Pensamentos de Franz Kafka

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Duas tarefas no início da vida: estreitar cada vez mais sua órbita, sem deixar de verificar se você não está escondido fora dela.

A liberdade, tal como nos é possível tê-la atualmente, é uma planta bem frágil. Mas de qualquer forma é liberdade, de qualquer forma é um patrimônio.

As diferentes formas de desespero são etapas distintas de um mesmo caminho

O ponto de vista da arte e o da vida são diferentes mesmo no próprio artista.

A amargura de um homem é, com frequência, o aturdimento petrificado de uma criança.

Se eu fosse existir eternamente, como existiria amanhã?

“...Não há necessidade de sair da sala. É suficiente sentar-se à mesa e escutar. Nem sequer é necessário escutar, é só esperar. Nem sequer é preciso esperar, é só aprender a ficar em silêncio. O mundo se oferecerá a você livremente para ser descoberto..!”

O animal arrebata o açoite de seu amo para açoitar-se a si próprio, pensando que assim se transforma em senhor, mas ignora que tudo isso não passa de uma fantasia, criada por outro nó que o amo fez em seu açoite.

Só há um ponto fixo. É a nossa própria insuficiência. É daí que é preciso partir.

Esperanças há muitas, mas não para nós.

Franz Kafka
BROD, Max. Franz Kafka: A Biography (1960).

Não vivemos num mundo destruído, vivemos num mundo transtornado. Tudo racha e estala como no equipamento de um veleiro destroçado.

Há um certo número de coisas que não podemos atingir a não ser dando deliberadamente um salto na direção contrária. É preciso partir para o estrangeiro, a fim de encontrar a pátria que abandonamos,

Necessitamos dos livros que nos afetam como um desastre, que nos afligem profundamente como a morte de alguém que amamos mais que a nós mesmos, como estar perdido sozinho num bosque, como um suicídio. Se o livro que lemos não nos desperta com um soco no estômago, para que lê-lo?

Tento constantemente comunicar algo incomunicável, explicar algo inexplicável, falar de algo que sinto apenas em meus ossos e que só pode ser experimentado nestes ossos…

Eu preciso da solidão para a minha escrita; não como a de um ermitão — isso não seria o suficiente — mas como a de um homem morto.

O amor é um drama cheio de contradições.

⁠Reflexões calmas, inclusive as mais calmas, são melhores que as desesperadas.

Franz Kafka
A metamorfose. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

Cumpro com meus deveres, mas não com minhas obrigações íntimas – e cada obrigação íntima não cumprida se transforma em uma infelicidade duradoura.

Minha atividade de escritor tratava de ti, nela eu apenas me queixava daquilo que não podia me queixar junto ao teu peito.

Desde que te amo, amo o mundo inteiro.
(Carta a Milena Jesenká)