Os Ventos que nos Tira algo que Amamos

Cerca de 41111 frases e pensamentos: Os Ventos que nos Tira algo que Amamos

A vida é a perda lenta de tudo o que amamos.

Aqueles a quem amamos têm todos os direitos sobre nós, até o de deixarem de nos amar.

Amamos as filhas por aquilo que elas são e os filhos por aquilo que prometem vir a ser.

Podemos odiar aqueles que amamos. Os outros são-nos indiferentes.

Facilmente nos deixamos enganar por aquilo que amamos.

A mulher que amamos só poucas vezes satisfaz as nossas necessidades, pelo que lhe somos infiéis com a mulher que não amamos.

Apenas amamos aquilo que não possuímos por completo.

Perdoamos na medida em que amamos.

Amámos e amámos tanto tempo quanto pudemos até que o nosso amor se consumiu nos dois; o nosso casamento morreu quando o prazer se foi; foi o prazer que fez um juramento.

Quando somos amados, não duvidamos de nada. Quando amamos, duvidamos de tudo.

Só amamos verdadeiramente se amarmos sem causa.

De entre os seres humanos, apenas conhecemos completamente a existência daqueles a quem amamos.

Passamos a vida a mentir, até, sobretudo, talvez apenas, àqueles que amamos. Com efeito, somente esses podem pôr em perigo os nossos prazeres e fazer-nos desejar a sua estima.

Somos moldados e guiados pelo que amamos.

Admiramos o mundo através do que amamos.

A distância é como os ventos: apaga as velas e acende as grandes fogueiras.

Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento.

Experimentando a manhã dos galos

... poesias, a poesia é

- é como a boca
dos ventos
na harpa

nuvem
a comer na árvore
vazia que
desfolha a noite

raíz entrando
em orvalhos...

os silêncios sem poro

floresta que oculta
quem aparece
como quem fala
desaparece na boca

cigarra que estoura o
crepúsculo
que a contém

o beijo dos rios
aberto nos campos
espalmando em álacres
os pássaros

- e é livre
como um rumo
nem desconfiado...

Manoel de Barros
BARROS, M. Compêndio para uso dos pássaros. São Paulo: Leya, 2012.

Que eu não esqueça que a subida mais escarpada,
e mais à mercê dos ventos, é sorrir de alegria.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Primavera ao correr da máquina.

...Mais

Paixão deve ser coisa discreta, calada, centrada. Se você começa a espalhar aos sete ventos, crau, dá errado.