Palavras Nordestinas
Saudade.
A seca é quem mais devora
a planta que tu me deste
sem a água que se evapora
o nordestino não investe
deixa a terra onde mora
fica triste, sofre e chora
com saudade do nordeste.
Não dá mais.
Vou embora do sertão
a sorte não quer mudar
a seca maltrata o chão
não deixa a planta brotar
peço a Deus em oração
que proteja cada irmão
que sofre nesse lugar.
Eu.
Sou filho de um plano
que ao destino pertence
nada é feito por engano
de Deus não há suspense
sou nordestino do tutano
do amor de um paraibano
por uma noviça cearense.
Se falta chuva o açude vai secar, mas a fonte do saber, jamais irá faltar pois tá sempre cheio, o coração do nordestino; de amor , de carinho e de cultura popular.
Saudade do sertão!
A saudade hoje é tanta
do sertão em que eu vivia
aquele cheirinho de planta
a fruta boa que eu colhia
o bolinho de mandioca
queijo coalho e a tapioca
e o cuscuz que mãe fazia.
Esperança.
A vida trava uma guerra
contra a fome e a solidão
é um cabrito que berra
é um boi caído no chão
é a planta seca na terra
mas nada disso encerra
o meu amor pelo sertão.
Terra dura.
É pouco o que se consome
numa terra dura e rachada
a chuva vem e logo some
mal posso usar a enxada
a esperança é o meu nome
quem encara a seca e a fome
não tem mais medo de nada.
Vem chuva!
Se a chuva bem soubesse
não faltava uma estação
ela dava a quem merece
as gotas do seu coração
mas as vezes ela esquece
e quando o sol aparece
aumenta a seca no sertão.
Exemplo.
O amor se compartilha
é pra frente que se vai
a vida é uma maravilha
quem é seguro não cai
é assim na mesma trilha
que a luta de uma filha
segue o exemplo do pai.
Ano de chuva!
A chuva é essencial
no brotar do verde novo
não precisa um temporal
basta o sustento do povo
mas que venha pro Natal
e fique pro no Ano Novo.
Que o Natal seja presente
num Ano Novo de luz
e que siga permanente
a presença de Jesus
que jamais falte pra gente
um copo de café quente
e um prato de cuscuz.
Fico!
Eu não quero ir embora
a seca quer me expulsar
não tem vida que vigora
sem ter nada pra plantar
desse jeito a terra chora
e eu procuro uma escora
onde possa me sustentar.
Seca e honra.
A seca traz sofrimento
a chuva nem piedade
o verde se foi no vento
o gado deixou saudade
da vida sobra o lamento
de onde falta alimento
mas sobra dignidade.
Permissão!
Não me canso de esperar
a chuva que tanto chamo
na terra seca de rachar
quase não se vê um ramo
Deus permita ela chegar
que eu não precise deixar
o nordeste que tanto amo.
Repartir o pão.
Nem todos do sertão
tem comida ao seu dispor
na mesa de cada irmão
se divide a mesma dor
se puder repartir o pão
dobre os joelhos no chão
e agradeça ao Nosso Senhor.
Ardor.
O sertanejo lamenta
por este chão sofredor
que a seca traz violenta
derrete o pasto em calor
sem ter o grão que alimenta
nenhuma terra sustenta
um talo ardendo de dor.
Um novo ano!
Que esse ano se plante
e que brote todo grão
e que cresça verdejante
cada palmo deste chão
que a seca fique distante
e a água seja constante
pelas terras do sertão
Novos tempos.
Sertanejo meu irmão
meu amigo de verdade
tenha fé no coração
onde não entra maldade
a chuva tem compaixão
e este ano nosso sertão
será a sua prioridade.
Abandono.
Já não suporto essa briga
e apareça quem conteste
enquanto a seca castiga
por aqui ninguém investe
não se vê uma mão amiga
e o governo pouco liga
pra quem vive no nordeste.