer o mesmo caminho ao teu lado
Teus olhos esmeraldas balanceava o palpitar de meu íntimo
Fazendo navegar-me por águas cristalinas e intensas
Desejo acobertar-me o passado em que lhe perdi
Sobre memórias de um ano tão distante e próximo de meu peito
Por onde circunstâncias da vida um anjo decidiu apartar-te de mim
Chuviscou-se carregadas nuvens em nosso lar de Novembros
Profundo sempre será o dia em que lembrar-me-ei de ti
Teu olhar esverdeado namorando meus lábios
Perdido em seus mares cristalinos e turbulentos.
