Poema em Linha Reta

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SEM ORAÇÃO

Passo as noites sem sono
Acordo dentro dos sonhos
Que eu não quero lembrar
Noites sem oração, só dor
Onde o sal das minhas lágrimas
Lembra-me a água que bebo
Nas solitárias noites de insónia
Sem ilusão da chuva confundida
Com o luto dos ventos livres
Ainda que ninguém me veja
Eu sei que Deus me sorri
Sempre como ninguém o faz
Perdi o sol dentro do peito
Tenho saudades das palavras
Que escrevo talvez gatafunhos
Que eu entendo, acalma a hiena
Dos meus próprios sentimentos
A minha pele arrepia-se com a dor
Vejo-me ao espelho e não sorrio
Sinto-me mais velha cansada
Tenho vozes dentro do meu peito
Das noites sem sono, sem oração.

SOLITÁRIO HOMEM

É um homem só, indeciso
Nos atalhos das serras
Devorador de mil caminhos
Olha para o seu presente
Mas não pode mudar o seu destino
Nos lugares solitários, entre as estrelas
Esquece o passado, ignora o futuro
Talvez os seus próprios objetivos
Independentemente das sementes
Que planto e deixo pelo caminho
Assediado pelo aborrecimento
Nas rotinas da sua talvez longa vida
Reza o seu velho terço, pendurado à cintura
Está cansado de tantos desenganos
Já sem paciência para a sua família
Caminha tantas vezes por zonas
Do seu próprio desconforto.
Onde é devorador das estradas de pedras
Fragas onde se perde nas sombras das colinas
Dos lameiros, das serras, dos montes
De olhar triste, anda em silêncio
Cansado da vida, tenta perder-se
Por terras que não aparecem no mapa
Homem solitário, onde a sua única
Companhia é um cajado já gasto pelo tempo.
Onde este solitário homem nunca esquece as suas orações.

ASAS DE PENAS

Asas de anjos vestidos de negro
Vida feroz de escolhas insanas
Trovoadas de desejo nas trevas
Grito sem voz desespero no peito
Silencioso eco no precipício rochoso
Desespero da espera sem chegada
Na chuva que chora a hostil trovoada
Perde-se o pecado no paraíso enlameado
Despe o nu do teu nu corpo sem esconder
No porão no fundo escondido está o grito
Perdidas sem luz estão as amarras da dor
Sufoquei todas as lembranças do desespero
Prendi o meu corpo matei perdoei a mágoa
Labirinto de teias, vida esquecida no caminho
Suave espelho envelhecido sem brilho no olhar
Reflexo dos anos rugas vividas do nosso rosto
Asas de penas perdidas de anjos vestidas de negro.

Onde está a tênue linha?
Não é menos, nem é mais,
Não é muito, nem é pouco,
Nos extremos, armadilhas,
Quase mortais,
No meio é por onde passa
A ponte...

NA LINHA DO CÉU

Cores na linha do céu,
Formatos na linha do céu,
Cerveja gelada...
Toalha na cintura...
Incenso queimando...
Você no pensamento...
Vejo o horizonte.
O sol partindo...
Cores de saudades...
Cadê você?
Estou aqui...
Estou sozinho.
A lua nascera...
Estrelas brilharão...
Luzes acenderão...
Cadê você?
Por onde anda?
Saudades de você.
Do seu corpo...
Boca na boca...
Corpo no corpo...
Do seu ser...
Cadê você?

André Zanarella 14-11-2012
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/4669248

Estamos em uma linha da vida
em que não sabemos o nosso destino.
Mas tenho certeza absoluta que é
Seguir em frente!

LINHA DO TEMPO

Nossa linha do tempo está cheia deles,
Grandes marcos registrados como...

Momentos com Deus,
Momentos em família,
Momentos com amigos,
Momentos a dois.

Um sorriso marcante,
Um beijo desesperado;
E então, o encaixe perfeito!

Dos ardores
Dos sentidos,
Dos impulsos,
Dos frutos e desfrutos,
Laços e deslaço.

Somos sempre obras em andamento,
e linha entre linha tecemos
o tecido da vida!

Eu quero fazer o que você quiser
Se você quisesse, garota, nós poderíamos cruzar essa linha
Sei que somos amigos
E o amor só conhece fins quebrados,
Foi o que você disse, mas, garota, permita-me mudar seu pensamento

Linha do Tempo

Me movendo entre os mundos, me vejo em seus braços, manchados e frios, assim como aquela noite que nos vimos pela primeira vez.

A cada linha atravessada vou me perdendo aos poucos, a loucura das lembranças se movem lentamente assim como o tempo.

Cada tentativa de ter proteger e uma tentativa de fuga da realidade, cada falha, cada morte, me fez entrar em pânico me levando a beira da loucura.

As lembranças me forçando a viver, com cada tentativa de falha, movendo entre as linhas do mundo com o desejo de proteger seu sorriso.

Voltando no tempo aos poucos, me fará ter perder para sempre, mas a cada escolha que faço, vou desfazendo, voltando assim, cada vez mais ao limite do mundo.

Cada dia que passamos juntos, ser perder aos montes, a cada linha que atravesso suas memórias vão sumindo, até chegar ao limite, o abismo de lágrimas.

⁠Então vaguei solitário durante muito tempo, esperançoso de encontrar meu lugar. Em inúmeros universos tentei pescar algumas estrelas que rompiam minhas linhas e roubavam meus anzóis...
(...) Foi aí que vi de relance aquele mais belo lugar, que sussurrava meu nome e me atraía de longe. Meio hesitante mergulhei naquele novo mundo.
Ah! Quanta paz eu encontrei. Um pequeno universo com uma única Estrela, meio vermelha, meio alaranjada. Ali repousei e pude contemplar o futuro que um dia imaginei para mim. Foram dias que ficaram e marcaram, que eu queria guardar para sempre...

AMO-TE

- Amo-te
Tenho tantas palavras para te dizer
- E procura-as
Nos espaços fechados, abertos
- Onde guardo-te
Na solidão perfeita das palavras
- Amo-te
Nos versos alinhados da poesia.

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

AMOR

Costuro todos os meus sonhos
Bordo todas as lembranças doces
- E desato os nós de toda a minha vida
Espanto do olhar nas fluidas avenidas
Tardes que oscilam nas obscuras vidas
- No limiar dos campos com os seus novelos
Na procura eterna da luz de quem precisa. (---)

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

VAGABUNDO

Vagabundo que viveu e vive nas sombras
Esquecido treme de frio nas noites sem fim
Com fome, sede sacia o cansaço na sua própria solidão
Imerso no seu silêncio, na escuridão senil
Alma solitária, vinda do escuro da luz
Queima o inferno na coincidência da vontade divina
Esquece tudo, até mesmo as suas próprias deficiências
Solidão compartilhada no seu silêncio desligado do mundo
Vagabundo nas ruas da vida, encontrou um lugar para brilhar
O seu próprio coração magoado, senil, triste e maltratado.

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

COMO CARNE CRUA

Andas ancorado à minha cintura
Como um barco que se apega ao mar
Eu velejo como que se o silêncio
Me dissesse tudo o que sei
Vivi entre as ansiedades mais profundas
Na sede intensa, de um suor quente
Da fome súbita, consumida por luas
Devasto os sentidos através dos dedos
Segurando a cruz do teu amado corpo
Velejo nas sombras da nudez do oceano
Como carne crua onde nos amarrámos
A nós mesmos, no convés do nosso navio
Entre a escravidão do nosso salgado beijo
Somos fome, somos desejo, cegos de nós
Com a verdade nos olhos de quem vê com fé.

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

Remendos

Primeiro vou
alinhavando os trapos
refazendo
com pontos largos
depois ajusto
com pontos miúdos
juntando os pedaços
parte a parte
puxo daqui
uma linha ali
por ultimo um nó
bem apertado
que é pra ver
se não me desfaço

"Viver é um rasgar-se e remendar-se."
(Guimarães Rosa)

Inserida por IoneZero

MAL TRAÇADAS LINHAS

Antes de existir,
Tanta tecnologia,
Era preciso possuir,
Papel, caneta e ousadia.

Geralmente assim,
começavam as modinhas,
E as cartas de amor,
Escrevo-te estas mal traçadas linhas,
Dizia o tal sonhador.

Enviava o envelope,
Por algum menino ou estafeta,
Mandava a galope,
Com rosas ou violetas.

A resposta da donzela,
Aguardava ansioso,
Observando a janela,
Sempre curioso.

Ah! Mas tinha um medo tremendo.
Do pai da jovem e saía correndo,
Pois o primeiro gritava,
Minha filha casará com um doutor,
E o último retrucava,
E serei eu, sim senhor.

Depois de muitas confusões,
Os apaixonados se casavam,
A custa de choro e safanões,
Ambos se amavam.

Então as crianças chegavam,
Os avós se rendiam,
Com alegria esperavam,
E sobre os netos amor derretiam.

E a vida então seguia,
Mas chegou um dia,
Que veio a tal tecnologia,
E uma estranha mania.

As conversas em rodas de amigos,
Hoje são por uma tal,
de rede social,
E aí mora o castigo,

A juventude pouco lê,
Mas tem opinião,
Mesmo que seja a da TV,
Para alguma ocasião.

Escrever até que escrevem,
Com figuras de linguagem,
Erros ortográficos e abreviações,
Claro que há exceções.

Ainda existem papel e caneta,
Mas isso quase não se usa mais,
Restou a ousadia com nova faceta,
Apenas para romances banais.

Hoje se escreve na rede social,
E perdoem-me se pareço banal,
Mas ainda usarei a expressão,
Escrevo-te estas mal traçadas linhas,
Para confessar minha paixão,
E sonhar que um dia serás minha.

Não apenas namorada,
Mas também esposa e amiga,
Amante amada,
Companheira querida.

Perdoe estas mal traçadas linhas.

Autor: Agnaldo Borges
03 e 04/10/2014 - 18:30 - 16:28

Inserida por AgnaldoJoeciBorges

FLORES FELIZES

- Sejamos felizes sem mentira
Sem desafeto, sem ilusão, sem amor
Afinal amamos todas aquelas flores
Aquelas que nascem entre rochedos
Flores que não hesitam em desafiar
A secura das folhas na brutalidade das pedras.
Sejamos livres de todas as palavras que nos ferem
- Da angústia que chega sem aviso
E da maldade que nos assombra todos os dias.

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

TASCA MORTA

Escreve por descaramento
Onde afoga-se entre surdos
Roucos, porcos e sujos
Sem estatuto dum louco
Parvo de vício já sujo
Vazio de troncos podres
Mão do homem fracassado
Revoltado com o café da manhã
Pão seco sem cheiro que revela
Torna-se ópio da boca pobre
Abdica espontaneamente da alma
Chora tantas vezes em seco
Perdeu a conta às lágrimas
Que já derramou pela vida
Choro negro de tanto riso
Nos degraus de pedra dura
Altar para tapar a minha urna
Último abrigo num inferno
E afinal morto já ele estava.

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

que as vezes é preciso quebrar a linha
pra ficar interessante de se ler
e as vezes é preciso quebrar a rotina
pra ficar bom de se viver.

Inserida por naianabbrum