Coleção pessoal de biahantunes

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Tudo bem, eu confesso: Sou imediatista e me sinto fraca diante de situações que dizem respeito ao coração. Ora, poxa, não sou de ferro! E que não me venham com aquela historinha fadigada de que tudo tem a hora certa pra acontecer. Todo mundo sabe disso, mas colocar em prática é outra coisa. Eu gosto de extremos. De imediatos. De primeiras impressões. Quero que seja, que aconteça! Encher a vida de presença e deixar secar o pé de solidão que germinou no meu coração. Quero surpreender. Entregar. Planejar. Realizar! Quero dar um tapa na cara do destino e lhe ensinar que brincadeira tem limite. Meus olhos agora enxergam o mundo de outra forma, mas nada físico mudou. Querer não é estrutural. Amar não é material. E agora eu decido o que é melhor pra mim.

Hoje senti uma vontade peculiar de tê-lo. Não me bastaria apenas estar por perto, não... Hoje meu desejo está além de qualquer expectativa.

Cultivo dentro de mim um sentimento por você que a essa altura já me tomou por completo. Há uma ânsia por sentir novamente o cheiro que lhe salta o corpo e invade o ambiente, o calor do hálito que entra em atrito com meus lábios no instante em que se tocam, a adrenalina em fúria que percorre meu corpo tal como suas mãos em temperatura latente que me arrancam suspiros, e tornam você o único causador dos meus delírios...

Hoje, se você estivesse aqui, eu o amaria intensamente madrugada à dentro, lhe entregaria meu corpo da mesma maneira como já lhe entreguei minha vida. Eu sussurraria ao pé do ouvido todos os meus anseios, todos os quereres insanos que tomaram a minha mente desde o momento em que o vi pela primeira vez.

Eu lhe mostraria em carne e suor como é possível dois corpos se encaixarem tal como peças perfeitas de um quebra-cabeças. Provaria-lhe que, assim como a luz das estrelas do céu, a beleza do que sentimos um pelo outro permanecerá viva, mesmo durante as dificuldades a serem vencidas pelo caminho.

Bastava um pequeno encontro agora, uma troca tão rápida de olhares quanto o ritmo descompassado do meu coração nesse instante, eu estaria feliz. Porque só você tem a destreza de me fazer enxergar a possibilidade dos infinitos imensuráveis dentro de um segundo.

Mais veloz que a luz é o pensamento que o traz até mim, e intacto está o meu desejo de viver quantas vidas me forem permitidas ao seu lado.

Eu fico aqui num impasse: Não sei se me dou pra você ou se te roubo pra mim. Eu penso no teu sorriso e nos teus olhos intensos e minha alma começa a cantarolar baixinho, feliz da vida. Não sei você, mas eu fico aqui traçando mil estratégias de ter mais perto - colado, grudado, abraçado, embolado comigo - entre luzes e penumbras, me embalando nos teus braços e me tocando a nuca desnuda. Te trago comigo para o chão, olho para o céu e faço pedidos: Quero aqui, quero hoje, quero mais e quero sempre. Que seja. Que brilhe. Que ame! Eu gosto dessas namoradices. Te sou e te sinto, e não sei quando e nem onde, mas um dia te levo comigo. Ou caminho contigo. A gente decide. Mas fica. Me beija. Te beijo. Me descabela e me amassa. Me tenta, que eu gosto. Me segura a mão e não solta jamais. Cola sua alma na minha e faz delas uma só. Me deixa retribuir. Agradecer. Cuidar. De você. De nós. Desse começo de amor tão bonito. Desse teu sorriso que brilha feito estrela-guia no meu céu infinito. Me preenche os dias e colore a vida. E minha gratidão lhe servirá como a rocha que edifica, como o farol que abre caminho na escuridão. Sou tua. Para sempre.

Aí um dia, depois de viver e reviver o inferno em suas várias faces e sorrisos traiçoeiros - sem pudor algum ou qualquer salvação - acordei no paraíso. Despertei com o doce som da chuva tocando a vidraça; os braços dele me envolviam com ternura, e a temperatura de seu corpo era quente. O peito desnudo agora se fazia abrigo, e seu coração era meu lar. Ele, que havia me presenteado com seu sorriso pacífico, tinha nos lábios o bálsamo que me curava as dores e feridas da alma, e no cheiro inebriante que lhe saltava a pele canelada e invadia o ambiente, eu encontrei a calma que tanto ansiei. As camadas silenciosas que tentavam se impetrar na passagem de meus dias foram quebradas no rompante timbre de sua voz, ainda rouca e muito gentil, e mesmo no abismo mudo dentre as bases estruturais do quarto, uma música suave passou a me acompanhar. Não me contive e cantarolei baixinho, quase sussurrando e, apesar de ainda observá-lo esperando que tivesse voltando a dormir, ele sorriu. E, ainda que existisse algo mais para ser dito, nossos lábios apenas se encontraram. Outro suspiro e um carinho azedo; gentilezas compreendidas em trocas de olhares e dedos cruzados. Se alguém me concedesse três míseros desejos naquele momento, é certo que eu os utilizaria com ele: Que seja, que permaneça, e que nunca se finde. Aquele era apenas o início de um dia realmente memorável. Como eu disse, o dia em que eu, simplesmente, acordei no paraíso.

Preferiu aportar junto ao cais da segurança. Apesar dos quereres, ainda que o instinto lhe mostrasse que não era aquela a sensação que preencheria a vazia passagem dos dias, optou pelo ócio da tranquilidade. Entre todas as chances que a vida havia lhe ofertado, escolheu ser ausência. Escolheu ser a falta do brilho no olhar, a dura rocha que se faz inabalável. Esqueceu-se, porém, que o espírito nem sempre obedece às vontades da carne. Sua alma contrária à consciência racional, fazia morada no silêncio da noite, e visitava o lar - no coração do outro - em segredo. Naquele momento, preferiu ancorar, mas não haveria mais tantas voltas nos ponteiros do relógio até que a ressaca lhe inundasse o convés do coração. Era navio de sentimentos submergido nas águas profundas da ilusão; abrigo de memórias vividas e vindouras, palco de histórias contadas com desapego à razão.

Os dias foram passando sem que eu pudesse deixar de observar aquele rapaz sempre vestido de forma despojada em seu lugar habitual, e minha tendência a admirar sua habilidade com as palavras era aumentar. O tempo que passei ali era ainda muito pequeno, mas o suficiente para tomar algumas conclusões sobre ele. A primeira foi sobre seu semblante misterioso. Não passava de mais uma de suas facetas. O rapaz sabia muito bem como persuadir os quereres alheios com seu olhar ambíguo, profundo e franzido. O que mais no mundo poderia ser ao mesmo tempo implacável e gentil? Era um personagem manipulado, escrito em primeira pessoa do singular. É, singular. Aquela era outra conclusão. O rapaz cuja pele remete à clichê comparação com o pecado, seria ímpar e incompatível com o restante do mundo, se não fosse por um aliás - era o único que se parecia comigo. Desde o modo peculiar de como analisava à todos tentando descobrir seus passos vitalícios durante uma conversa banal, até a maneira como manuseava o papel em cujo os dedos deslizavam com tanta destreza. A última, e não menos importante, não era exatamente uma conclusão, mas julguei por fator basilar de seu isolamento: A ardência da garganta ao se encontrar com as repetidas doses de álcool e outro ingrediente qualquer era sempre sucumbida pela dor da ferida que trazia no coração. E nisso ele também se parecia comigo. Notei, entretanto, que naquele dia o caderno velho não mais o acompanhava, mas sim um novo e polido caderno em branco. Pensei cá com meus botões: Seria um novo ciclo? Um novo começo? Teria ele abandonado as melancólicas páginas amarelas para dar início a uma nova estória? Me contive mais uma vez, e engoli em seco quando ele levantou o olhar em minha direção e sorriu. Percebi que ele continuava a ser uma incógnita. A final de contas, ele lia pensamentos? Senti meu rosto corar e me levantei. Enchi de ar meus pulmões e tentei controlar a pulsação enquanto, finalmente, decidi caminhar em sua direção.

Acordou, mas manteve os olhos fechados. Queria curtir o laço dos braços que a envolviam mais um pouquinho. Sentiu os pés quentinhos dele nos dela, e as pernas entrelaçadas brincando de ser um só. Ele a envolvia como se quisesse protegê-la dos males do mundo, e ela se deixava envolver porque se sentia segura no abraço dele. O toque era, por vezes, suave. Outrora, voraz. Uma miscelânea adorável de virtudes em pele e cor. Abriu os olhos devagar, e o fitou por alguns segundos, até que a profundeza dos olhos dele a invadissem. Seu corpo estremecia quando ele a olhava daquele jeito... mas ela adorava a sensação. Estava entregue. Fechou os olhos novamente, e deixou que os lábios dele encontrassem os seus. Sentiu-se em paz. Os ventos estavam, por fim, soprando a favor de sua felicidade - pensou. E tratou de parar de pensar logo depois, quando os dedos dele entraram em um atrito sem pudor com sua pele. (...)

Um assovio lá fora e um tic-tac incessante. Eu ouvi o choro do vento e a reclamação do tempo, prestes a me dizer o quão cansado estava das minhas indagações. Uma luz baixa invadia o quarto pela fresta da cortina, mas não me agradava. Eu precisava do negro, para me misturar e me esconder um pouco. Eis que então, no começo do que era pra ser fim, gentilezas foram trocadas no escuro. A noite que era pra ser breu ganhou luz e poesia. Tentei ranger os dentes e segurar, mas o sorriso saltou lábios à fora. Calmaria e um bom capuccino para ouvir a melodia da chuva, suave e amiga. Acalentou a alma e adormeceu o vento. E o tempo, que não parou, pareceu bem humorado. Noite virou dia antes que se pudesse perceber, e a vontade de me esconder do mundo, também.

Era admirável a forma como o rapaz brincava com as palavras. Estava sentado à soleira da porta, pés descalços, cabelo desarrumado, camisa azul-claro desabotoada e mangas arregaçadas. Tinha em mãos um velho caderno, já maltratado pelo tempo (devia ter apenas umas poucas folhas em branco, mas ele não parecia se importar), que um dia esqueceu ali e não me acanhei em bisbilhotar. Oscilava entre escritas suaves e doses de rum engolidas com maestria. Sua garganta não parecia queimar, ou talvez por queimar, é que os goles se estreitavam em curtos lapsos. Eu o observava sempre de longe, desde que o havia descoberto. Seu semblante era uma incógnita, parecia esconder a volúpia que não lhe saltava a boca, mas se desenhava no atrito entre grafite e papel. Esboçava orações soltas que independiam de pautas, e depois as unia, dando-lhes um sentido escondido entre quereres e saudades. Sentia vontade de convidá-lo para jantar, e, no momento oportuno, indagá-lo sobre sua vida, sobre seus medos e receios, sobre porque sempre enchia a cara de rum ou qualquer bebida quente para, enfim, deixar seus sentimentos agarrarem o papel. Contive o desejo, talvez por um tempo, de me aproximar. Ele sabia que eu o fitava de longe, porque por vezes me encarava com cara de paisagem e sorriso desnudo, e eu quase podia ouvi-lo me chamar para sentar ali, e fazer-lhe companhia. Quem sabe, num fim de tarde qualquer... Gosto da ideia da luz se ausentando no crepúsculo e da temperatura caindo ao chegar da noite. De uma madrugada de gestos e palavras trocadas com fidelidade recíproca. Gentileza que gera gentileza. Por ora, apenas o observo com um imenso sentimento de bem querer, mas se me aproximar... ah! Se chegar mais perto... Pego o caderno empoeirado que ele tem nas mãos e lhe escrevo: "Sorria mais, e sempre. É lindo de se ver. Você me devolveu sorrisos e palavras. Continue a escrever, também. É ainda mais bonito. P.s.: Minha gratidão.". Depois o deixo decidir o que fazer. Mas agora, continuo apenas a contemplá-lo e pensar... É belo! (...)

É, o tempo realmente passou. Não tão depressa como eu implorei algumas vezes, mas antes tarde do que nunca, não é? Hoje vejo que não poderia ter sido de outra forma. Todas as lágrimas derramadas eram necessárias, porque é essa a maneira que meu corpo encontrou de expelir minhas fraquezas. Então, meu choro me fez mais forte - ou menos fraca, sei lá. Olho para trás e um sorriso torto me salta os lábios involuntariamente. Vejo o passado e não sinto mais vontade de poder voltar no tempo, não. Se voltasse, nada mudaria. Nasci em um dia de chuva de verão, e, tendo os fatores meteorológicos influenciado ou não, me fiz assim também. Tempestade. Aprendi a abrandar e respingar, mas nunca cessar. Seria realmente complicado pra quem não aprecia a melancolia dos pingos de amor que caem do céu em forma de água fria, permanecer. Muitos dias e noites já se foram, e muitos ainda passarão até que todos os pesos e contrapesos entrem em total equilíbrio, mas não me sinto à vontade para reclamar. Estou de bem. Com a vida. Com o mundo. Com o tempo e o destino. Comigo.

Era filha da tempestade. Arredia, intransigente, teimosa, austera, obstinada e cheia de caprichos. Seu próprio pensamento, por vezes, a assustava. Carregava seu mundo nas costas, e não admitia que fosse invadido, pois era também egoísta e não sabia (e nem queria) compartilhar seus amores. Gostava da noite, de se deixar chover no âmago silêncio do escuro. Mas não por via de regra. Trovejava e relampeava, estremecia e se derramava a qualquer momento, e por qualquer motivo. Sua chuva de sentimentos inundava suas relações, e por vezes transbordava sua laguna mente inconstante, arrastando suas barreiras estruturais e desolando seu coração desobediente. Era ventania; profunda e uivante. Era orvalho; chuvisco molhando a lenha cortada, borrisco fazendo brotar a semente plantada. Era nuvem negra carregada (de emoções, de palavras, de fantasia, de amor) solitária no céu estrelado; era a casa do gigante irritado, a imensidão cinzenta dos dias nublados. Mas ainda assim, conseguia serenar por vezes, em hipóteses (sempre) inesperadas, e na beleza de uma nova manhã, permitia o nascer da luz. Era filha da tempestade, mas era preciso abrandar para que pudesse nascer o sol. O calor. O vapor. E carregar-se novamente. Nem sempre era quando desejava, mas talvez fosse essa a sua jornada. Sua sina predestinada. O caminho certo a seguir.

Nem sempre a gente cai e logo em seguida consegue se levantar. Há quedas que provocam ferimentos realmente dolorosos... É diante dessas situações que testamos nossa capacidade de resiliência. De superação.
Imagine-se ferido em meio ao fogo cruzado. Seu instinto natural vai te obrigar a ignorar a dor e seguir em frente, até alcançar um lugar seguro. Em paz, no silêncio do beco escuro, o sangue pulsando em borbulhas por suas veias começa a esfriar. A dor nesse momento é intensa.
A pior parte é que você não sabe se agradece por estar viva, ou contesta chorando o motivo de você estar naquele lugar, naquele dia, no exato segundo em que tudo começou. Você se pergunta se é capaz de suportar tanto sofrimento, se será possível vencer a dimensão profana do mar de sangue que lhe colocou em uma redoma.
É preciso respirar. Encher de vida seus pulmões franzinos e fadigados após tanto correr. Talvez seja válido também, contar até dez. Ou até cem. Você é obrigada a tentar assimilar os últimos acontecimentos e pensar nas hipóteses mais plausíveis. Não importa quanto tempo leve até que se sinta pronta, porque quando você sair das sombras, talvez perceba que ele é seu aliado.
Um último murmúrio, invocando a proteção do divino. Então você se levanta, firma os pés doloridos no chão, ignora a ardência das feridas, e volta a caminhar. Um passo de cada vez, não vai abusar.
Em meio ao caos, você percebe que renasceu. Do teu suor sagrado se dá conta que se resignou. E do sangue que do teu corpo foi derramado é que se fez o teu escudo. Você não se tornou inabalável, não. Mas venceu a tua própria fraqueza. Ultrapassou teus próprios limites e, olha só, você está viva! Está inteira, apesar das dores. Levanta e segue. Teu infinito te espera.

"...lábios maquiavélicos, pintados em tonalidade rubra em uma estratagema suplicante, pela ânsia de selarem-se aos daquele indivíduo que fazia seus sangrento coração pulsar em um ritmo frenético. Era como se dissessem: "Venha para mim..." E nem precisavam abrir-se para tal. O toque venenoso logo o embriagaria, e seu antídoto seria atrelar sua vida à dela, para sempre."

"Então em meus olhos você irá perceber a melancólica incerteza que habita minha alma. Verá que são inconstantes - fiéis aos meus sentimentos profundos - e portadores da mensagem que carrego feita em nó na garganta, mas que insisto em calar. Neles, encontrará o caminho para conhecer o âmago do corpo que habito, em suas emoções tolas. E se quiser chegar a invadi-los, tome cuidado: Talvez sua escuridão não permita que retorne ao lugar vindouro."

O privilégio da existência é justo em seu conceito: Se você pensou, você existe. Isso nada tem relação com verbalizar (cometer a ação, viver, em sentido mais estrito). O ócio habita não só a carne, mas a alma de muitos por aí. Ver a vida passar anulando-se do resto do mundo não gerará o crescimento necessário. Então, em outras palavras, mova-se. Um passo adiante e você não estará mais no mesmo lugar. Comece por si, e torne-se capaz de transformar o mundo - e essa sua existência (ainda) fadigada.

Eu gosto de sentir assim: Alma tranquila, mente em paz e coração batendo em ritmo acelerado, mas dentro do compasso. Aprecio essa sensação de plenitude que se instalou dentro de mim há algum tempo. Talvez seja esse o motivo: O tempo. Não posso dizer que passou rápido, mas passou exatamente com a velocidade que tinha que passar. Trouxe experiências que me fizeram chorar, outras que me fizeram sentir vontade de sair enfiando a mão na cara de gente que devia nascer muda em prol do bem da humanidade, mas, dentre estas, outras tantas me fizeram feliz, que - hoje - me sobra olhar para trás e sorrir. Só rir. Da vida e para a vida. No meu interior existe a crença em um bem maior que sempre me guiou: O amor. Eu tive motivos para desconfiar das pessoas, das coisas... mas nunca do bem que o amor verdadeiro pode fazer. Eu peço à Luz que me guia que nunca me deixe perder a fé nesse sentimento que move montanhas, que cura feridas e ameniza todo tipo de dor. Que ele seja sempre o ponto do partida de todas as minhas atitudes. Que não falte amor! Para mim, e para o mundo.

É que eu aprecio as coisas simples, meu bem. Eu gosto de coisas com significado. Me identifico com aquilo que toca o coração. Livre de tudo o que é negativo, eu penso na leveza do sorriso, no beijo sincero, no abraço que é morada da alma... Eu posso sentir um milagre acontecendo... Cultivar o amor é como criar novas cores, dar vida ao que está sucumbindo em dor. Eu vejo assim: O amor como a cura para o mundo que padece, como fonte incessante para as enfrentar as coisas que afrontam a vontade que se tem de chegar mais longe, como instrumento de luta contra tudo o que não reluz em meio às trevas do esquecimento. É a renovação, o caminho indolor. O amor é o sopro da vida, sussurrando baixinho: "Permita-se...".

Indômita inconstância. Pétrea austeridade.
Um amável desconsolo de ser.

Por fim, alguém no mundo a entenderia? Haveria algum ser que conseguiria transpassar as teorias à seu respeito? Um desmistificador sem juízo? Talvez um contador de histórias, um criador de sonhos... Existiria dentre as camadas espectrais do universo, alguém tão adoravelmente divergente quanto ela? Diferentemente igual, um singular sem plural... Um viajante enraizado? Ou o dono do maior brilho nos olhos que o planeta já viu... Haveria, para ela, um lugar seguro? Um abraço de urso? Um sorriso paradoxal? Uma história sem final, eu diria...

Entenda: eu não funciono como a maioria. Eu não sei me esconder em meio à multidão, não sei ser discreta e muito menos sair sem ser vista. Não aprendi a ser assim, porque estou aqui de passagem, mas não sem motivos. Não queira lidar comigo como lida com os outros, porque não vai dar certo. Eu não me encaixo nos padrões que você já conhece, e se quiser saber mais sobre mim, terá que se arriscar.