Poema Sobre Escuridão
Lembro-me perfeitamente daquele olhar sem piedade
que estrangulava-me o coração a cada piscar de olhos
e levava meu corpo inteiro a estremesser incessantemente de um desejo ardente.
Era como olhar pro céu ensolarado e inesperadamente
ver uma tempestade tomando conta de todo o espaço nas alturas
tornando o lindo dia mais que depressa, sombrio e misterioso.
Seu toque tão delicado, por instantes insinuava
como quem pudera ser a criatura mais amável
que já conhecera, esta terra.
E assim subitamente consumia-me.
Ao passo que em poucos segundos
já não era mais eu, era você
e pude sentir o que sentira 'um vacuo'.
A escuridão em sua mente tão intensa e inoportuna,
nada me deixou desvender de ti.
Eu os podia sentir,
mas não os podia ver,
e a insanidade me possuiu.
Era como beber em um copo vazio
e saciar completamente a sede;
Como estar sozinho em meio ao oceano pacífico
e não sentir-se perdido,
mergulhar naquela imensidão de águas
e poder tocar todas as suas extremidades.
E assim, embreagada por esse supremo e obscuro amor, entendi que na escuridão dos sentimentos sempre haverá uma chama de desejo que irradia luz, e onde houver amor, mesmo que insano, mesmo que irracional, mesmo aparentemente sombrio essa pequena chama de luz permanecerá acesa enquanto o desejo for correspondido.
Uma dedicatória ao obscuro de Cathy e Heath.
Talevi, J.
Onde você está?
Os teus olhos nesse breu eu estou a procurar.
Diga alguma coisa para que tua voz eu possa escutar.
Ouça o silêncio e as batidas do teu coração, porque nessa escuridão eu sei que vou te achar.
Vamos, prossiga não deixe que o medo a faça delirar.
Não consigo mais suportar saber que comigo você não está
Só imagino quando te encontrar, vou te abraçar e nunca mais soltar.
Ao teu lado vou ficar até que o mundo venha a acabar.
Nós iremos sonhar, e nossos objetivos conquistar.
Obstáculos não irão nos derrubar pois teremos um ao outro para que possamos levantar.
Nada e nem tudo irá mudar o sentido da minha vida que é Te Amar.
Quem vive no breu,
absorto nas próprias trevas...
Não consegue enxergar
coisas boas em nada,
em ninguém,
Precisa de ajuda urgente,
de um ser divino, iluminado por Deus
que o faça enxergar a Luz...
Que o resgate de sua
própria escuridão!
O brilho
dos seus olhos...
Há de me iluminar,
por todos os cantos
que eu passar.
Sei!
Eles jamais
me deixarão
na escuridão.
Nessa solidão
que por fim...
Teve fim!
Meus pêsames pelo dia de
minha morte,
a morte que digo é dos
sentimentos que aqui viviam...
Viviam livres para que pudessem
amar e serem amados,
e amaram,
amaram tanto que se magoaram,
mágoas que levaram à sua própria morte.
E como viver nesta
escuridão, sendo que o brilho do
amor nos mostra o caminho a ser
percorrido.
Sentimentos e pensamentos,
cada dia mais louco, tão louco a ponto
de matar os sentimentos
Que aqui viviam...
Eclipse Social
Na estrutura atual,
o privilégio de ver o eclipse,
está sob uma pequena classe.
A classe que herda o local de onde se ver.
A classe que vê quase tudo.
A classe que vê um pouco.
A classe que escolhe, se quer ver.
Outra classe, vê migalhas.
Outra classe, ainda vê nuvens.
Outra classe, vê imagens.
Outra classe, vê a sombra.
Outra classe, se cega.
Outra classe, sobrevive a noite.
Outra classe, nem o sol terá o direito de ver.
Ele é um notívago, um ser das sombras que desperta quando a lua toma o céu. Enquanto o mundo dorme, ele vive intensamente, encontrando vida e energia nas horas mais escuras da noite. Como um vampiro, ele se alimenta dos corpos alheios, absorvendo cada momento com uma paixão única e feroz.
Nas sombras, ele encontra seu verdadeiro eu, vivendo e respirando a liberdade que a noite oferece. Cada batida de seu coração noturno é um pulsar de vida que desafia o silêncio da madrugada. Ele não teme a escuridão, mas a abraça, fazendo dela sua confidente e cúmplice.
Porque ser notívago não é apenas um hábito, é um estilo de vida, uma celebração do mistério e da intensidade que só a noite pode proporcionar. Se você também sente que pertence ao reino das estrelas e da escuridão, saiba que não está sozinho... Você é a vida enquanto os outros sonham.
Neste opaco e desalumiado cubículo da mente
sombras do passado perpassam incansavelmente
Assombram dizendo coisas que recuso acreditar
Assolam gritando alto sobre aquilo que faz chorar
Seguir o caminho da escuridão pode levar a lugares difíceis de compreender
Penetrar nesse pequeno e infinito espaço é um mergulho no gélido e vasto sofrer
Sofrimento de lembranças borradas de como poderia ser
Sobras dos erros inacreditáveis do qual cansei de cometer.
Ah amor,
Se você soubesse o quanto sou
profunda nesse teu amor.
Preciso do seu amor para ser eu.
Você não imagina quantas vezes
ao dia eu mato meu lado
escuro só para te tornar
Minha Luz.
DE(EUS) PARA DEUS
O encontro se dá a partir da fagulha ora evocada. Muitas chamas acesas em prol da emissão de luzes que brilhará cada vez mais à medida que forem se conectando à outras chamas. As sombras são os reflexos dessas luzes. Há intensas rajadas de labaredas ateando fogo no interior ainda não habitado. De mansinho, sussurrando como o soprar do vento, consigo vislumbrar o brilho de uma dessas chamas. Não a conhecia ainda, ela se mostrou a mim assim como o nascer do sol: pouco ao pouco foi surgindo e me enlaçando com o seu brilho encantador. Muitas labaredas bailavam no ar, cada uma com o seu jeito de ser, com uma história para contar, com uma situação fortuita, com desejos e vontades, com muitos sonhos de brilhar cada vez mais em cada escuridão que se fizer presente. Cada sombra dizia algo, que carecia de luz. Cada sombra era um eu inexplorado, um eu não habitado, um eu não vivido, um eu que ainda não brilhou, que não foi luz. A sombra vai tomando forma à medida que ela se expõe a luz das chamas. Junta-se os eu(s) e, por conseguinte, a luz maior contempla tudo de longe e em silêncio. O silêncio permite que as chamas aumentem cada vez mais e, com isso, a luz torna-se cada vez mais reluzente. A luz maior é Deus me mostrando cada eu que está ali na penumbra do fogo, da luz. Como fagulha, eu nasci; cresci e fogo me tornei. Como fogo, consigo iluminar outras sombras, consigo produzir o reflexo que brilhará nos escuros que pairam em outros eu(s), nos outros eu(s). Deus não precisa falar nada quando Ele está em silêncio me dando o poder para ser luz, para brilhar. O meu brilho, é o brilho de Deus, é a chama que me foi dada para ser luz por onde eu passar. Pelo escuro, eu trilho e, por fim, eu brilho como nunca!
No Silêncio da Solidão
No silêncio profundo da solidão,
Ecoa uma melodia sombria,
O coração solitário busca em vão,
Por uma luz que o guie noite e dia.
As sombras dançam em torno, frias,
A alma anseia por uma mão amiga,
Mas na vastidão das horas vazias,
A solidão persiste, triste e antiga.
Aqui onde se espera...
Sempre um lenço de despedida...
Em alma que flutua...
Na luz órfã do dia...
São certos os abismos...
Escondendo os perigos...
Da mentira que roda e enlaça...
Sufocando toda graça...
Do falso amor sentido...
Descobre-se impaciente os recados...
Sentado à mesa dum café passado...
Pega-se pensando e quando socorreste o miserável...
Percebesse estar só e só ter criado embaraços...
Talvez não suspeites...
Que na verdade nenhum lugar ocupastes...
Apenas distraites...
Com o que não te pertences...
Na escuridão que procura e adormece...
Rolando o leito que se aquece...
Nenhum conhecido que tivesse...
O amor que o pegue criado...
Terra assombrada que lhe é devida...
Cuja vida é água a correr...
Para a fronteira fechada...
Enganando-se a sofrer...
Aproveitar o tempo...
Tirar da alma os bocados...
Antes só...
Que mal acompanhado...
Sandro Paschoal Nogueira
Todo o mundo perdido,
mundo sofrido
na dor caído.
Todo mundo privado de paz
tem de fazer o que é incapaz.
Todo mundo vencido,
na dor caído...
caminhando na escuridão,
seguindo as batidas do coração.
Agora meus olhos cansados vou fechar
vou dormir, dormir e dormir.
Por favor, só me acorde quando tudo acabar.
O Ataúde da Humanidade: Elegia aos Tempos do Fim
Vivemos a era da devastação.
O tempo sombrio da decomposição moral,
Do apodrecimento do caráter,
Da aniquilação do humanismo.
Matam-se inocentes com frieza,
Exterminam-se animais com crueldade,
Incendeiam-se florestas com ganância.
O planeta clama, e a humanidade não escuta.
Num cenário de sombras e cinismo,
Só restam a sensibilidade e a coragem
Daqueles que ousam insurgir
Contra os desmandos do poder vil,
Contra o fuzilamento do povo
Pelas mãos podres da corrupção,
Orquestrada por políticos desonrados
Que sangram a nação com sorrisos cínicos.
Somente Deus — o Eterno Juiz —
Pode resgatar o povo brasileiro
Desta destruição em massa,
Deste meteoro moral que colidiu
Com a alma da humanidade.
Já não há pudor:
Tudo se tornou permissível, torpe,
Rastejando nos escombros da maldade.
Agora, só nos resta esperar
O dia do infinito da existência,
Onde os homens serão julgados
Pelo tribunal da eternidade,
Sepultados no ataúde da escuridão,
Perseguidos pelos fantasmas
Que eles mesmos criaram.
A sociedade morreu há tempos.
O que vemos hoje são apenas as cinzas da podridão,
Espalhadas pelo vento da indiferença,
Retornando das profundezas do descaso
Para assombrar os vivos,
Difundindo o terror,
Erguendo altares à selvageria.
Mas ainda há uma esperança:
Na resistência de poucos,
Na chama que não se apaga
Nos corações que não se rendem.
E nessa fagulha, talvez,
O renascer da luz.
Não Basta Ter Poder, é Preciso Ter Controle
Não Basta Ter Inteligência, é preciso Sabedoria
Não Basta Ter Esperança, é Preciso Determinação
Não Basta Querer a Luz, Sem Passar Pela Escuridão.
Se buscou- me pela noite escura,
onde nem pirilampos vagavam, não sei...
nunca terei a certeza, andei perdida,
sem rumo, atrás de verdades
seu coração nem percebeu,
pegou outro caminho em trilhas de escuridão,
deixando nas sombras a certeza do amor
Deixou de lado tudo que foi bom,
deste sentimento que lhe dediquei ,
ocultarei, então a minha presença
onde olhar nenhum chegará,
como a lua, em fase nova serei,
e a minha luz esmaecida ,
nunca mais os seus olhos
conseguirão divisar !
Angústia
Há uma crescente angústia
por dentro do meu peito
esta vai de inverno a inverno
pressionando meu esterno
como um balão a inflar
Eu mal consigo respirar
não sei mais o que fazer
não sei mais o que falar
só queria que isso parasse
Ah, e se eu não pensasse?
mas creio que nem isso dá
Pensar se tornou inevitável
não é só um pensar agitado
é um pensar incomodado
com tudo que se há de pensar
É um pensar distante
com pesar gigante
sempre a me atormentar
Já estou cansada disso
de viver sob essa angústia
de tentar e não dar certo
de pensar em algo incerto
ou de ao menos respirar
Só queria um pouco de paz
de vez me livrar do medo
do vazio e da solidão
e também da escuridão
que meu eu insiste em ficar
O aprendiz e o anjo.
Era jovem,
Portanto imortal; assim pensava,
Nas sombras do mal, caminhava
Em noites dos prazeres, para saberes,
Nas esquinas da escuridão
De meu próprio coração.
E mesmo assim
Um anjo cuidava de mim,
E, deste jeito, me tornei
Aprendiz de poeta,
Que um dia erra e outro acerta.
Janelas
Som do amanhã, sondam as noites
Janelas,
Ávidas almas, buscam a brisa quente
O calor, sementes
Colhem as manhãs de verão
Guardam a foice do arrebol
Janelas fechadas,
Refúgio seguro na escuridão úmida.
Janelas abertas, ombros arqueados
Tramas de uma dança
Vestido de Seda, cordão ensolarado
Duas almas se acompanham,
Janelas, cortinas balançam.
O escuro chama a luz
A dor, a solidão,
Chama da transformação.
Desperta!
João de Barro convidou
Que entre a majestade pela janela
Sem toc toc
Flocos de ouro
Suave toque
A pupila dilatou
Amanheceu.
