Poema Maos de Semeadora Cora Coralina
Existir
é verbo que se conjuga
em primeira pessoa;
sobretudo porque nosso destino
não aceita procurações em mãos
de segunda ou terceira
pessoas!
Admitir nossos erros
é um bem que proporcionamos
a nós mesmos!
Um ponto de partida ao restauro
de nossa lucidez; um gesto singelo
e conciliadorcom aquele
que tanto erramos:
nós!
A existência
é uma espécie de ser ativo:
às vezes circunstância; outras vezes, deslavada arrogância, com leves, quanto breves vestígios de altivez; e mesmo turbulenta,tenta em algum
momento ser justa,
consigo mesma!
Somos nós
os livres gestores de nossas
mentes e sentires!
E do mundo devemos captar recursose referências...
E não seus dúbios
fundamentos!
Não existe, se é que entendem,
uma única sabedoria
ou única moral; visto que,
todas elas são necessárias
à arte de viver...
E todas elas naturalmente evoluem,
consoantenosso próprio
entendimento!
A verdadeira filosofia cristã
ensina-nos sobretudo à questionar: não o mundo, nunca os outros;
mas nossas próprias palavras
e pensamentos!
E nesse envolvente influxo
dos muitos encontros e desencontros,
igualmente seremos
'idas e vindas' na vida de
outras pessoas!
E diante
de um impulsivo e vezes acalorado
desejo por urgentes mudanças no mundo,
consideres que o único ajustamento
possível será o teu...
E seguramente, o mais relevante,
instigante e complexo
de todos!
Mais significativo do que a maneira como observas
e por vezes censuras
o mundo; será o modo
como te enxergas e funcionas
nele vivendo!
Entre os muitos benefíciosdo que
hoje melhor atentos, reputamos
comoreformaíntima - além do
gratíssimo acesso ao novo - é
nossa chancederealizar desejos
antigos; outrora apressados,
e, agora,melhor
concebidos!
A mais expressiva liderança
nasce do exemplo -daquele exemplo,
primeiro, de nós para nós mesmos - sobressaindo das certezas que alcançadas reforçamnossos melhores propósitos,
ações e argumentos!
Assim como Jesus, o Cristo:
o mais notável e perfeito exemplo
a caminhar por essa
terra!
Aquele que se mostre incapaz
de dominar próprios instintos
e quereres, se torna escravo daqueles que, sorrateiros,aproximam-se
com o falsopropósito
de satisfazê-los!
Nesses tempos
em que prováveis direitos
transformaram-se na mais ardilosa intolerância - ou construímos pontes
ou cavamos trincheiras - visto que,
nem todo manifesto por justiças
virá guarnecido de propósitos
conciliadores!
Diz a filosofia do espírito
que muito será preciso caminhar
no intuito de alcançar aquilo que de nós
sempre esteve perto:
nossa essência interior!
E se a primeira razão desse teu caminhar
seja por mais sabedorias; a mais medular felicidade,
que inda mais caminhes; e,
desmedidamente!
Não são as naturais diferenças
que nos dividem, antagonizam...
E sim, nossa habitual inabilidade
em reconhecê-las como oportunas referências; um vital anteparo ao nosso aperfeiçoamento
e autonomia íntima!
Diz a 'filosofia do espírito'
existirem profundas e impetuosas verdades
por serem reveladas e compreendidas
sobre nós... E por nós!
Assim como, dolosos absurdos e inverdades
por serem escancarados e varridos
de nossas mentes
e destino!
Toda prova, todo obstáculo,
seja em que nível for, mais do que um factível castigo,
trará consigo uma salutar perspectiva de reparo e reerguimento concedidos aos
nossos espíritos!
Formadores de opinião, na verdade,
são ardilosos condutoresde rebanhos.
Rebanhos, aos quais, por vexatória sandice,
igualmente pertencem...
Embora temporariamente iludidospor
uma confortávelgraduação de porta-vozes
de algo onde esgotada sua devotada serventia, semelhantemente irá
destruí-los!
Em ambientes infectados
por falsas aparências e abjetas excentricidades, ao optarmos pelas coisas simples, assumimos
o risco de sermos
acusados de arrogantes, exigentes
e desagregadores!