Pensamentos sobre Mim
Fui apagado por muitos, reacendi por mim, a recuperação veio da minha própria mão, reacender é reconhecer o poder interior, sou chama que eu mesmo acendi.
Meu rastro na solidão foi a bússola que te trouxe até mim. Nenhuma sombra, nenhum abismo deteve os passos do teu amor. Tu vieste sem cansaço, somente com propósito.
Teu caminho até mim foi traçado com sangue na terra. Cada pedra feriu Teus pés, não porque eu merecesse, mas porque Tu escolheste me amar.
O melhor de mim não é a soma de minhas glórias, mas sim o resíduo digno que restou após o pior dos naufrágios.
Carrego dentro de mim batalhas que ninguém viu, mas cada uma delas moldou meu peito como ferro aquecido, não pedi para ser forte, fui obrigado pela vida, e mesmo assim aprendi a amar no intervalo das dores, sou testemunha da minha própria ressurreição diária.
A esperança renasce em mim como uma chama teimosa, mesmo quando o vento da vida sopra para apagá-la, eu a protejo com as mãos feridas e calejadas, porque sei o quanto ela já me salvou, e continuarei acendendo-a até o fim dos meus dias.
Perdi versões de mim que eu nunca recuperarei, e agradeço por isso, eram versões fracas, hoje caminho com mais precisão, sei onde piso e por que piso, minha vida finalmente tem direção.
O perdão que me salvo não passa pelo outro, passa por mim. Perdoar não limpa a história do outro, limpa a minha cama. Durmo mais leve e tenho sonhos menos invadidos. E quem perdoa por si mesmo descobre que a liberdade é doméstica. É um hábito que se cultiva, silencioso e cotidiano.
A compaixão por mim começa por aceitar a minha lentidão. Nem tudo que quero se resolve em pressa. Há processos que têm horário próprio, distante do relógio. Deixo-os correr com sua cadência e não os atropelo. A lentidão vira cuidado, e o cuidado vira respeito.
A fé me devolveu a mim mesmo,
quando eu já tinha esquecido quem era, ela me levantou antes mesmo que eu pedisse, e hoje eu sigo firme, porque sei de onde vem minha força.
A fé não resolve tudo, mas resolve o que mais importa, a guerra dentro de mim, sem ela eu já teria desabado, com ela eu renasço.
Não tenho medo da escuridão, pois aprendi a acender luzes dentro de mim, sou lanterna própria, sou fogo interno, sou chama que não se apaga.
A fé me salva de mim mesmo, dos meus excessos, dos meus impulsos, das minhas sombras, ela é minha luz interna.
Há noites em que o céu parece fechado, mas é dentro de mim que a escuridão é mais espessa. Mesmo assim, procuro estrelas na memória. E sempre encontro uma: a da fé que não apagou. Porque Deus brilha mesmo quando não o vejo.
Há um piano em meus ossos que toca notas quebradas, cada acorde é um pedaço de mim que insiste em existir. Quando a cidade dorme, a música remexe entulhos antigos, e eu me descubro inteiro nas frestas de um acorde menor.
O que sou, se não um espelho de mim mesmo
reflito vida, reflito medo
dualidade o meu tempero
a consciencia, o prato inteiro
O inspirador para mim, é ver pela manhã uma página em branco e o cursor intermitente na minha frente…
