Poema 18 anos
As revoluções duram semanas, anos; depois, durante dezenas e centenas de anos, adora-se, como algo de sagrado, esse espírito de mediocridade que as suscitou.
O envelhecimento ocorre apenas dos 25 aos 30 anos. O que se obtém até esse momento é o que se conservará para sempre.
À medida que a vida e os anos nos maltratam, aprendemos finalmente a conhecer-nos. Mas, nessa altura, já não vale geralmente a pena estabelecer relações.
Dez anos atrás eu rachava uma pedra de gelo ao meio com o jato do mijo. Hoje não empurro nem bola de naftalina.
Não se ensina a estender a outra face a pessoas que, desde há dois mil anos, só têm recebido bofetões.
Há tantas espécies de pessoas de vinte anos ou de cinquenta anos como há espécies de amigos, amantes ou pais.
Explicar o que é responsabilidade para publicitários é como tentar convencer uma pessoa de 8 anos que relações sexuais são bem mais gostosas do que um sorvete de chocolate.
Sabe-se que o verdadeiro gênio consiste em fornecer, uma vintena de anos mais tarde, ideias aos cretinos.
Os anos que uma mulher subtrai à sua idade não são perdidos - acrescenta-os à idade de outras mulheres.
Uma pessoa pode chegar aos sessenta anos sem fazer uma ideia do que é um carácter. Nada é mais oculto do que as coisas com que continuamente andamos na boca.
Depois, penso também naquele quase velho poema do John Lennon: “I don’t believe in yoga/ I don’t believe in mantra/ I don’t believe in God/ I don’t believe in Freud/ I don’t believe in drugs/ I don’t believe in sex/ I don’t believe in Beatles” e termina com um acorde profundo de guitarra e um “I just believe in me”. Mas nem isso.
Você me transformou no eufemismo de mim mesma, me fez sentir a menina com uma flor daquele poema, suavizou meu soco, amoleceu minha marcha e transformou minha dureza em dança.
Mas a vida é uma coisa imensa, que não cabe numa teoria, num poema, num dogma, nem mesmo no desespero inteiro dum homem.
