Poema Infantil de Vinicius de Moraes
-Tu as eu tort. Tu auras de la peine. J'aurai l'air d'être mort et ce ne sera pas vrai...
Moi je me taisais.
-Tu comprends. C'est trop loin. Je ne peux pas emporter ce corps-là. C'est trop lourd.
Moi je me taisais.
-Mais ce sera comme une vieille écorce abandonnée. Ce n'est pas triste les vieilles
écorces...
Quando as cinzas da quarta
Se tornarem brancas
Quando as notas das falas
Se tornarem brandas
Eu deixarei que minha voz descanse
Sobre o acorde do silêncio
Mas enquanto as armas estiverem prontas
E os olhares altivos revelarem afrontas
Eu colocarei a minha voz
Sobre o acorde da coragem
E cantarei o sonho de extinguir a guerra
Romper as cercas, libertar a terra
Despejar no mundo cores de aquarela
Preparando a vida pra outra primavera
E cantarei o sonho de colher milagres
E ver romper da terra inúmeros altares
Pra derramar no mundo cores de eucaristia
Que semeia a noite para florescer o dia
Quando a fome dos pobres for só de beleza
Quando a chama da paz já estiver acesa
Eu deixarei que minha voz descanse
Sobre o acorde do silêncio
Mas enquanto as retas estiverem tortas
E a morte insistir em manchar as portas
Eu colocarei a minha voz
Sobre o acorde da coragem
Todo mundo fica para baixo de vez em quando. Desanimar é próprio do ser humano, porque ninguém é de ferro nem pode ser forte toda vida. A fragilidade faz parte do crescimento, ajuda a gente a se fortalecer.
Mas desanimar não é desistir. Como uma onda que passa, o desânimo pode deixar uma devastação, mas sempre é tempo de se reconstruir. É a lei do progresso. Quando você se sente para baixo, pensando em desistir, algo na sua vida acontece que lhe dá uma mexida. É Deus falando com você, lembrando que tudo tem solução. Pode parecer que não, mas nada é definitivo, nem a morte, que é só um estágio de transição. Tudo pode ser refeito, desfeito e perfeito, porque a perfeição depende das suas expectativas.
Permita-se aceitar que você pode desistir. Isso dá um conforto danado na gente, porque retira de nossos ombros aquela cobrança que a sociedade impõe de que temos que ser persistentes. Você pode desistir, se quiser. Só não desista da vida, porque, sem essa, não dá para se fazer mais nada. A vida é nosso repositório de experiências. Sem elas, não avançamos.
Jogue tudo para o alto, mas lembre-se de que tudo o que sobe há também de descer. Quando isso acontecer, deixe cair o que não lhe serve mais e agarre o que lhe pertence. Você vai ver que isso não é desistir, mas usar a inteligência para se libertar do que pesa na alma para depois prosseguir com confiança, serenidade e, aí sim, persistência.
Não: devagar.
Devagar, porque não sei
Onde quero ir.
Há entre mim e os meus passos
Uma divergência instintiva.
Há entre quem sou e estou
Uma diferença de verbo
Que corresponde à realidade.
Devagar...
Sim, devagar...
Quero pensar no que quer dizer
Este devagar...
Talvez o mundo exterior tenha pressa demais.
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.
Talvez a impressão dos momentos seja muito próxima...
Talvez isso tudo...
Mas o que me preocupa é esta palavra devagar...
O que é que tem que ser devagar?
Se calhar é o universo...
A verdade manda Deus que se diga.
Mas ouviu alguém isso a Deus?
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso dos outros, tão mim-mesmo,
ser pensante, sentinte e solidário
com outros seres diversos e conscientes
Da sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio, ora vulgar ora bizarro,
em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer, principalmente).
E nisto me comprazo, tiro glória
de minha anulação.
IV
Conclusão a sucata! ... Fiz o cálculo,
Saiu-me certo, fui elogiado...
Meu coração é um enorme estrado
Onde se expõe um pequeno animálculo
A microscópio de desilusões
Findei, prolixo nas minúcias fúteis...
Minhas conclusões Dráticas, inúteis...
Minhas conclusões teóricas, confusões...
Que teorias há para quem sente
O cérebro quebrar-se, como um dente
Dum pente de mendigo que emigrou?
Fecho o caderno dos apontamentos
E faço riscos moles e cinzentos
Nas costas do envelope do que sou ...
Menino chorando na noite
Na noite lenta e morna, morta noite sem ruído, um menino chora.
O choro atrás da parede, a luz atrás da vidraça
perdem-se na sombra dos passos abafados, das vozes extenuadas.
E no entanto se ouve até o rumo da gota de remédio caindo na colher.
Um menino chora na noite, atrás da parede, atrás da rua,
longe um menino chora, em outra cidade talvez,
talvez em outro mundo.
E vejo a mão que levanta a colher, enquanto a outra sustenta a cabeça
e vejo o fio oleoso que escorre pelo queixo do menino,
escorre pela rua, escorre pela cidade (um fio apenas).
E não há ninguém mais no mundo a não ser esse menino chorando.
Sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Nota: Trecho de poema presente no livro "Poesias de Álvaro de Campos", de Fernando Pessoa (heterônimo Álvaro de Campos).
...MaisMas nós, nós que compreendemos a vida, nós não ligamos aos números ! Gostaria de ter começado esta história à moda dos contos de fada.
[O Pequeno Principe cáp. IV]
DIANTE DAS FOTOS DE EVANDRO TEIXEIRA
A pessoa, o lugar, o objeto
estão expostos e escondidos
ao mesmo tempo, sob a luz,
e dois olhos não são bastantes
para captar o que se oculta
no rápido florir de um gesto.
É preciso que a lente mágica
enriqueça a visão humana
e do real de cada coisa
um mais seco real extraia
para que penetremos fundo
no puro enigma das imagens.
Fotografia-é o codinome
da mais aguda percepção
que a nós mesmos nos vai mostrando,
e da evanescência de tudo
edifica uma permanência,
cristal do tempo no papel.
Das lutas de rua no Rio
em 68, que nos resta,
mais positivo, mais queimante
do que as fotos acusadoras,
tão vivas hoje como então,
a lembrar como exorcizar?
Marcas de enchente e de despejo,
o cadáver insepultável,
o colchão atirado ao vento,
a lodosa, podre favela,
o mendigo de Nova York,
a moça em flor no Jóquei Clube,
Garrincha e Nureyev, dança
de dois destinos, mães-de-santo
na praia-templo de Ipanema,
a dama estranha de Ouro Preto,
a dor da América Latina,
mitos não são, pois que são fotos.
Fotografia: arma de amor,
de justiça e conhecimento,
pelas sete partes do mundo,
viajas, surpreendes, testemunhas
a tormentosa vida do homem
e a esperança de brotar das cinzas.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Há maquinas terrívelmente complicadas para as necessidades mais simples.
Se quer fumar um cachuto aperte um botão,
Paletós abotoam-se por eletricidade,
Amor e faz pelo sem-fio,
Não precisa estômago para digestão (...)
Eterno! Eterno!
O Padre Eterno,
a vida eterna,
o fogo eterno.
(Le silence éternel de ces espaces infinis m'effraie.)
— O que é eterno, Yayá Lindinha?
— Ingrato! é o amor que te tenho.
Eternalidade eternite eternaltivamente
eternuávamos
eternissíssimo
A cada instante se criam novas categorias do eterno.
Eterna é a flor que se fana
se soube florir
é o menino recém-nascido
antes que lhe dêem nome e lhe comuniquem o sentimento do efêmero
é o gesto de enlaçar e beijar
na visita do amor às almas
eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo
mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma
[força o resgata
é minha mãe em mim que a estou pensando
de tanto que a perdi de não pensá-la
é o que se pensa em nós se estamos loucos
é tudo que passou, porque passou
é tudo que não passa, pois não houve
eternas as palavras, eternos os pensamentos; e
[passageiras as obras.
Eterno, mas até quando? é esse marulho em nós de um
[mar profundo.
Naufragamos sem praia; e na solidão dos botos
[afundamos.
É tentação a vertigem; e também a pirueta dos ébrios.
Eternos! Eternos, miseravelmente.
O relógio no pulso é nosso confidente.
Mas eu não quero ser senão eterno.
Vinicius de Morais Justino.
*
Seis de setembro eu abracei você pela primeira vez,
Sumia nos meus braços de amor e cuidado.
Ainda na minha infância você foi desejado,
Desejava ser mãe, a mãe de um filho amado.
*
Crendo nas vozes da minha infância de solidão,
Ouvi uma delas dizer: "Serás mãe de um garoto,
que se chamará Vinicius de Morais", foi como uma canção.
E és poeta, compositor, cantor-autor, dono da inspiração.
*
Nestes 28 anos, foram tantas alegrias e ufania,
Tudo que se propõe a fazer, fazes com maestria.
Adoras repassar o que sabes, em seu perfeito verbalismo,
*
Ficas feliz com o sucesso do outro, é lindo seu altruísmo.
Incrível filho, irmão, amigo, esposo e pai amoroso,
Orgulho do ser humano que és, gentil e honroso.
À minha família com amor
Ao esposo Adilson aos filhos Vinicius, Lua e Lucas. A Jhúnia e ao neto Théo.
Em uma família de poetas, agradecerei com versos,
Que poderá virar música, esse é nosso universo.
Em diálogos e respeito estamos imersos.
Então, a vitória de um, é de todos. Confesso!
Foram tantas as agruras, correrias e cansaço.
Pra cada lágrima sempre tive de vocês um abraço.
Mas a estrada não foi de tudo tristezas
Houve construção do conhecimento, nossa maior riqueza.
Nesse processo da busca do saber
Nos desconstruímos e reconstruímos sem se abster
Pois, somos potência, sem medo de renascer.
A cada nova conquista, há sempre um novo perfazer.
Somos de muitos amigos, somos o colo e exemplos citados.
A família que agrada a tantos, por posicionar-se e ter lado.
Agimos com ética, com honestidade e por isso é louvável.
Essa base forte é o que nos sustenta sem causar enfado.
Ao longo de todos esses anos, ouvimos tantos reconhecimentos.
Elogiaram a nossa bela família, a boa educação e nosso talento.
E par finalizar esse agradecimento,
É vocês, minha fonte, meu abastecimento.
parasitologia III
corpo
febril
toque
sutil
fado
senil
riso
infantil
a noite cresce
como micélio
nos cantos...
(fungos na alma)
infecção
vai além:
raízes
infestadas
de pústulas
negras
espalham-se
em dermes,
roupas
retratos
amores
vermes
e o que
por elas
passam
encontram:
pus
nos cantos
pretos
e lágrimas
no espelho
(rindo de nervoso)
toxina
exótica,
instinto
apático
oxida
a carne
rasga
a pele
delira
a mente
sempre desce —
e o tempo escorre
como seiva grossa.
(devagar enquanto apodrece)
pulmão afogado,
berros encharcados,
sonhos errados
em corpos fechados.
células morrendo,
estradas cedendo,
horas tremendo,
tempo moendo
e nada.
(só o ponto final,
como tampa de caixão)
Água :Vida que revigora
AUTORA : NORMA AP. SILVEIRA DE MORAES (2009)
Água, fluido divino...
Translúcida e fresca
Néctar da vida
Verdade que ilumina
Água que purifica
Limpa, envolve, refresca.
Água que desliza pelos rios
Que é o mar, o amor, a vida em ação...
Águas claras e límpidas
Revigora, flui, cura...
Águas doces, mansas, doce remanso.
Águas salgadas, ondas tremulam!
Água, beleza mística, ternura.
Água que dá vida
Vida que é da água
Água que transcende
Evapora, vai volta, paradoxo total.
Água fluídica, rica e divina
Água que é o planeta terra
A terra que a água cerca...
Nos mistérios da água e a vida
Água verdade absoluta...
Do nascer, morrer e viver.
Porque morrer é viver
Nas profundezas do inconsciente...
Para emergir das águas,
E seguir seu curso existencial
Águas, mistérios que te encerras...
Nas gotas da chuva que cai
Que é eterna metamorfose.
Água sentida no corpo
Com maciez e aconchego
Água sentida na boca
Matando a sede, repondo energias.
Água, água, água...
Tu és o tudo! Beleza pura!
Nascida do nada. Tudo !
Da fonte universal
Nas entranhas da montanha
Nas nuvens que colorem o céu
Em cada ser tu, estás presente!
Em cada ser se faz vida
Em cada parte se faz presente
Presente do Cósmico
Cuidando de sua criatura
Alimento salutar, para todos...
Alma Cósmica no planeta
Tanto em cima como embaixo
Beleza que se encerra, que cuida.
Nas criaturas: plantas no homem...
Em cada um, eu, você, nos animais...
Trazendo Luz, Vida e Amor!
No mecanismo existencial...
Do brotar, emergir, sugar.
Transbordar, secar, molhar!
Do limpar, saciar refrescar!
Revigorar, saltar, pingar!
Água, água, água...
Tu és vida em manifestação.
Tu és presente cósmico em ação constante....
Indispensável a vida terrena.
Tu és nascer, morrer, nascer, morrer...
Interminavelmente, infinitamente...
Na vida e na transição....água que flue e cura, cuida...
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