Poemas a um Poeta Olavo Bilac
Um filósofo tem de ser julgado pelas afirmações básicas que constituem o fundamento da sua filosofia, não sobre opiniões de passagem (em geral orais e improvisadas) sobre assuntos laterais.
Os meus atacantes invertem isso porque NÃO SÃO CAPAZES DE LER A MINHA OBRA FILOSÓFICA, muito menos de tentar apreender a figura do conjunto.
Qualquer crítica a opiniões laterais emitidas por um filósofo ou escritor tem de ser ao menos respeitosa ao ponto de reconhecer que detalhes menores e de ocasião não desmerecem o conjunto de uma obra.
Estudando a obra do Otto Maria Carpeaux, descobri dezenas de opiniões erradas aqui e ali. Vocês conseguem me imaginar falando dele, por essa razão, com ares de desprezo superior?
Os que se metem a meus críticos são bárbaros, selvagens iletrados que ignoram até as regras mais óbvias da ética intelectual.
Antigamente — ainda ontem, quando eu tinha vinte anos —-, exigia-se muito de um escritor. Ele tinha de dominar os recursos da sua arte ao ponto de que toda a história dela, de algum modo, transparecesse no seu estilo. Tinha de possuir uma visão espiritualmente madura do universo e da vida e haver absorvido nela a cultura dos milênios. E essa visão devia estar tão bem integrada na personalidade dele que sua expressão escrita não comportasse o mínimo hiato entre idéia e palavra.
Hoje não é preciso nada disso. Basta uma afetação de sentimentos politicamente corretos na linguagem dos estereótipos mais sufocantes — e pronto: o pimpolho garantiu seu lugar nos suplementos de cultura e nas antologias escolares. Se escreve no estilo padronizado dos manuais de redação, é um primor de nitidez cartesiana. Se embrulha idéias sonsas em jargão lacaniano indigerível, é um assombro de profundidade. Se não articula sujeito e predicado, é um grande comunicador, sensível à linguagem do povo.
A noção de 'corrupção' implica, por definição, a existência de um quadro jurídico e moral estabelecido, de um consenso claro entre povo, autoridades e mídia quanto ao que é certo e errado, lícito e ilícito, decente e indecente. Esse consenso não existe mais. Quando uma elite de intelectuais iluminados sobe ao poder imbuída de crenças nefastas que aprenderam de mestres tarados e sadomasoquistas como Michel Foucault, Alfred Kinsey e Louis Althusser, é claro que essa elite, fingindo cortejar os valores morais da população, tratará, ao mesmo tempo, de subvertê-los pouco a pouco de modo que, em breve tempo, haverá dois sistemas jurídico-morais superpostos: aquele que a população ingênua acredita ainda estar em vigor, e o novo, revolucionário e perverso que vai sendo imposto desde cima com astúcia maquiavélica e sob pretextos enganosos.
Isso não aconteceria se, junto com a inversão geral dos critérios, não viesse também um sistemático embotamento moral da população, manipulada por uma geração inteira de jornalistas que aprenderam na faculdade a 'transformar o mundo' em vez de ater-se ao seu modesto dever de noticiar os fatos. Quando um país se confia às mãos de uma elite revolucionária, sem saber que é revolucionária e imaginando que ela vai simplesmente governá-lo em vez de subvertê-lo de alto a baixo, a subversão torna-se o novo nome da ordem, e a linguagem dupla torna-se institucionalizada. Já não se pode combater a corrupção, porque ela se tornou a alma do sistema, consagrando a inversão de tudo como norma fundamental do edifício jurídico, ocultando e protegendo os maiores crimes enquanto se empenha, para camuflá-los, na busca obsessiva de bodes expiatórios.
Uma teoria ambígua não é NUNCA uma hipótese legitima, capaz de submeter-se a um teste científico. O marxismo e a teoria da evolução são exemplos: mudam de interpretação cada vez que são refutados.
[...] uma segunda hipótese NÃO É uma segunda 'interpretação' dos fatos mas uma segunda EXPLICAÇÃO deles. Enquanto subsistem interpretações divergentes, é impossível formular uma hipótese.
Mil vezes já expliquei que, se a conduta de um filósofo pode ser explicada pela hipocrisia, pelo fingimento proposital ou por algum distúrbio mental, não faz sentido apelar ao conceito de 'paralaxe cognitiva'. É óbvio: se algo tem uma explicação psicológica banal, para quê recorrer a um conceito histórico-cultural ao descrevê-lo? [...]
Falei em paralaxe cognitiva mais especialmente a propósito de Kant e Marx. Nenhum dos dois era louco, nenhum dos dois era burro, nenhum dos dois era um farsante proposital. Nos casos de Maquiavel e Rousseau preferi explicações mais propriamente psicológicas: a inépcia, no primeiro caso, a autopersuasão histérica, no segundo. [...]
Paralaxe cognitiva é o deslocamento (estrutural, entenda-se) entre o eixo de uma construção intelectual e o eixo da experiência real à qual nominalmente ela se refere. É um fenômeno cultural que aparece na história da filosofia, endemicamente, a partir do século XVII, e que, por definição, nada tem a ver com hipocrisia, mentira ou loucura pessoal.
Em resumidas contas, a paralaxe cognitiva aparece quando o filósofo, no seu juízo perfeito e sem nenhum intuito de mentir, descreve como realidade aquilo que ele está pensando em vez do que está vendo.
Onde se fala de um 'consenso', é precisamente porque não há uma DEMONSTRAÇÃO CANÔNICA que encerre a discussão. Ninguém diz que a lei da gravitação universal é um 'consenso', que o teorema de Gödel é um 'consenso' ou que a refutação da geração espontânea (Pasteur) é um 'consenso'.
Nenhum 'consenso' é autoridade final. Autoridade final, só a DEMONSTRAÇÃO, e mesmo esta só é final dentro dos limites epistemológicos que ela pressupõe.
A acumulação de fatos concordantes é um meio de PERSUASÃO, não de PROVA.
Para provar uma hipótese você não precisa de muitos fatos: precisa de apenas um que não admita outra explicação.
NENHUM acúmulo de fatos prova jamais uma hipótese. Só o que a prova é a sua confrontação vitoriosa com as hipóteses alternativas. A acumulação espetacular de fatos concordantes é, muitas vezes, apenas um meio engenhoso de fugir a essa confrontação.
Quando é lícito atribuir uma ação a um povo, genericamente, sem distinguir nela os agentes individuais e concretos? Creio que só nas seguintes circunstâncias:
a) Uma crença geral subscrita por maioria significativa (por exemplo, "os poloneses são católicos").
b) Um costume generalizado ("os franceses consomem vinhos e queijos").
c) Uma eleição vencida por ampla margem por um dos partidos.
d) Um plebiscito, formal ou informal (por exemplo, "os brasileiros apoiaram o governo na Guerra do Paraguai").
Fora disso, toda generalização é pura metonímia e, se pretende ter valor de julgamento objetivo, é falsa.
"As épocas luminosas da História são aquelas em que um mesmo corpo de crenças é compartilhado pelo povo e pelos sábios, diferindo apenas no grau de compreensão refletida com que apreendem substancialmente as mesmas verdades.
Nas épocas de obscuridade, ao contrário, aquilo que os estudiosos sabem se torna dificilmente comunicável à população em geral, não por um mero descompasso de vocabulário técnico, mas por um abismo de diferença entre duas concepções do mundo mutuamente incompatíveis e intraduzíveis. É numa dessas épocas que vivemos.
Os 'meios de difusão' tornaram-se 'meios de ocultação' numa escala tal que já não há nenhum exagero em dizer que a mídia popular tem hoje por missão principal ou única tornar a verdade inverossímil ou inalcançável.
Qualquer pessoa que tenha os jornais e a TV como sua fonte principal de informações está excluída, in limine, da possibilidade de julgar razoavelmente a veracidade e a importância relativa das notícias.
A política tornou-se um assunto esotérico, em que somente um reduzido círculo de estudiosos pode atinar com o que está acontecendo."
(Diário do Comércio, 6 de dez. de 2012)
Pessoas que julgam situações reais mediante um raciocínio dedutivo que parta de princípios gerais erram SEMPRE. Entre o mundo dos princípios e o mundo dos fatos a relação é analógica e problemática, porque os princípios não dizem respeito aos fatos e sim apenas à estrutura da possibilidade. Princípios podem ajudar você a afastar as hipóteses impossíveis, mas não a saber o que aconteceu.
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Por exemplo, partindo do princípio de que toda violência feita a qualquer ser humano é errada, o sujeito acaba não enxergando a diferença entre homicídio e genocídio.
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No mundo dos princípios não há gradações nem nuances. O mundo dos fatos é feito delas.
Quanto mais de longe se olha o Brasil, mais se vê que não é um país: é um hospício. Um hospício sem médicos, administrado pelos próprios loucos que se imaginam médicos.
A destruição da cultura superior evidencia-se não somente na desaparição dos espíritos criadores, mas na inversão da escala de julgamentos: na ausência de qualquer grandeza à vista, a pequenez torna-se a medida da máxima grandeza concebível.
Excluídos os casos raríssimos de maturação intelectual prematura (e eu mesmo nunca fui um deles), o jovem, quando se mete a ler sobre política, religião e sociedade, NUNCA está buscando um conhecimento da realidade objetiva. Está buscando, isto sim, VALORES E IDEAIS que ajudem a definir a sua personalidade perante o mundo. Desse egocentrismo ideológico decorrem as duas tendências que caracterizam o estilo juvenil de discussão: (a) o amor aos termos classificatórios mais abstratos e gerais: (b) a compulsão de tudo julgar positivamente ou negativamente, de "tomar partido" mesmo ante hipóteses remotas ou possibilidades inexistentes.
Que esse fenômeno se observe sobretudo entre os jovens não impede que apareça também entre adultos que não chegaram à maturidade intelectual.
Noto isso na quase totalidade dos opinadores hoje em dia, mas eu gostaria, neste momento, de chamar a atenção para o caso dos intervencionistas. Cada vez que abrem a boca, é para DEFENDER a intervenção militar, sobretudo no campo jurídico e moral, NUNCA para explicar COMO fazê-la, material e objetivamente, muito menos para investigar como, depois de feita, ela posicionaria o Brasil num cenário internacional maciçamente hostil.
Ou seja: estão apenas definindo-se a si mesmos mediante a opção por um ideal e valor, e não estão dizendo NADA sobre a realidade das coisas.
Não vejo por que a pergunta pela identidade nacional deva se concentrar na busca de 'constantes'. Uma identidade nacional, como uma consciência pessoal, é sobretudo uma história, uma narrativa cujo sujeito não vem pronto, mas se forma e se deforma, se acha e se perde, se salva e se dana no curso dela mesma.
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Nenhuma conclusão frutífera se obterá sobre a questão da 'identidade nacional' sem fazer primeiro uma 'história da consciência nacional', mapeando, na vasta bibliografia disponível, o horizonte de consciência dos nossos intelectuais e suas mutações ao longo das várias gerações. Tenho a visão clara do que pode ser essa história, mas jamais terei o tempo de escrevê-la, embora alguns artigos meus sejam capítulos inteiros dela. Uma coisa eu garanto: esse horizonte de consciência jamais foi tão estreito quanto é hoje.
Lição número um dos estudos políticos:
PREMISSA: A base de toda ação bélica é fazer o que o inimigo não imagina que você vai fazer.
CONSEQUÊNCIA: Na luta militar ou política, a verdade é quase sempre INVEROSSÍMIL.
COROLÁRIO : Qualquer bom estrategista militar ou político levará em conta os padrões de verossimilhança em que o adversário se baseia, para usá-los como arma contra ele.
ADENDO: Para as elites, o inimigo a ser ludibriado é sempre o povo inteiro.
O brilho superficial e o prestígio midiático de um Michel Foucault, de um Pierre Bourdieu, de um Habermas, de um Noam Chomsky, não devem afastar 'a priori' a hipótese de que sejam realmente inteligências inferiores, deficientes, facilmente iludidas pelo seu próprio discurso.
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A marca mais característica do pseudofilósofo e do pseudo cientista social é explicar as condutas humanas fazendo abstração das intenções conscientes e atribuindo tudo à ação de fatores extrapessoais, mais ou menos automáticos, que passam ao largo da consciência, e em seguida CULPAR os sujeitos humanos por essas ações como se as tivessem praticado deliberadamente.
É claro que nenhum desses gurus do absurdo consegue ou tenta explicar pelas mesmas forças extraconscientes o fato de que ele próprio tenha resolvido apelar a elas como causas explicativas universais. Donde concluímos que não só ele se imagina uma exceção à sua própria teoria e nem pensa em justificar isso, porque toma essa atitude meio às tontas, mas que, no cômputo final, só ele é consciente enquanto o resto da espécie humana é um bando de bonecos de ventríloquo por cujas bocas de papelão as forças impessoais falam sem que eles nem percebam -- o que não os impede, é claro de ser culpados pelo que elas fazem à sua revelia.
Quando, por exemplo, Michel Foucault explica todas as ações humanas como 'relações de dominação' -- dando a essa assertiva o valor de um juízo condenatório universal --, ele é incapaz de dizer que raio de relação de dominação ele pretende impor aos leitores com os seus livros, e mais incapaz ainda de explicar por que essa relação deveria ser mais aceitável que qualquer outra.
A obra desses indivíduos demonstra uma inconsciência que raia a estupidez pura e simples.
Deixar um Joinha !
Entrar nos status dos outros,
sem deixar um joinha.
É o mesmo que invadir,
o seu quintal, pra roubar
suas gatinhas.
Você tem como dá um boa noite,
ou bom dia como está ?
Às vezes a sua saudação,
pode a muitos ajudar.
Se lhe faltar palavras, deixe
então o seu joinha.
Não esqueça que nos status,
você também é observado,
pelo o autor texto:
Que está do outro lado.
Não se adiciona ponto final em um momento inacabável.
Não ponha fim numa história incompleta.
Uma coisa só acaba quando alguém usa-a de forma errada.
O sonho é de ser sonhado diversas vezes,
porquê sempre que desacreditar de algo,
sonhará com o que você realmente acredita.
Maio
Olha, amor,
Já é Maio,
Da Primavera em festa,
embriagada de aromas.
Manhãs frescas
De orvalhos límpidos,
Cintilantes,
Tardes mornas,
doces, de promessas
aconchegantes.
Já floriram as laranjeiras
E os goivos lilás
perfumam o cantinho do jardim.
Olha, amor,
Já é Maio,
Da Primavera das flores,
Das sinfonias de chilreios,
Do amor de ramo em ramo,
dos ninhos aveludados
das flores nos caminhos,
como que à espera
de procissões.
Olha, amor,
Já é Maio
e não tardam os beijos de amoras,
lábios de cerejas,
abraços de jasmim
e êxtases de rosas, enfim.
A metade do caminho, para o homem, é o melhor estado,
quando o passo mais lento lhe autoriza a calma.
Um amplo mundo jaz entre o céu e a terra.
Viver a meio caminho entre o campo e a cidade,
ser metade estudioso e metade proprietário e metade negociante, viver metade como os nobres e metade como a gente comum, possuir uma casa que é metade luxuosa e metade singela, meio mobiliada e meio desnuda,
vestuários que não são velhos nem novos,
e a comida metade epicúrea e metade vulgar ...
Ter serventes nem muito hábeis nem muito tolos,
e uma esposa que não é nem demasiado simples nem demasiado sabida ...
Então sinto no coração que sou pela metade um Buda e quase pela metade um santo espírito taoísta.
A metade de mim ao Céu nosso pai devolvo,
a outra metade a meus filhos deixo ...
Metade pensando como prover à minha posteridade
e metade pensando como defrontar-me com o Senhor dos Mortos.¿
É mais prudente ébrio, quem é metade ébrio;
e as flores meio abertas são mais belas.
Como navegam melhor os barcos a meia vela,
e melhor trota o cavalo a meia rédea!
Quem tem uma metade demais, que ansiedade!
Mas quem tem de menos, com mais fervor possui a sua metade.
Pois a vida é feita de amargor e doçura,
e é mais sábio e mais hábil quem só lhes prova a metade
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