Poema de Amigo de Augusto dos Anjos

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O nosso espírito é essencialmente livre, mas o nosso corpo torna-o frequentes vezes escravo.

Os ricos pretendem não se admirar com nada, e reconhecem, à primeira vista, numa obra bela o defeito que os dispensará da admiração, um sentimento vulgar.

O dever dos juízes é fazer justiça; a sua profissão, a de deferi-la. Alguns conhecem o próprio dever e exercem a profissão.

Uns homens sobem por leves como os vapores e gases, outros como os projécteis pela força do engenho e dos talentos.

Afinal de contas, atribui-se preço bem alto às suas conjecturas quando se cozinha um homem vivo por causa delas.

Não haverá, entre um espírito que abarrota de invenções alheias e outro que inventa por si próprio, a mesma diferença que vai de um recipiente que se enche de água à fonte que a fornece?

O amor começa pelo amor; não se pode passar de uma forte amizade senão para um amor fraco.

A virtude é coisa deveras inútil e frívola, caso apenas tenha a recomendá-la a glória.

Os homens, tão enfadonhos quando se trata das manobras da ambição, são atraentes ao agirem por uma grande causa..

Um político de gênio, quando se encontra à frente dos negócios públicos, deve trabalhar para não se tornar indispensável.

O desejo de igualdade levado ao extremo acaba no despotismo de uma única pessoa.

Há muitos homens que se queixam da ingratidão humana para se inculcarem benfeitores infelizes ou se dispensarem de ser benfazentes e caridosos.

Os homens têm geralmente saúde quando não a sabem apreciar, e riqueza quando a não podem gozar.

Perante um auditório de tolos, os velhacos tornam-se fecundos, e os doutos silenciosos.

O homem não pode de forma alguma impedir de ter pela mulher um desejo que a aborrece; a mulher não pode de forma alguma ter pelo homem uma ternura que o aborrece.

O silêncio é o melhor salvo-conduto da mais crassa ignorância como da sabedoria mais profunda.

Só se pode conversar duas horas com uma mulher quando se lhe diz sempre a mesma coisa.

Nada devemos fazer que não seja razoável; mas nada também de fazermos todas as coisas que o são.

A vida, quando é miserável, custa a suportar; se é feliz, é horrível perdê-la. Uma coisa equivale à outra.

Há muita gente para quem o receio dos males futuros é mais tormentoso que o sofrimento dos males presentes.