Poema Quase de Pablo Neruda
" Quase uma viagem,
quase um olhar
quase um beijo
quase, quase um amor
quase uma bobagem
quase um luar
quase um lampejo
quase, quase uma flor
que me perdoem os amantes
mas quase consigo
quase amigo
quase decifro lírios
quase delírios
quase...
" Na calada da noite
quando teu cheiro invade meus sonhos
quando nas madrugadas, quase sussurrando,
posso gritar seu nome
o lençol confessa que lembrei de você
crio castelos maravilhosos, nossos
paraísos onde o mar é de água cristalina
nessa busca perco a noção
então num misto de torpor e desejo
me entrego à felicidade
mesmo sabendo
que somente na noite seguinte
serei feliz de verdade...
" Aos quinze
tive medo dos quarenta
aos quarenta
o receio foi dos sessenta
quase aos sessenta
não tenho medo de mais nada...
E a gente ria
perdia todo tempo do mundo
brincava de ser feliz
o tempo passava devagar
quase parava
os olhos da menina brilhavam
o coração dizia sim
Hoje temos saudades
dos risos que nos faltam
e do tempo
que parece ser curto demais...
Sinto muito
por você sentir quase nada
e isso acaba
com o pouco que por pouco quase existiu
melhor assim
vai que esse quase nada
era...
Sei que te perdi
sei também que tentamos
afinal o que nos movia era maior
quase deu certo
agora que a saudade é companheira
e a solidão convive em mim
quero que as nossas lembranças
possam honrar o tempo que tivemos por aqui
um dia, sei que poderemos nos reencontrar
espero que reconheças em nós, nos nossos laços
o bom e velho amor
amor que não permitiu eu colocar alguém no teu lugar
o mesmo amor, que me deu forças, para te levar comigo
nas lembranças, no coração, como minha única verdade
te fazendo permanecer, até o fim...
“” As vezes sou teu
Quase sempre
As vezes escuto o coração
Demente
E assim as vezes
Sinto como se fosses minha
Para sempre...””
NAUFRÁGIO
Quem me leva para Galiza?
Meu barco ficou atolado
Quase afundado
Na Boca do Inferno
De Cascais da Costa da Guia
Inda quase a noite era já de dia
Com o leme despedaçado
Quando eu apontava no caderno
O norte onde eu queria
Alcançar a terra do meu fado.
Quem me leva para Galiza?
Às minhas amadas ilhas de Cies e Ons
Mágicas de vidas de outros sons
E tantas saudades das Sisargas
E a amada de San Simon
Onde repousa o coração
Do amigo das costas largas
Que a onda arrebatou em Medal
Na trágica noite do temporal...
Quem me leva para Galiza?
A terra verdadeira dos meus astros...
Se lá não voltar em vida
Certinho será na muerte
Consorte
Requerida
E então abraçarei meus avoengos
Velhinhos mas solarengos
Os meus saudosos Castros.
(Carlos De Castro, in Boca do Inferno de Cascais, 02-07-2022)
Quase sempre, o primeiro foco de infeção pela inveja e ciumeira de quem faz melhor do que eles, tem início no tecido da própria família dita de extensa, compreenda-se.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 11-11-2022)
TARDES DA NOITE DA MANHÃ
A tarde, caía
Quase semifria,
Com cor morna
À maneira da minha sorna,
E sempre que ela vinha assim,
Eu ficava sem forma
Ou jeito
Sem preceito,
Nem respondia por mim.
Previ coisa ruim,
Porque em meu peito,
Em frenesim,
Coisa molesta subia
E sentia então que crescia
Uma tristeza tíbia
Como se fosse coisa anfíbia
Que vive lá
E cá mora por despeito.
E quando as lágrimas
Ázimas
A brotar
Destes olhos quase a fechar,
Enchiam o globo a rebentar
Como prenhe mulher
Pela última vez a dar
Ao mundo, sem prazer,
O último filho por fazer,
Eu acordei
E olhei
O relógio
Quase meu necrológio
E vi as primeiras horas da manhã,
E no já,
Imaginei que a tarde
Já era então na manhã da noite
Sem ser preciso
O hoje ou o amanhã.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 27-02-2023)
CEREJAS
Degustava eu um ramo delas,
Quase assim.
Uma mais vermelhas
Ainda de formas fedelhas
De polpa ruim.
Outras, matizadas de branco,
Amarelado,
E eu sou franco,
Deixei as amarelas de lado.
Algumas, de bordeaux vincado,
Mas só cor
Sem sabor
Adocicado.
Poucas mais encontrei
Doces
Ainda que maduras
Apesar de duras
Como o mel melado.
Ia a meter a última à boca
E parei.
Era mais redondinha que as outras
Mas muito vermelhinha
E tinha
Uma outra cerejinha
Pegada à sua barriguinha
Como uma mãe que acabou
De dar à luz,
E quer mostrar a filhinha
Que reluz.
Tive pena de as comer
E num rebate de consciência,
Com exemplar paciência,
Fui metê-las em terra fresquinha:
A cereja mãe e a filha,
À espera que um dia destes
Irão nascer mais cerejas
Assim,
Por mim.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 05-06-2023)
OLHOS D'ÁGUA
Sempre que te olhava
No pranto
Quase como quebranto
Mais que feitiço
No teu olhar em derriço,
Nessa lágrima que brotava
Dos teus olhos d'água,
É que eu compreendi
De vez e a horas,
Que quando ris, choras,
Sempre que eu choro por ti.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 30-01-2024)
A nossa mídia...
“A poesia e o poeta já quase nem se enxergam, nas distancias se perderam, dificuldades tamanhas aquele que escreve apanha, não lhe sobra o porvir, das belezas da poesia, o poeta pai da cria/poemas a se extinguir, nada se é o poeta se a mídia tão incerta, não ver o teu existir”..
(Zildo De Oliveira Barros)
A esposa e a amante do Zé bosta...
A esposa linda e bela quase sempre sem aquarelas vê o marido a passar! De chinelos e pés descalços vê ali o seu amado a barriguinha a mostrar, no dia a dia se enxergam sem a casca que tão bela, que a amante o vem avistar, sempre arrumado e cheiroso, parece delicioso a sua sorte a mostrar, mas nas madrugadas frias, quem cuida da tosse que chia, é a esposa a o amar, dos peidos e tantos enjoos, ela ali não sente nojo e já chegou a o limpar, mas a amante cheirosa, só o vê cheio de prosas, nos momentos a se amar! Queria que a noitinha no lar dos dois ela entrar, aí veria a verdade, o cara que é bondade, a realidade a mostrar, um grosso e sem dinheiro, para a família inteira é um zé bosta a passar, mas para a doce amante ele é tão elegante e sabe o bem amar, a esposa que se arranje que se vire com as crianças, não tem tempo para o lar, pois o tempo que lhe sobra sai com a amante gostosa, que já destruiu o seu lar, e o zé bosta contente achando que é ser gente, aos amigos se vangloriar. Mas se esquece que a amada, aquela da sua estrada, das alianças a se trocar, pode em qualquer momento achar um outro pão bento e nele se agarrar, aí o besta desilude e acha que o absurdo foi ela então um par de chifres na sua testa instalar, aí se sente apaixonado, não pode a mulher abandonar, enfim o zé abestado entendeu o seu recado e agora quer a esposa amar! Precisou vir outro corpo, outro cheiro outro rosto, para a esposa valorizar, assim é quase a metade dos que se acham em verdades a sua esposa chifrar! Mas que fique meu recado, ela conheceu outro caldo e pôde até comparar, deixe as orelhas de molho, de comedor e gostoso pode um chifrudo virar...
(Zildo De Oliveira Barros) 18/07/17
Os Himalaias
Montanhas nevadas, corpos quase congelados,
Desejo insano de chegar ao topo, objetivos aquecidos pela ansiedade e ponderados pelos medos a cada passo dado,
Mudança de clima repentina, ar rarefeito, confusão mental, corpos debilitados e no cair das horas tomando um chocolate quente a vista perfeita da noite para poucos apreciarem,
Loucura, sentimentalismo, coragem, suicídio, ou é tudo ou é nada na chegada ao topo dos picos mais altos de algodão congelado.
Estrada das Rosas
Caminhando na estrada das rosas, sinto um escudo me proteger,
A Lua esta quase se emparelhando com o Sol, o dia momentaneamente está se transformando em noite, assustado continuei caminhando seguindo a luz de milhões de vagalumes,
Continuei a caminhar pela estrada brilhante e vi espantalhos espalhados entre as rosas, mas o Sol reascendeu e descobri que eram pessoas simulando uma vida sem coração,
No que parecia o fim da linha, uma enorme parede de vidro refletindo tudo que passei ou vive me impedia de continuar, apenas um toque suave com as minhas mãos e toda a parede gigantesca começou a rachar e se desfazer em pó,
Sempre com a bússola apontando em direção ao norte resolvi parar para descansar e refletir um pouco a respeito de tudo, um vento forte soprou, um barulho distante de água corrente escutei, levantei ofegante e comecei a correr em meio as tantas rosas, em direção a vista que tanto procurava, cheguei no lugar cheio de vida, alegria e paz,
A água do rio tão transparente, as pessoas tão sorridentes, a energia do lugar é a mesma do escudo que me guiou até aqui,
Atravessar o mundo é uma benção, desde que o amor seja o centro da questão.
Eu lembro...
Lembra quando éramos adolescentes e quase todos os dias eu te levava balas e outros doces,
Lembra o jeito que eu te olhava, como nunca tinha olhado para ninguém antes.
Tocar em você era uma sensação de alegria imensa, ver você sorrindo ou apenas prestando atenção na aula já era o bastante para o meu mundo imaginário começar a funcionar a todo vapor.
Um dia me cumprimentastes na hora de irmos embora da escola com um beijinho a meio lábios, te confesso sobre a insônia que me possuiu por três longas noites.
Fascinado pelos teus olhos castanhos claros e louco pela tua voz ao falar comigo era impossível não querer te amar.
Foram tempos memoráveis, sinto falta daquela época, sinto falta da escola, dos amigos, das nossas brincadeiras, sinto sua falta até hoje Rafaela.
Pensamos demais!
Desejos profundos, muitas vezes ardentes, chegam a ser quase reais;
Visões de acontecimentos que nem de longe vieram à acontecer;
Sensações e emoções que quase sempre ficam no quase deu certo;
Conquistas realizadas, mulheres me amando e sendo amadas, apenas no meu mundo particular, lúdico e prazeroso;
Quantos passeios, viagens e bens materiais são idealizados, mas não são concretizados?
Vivemos uma vida inteira buscando na maioria das vezes através do nosso tempestuoso e maldoso imaginário, os nossos sonhos produzidos pela nossa poderosa e enganosa mente fértil!
O tempo, a coragem e uma boa pitada de realismo consciente, são professores na matéria do que podemos ser, do que queremos realizar de verdade e de quando e como conseguiremos alcançar os nossos objetivos verdadeiros sem medo de ser felizes!
