Poemas com Rimas de minha Rua
Sofro e choro
Em cada fado que canto
Na rua onde moro
Está uma janela de pranto
O fado nasceu comigo
Desde a hora em que te vi
Serás sempre o meu amigo
Deste me alegrias que senti
O LIXO
Sentei na calçada da rua,
Para ver o que acontecia.
De cara eu encontrei,
O caminhão de melancia.
Passou carro pequeno e carro grande,
Passou gente bonita, alegre e elegante.
Uns paravam e conversavam,
Outros, nem cumprimentavam.
Logo passou o caminhão de lixo.
Levou restos e o que não mais prestava.
Levou até o mal cheiro que já incomodava.
Isso me fez pensar, que era hora e era tempo,
De desfazer de meus lixos recheados de sentimentos,
Deixando o caminhão levar, minhas mágoas e ressentimentos.
Élcio José Martins
Todos os meus manos de roupa de grife
Todos os meus manos vieram da rua
Sei que eu sou um menor muito exibido
Mas não sei por que eles se preocupam comigo
Eu não sou famoso, mas olha como eu me visto
Cabelo roxo, eu posso' mano, porque eu tenho estilo
Pequena lua
Tenho fases como a lua
Às vezes sou verso
Noutra sou rua
Por ora me liberto
Noutra me fecho feito tartaruga
Fases que vem e vão
Feito pássaro que voa alto
Mas tem dia que prefere ficar no chão
Às vezes quero colo
Noutras a solidão
Às vezes pareço louca
cantarolando lavando a louça
Noutra pareço normal quando silêncio observando o jornal
Mas é na música que me enxergo
Viajo pelo mundo na mente inquieta
Quem me vê por aí
Pode até tentar me decifrar
Mas vou dizer que isso não vai prestar
No meio de tantas fases
Difícil saber quem sou
Quem vou ser e quem você merece encontrar
Eu já te disse
Sou como a lua
As vezes me perco
Me procuro e me acho
Sou céu aberto
Mas também sou laço
Hoje
Quero a rua cheia
Um samba pra frente
Sem manias de passado.
Hoje
Quero alegria
Fora de qualquer nostalgia
Hoje eu vendo abraços nesta rua
E em troca eu quero o teu sorriso
Só pro teu dia melhorar
Será que vais negar?
Brás
No centrão da terra da garoa
De janelas para a rua
Velhos na praça, atoa
Casarões no tempo tatua
Desta ou aquela pessoa
A história... e a vida continua
Os moleques descalço o pé
De juventude nua
O boteco de seu Josepe
De outrora, tão fugaz!
O ambulante vende leque
A italianada em cartaz
Nas cantinas, nos bares
Aqui é o Brás!
Terra de todos os lugares...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02/04/2020, 12’58” – Brás, São Paulo
Tempo. Que saudades daquela rua curta, coberta de areia e grama.
Onde brincávamos a sorrir...... Que saudades do tempo que se foi, e que junto levou.... . avós, avôs, tios, tias, primos, amigos e amigas.....e meu querido pai ..(foto Marinho Dias). Que saudades de um par botas a brilhar.
E que sempre trazia nas mãos um invento - nossos brinquedos.
Que saudades da infância, que hoje sei que foi feliz.
Que saudades do tempo, onde tudo parecia tão pouco.
Mas foi o suficiente, foi o necessário Sim !!!!!!! Saudades ........... Saudades da infância.
Saudades da inocência que se foi. Saudades
Sou o pássaro com uma das asas quebrada, no meio da rua, ao meio dia, tentando voar sozinho.
Você é o caminhão a 250km/h, carregado de pensamentos e pilotado de aparências, que corre rapidamente em minha direção.
Qual a probabilidade que o pássaro tem de conseguir mudar a velocidade do caminhão, para que o mesmo venha mais lento e o deixe passa?
Sofrendo apenas a consequência de ter passado pela rua quente, o pássaro, que por 2 meses conseguiu manter o caminhão distante, encontra-se decepcionado, do outro lado da rua.
Agora com a asa ainda mais quebrada que antes, me sinto cansado e decepcionado. O caminhão nem ao menos chegou a se aproximar do pequeno pássaro.Virou a esquina, desviando o caminho e as histórias.
Na sombra de algum lugar da rua, o pássaro, agora descansa de uma grande corrida. Que só lhe fez perder o tempo.
Descansa e recupera, para o grande recomeço.
Depois que recompor-te as assas voará o mundo livre e sujeito.
Pássaro que voa só é pássaro esquisito, pássaro que não se padroniza no senso comum de viver e procriar. Pássaro que só pensa em se conhecer e transformar o mundo. Começando por si mesmo.
Deus nos criou para recriarmos e continuarmos o que ele começou, se vivermos nossa totalidade como pessoa, utilizando as capacidades que por ele foi nos dada, conseguiremos mudar o mundo mudando nos mesmo.
Mesmo que sejamos apenas um pequeno pássaro!
Lua o lua brilha naquele rua escura
Onde esconde nosso medo e frustações
Onde brota todo mal o ar de ingenuidade
O pecado e estripação da alma
Palavra Nua
Uma palavra nua foi vista na rua.
Chamaram as autoridades.
Que despudor permitido,
Deixar palavras sem nome,
Se expondo desvalidas.
Uma moça de poucas vestes sugeriu cobri-lhas.
O cirurgião queria por já cortá-las.
O alfandegário, indagava-lhe a origem.
Porque não lhe põem algemas, questionou um transeunte.
Podem lhe dar açoite, para recuperar o respeito, profetizou o Vigário.
E a palavra nua, destemidamente aguardava,
Que surgissem gentes que pudessem encantá-la.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas para Crianças Crescidas
COMPREENSÃO
A rua onde nasci era larga e extensa de vozes.
Nela havia uma velha casa de espera e de descobertas.
Minha mãe me ensinava a brincar de ver.
Ficava ao meu lado e com suas mãos me entregava seus olhos.
Dizia-me: O que vens?
Eu menino, com zeloso brio elaborava narrativas não aparentes.
As vezes via um pássaro falando com o vento.
Ora, era um arco-íris despontando no anoitecer.
E até eu voava, buscando palavras com asas.
Lembro-me quando lhe disse:
- Estou vendo uma dança no céu.
E ela pediu-me para tomar cuidado com os instrumentos, marcar os passos, ouvir a sinfonia.
E asseverou: Veras na vida aparências e essências.
Mas não tenha receio de vislumbrar.
No fim o que fica é o que se olha para dentro.
Antes de saber ler e escrever compreendi a ver poesia.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas para Crianças Crescidas
A Viela de Badacosh
Úmida e insecável era aquela rua, um pouco depois daqueles limites o sol reinava, mas ali não, não ali. Aliás, o cheiro de mofo exalado pelas alvenarias e madeiramentos depreciados, marcava característica e peculiarmente aquele beco, com o esverdeado e vívido musgo que saltava por entre os seixos que assentavam a calçada; um catingueiro interminável forrava os jardins dos casebres que se pareciam mais com caixotes de verdura do que com habitações.
Lindo aquele lugar, quando não gostamos do que é bonito, mas me agradava. A garotada encharcada corria pelas poças, sapateando na lama, brincando de roléfas, atividade saudável para essa idade, consistia em segurar uma cinta com a fivela solta, perseguindo seu colega para enfim acertá-lo com o instrumento, berrando: roléfas. Não me pergunte o porquê, nunca soube.
Mas o mais curioso naquela viela, não era a chuva que nunca cessava, nem os hábitos e costumes pouco convencionais, demasiadamente estranhos e inapropriados de seus habitantes. E sim um personagem, talvez o mais antigo daquele local, talvez o mais antigo de qualquer localidade entre a latitude, a longitude e a altitude. O fundador da Viela de Badacosh, um visionário misantropo com a idade de 320 primaveras.
Então me diga alguma coisa que me faça
Atravessar a rua ou talvez
Rasgar toda a paulista com os meus dentes
Então me diga alguma coisa relevante
Alguma coisa que talvez não caiba
Em toda essa conversa por dizer
Adeus, amor
Se da vida
Levarei cicatrizes
Que seja das vezes
Que eu andava de bicicleta
Na rua aonde cresci
Com os amigos
Que eu disse que levaria
Para vida toda
No meu coração
- Saudades
Numa manhã de segunda-feira, Nasrudin chegou na cidade pela rua do mercado central montado em um burro, o qual ele teve dificuldades de encontrar local para amarar, pois, as duas margens da rua estavam cheias de animais deixados pelos comerciantes locais.
Nasrudin, entra num dos mercados e chega ao comerciante rico e diz: eu não consigo entender como vocês querem que chegue a freguesia, se vocês deixam as ruas sem quase espaço para nós fregueses deixarmos nossos animais, também?
O comerciante rico diz: essa é a nossa estratégia para que a freguesia compita entre si pelos lugares ainda vagos, para que façam as compras rapidamente, pois, a maioria das pessoas dão mais valor naquilo em que mais esforço necessitam colocar.
Na terça-feira bem de manhã, Nasrudin chegou com uma tropa de burros, ocupando as vagas dos comerciantes locais. ( Arcélio Alberto Preissler )
Doce loucura
Dramas e travessuras
Kamasutra na rua
O meu Amor vem da rua
Vem das aventuras
De uma menina cheia de frescuras
O meu Amor vem da rua
Vem dessa droga que me vicia
Vem da maldade que alimenta o meu ser
Vem das feridas que causei a um alguém
Doce loucura
Do qual o Amor não é a cura
A dor dura
Pois a um impulso feito de armadura
A minha pele costura
O estômago embrulha
Das coisas que fiz as escuras
Mensagens aos ouvidos do mundo
Ao meu um ser surdo
Cala-se pra sempre a voz de um miúdo
Do qual foi pintado se monstro
Ah não pintou-se de monstro
Que viviam seus tormentos
Pelo sangue derramado
De suas vítimas lamentando
"BENGALA BRANCA"
Um cego vinha descendo a rua com sua bengala branca, pela sua deficiência até que caminhava rápido e conseguia desviar da maioria dos obstáculos, não levou nenhum tombo, não deu de frente com nenhum poste. E continuou caminhando rua abaixo apenas com a certeza que sua bengala branca o orientava.
Ele vivia na escuridão, não via, não enxergava, seus sentidos eram apenas o olfato e audição e a bengala branca. Com todos esses problemas sua face não esboçava tristeza, apenas a determinação de ir ao seu destino. Tomou certo cuidado para atravessar a rua, mas atravessou...Tinha Fé!!!
O ACENDEDOR DO DIA (soneto)
Lá vem o sol o acendedor do dia na rua
Este mesmo, rubro, que vem reluzente
Raiando no horizonte, turvando a lua
Quando o véu da noite se faz ausente
Parodiado a poesia, a prosa continua
Na energia, na quimera poeticamente
À medida que a luz aos poucos acentua
E a escureza da noite se vai de repente
Encantada evidência que Deus nos doa
Brilho que doira o dia e ilumina a vida
E que com tal esplendor nos abençoa
Assim, em nossa alma o amor insinua:
O bem, a fé, a felicidade a boa acolhida
Que na claridade com a gratidão tatua
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/07/2020, 07’22” – Triângulo Mineiro
