Ouvi e Observar
Um assovio lá fora e um tic-tac incessante. Eu ouvi o choro do vento e a reclamação do tempo, prestes a me dizer o quão cansado estava das minhas indagações. Uma luz baixa invadia o quarto pela fresta da cortina, mas não me agradava. Eu precisava do negro, para me misturar e me esconder um pouco. Eis que então, no começo do que era pra ser fim, gentilezas foram trocadas no escuro. A noite que era pra ser breu ganhou luz e poesia. Tentei ranger os dentes e segurar, mas o sorriso saltou lábios à fora. Calmaria e um bom capuccino para ouvir a melodia da chuva, suave e amiga. Acalentou a alma e adormeceu o vento. E o tempo, que não parou, pareceu bem humorado. Noite virou dia antes que se pudesse perceber, e a vontade de me esconder do mundo, também.
Me sinto em um abismo mas gosto da sensação, o medo me cercou nada vi! -mas apenas ouvi e disse-me :AMOR
Já ouvi tanta opinião boa e ruim ao meu respeito, que hoje em dia qualquer opinião pra min é um simples comentário.
NÃO - CIDADÃO
Acorda vagabundo!
Mais uma vez ouvi,
O dono da mercearia,
Pedindo para eu sair.
Acordo e te apresento o mundo dos
sem nação,
Mendigando arroz, feijão e um prato
de atenção!
No país da extrema exclusão,
Onde tacam fogo em mendigo no
chão!
O atentado de Paris fez me por no
lugar,
Não das vítimas, mas dos
terroristas!
Me imaginei arquitetando um
atentado,
Contra jornal que só explora meu
caso!
Faz a matéria digna de prêmio,
Eu continuo na rua, sofrendo!
Os sumérios criaram escrita e
cerveja,
O Brasil criou a ditadura do capeta!
Que desmembra os não-cidadãos,
Cuspe na cara, tapa, palavrão!
As infrações no trânsito geraram 11
milhões no Ceará,
Mas, não existe via expressa para
mendigo andar!
Atropelam na rua, na calçada
Atropelam e ainda dão risada!
Do que adianta o restaurante
popular,
Se me falta moeda para ingressar!
Você que passa na rua e tem nojo de
mim,
É o mesmo que depois reclama de
uma vida ruim!
Vai no Castelão vibrar pelo time do
coração,
Eu na rua mendigando uma dose da
sua atenção!
Sou a escória esquecida da pátria de
chuteiras,
Ó pátria amada, idolatrada, de
tamanha grandeza!
Vos apresento o Brasil dos
esquecidos,
Com nome e sobrenome de
mendigo!
Eu já ouvi dizer que quando gostamos de alguém, esse alguém nos transforma de dentro pra fora.
Sem ao menos percebermos, já não somos nós mesmos, somos a nossa felicidade espelhada em quem amamos.
Quem um dia souber me dizer como fasso pra seguir pelo caminho mais facil nao quero ouvi,mas se um dia alguem quiser caminhar ao meu lado mostrarei que nada na vida é facil e tudo tem um preço
Dormi e acordei as madrugadas e ouvi uma voz que dizia em voz baixo: Escreve o que vem do seu pensamento! para que não fiques assim como os outros que se foram sem deixar nada para o mundo....
Então eu acordei e comecei a escrever frases que nem mesmo eu sabia o que elas significam para o mundo!
Duas pessoas me fazem calar. O sábio, porque preciso ouvi-lo e o tolo porque não é conveniente dar sequência a discussão!
Muitas coisas eu ouvi
E muitas delas eu até vivi,
Mas não penses que é pelo que dizes
Que alguém se vai acreditar em ti.
Existem respostas que não recebemos como pedimos e esperamos recebê-las, até o silêncio fala no ouvido de um surdo e escreve para o cego ler. A resposta sempre chega, nós precisamos identificar o canal utilizado para entender a mensagem...
Acreditar no governo é o mesmo que acreditar em deus.
Você fala, fala, ora, ora, e ninguém tem ouvidos para você.
Ambos foram criados pelo homem...
Veja quantos erros tenho em minha escrita,
uma palavra que ouvi e nunca foi dita,
lindos sonhos que fizeram renascer
alguém que jamais conseguirei ser.
Um rosto sem face,
Um mundo que não é planeta,
Uma terra de ninguém,
Ouvi no silêncio ortográfico
De caligrafia congelada,
Ortografia condenada,
Concordância esquartejada
Uma muda voz a me dizer
Sobre o meu sumiço
E eu a tentar entender
De qual deles,
Do real ou do virtual?
Então eu disse
Que estava sempre presente
Nessa ausência virtual coexistente.
QUANDO OLHEI
Eu vi uma pessoa que falha,
Eu vi uma pessoa que erra
Eu ouvi uma pessoa imperfeita
me dizer que isso é humano
Eu olhei, não encontrei mesmo a perfeição
Eu vi doçura com firmeza
Eu vi firmeza com indignação
Eu vi indignação com amor
Eu ouvi uma pessoa dizer que faz parte chorar
Que faz parte errar,
E que perder, também faz parte.
Que a violência não é o caminho,
Que a submissão escraviza
Mas tem algo nesse meio.
Seria o termo do meio?
Ou talvez o meio termo?
Você precisa aprender
você tem que estar atenta,
Nem tudo é oito ou oitenta,
é o que ela sempre comenta
Eu a vi se aborrecer, e usar palavras duras
Mas o olhar era terno, com atitude e postura
Mas já vi o mesmo olhar, endurecer como aço
E vi a dura expressão se transformar num abraço
Mesmo quando o olhar é firme e as palavras são duras,
a expressão é tranqüila,
Calma, clara e moderada é como se ela estivesse,
educando uma pupila.
Eu vi... uma pessoa que ensina,
me dizer que está aprendendo
Vi alguém iluminado, que não vê a própria luz
Vi alguém especial, que pensa que é só mais um
Eu vi um anjo vivendo, num ser humano comum
Vi uma mulher madura, vi uma criança grande,
eu vi um sorriso largo, um brilho intenso nos olhos
Vi uma mulher zangada, vi uma filha preocupada,
vi uma esposa guerreira e vi uma mãe zelosa.
É eu vi... Uma pessoa qualquer, buscando independência
Pagando um preço bem alto, só pra ser alguém na vida
Profissional destemida, vi uma criatura sofrida
Mostrar-me lições de vida, mas de maneira contida
Vi a doutora da ciência, me mostrar com consciência
E com certa displicência, o outro lado da vida.
Às vezes me desespero, choro, choro até cansar,
e ela pacientemente, vêm logo me consolar
Mesmo estando agitada, começo logo a falar,
Ando muito pela sala em completa aflição
E ela sabe as palavras, pra abrandar meu coração
As palavras vão saindo, e a leveza é latente
São palavras confiantes, mudando a história da gente
Como se pode dizer que não há alguém com a gente?
Quando ela está feliz, a luz brilha diferente,
é bem mais que luz interna,
Inunda todo o ambiente, chega a envolver a mente,
esse clarão reluzente, causa comoção na gente.
Eu vi uma profissional competente, de caráter transparente
Cuidando de muita gente, vi uma amiga persistente
Dizer meio descontente, que eu estava irreverente
Que paciência é virtude, que se aprende lentamente
Vi o dinheiro perder força, na hora de me atender,
eu vi comprometimento Naquilo em que ela crê.
Vi sua alegria crescer ao ver aos poucos eu vencer
EU vi sua mão estendida, amparando minha vida,
“MARIA ANGÉLICA, EU VI VOCÊ.”
A pedra e a estrela da esquina lunar
Ouvi os anjos cantarem
Nas mansões celestiais.
E tocaram o amor
Em harpas tão solenes
Envolvendo todo o universo
Numa celebração da existência.
E no cume da montanha celeste,
Contemplou-se o menino Deus sentado
Riscando uma estrela sobre
Uma pedra.
E do pó das estrelas
Nasceu o encantamento.
E sobre as nuvens,
Lá vai o menino
Fazer arte lá na lua.
Empina pipa a noite,
Caça vaga-lumes de dia,
Desde cedo brinca de impossível.
Amarra as cordas do balanço nas estrelas
E pega impulso na ponta dos pés sobre a lua.
Reembaralha a ordem das estrelas,
Seus vaga-lumes inalcançáveis
Aos homens lá embaixo.
E olhando o céu brilhante,
Mal imagina o homem
Ser Jesus brincando
Nas esquinas perto da lua.
Hoje ouvi o canto
da primeira cigarra;
o inverno se foi
e ela sobreviveu...
Um brinde as cigarras
que atravessam o inverno
incólumes e felizes
que chegam à primavera
para cantar o verão!
Vuch@
"TUA RISADA ouvi daqui, aquela vez, ao telefone. Era noite fria e minhas ilusões eram tão presentes que, ouvir tua risada ao telefone era meu passatempo preferido. Eu tinha tão poucos sonhos e, naquele momento, você era o melhor deles. Quase o único. Era feito chocolate, doce e viciante. Feito vinho: quente e inebriante. Assim era tua voz ao telefone que me dizia de todo aquele sentimento que não experimentamos, daquele maldito pôr de sol que não vimos e de todas as outras vezes e maneiras que eu poderia ter ouvido sua risada divertida ao telefone e que eu não ouvi."
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