Poema Sobre Solidão
E quando eu me for,
Os filhos dos filhos vão cantar
Lembranças de amores,
Canções das minha dores.
Vão deixar flores,
Pois ouviram rumores
Da minha presença em todas as cores.
Tragar para tentar fazer que o que está em sua mente saia com a fumaça.
Os sentimentos que com ela *vão*, *voltam* com a respiração do ar novamente em seus pulmões.
K.B
Digressão
Estou envelhecido de viver. – Para mim, a vida basta!
A minha alma é um relógio sem cordas
Cuja única função é a de marcar lamentações
Semelhante a um cachorro, repouso ao pé da cama
Deitado, eu ouço a chuva como quem ouve a um trovão
Todo homem deveria ter a sensibilidade auditiva de um cachorro.
Certa vez, conheci um homem que me ensinou sobre a velhice Por horas, tentou convencer-me de que era bom envelhecer Eu dizia-lhe: Desejo viver até os meus setenta anos e me basta! Viver até os setenta é doloroso, quando se tem sessenta e três. Desejar isto aos vinte e seis é simples! – Tudo é filosófico.
Se eu tivesse uma filosofia de vida: Seria a de não ser filósofo.
Faria tudo pela aptidão de não se ter instinto algum.
Impulsionei-me para a inspiração de nunca se ter sido nada.
Por isto nunca tive nada e para todos sempre tive o que não tinha.
Mas quando precisei do que não tinha: Abandonaram-me.
Tenho sido eu um declínio temporal de idéias!
Tenho andado na mesma direção que circula a moral
E tenho circulado na mesma direção aonde se perde a razão.
Sou um barco resignado, olvidado ao mar.
Perculso pelo vento: Sempre a seguir!
Entregando-se por completo ao nada
Esquerda – Direita! – Avante!
Navego como o tempo em minha vida.
A que preço estaria eu liberto?
Deixo-me quedar-se na beleza de quem não sou.
Enquanto as minhas flores embelezam a morte.
Eu me embelezo na vida distraída de tudo quanto amei.
Sempre sozinho: Familiares? – Nunca soube o que é isto.
O meu espírito esta perculso e a minha alma conspurcada.
A certa altura, depois de muito sacudir.
Desço da cadeira e decido partir para o universo.
Levo comigo alguns versos, que não são versos.
E antigas idéias de se construir novos versos.
Os Homens
Jamais enxerguei a vida como os outros.
Não ter pai e mãe, é como ser um cego.
Desenvolvi sentidos que os outros não desenvolveram.
Mas estamos todos no mesmo barco.
Os homens precisam entender o que é que estão a fazer aqui.
A heautognose é uma faculdade reservada inteiramente a Deus!
O igualitarismo é um escárnio à inteligência.
O homem é a fagedênica mortífera da humanidade.
A hierarquia não risível é a de que o homem nasceu para amar!
Mas não é forte para mergulhar na própria realidade.
Os mares da vida trazem insondáveis turbilhões.
Aos fracos, resta acreditar que tudo anda sempre belo.
O destino é aquilo que acontece.
Não é aquilo que está predestinado a acontecer.
O destino dos homens será sempre a solidão.
Ao fim, estaremos todos sozinhos e abandonados.
A vida é um teatro com atores magistrais.
O exímio será sempre o que melhor fingir!
Quista
.
Amei-te como amada
Que se ama mais amante...
De baixo a cima bem rompante,
Me visto no tapete do teu corpo.
.
Fico louco e sou mais louco
Quando ouço como ouço,
Um momento e outro
Sou mais eu dentro do teu corpo...
.
Sou seu quando estou dentro
Onde me ponho em contento.
Corpo alma e pensamentos,
Eu “aurora” me vejo nela “boreal”.
.
Amei-te como amada
Que se ama sempre amante.
Sempre quista como quero,
Amante que eu amo.
.
Edney Valentim Araújo
Há um vazio na minha alma,
um poema que não existe,
uma dor que não se acalma,
um amor que não resiste.
Sinto-me perdido nessa espera,
nessa tarde de sábado sem fim,
aguardando o ser que me completa,
aquele que me faz sentir assim.
As horas passam lentamente,
o sol se põe no horizonte,
a brisa suave sopra docemente,
e eu ainda espero por esse encontro.
Meus pensamentos vagueiam sem rumo,
e sinto cada vez mais a solidão,
mas então, um sorriso ilumina meu mundo,
e finalmente, o meu amor chegou.
A tarde de sábado nunca mais será a mesma,
pois agora ao lado do meu bem querer,
o sol brilha com mais intensidade,
e meu coração volta a florescer.
Esse poema que antes não existia,
agora se transformou em uma bela canção,
que ecoa em nossa união,
e o amor nos guia em cada direção.
O estranho na floresta
O Sol, o azul e o verde
Pintam minhas retinas
Enquanto o frio, a fome e a sede
Já não passam de rotina
A brisa branca
Beija meu rosto
Enquanto sinto o estranho gosto
Da carne crua
A água
Leva embora minhas mágoas
Sob a terra
Jazem minhas antigas guerras
O vento
Leva para longe o meu tempo
E sob o fogo
Ardem meus inimigos
A canção dos pássaros
Passeia por meus ouvidos
Isso tudo é divino
Disso não mais duvido!
Acima, além
O Universo me observa
E eu me pergunto
“O que ele tem? O que me reserva?”
Eu caminho sem rumo
Essa trilha é meu berço
Minha história
E meu túmulo
Não temo a morte
Pois não penso mais nela
Sigo forte, a cada dia
Rumo ao presente, a minha meta
Já não consigo me lembrar
Como era a vida na civilização
Agora meus únicos amigos
São o mato e a solidão
"Cinzentas e brancas no azul viajam, enormes vagarosas ao sabor do vento as nuvens no imenso céu.
Quão presentes essas gigantes acima dos nossos frágeis corpos, agarrados á terra que nos criou.
No pensamento tu. Omnipresente. Falas-me baixinho como quem sussurra ao ouvido um livro infindável de tempo e vida, em tudo passado, presente e futuro.
Quase aqui sinto a tua presença com tamanho sussurro.
No mole prazer me deixo divagar com tal melodia, qual maré enchente na foz de um rio que vai e vem, sem nunca ter ido ou voltado na sua rotina.
Viajam assim brancas e cinzentas no imenso azul ao sabor do vento as gigantes nuvens que tal como eu, frágeis."
Melodia
.
E lá vai ela como era,
Toda linda, toda linda...
Passo a passo que me finda
Se te tem distante meu amor...
.
Seu coração é uma canção
Com um canto que me encanta...
Sopro, nota e melodia
Tudo nela é minha alegria...
.
Fim de outono desfolhado
Se me tenho ao seu lado.
Da prima vera esse perfume
Só Maria eu amaria...
.
A distância te me encanta
Nesse frio inverno amor,
Brasa viva vivo a vida
No verão do nosso amor...
.
Edney Valentim Araújo
Olhar para o lado e nao te ver
Olhar suas coisas e não te ter
Olhar suas fotos e saber
Que era para conquistar e não te perder.
Hoje sei o que é o amor
Cada palavra uma dor
E sei que a vida não é flor
Então não brinco e nem faço humor
H.Linhares
Na noite... embolei
Sonhei... e falei
Pensei... e chorei
Lembrei... e gritei
Pirei... e sonhei
Sonhei... e sonhei
Sonhei,
Acordei,
...Você
Triste fiquei.
Desculpa, cego estou
Mas escuto ainda vocês
Tento me esforçar
Mas tudo me desmotiva
Pois morto já estou
Só me falta aceitar.
VAZIOS
—
E se eu fosse embora, agora?
Onde estariam todas essas sementes?
É tão vã essas palavras, vejo isso ao chão
todos dormem, inclusive meus sonhos
a memória é sempre resposta à saudade
a vaidade humana um frio sem cobertor
—
Nos olhos, há choros, vazios e dor
rios na tristeza do tempo,
suspensa sobre uma fé imatura
o dia é penumbra
deixei de lado o cair da noite
desencantos e solidão escreverem no verso
—
Talvez um dia eu volte, em plena lua cheia
Talvez eu traga certezas em outras palavras
talvez haja planícies em meus olhos
talvez me chamem para tomar um café
ou encontre abismos.
—
Esse papel é um pedaço de nada
sombras e silêncios empoeiradas
um toque invisível do envelhecer
a angustia do mundo em velas com chuvas
—
Apenas esquecimento em meia escuridão
chega de palavras, de frases sem sentido
o chão do real é um poema de homenagem
a quem quer pensar.
§
Tentei mostrar que não estava bem, mas ninguém realmente me enxergou e me ouviu. Afastei-me das pessoas que chamava de amigas e percebi que quando nos afastamos de alguém, percebemos muita coisa. Onde estavam quando eu estava no fundo do poço, quando sentia que não conseguia respirar? Eu tentei pedir ajuda, mas vi que não ia adiantar.
Nesse tempo, senti-me profundamente sozinha, como se ninguém realmente quisesse saber de mim…sempre fui uma pessoa sozinha, mas sentir se sozinha é um sentimento completamente diferente.
Era um amor exíguo.
Amor e ódio? Iguais, ambíguos.
Eu sou aquele tipo de demônio que vislumbra de perto as portas do paraíso.
Só me existe escuridão se a sua luz não está comigo.
O que era oceano hoje são só resquícios.
Pingos de chuva na pequena poça de prazer, onde fora um mar vivo.
Vivo, muito bem vivido, sou vívido.
Sem ti, sobrevivo.
O toque dos nosso lábios seria a minha felicidade, mas é só delírio.
Viver com as lembranças de ti é um martírio.
Rogo a Deus, à morte já fiz um pedido.
Mate em meu ser esse amor finito.
Livrai-me, Criador, daquele amor exíguo...
Ela é vilã.
Ela é má.
Ela levou-me até a culpa.
Levou-me também a chance de me desculpar.
Levou com ela o meu perdão e também levou a chance d’eu a perdoar.
Cada face que olho, a cada toque em minha tez, a cada beijo recebido, ela está lá.
Mesmo que ela me deixasse a culpa, eu não saberia a quem culpar.
Ela é vilã.
Ela é má.
Pois ela se foi, mesmo sabendo que é meu Sol, minha luz, meu ar.
Hoje, a loucura tomou conta do meu eu, pois sou grato a essa dor, por fazer-me dela lembrar.
Embebido em devaneios, aquele abraço deu espaço à solidão, e é nela que hoje faço o meu lar.
Pecador que sou, tomei a liberdade de mais um dos capitais criar.
O oitavo e pior dos pecados do homem é amar.
E por pecar demais, do purgatório da sua ausência, não poderei escapar.
Na história que fantasio entre nós dois, estou sempre perdendo, mas não canso de lutar.
E nessas mesmas histórias, ela é a vilã.
Ela é má…
Boneco feito de nadas
Com as mãos cheias de nadas
Acordo dum sonho dorido
Tentando repor em meu mundo
Pedaços inteiros de nadas
Acordo e durmo
Durmo e acordo
Nas mãos trago todos meus nadas
Sozinho e sem nada
Atravesso outro dia
Querendo montar peça a peça
Desse meu monte de nadas
Meu coração que é tolo
Insiste e bate por nada
Lá dentro do peito essa dor
Que continua, doendo por nada
Sem nada acordo dum sonho
E tento dar vida ao boneco
Feito de montes de nada
É meu coração, esse tolo
Que sofre por nada e por nada
Arq. Biblioteca Nacional de Lisboa
Rodrigo Gael - Portugal
A Carta de Dora
Josué,
Faz muito tempo que eu não mando uma carta pra alguém. agora eu to mandando essa carta pra você.
Você tem razão. seu pai ainda vai aparecer e, com certeza, ele é tudo aquilo que você diz que ele é.
Eu lembro do meu pai me levando na locomotiva que ele dirigia. ele deixou eu, uma menininha, dar o apito do trem a viagem inteira.
Quando você estiver cruzando as estradas no seu caminhão enorme, espero que você lembre que fui eu a primeira pessoa a te fazer botar a mão no volante.
Também vai ser melhor pra você ficar aí com seus irmãos. você merece muito muito mais do que eu tenho pra te dar.
No dia que você quiser lembrar de mim, dá uma olhada no retratinho que a gente tirou junto.
Eu digo isso porque tenho medo que um dia você também me esqueça.
Tenho saudade do meu pai, tenho saudade de tudo.
Dora