Poema de Pobre
" SUCESSO "
Alguns conseguem ter consagração,
sucesso, ter vitórias nessa vida
com luta, muita vez, cruel, renhida,
e destacar-se, assim, na multidão!
Há quem consiga a meta pretendida
por sorte, por destino, (sei eu, não)…
Tropeçam nela sem essa exaustão
que a maioria vive, por medida.
Jamais subi no pódio da vitória
ao escrever, discreta, a minha história
nem recebi lauréis pelo que escrito…
Mas conquistei o amor que fez-me vivo,
me deu prazer e fez-se por cativo
de forma que o sucesso me é infinito!
Aqueles que Pensam Demais
Wlliam Contraponto
Pensar demais é sombra que não passa,
é lume estranho à festa da clareza.
Enquanto o riso dança e a pressa abraça,
a mente arde — silêncio com firmeza.
Vêm cheios de perguntas que não dormem,
incômodas, sem resposta na mão.
Enquanto outros seguem formas e normas,
eles andam nas bordas da contradição.
Não suportam o raso das conversas,
nem o teatro fácil de parecer.
Cada silêncio guarda o que não dispersa,
cada gesto recusa pertencer.
Chamam de frio o que é só cuidado,
de orgulho o que é só dor contida.
Mas é só o peso de ter enxergado
frestas demais na mesma vida.
E quando vão, não vão por desprezo —
mas por cansaço de ser farol.
Viram demais, queimaram em segredo,
preferem o escuro ao falso sol.
Pensar demais é sombra que não passa.
É uma busca quieta, rara e imensa.
Num mundo ansioso que ri e disfarça,
pensar demais é forma de presença.
" NÃO DEVO "
Queria, mas não devo! Mas, queria!
Parece um bom partido pra paixão
pois mexe co'a libido e a emoção
a despertar-me o sonho e a fantasia!
Meu medo é quando acaba a ilusão
e nada fez-se como deveria…
Termina o sonho, o encanto, até a magia
e nada foi igual a previsão.
Porém, desta distância, me fascina
e a tentação me cerca em cada esquina
junto ao desejo de provar-lhe o gosto…
Não devo, mas queria! Bem assim…
E, na vontade que não tem mais fim,
desejo esse desejo ali disposto!
" CISMOU "
Que foi? Cismou com quê! Não viu igual
andando por aí, pela calçada,
se expondo como tal, de alma lavada,
achando tudo lindo e natural?!...
Pra quê o arquitetar tal carnaval
trazendo, a mocidade, assim julgada
e, sem regra qualquer, por condenada
por mero arranjo deste ritual?
No fundo, bem se nota que gostou
e que, ter posse disso, desejou
com toques de sua própria hipocrisia…
Cismou com quê? Não viu igual na tela,
na rua, bailes, bares, passarela?!
Bem sei que, desfrutar, queres, um dia!!
" QUALÉ? "
Qualé? Tu tens também esse desejo
de achar, em meio a encontros e atração,
alguém que te desperte, por paixão,
e tenha, pelo amor, o mesmo ensejo!...
Por que não embarcar na noite, então,
seguindo, do querer em ti, o arpejo
chamando, para o olhar, todo cortejo
que prometer ter mais desta emoção?
Se toca! Queres, tu, do mesmo enredo
e, se não te aventuras, é por medo
de repetir histórias do passado…
Tens tal desejo em ti! Qualé? Te manca…
Vá lá! Busque o que queres! Quebre a banca
e traga o amor pra junto do teu lado!
@poetaesoneto - @s.juniorpaulo
https://poesiaemsonetos.blogspot.com
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Liberar a nossa determinação
nas correntes até a Praia de Itaguaçu,
Deixar os impulsos do coração
navegáveis em São Francisco do Sul.
Colocar os nossos pés em terra
firme e não nos dar nenhum limite,
Voltar amar de novo mesmo
que nos digam que é impossível.
De última em última dança
o voto, o romance e a chama,
como quem flerta pela primeira vez.
E assim deixar que o brilho
do nosso olhar não se apague
para que tudo em nós seja novidade.
Parada de trem
Eu espero um trem
Não sei que hora ele passa
Desse trem, eu sou refém
Sinto que estou esperando uma farsa
Porém, eu quero prosseguir
Quero, no meu destino chegar, conseguir
Mesmo que todos me digam que não
Até mesmo o maquinista diz que não há salvação
Todavia, ainda o espero, sentada, ansiosamente
Ali fico, horas, dias, meses...
Ainda que me sinta desencorajada, ignoro minha mente
Penso, reflito muito, penso em mil hipóteses
Ainda sim, teimo em não ver a razão
Afinal, que coisa mais desnecessária
Preciso apenas seguir meu coração
É apenas uma incerteza temporária
Após muitos meses, vejo o trem no horizonte
O vejo a alta velocidade, pelo monte
Me emociono tanto, que escorrego e caio no trilho
Eu perco completamente meu brilho
O trem, corre em minha direção
A maquinista nem tenta frear
Embriagada, ela fala: "Acho que não"
Ela diz, antes de me atropelar
" JOIA "
Não sei se é mesmo joia, fina, rara,
ou se é bijuteria trabalhada!...
Minh'alma alma põe-se inquieta, até enciumada,
e se revela a par da insana tara!
Está, no teu pescoço, pendurada
e não só meu olhar que lhe repara!
O brilho, refletindo luz tão clara,
te deixa, a carne exposta ali, adornada.
Então, dou cordas mil ao pensamento
tomado de um profundo sentimento
de inveja deste adorno, teu, eleito…
Quem dera eu fosse a joia de valor
comprada e paga pelo teu amor
a ser exposta junto do teu peito!
“Carta à paixão”
Quem me dera se não fosse nada além de eterno,
Ó situado em mim, em si, em tudo que me é belo.
Tu, em maldade absoluta, não permaneces;
Só me tentas de desejo e desapareces.
Culpado! Culpado!
Te acuso por me fazeres sorrir,
E depois me derrubares em prantos!
Como pudeste, ó meu réu?
Além de sorrir minha face,
Chorar meu riso,
Fazes de coitada quem me deseja…
És mau! E ponto.
Se destruíres meu desejo,
Será bom, e pronto!
Plantio
tenho duas frutas nas mãos
a mais madura arremesso contra o muro
o estrondo a mancha o despojo
no chão aonde bichos virão lamber
tenho duas frutas nas mãos
trago-as das ruínas de ontem
como uma ave que vem de longe
arrasta no bucho ou no bico
sementes e ervas daninhas
arremesso uma contra o muro
a outra ainda está verdolenga
nenhuma ideia de comê-la com sal
tenho duas frutas nas mãos
as duas estão marcadas de morcegos
minha mãe me ensina a distinguir
a rasura a maldição o batismo
preces ao mau tempo
de tudo que dá na terra
honrar respeitar bem-dizer
de tudo que dá na terra
nosso futuro ao breu consagrado
ave o seu ventre mãe de deus e nossa
decepamos a destra o cetro
não menos o nascimento e a luz
ofusclarão de placenta oca
de tudo que dá na terra
nos ensina a confundir obediência e amor
de tudo que dá na terra
repete que é dor o que educa
e faz lentamente a pele crescer
sobre os espartilhos da doutrina
de tudo que dá na terra
nos acinzentaram a imaginação
para as cores do desobedecer
desobediência de rato desobediência de leão
desobediência de água-viva desobediência de mosca
ainda são bípedes
os que vivem de joelhos?
Bailam as correntes do Atlântico,
sobrevive um refúgio romântico
e o indômito em mim como tal
qual os lobos-marinhos que cruzam.
No farol da Ilha dos Lobos tenho
o meu ponto de orientação
nesta noite no meio da escuridão
e a convicção para onde ir.
Tudo me leva aos teus olhos
e a ciência dos meus sonhos
que alguns chamam de utópicos.
Realmente não me importo
nem se vou de fato alcançar,
só sei que me importo em não parar.
Fragmentos para um amor morto
Teu nome
ainda arranha
meu sono.
No prato vazio,
mastigo tua ausência
como pão duro.
Minha boca chama —
mas só responde
o silêncio.
Um lençol,
um cheiro,
uma falta.
Teu corpo foi,
mas tua sombra
não desaprende.
Grito teu nome
e ele volta
sem carne.
A noite me veste
com tua ausência:
lã fria,
sangue lento.
Feito a Ilha do Macuco
de águas calmas,
Tal qual canto profundo
de ave que toca as almas.
Terra, água e ar por cada
canto a me espalhar,
Não testo e nem desafio
o quê há e não se deve domar.
Dever de ficar no seu lugar,
e se não for para respeitar,
melhor nem mesmo começar.
A tranquilidade que dou
é o quê realmente sou,
e dela na vida jamais me vou.
" FOI-SE "
E lá se foi o tempo, a juventude,
os dias de seresta e serenata…
Perdeu-se a voz do sonho, da bravata,
o instante de fingir qualquer virtude…
A vida nos transforma, nos formata
e vão-se os dias mansos, de quietude,
ficando, para trás, força e saúde
conforme a idade chega, ainda novata.
Não há mais nada novo na velhice
se como o tempo nunca mais abrisse
as portas da curiosidade nata…
O tempo foi-se… Ficam suas marcas…
Lembranças, pouco a pouco, frágeis, parcas…
Na pele, as rugas… No cabelo, a prata!...
" SOCORRO "
Socorro eu peço! Volta-me a atenção
e dá-me um pouco do que tens guardado
no afeto, para um outro, reservado
por mais que isso pareça-te ilusão!
Careço deste amor desperdiçado
que doas, sem motivo ou pretensão,
a quem nem sabe lá o que é paixão
nem retribui do que lhe tens doado.
Perceba-me um instante! Morro a dor
de não saber falar-te deste amor
que me consome inteiro, a cada dia…
Te peço, pois, socorro! Dá-me alento
enquanto aqui pereço, aos poucos, lento,
na fome de te ter… Hoje, agonia!
" VAMOS VER "
Agora, vamos ver no que vai dar
o enredo do romance arquitetado
pra que te ponhas preso, do meu lado,
em vez de só querer acasalar!...
O meu feitiço intenso foi lançado
e é só questão de tempo pro luar
deixar toda a poesia te enredar
e te sentires todo enamorado.
Tá feito! É só questão de tempo, agora,
e, em breve, já não mais irás embora
fugindo, outra vez mais, do compromisso…
Veremos no que vai dar meu encanto!
Já pus pra te enredar o meu quebranto
que te fará ficar, do amor, submisso!
" BANDIDO "
Bandido, sem-vergonha, salafrário,
conquistador barato, sem moral,
que quis, tão só, encontro ocasional
pra se manter guardado, e só, no armário!...
Chegou, já, com malícia intencional
e preparando o clima, até o cenário
que, enfim, tornou-se apenas meu calvário
pra sua artimanha de querer carnal.
É caso pra polícia, com certeza,
pois que levou, também, minha pureza,
meus sonhos, meu querer, minha paixão…
Roubou-me, esse bandido, o olhar, a fé,
orgasmos meus, os sonhos tais e, até,
tomou-me o amor que dei-lhe ao coração!
" AGRISALHOU "
Tingiu-me, o tempo, a idade, o que vivido,
e agrisalhou-me sem qualquer piedade
levando, assim, pra longe, a mocidade
e o que nela se tinha, ali, contido.
Contudo, fez-me sábio, na verdade,
e me curou do que fôra ferido
cessando, então, de vez, o meu gemido
e me trazendo o amor pra eternidade.
Me deu vida, o calvário, e ali julgado
foi que me vi, também, crucificado
e, livre, ressurgi depois de tudo…
Agrisalhou-me a vida, eu sei, mas digo
que o tempo deu-me o amor que, em paz, abrigo
e a fé no eterno que hoje, em mim, saúdo!
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