Poemas a um Poeta Olavo Bilac

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A LUZ DE OIRO

Quando a vi, tudo a despertou. O dia
que, aos teus sussurros de amor
sob os espíritos brancos que subia,
acordei de tua ausência e fulgente fulgor.

Era extinta, e já não breve... Primor
esplêndido que já não se via
em brocados curtos. Um anjo esplendor
que nítida aos meus olhos surgia...

Uma essência divina! Nobre, majestosa
que não se findais em ilusão
como as cantigas brandas odiosas.

Quando a vi, ó meu amor, e iluminada
na tua aparência e cintilante razão,
fez-se seu amor a minha luz edificada.

DESEJO MUDO

Deixa que a dor da vida enfim cante
O amor que é teu sol maior que tudo!
Nada é tão mais perdido, contudo,
Deixa que se perca teu corpo infante!

Deixa que aos astros teu amor levante
Na insanidade do teu prazer agudo!
E, infame, ao teu desejo mudo,
Mostra de insano teu coração amante!

Deixa em mim o teu luar mais cheio
Além do querer em que te vivo e canto,
Longe dos versos que te vivo e leio...

Deixa o teu amor tão sem dor enfim...
Pois, se te amar é doer, é tanto,
Que perca e que seja essa dor em mim!

AO VENTO

A noite vem chegando, meu amor,
Cantas-me baixinho a tua canção...
E os meus ouvidos em solidão,
Deixa-os embriagar ao seu primor...

Cantas minh’alma ao seu esplendor,
Deixas que pulse o meu coração...
E no meu ilusivo à devassidão,
Cantas-me baixinho a minha dor...

Há gargalhadas que não são sorrir,
Há ventos que não são cantigas
E há lágrimas que não são chorar...

A minha dor na noite, se passa a rir
Em cantos inquietos, que antigas,
Foras os dias por meu amor cantar...

AMOR SEM DOR

Todo o desejo que existe em mim,
Toda a paixão que em ti levanta,
É por tua graça que não vejo o fim
Deste anseio que se ergue e canta...

Por teu amor é que tanto venero...
Por tu’alma que o verso encanto...
E de cada instante o fulgor esmero
A cada canção que te vivo e canto...

Pois se és de mim por tanto querer,
Ao espanto é grandioso amor,
De corpo insano mais que prazer...

Tenho-te intenso o coração humano
Por todo amor a doer sem dor,
E deste amor meu eterno engano...

DESEJO DE AMOR

Como eu queria viver o teu encanto,
Como eu queria ter o teu pensamento.
Livre e limpo, quase sem pranto...
Mas falhou, em mim, o momento.

Quase que superei todo o tormento
De querer-te assim, sem desencanto...
Mas o desejo e a mente se vestem tanto,
Que não pude conter o movimento...

Só que tu és o amor, e infinito...
Nos corações humanos nunca foi mito
E não tem por fim, eu destruir...

Assim, tão vivo será meu fado...
Na tua busca, para que eu seja amado
E tenha, por fim, a razão de existir.

AMOR-FÁTUO
(A donzela dos sapatos)

Por te amar tão mais... que se exceder
De infinita loucura, eu te proclamo...
E por mais que amar seja sofrer,
Com tão mais constância eu te amo!

Te amo ao tamanho de enlouquecer!
Te amo aos sonhos, na voz que clamo...
Nas noites frias que se põem perder...
Nas ilusões, que ao sussurrar te chamo...

Te amo às trevas, sem mesmo sorrir...
Te amo ao sol, à lua, ao teu elixir,
Aos desejos insanos de intensa virtude...

Te amo ao fogo de tão alto esplendor,
Desalentado, na solidão, te amo na dor,
Por te amar com tão mais plenitude...

A MINHA DESGRAÇA

O mais alto entre os abutres! Vão
De amor e ódio, descontente...
Sem luz, sem nada... ao sol poente
Flamejando em mágoas o coração...

O mais alto! Um fantasma ao chão
Rastejando em labirintos, dolente
Ao seu orgulho, e, unicamente
Qual um blasfemado sem paixão...

Um mar morto, uma estrela caída...
O mais vil, de aflição, sem lida,
No vozear de mais um são-pecador!

Sem vigor, e desgraçado, e triste...
D’olhos fechados, que à dor persiste,
No amar sem vida o próprio amor!

SONETO DO DESEJO

Ao tempo em que me viu amor
Depois de tão sentido passar
Em fremente paixão com tão primor
Esquece ao mundo por encontrar...

Não tem mais sentimento nem ardor
Qual este cumprido a inflamar
Com tão sorriso e com tão fulgor
Em outro corpo por ti provar...

Deste colo quente com tão desejo
Que o viveu momento igual ao meu
Em conforto será por um só beijo

Se ao seu corpo por tão profundo
O sentir igual ao mesmo seu
Tremente aos lábios por um segundo.

ANTES DO SOL SE PÔR

Hoje, eu venho aqui por lhe dizer
O que sente o meu coração,
Mas amor, não tentes entender
A minha louca e vultosa paixão...

“Assim como é o sol o seu clarão,
Assim como é a lua o seu luzir,
Tu és o meu amor em existir,
Tu és o meu amor à devassidão...

Pregado à cruz do meu caminho,
Tu és a minha plena felicidade...
E como é o lírio entre os espinhos,

Tu és em mim, à densa claridade...
E dentre as trevas é o meu ninho,
Assim como é dos céus a eternidade.”

TUAS VERDADES

Eu sou a inspiração viva do teu amor...
Sou a chama que queima em teu coração.
Eu sou a vida, a luz, a alma da tua paixão,
Sou teu perfume, o suor, sou teu calor...

Eu sou o teu desejo de tão vivo fulgor...
Sou as tuas saudades do amor ardente...
Eu sou a tua aflição, sou teu beijo quente,
Sou a tua harmonia e seu pranto sem dor.

Eu sou o teu mar de tempestade alta...
Sou a tua fonte de água pura que não falta,
Sou os sentimentos que te fazem chorar...

Eu sou a ilusão que tão pouco importa...
Sou a solidão que em ti não tem porta...
Porque sou as verdades, que te fazem amar!

À FLOR DE SILÊNCIO

Te amo como nunca amei antes
Outro alguém cá onde vivo...
Nos céus, as estrelas distantes
São quais ouvem o amor que digo!

Te amo qual a lua dos amantes...
Por paixões, nas noites que abrigo!
Nos sonhos que a faz brilhante,
Eis recordar nosso amor antigo...

Te amo à voz de tua boca santa,
Por tu’alma que me acalanta
À espera de nosso amor distinto...

Te amo sem que a mim escutas;
Aos cantos de as flores mudas,
Por te amar que amar não minto!

PASSADAS DE LIBERDADE

Na dança da alma,
Eu sou a passada mais usada...
Sou o toque que toca nos corações destes que me têm acompanhado...

Eu sou a rumba das veias
A kizomba dos neurônios
O tango dos pulmões
Sou a monotonia dos sons que enaltecendo o espírito,
Abre horizontes de esperança
Num cravo boêmio no vasto deserto árabe...

Despedida
É o último abraço em alguém que a gente gosta.
É uma tristeza no olhar ao ver a pessoa partindo.
É como olhar pelo retrovisor e ver o rosto sumindo.
São as últimas horas de velório.

São as salva de palmas na saída do caixão.
É o a Deus e a separação.
São as últimas palavras do sermão.
É um aperto no coração.

É a dolorosa caminhada ao lado do caixão.
É aquela música que faz a gente chorar.
É alguém com a mão a acenar.

São momentos de dores.
São os Buques De flores flores e coroas para funeral
E no cemitério, a homenagem final.
Poeta Adailton

Ela é como uma chuva de primavera...
Delicada...
Gélida...
Silenciosa...
Melancólica...
Eu sou como uma tempestade de verão...
Efêmero...
Abrupto...
Fúlgido...
Turbulento...
Mas somos chuva...
A mesma essência...
A mesma natureza...
Como almas gêmeas...
Derramando gotas de amor...

Nesta noite escrevi...
Os versos mais tristes...
Escrevi seu nome...
Nas chamas...
Escrevi seu sobrenome...
Nas cinzas...
Escrevi seu número de telefone...
Nos cacos de Vidro...
Escrevi seu endereço...
No nó da corda...
Mas seu "te amo"
Esse escrevi no ponto final.

Poeta Solitário

(Des)Ilusão

Calem-se os poetas,
Ruam as paixões,
Matem-se os ascetas,
Afastem-se ilusões,
Cativem-se as musas,
Destruam-se uniões,
Imagens difusas,
E bobos corações.

Vivam os cobardes,
Que ao som de trombetas,
Dancem em alardes,
Quedas de cometas!
Vivam, os errantes,
Obtusos, patetas!
Morram os amantes,
Estirados em valetas!

Viva eu, senhor cruel,
De ti, um tirano,
Lábios de mel?
Danado insano
Destilando fel
De ti flor, profano,
Actor de papel:
Fim! Fim! Desce o pano...

Vem! Vem, doce Morte,
Abriga os sem sorte,
Traz ventos do norte,
Faz-me teu consorte,
Cede à minha corte,
de noivo sem porte,
Prisão negra, forte,
Vem, querida morte!

Alucinação

És a minha realidade e o meu sonho,
a íngreme montanha escalada.
És o meu mais belo desejo secreto,
e eu a verdade que tanto almejas.

Permaneces irredutível,
mas não totalmente distante,
porque és um sonho de felicidade
e muito mais do que mera sorte.

És a minha mais bela ilusão,
és o pólo da minha juventude!
E na tua sombra está o eco
de tudo o que evocámos.

O meu coração tem uma história restrita,
Abandonado na dor e por desejo
no grande amor que te dedica.
A verdade é a tua alma de poetisa.
Onde nos beijamos, amantes
Perfeitos, no mundo do encontro
e de um desditoso adeus.

És a minha alucinação tecida,
A tua aura cheia de sol girou
fora deste meu inebriado sonho.
Que disse que serias, cruel,
apenas um volúvel encanto,
um símbolo farto de vaidade,
esmagadora, fria, desdenhosa.

Assim não existirias mais,
nem viverias dentro de mim,
pelo que choro no silêncio
do meu caminho errante.
Mas espero-te como o sol
no meu coração ferido.

Porém, és a chama que me abrasa
porque tudo que nós amamos,
teimosamente, nós vivemos!

"⁠Em uma dessas conversas com a Realidade
Ela me falou:
- Eu aceito como você é, então me aceita como eu sou."

⁠Música Bicho do Mato
Compositor Poeta Adaílton
Sou bicho do mato
Moro sozinho
Meu português é ruim
Se você gostar de mim
Prometo te dar muito carinho
Moro em uma cabana
não tenho grana
Não sou doutor
Não tive formação
Meu jaleco é um gibão
Sou bicho do mato
Moro sozinho
Meu português é ruim
Se você gostar de mim
Prometo te dar muito carinho
Não estudei
Faltei á escola
Tenho um cavalo, uma sela e um par de espora
Cozinho num fogão á lenha
Bebo água em uma cabaça
Fazer você feliz mais do que eu não tem quem faça.

⁠ Tolice

Tolice é poder te amar e não saber o gosto dos seus beijos.
Tolice é ficar preso nos seus olhares sem saber como ir até lá.
Tolice é ficar esperando por alguém que nunca vai corresponder aos seus encantamentos.
Isso sim, é tolice.
Amar e não ser amado, correr atrás de alguém que nunca vai te colocar no seu mundo.