Poema Maos de Semeadora Cora Coralina
Fratura familiar
O que deveria ser apoio virou dor,
A falta de pertencimento deixou feridas.
Olhos julgadores, palavras de mentiras,
Fizeram-me buscar amor em outras vidas.
A ausência de amor trouxe rejeição,
Hoje a dor é nossa ligação.
Vivemos distantes, mundos separados,
Sem contato, sem afeto, desconectados.
- Polly Soares
Em busca do passo perdido
Sigo, sem pressa, determinada
Às vezes me parece escondido
Noutras à vista estampada
Mas passo, compasso, vazio?
Me diga, tenho até calafrio
No eventual silêncio
Pode estar o mais lindo rodopio
Eureka, encontrei o oculto
Entre rimas, até melodias
Eis que avisto o astuto
Cá dentro, bem lá no meu peito
LAURA FLÔRES
25.07.24
Dê-me uma razão para lutar pelo mundo,
Se por entre a iniquidade não existe um ideal.
Em seus olhos, o vejo moribundo.
Esperança é uma meta irreal.
Dê-me uma razão para ver o dia passar;
A dor e a tristeza simplesmente não vão embora
Desculpas não podem disfarçar
As cicatrizes que vão ficar...
Por que em minha existência devo continuar?
Dê-me uma razão para acender as luzes,
A escuridão me cerca dia e noite,
Exacerbe minha existência de regozijo em solidão,
Onde o silêncio soa como açoite
E a paz alteia como sublime galardão.
Dê-me uma razão para ficar aqui e tentar.
Por que não posso, como a águia, para longe voar?
Memórias vão se apagar, a cada dia se afastar;
Esperanças e sonhos não realizados,
Eu gostaria de poder partir...
Minha ausência é tão despercebida
Que ninguém sequer vai sentir.
Dê-me uma razão que justifique minha existência,
No arcabouço da razão,
Emoções evadem entre os vãos;
A morte no interior é velada pela aparência;
O tempo escorre pelas minhas mãos,
Transtornado ante o mundo absorto em insolência...
Assim como a foice não é talhada pela flor,
Você desperdiça seu tempo com quem te adverse,
Acoimado por uma febre de rancor,
Além de sua estreita visão, a realidade desaparece
Como a razão perante o amor...
Consegue ver seus dias arruinados pela escuridão?
Concebido sobre a solidão que exorta,
Preso em um mundo de isolação
Enquanto a verdade bate à sua porta.
Minha solidão não pode ser roubada
Sem que me ofertem verdadeira companhia.
Parado num momento de ensimesmo,
Não sei se o medo é de nunca mais sentir igual
Ou de voltar a sentir o mesmo.
Dê-me uma razão
Para isso então justificar:
O que te impede de soltar
O peso que não te deixa voar?
Sorria!
Viva a alegria,
E acentue com euforia.
Faça da vida uma poesia
Que ressoe com melodia.
Orquestre com harmonia
E edifique com mestria.
Diga em voz alta
Do que gostaria,
Mas diga sem falta
E com muita empatia.
As luzes da ribalta
Lhe concedem autoria,
Você é o nauta
Que governa a maresia!
Não se curve à esta malta,
Vamos juntos à utopia!
Tudo começa
Com festa e alegria.
Sem muita pressa,
Com paz e harmonia.
O desenvolver
Exige mais atenção:
Da alegria ao sofrer,
Da harmonia à tentação.
Grandes batalhas vão acontecer,
Mas vitórias também virão.
Tudo o que acontece
É passageiro.
O que parece,
É rasteiro.
O que desconhece,
É forasteiro.
Tudo termina
Num último suspiro.
O que abomina,
Ao outro se ensina
Que tudo não passava
De uma mera rima.
Um poeta é como um pássaro
Que se abstém na escuridão
E canta para se confortar
De sua própria solidão.
Seus ouvintes contemplam seu gorjeio:
Singular melodia de uma invisível canção.
Se sentem comovidos de coração cheio,
Ainda que não saibam o motivo e razão.
Insatisfeitos com sua liberdade,
Enjaulam sua virtude.
Ególatras detentores da verdade,
Juízes levianos de absoluta piedade.
Não sabem que o canto da ave
É seu aprumo de criticidade?
Engaiolado não possui identidade,
E agora suas notas não têm mais sonoridade.
Por isso te peço e te imploro
Que deixe os pássaros com cânticos livres.
Deixe-os cantar em sua feliz retidão.
Deixe-os partilhar da liberdade com os outros.
Prosperarem para além da medíocre escravidão.
Apreciem seu regorjeio de cativante galardão.
Viva, viva o meu mundo sem cor,
a minha existência só me trás dor .
Nasci em um mundo que tinha o dever de me fazer feliz,
mas tive a má sorte de nascer de um jeito que eu quis.
O mundo até que me deu oportunidade de ser feliz com os meus defeitos,
mas eu tenho medo de fazer amizade e, em algum momento descontraído,
eu ouvir eles falarem mal do meu jeito.
Tive uma outra oportunidade de ser feliz com uma pessoa incrível,
mas minha falta de autoestima desconfigurou o nosso destino.
Talvez seja melhor eu viver em um quarto trancado,
sem falar com ninguém,
até porque eu sou um lixo, também não vou me importar com mais ninguém.
Já amei muitas pessoas ao decorrer da minha vida,
mas entre tantos, eu sou como uma cadeia vazia,
sem nada de interessante para prender alguém na minha vida.
As pessoas me trataram como uma bengala de um cego,
quando elas não precisaram mais de mim, me jogaram no ferro-velho...
Só quem pode amar e ser amado é gente que é considerada atraente, porque a aparência conquista o nosso coração e engana a mente. Quem é considerado feio ainda é obrigado a viver sorrindo, mesmo com tristeza nos olhos de um amor não correspondido.
Girassol
Inspirar e se encher de vida
Expirar e não sentir nada
Cada gota escorrendo em uma só ida
Engolida pela escuridão, pelo nada
Uma noite sem luar
Ou qualquer estrela a brilhar
Com o anseio por qualquer lufada de ar
Com a dor e o sofrimento a pulsar
A doce lembrança do crepúsculo
Com suas doces e aconchegantes cores
Deixam- me sem nenhum escrúpulo
Que o viver me mata de amores
Mas o que fazer quando não posso sentir?
Existir e não se importar com nada mais?
Ou talvez , quem sabe , apenas desistir?
Não, não acho que eu seja capaz.
A dúvida me assola ao anoitecer
E a vontade dorme mesmo com o nascer do sol
Mas desejo sempre pro melhor acontecer
Fingindo ser mimese de um girassol.
Eu me encontrava em um mar de calmaria e então você veio como uma maré de felicidade inundando meus dias.
Me afoguei em sentimentos adormecidos e os vi germinar, estava pronta para te transbordar… Mas você decidiu regressar e arrastar tudo de bom com você, me restando apenas recordar.
Te deixei entrar por portas e janelas e agora você deseja fechar todas elas. Mas não se preocupe meu bem, se tratando de você sempre haverá uma fresta.
Não quero mais jogar boia
trazer helicópteros
mover o mundo inteiro
para salvar amores
Quero um amor
exímio nadador
O Chefe dos Enganos
No trono da ilusão, o chefe se ergue,
Com um sorriso calculado, a verdade engole,
Entre mentiras e promessas, sua voz preenche,
Os vazios de um governo que a ética não recolhe.
Em seus olhos, o brilho de uma máscara fina,
Que oculta o vazio e a corrupção latente,
Cada decisão, um engano, uma linha,
De um jogo sujo onde a justiça é ausente.
Os fundos desviados, o poder mal empregado,
São moedas para o luxo e para o prazer,
Enquanto o povo sofre, esquecido e desolado,
Sem saber que o engano é o que o faz padecer.
O chefe dança no palco da impunidade,
Com uma coreografia de desvio e egoísmo,
E a verdade é uma sombra de vanidade,
Que se esconde atrás do seu cínico altruísmo.
Mas em cada mentira, há um grito abafado,
Em cada promessa, um lamento não dito,
E o chefe dos enganos, em seu poder desmedido,
Enfrenta o vazio de um futuro incerto e falido.
Ergam-se as vozes, desafiem o engano,
Que a verdade se levante e a justiça prevaleça,
Que o chefe pague pelo seu ato insano,
E que a liberdade e a verdade finalmente nos apareça.
Às vezes escrever poemas me cansa,
Ainda mais agora que ando cheio de problemas.
Mas eu sempre estive cheio deles,
Porém isso nunca me impediu de escrevê-los.
Pessoas vão e vem, mas... ela não.
Ela ficou na minha mente,
E não consigo esquecer ela.
E novamente me vejo em mais uma madrugada escrevendo,
Querendo apenas um pouco de sossego.
Eu até tento te esquecer,
mas é impossível assim como
O tempo se recusar a passar.
Eu escrevo para te lembrar
Escrevo para te esquecer
Escrevo para me livrar de você
Escrevo para te ter de volta
Mas no final nada vai mudar.
Você não está aqui, e eu nunca mais vou te ver
Então eu continuo escrevendo,
Para que a minha dor não me consuma
Copas
As árvores tremem
As folhas se soltam
Os galhos me agarram
Raízes se enroscam
Os frutos me chupam
Resinas escorrem
E olores se espalham
Perfumam os altos...
Fecho os olhos.
deixo o meu corpo leve
- como uma pena.
Permito-me,
dou licença à paciência.
Meus dedos percorrem pelo seu rosto:
quero poder lhe reconhecer,
mesmo quando eu não puder enxergar.
Acaricio os seus cabelos:
me sinto macia
- como um travesseiro.
Entrelaço meus dedos aos seus,
aprecio o contato.
Dou um abraço, regozijo junto de seu cheiro.
Retribuo o afeto.
Sinto-me completa.
E com toda certeza eu afirmo:
se o amor um dia partir,
eu digo, feliz,
que eu tive a honra e o privilégio
de conhecê-lo e contemplá-lo.
Pensamentos
Autor: Welington
Eu não sei o que as sombras querem de mim,
Toda vez que olho pro escuro, ele se torna mais atraente,
Parece ser um caminho solitário, uma estrada para o fim,
Um reflexo no espelho, não sei quem está a minha frente,
Será só meu ego? Ou é somente o que restou aqui?
Um mundinho destruído,
Gritando para todo o universo que não passava de um mito,
Uma história que nem existe mais,
Descarregando palavras antes de ser um delito.
Longe de todos, mas ao mesmo tempo perto,
O calor corporal some, o sono aumenta,
A vontade de sumir parece sempre o caminho certo,
Tentador ao mesmo tempo que sustenta.
Todos os maus sentimentos e emoções,
Sendo ruim aos olhos de todos, eles até se ausentam,
O caos aqui dentro não é sério, mas machuca,
Meus problemas são nada, mas me destroem,
A vontade é pouca, mas ajuda,
O fim de tudo talvez faça com que eles melhorem.
Vozes e vozes, sempre o mesmo enredo,
Desespero, mágoas, medo,
Saudades, decepções e mudanças,
Passado sempre apontando o dedo,
Mostrando situações que fizeram perder a esperança.
Mesmo tão novo, mesmo criança,
Tentando aparecer pro mundo, mas só sendo chamado de feio.
Minha mente até se sente mais calma agora,
Parece que dizer tudo que tem me incomodado ameniza a dor,
Eu tenho algo a dizer, mas ainda não é a hora,
Talvez eu seja apenas uma flor que não desabrochou.
Antes do show, o ensaio
Com o corpo apoiado em minhas pernas,
Dispenso a palheta e disponho ao dedilhado.
O som se inicia sereno,
Ainda que plugado.
Quando te toco com os lábios
O ar quente que expiro em você
Faz com que rompa o silêncio
Com o timbre na perfeita frequência
Possibilitando que meu corpo ressoe
Com cautela e atenção
Passeio meus dedos por todo seu corpo,
Tecla por tecla, sem errar o tom.
Massageando com toques firmes e suaves,
Em acordes que ditam a emoção.
Dedilhando sem pressa
Correndo os dedos pelo braço
Afinando o silêncio,
Em busca de acompanhar o compasso.
Com o violão acomodado em meu colo
Observo o ritmo combinando
A batida específica no corpo,
Enquanto toco Lá sem Dó
O instrumento solta um som abafado
O tom que sai em si
Não está na escala conforme esperado
Mas entrega um baita show,
Que amei ter participado.
Você não sabe o quanto sou apaixonado, As noites que em claro passei, tomado, Por pensamentos de você, incessante, Um sentimento que me destrói, cortante.
Não posso mais esconder o que sinto, Esse amor que me consome, faminto. Sei que não daríamos certo, lamento, Mesmo sendo perfeitos, é tormento.
O universo conspira, nos separa, E todo meu desejo se esvai, dispara. Vejo que não adianta mais insistir, Num sonho que não há de se cumprir.
Mesmo querendo, peço desculpas, enfim, Por querer tanto e insistir assim, Num amor que daria certo, talvez, Mas que não encontra seu caminho, sua vez.
O QUE É A FELICIDADE?
Estamos constantemente em busca da tal felicidade e nos sacrificamos desenfreadamente com diversos afazeres, imaginando que a encontraremos nos bares, no shopping, nas roupas e sapatos novos, na conquista de um bem material ou de pessoas.
Quanto mais corremos procurando a tal felicidade, parece que ela fica distante e todas as ações parecem em vão.
O que é a felicidade? É ter algo novo? É ser igual as outras pessoas e ter o que elas possuem? É estar na moda? É não ter rugas e envelhecer?
Será que para ser aceito pelas pessoas eu preciso desistir de mim?
Eu preciso dizer sim para elas o tempo todo, quando na verdade digo não para mim?
Aprendi que ter as coisas materiais é uma sensação prazerosa, mas ainda não é a tal felicidade. Que a alegria que tanto buscava nas pessoas e lugares, na verdade sempre estiveram dentro de mim e não fora.
Quando me conheci de verdade, compreendi que a felicidade é um estado de plenitude.
Felicidade é estar com os pensamentos e emoções em equilíbrio e permitir que toda inquietude sejam transformadas em sentimentos de contentamento e paz.
Felicidade é estar bem consigo mesmo em qualquer lugar, ter leveza na alma e no coração.
Felicidade é sentir-se bem com sua própria companhia.
Felicidade é ter solicitude ao invés de solidão.
Felicidade é contemplar tudo que está em sua volta com gratidão profunda, sem reclamar.
Felicidade é aprender é ter amor-próprio e promover o autocuidado.
A minha felicidade pode ser diferente da sua e está tudo bem.
Ser feliz é um estado de bem-estar e não uma condição.