Os Velhos Carlos Drummond de Andrade
“Às vezes a vida nos tira quem nós mais amamos, para possamos aprender a dar mais valor a quem nos ama.”
“Uma coisa eu te prometo, te farei feliz do meu jeito. Não te farei sofrer jamais, por que quando eu amo, o meu amor é demais.”
“Eu que tanto amei, tanto gostei, tanto esperei. Eu que um dia tive medo de te perder, de te querer, de te esquecer. Eu que tive tudo, senti muito, fiz de tudo pra te ter. Eu que acabei me pegando aqui novamente, sem você.”
“Nunca deixarei de amar de verdade por causa de relacionamentos em que fui o único a amar. Mas foi preciso passar por esses sofrimentos, pois com eles aprendi que devo conhecer verdadeiramente a quem direciono tanto Amor.”
Desde pequena quando meus pais brigavam eu me trancava no banheiro,e ficava lá no cantinho mais escuro, sentada,esperando a tempestade ir embora. Era assim que eu chamava as brigas deles que aconteciam o tempo todo. Eles não percebiam que a única que mais saia machucada desses “furacões” era eu,por não ter uma família que me enxergasse. E agora que cresci,eu continuo me trancando no banheiro, mas agora já é minha pele que sofre e não meus ouvidos.
Duas coisas do passado nos trazem saudades; a boa música e a boa política, ainds mais quando levamos em conta que a música também é politica e que a boa política também soa igual a música.
Riso
Às vezes nem precisa de motivo
É a tal felicidade que não cabe no peito e transborda
De certo sentir que "de repente do pranto, fez-se o riso"
O descontrole físico que não passa despercebido, cada passo, gesto, berro, é belo aos olhos de quem pode enxergar
O contentamento de ser o que se é, sem nem perceber
A risibilidade volátil existente na linha tênue que é viver
Implacável e maçante para quem não consegue entender que nem todo dia é dia de prantear.
Eu tenho tristezas profundas que ninguém nunca soube, tenho algumas que alguns já souberam e algumas até que diminuíram, fizeram piadas e chacotas. E elas doem, demais até... Mas eu estou sempre tentando fazer as pessoas rirem e sorrirem, assim eu consigo ficar contente e essa foi a forma de conseguir esconder as minhas dores e os meus temores. É por isso que vivo contando piada, rindo e cantarolando por aí e quem sabe um dia, de tanto as esconder, elas acabem sumindo.
Eu queria expor minhas dores, esbravejar as minhas tristezas e deixar claro para todos o quanto estava doendo continuar existindo. Mas eu sabia que ninguém ligaria pra isso, então eu me calei e me isolei. Passei a fingir que minha existência é nula, até que não sobre mais nada por aqui que dê indícios de que um dia eu existi.
Sinto que não faço muita diferença na vida das pessoas, se eu estiver: ok, mas se eu não estiver: tanto faz. Talvez eu só devesse aceitar que vou morrer sozinho, sem amigos, sem um amor... Por que é cansativo esperar que alguém queira ficar. Eu realmente não tenho ninguém...
O problema de ser verdadeiro com o que eu sinto pelas pessoas, é que eu me apego demais a elas... E quando elas me descartam como se não fosse nada, uma parte minha desmorona e se entristece. E o meu choro é silencioso, porque sei que não tenho consolo.
O vazio da alma preenche-se de poesia, aquela que nosso olhar capta perto ou longe, no horizonte ou dentro de outro olhar...
É preciso estar em silêncio.
Não o silêncio de fora —
o de dentro.
Aquele que vem quando a alma
para de se explicar.
Só assim. Só no vazio do ruído
é que as coisas miúdas falam.
E elas — tão pequenas —
são as mais belas.
Porque são as únicas verdadeiras.
A cachoeira escorrendo sobre as pedras,
sem pressa de chegar.
O pássaro tecendo o ninho,
com o mesmo fio do tempo.
A semente rachando o solo,
num instante que ninguém vê.
As coisas pequenas —
essas, sim, sussurram em maiúsculas.
São tímidas, como o amor
quando ainda é um segredo.
Mas belas. Inteiras.
Mas a paixão...
ah, essa berra.
Espetada no peito,
atropela as frases,
rouba o fôlego e o sentido.
E cega.
E ensurdece.
E transforma o outro
num eco do que falta em nós.
O amor não.
O amor é a pausa.
Espera a febre passar.
Senta ao lado.
Não exige.
Olha —
e reconhece.
Só quando tudo se aquieta
é que o coração entrega
sua palavra crua.
Só quem para — de verdade —
ouve, enfim,
o que as bocas nunca disseram.
E então, no silêncio que sobra,
toca o impossível:
ser entendido
sem precisar falar.
Você me pergunta se eu te amo.
Digo que sim.
Você me pergunta o porquê.
Mas a resposta não cabe nas palavras.
Ela mora nos gestos que escapam da boca:
nas panquecas com mel feitas de surpresa,
no silêncio que não coça a garganta,
no erro que você comete
e eu deixo passar como nuvem.
Não por dó —
mas porque o amor é míope (como eu sou)
e prefere enxergar embaçado.
O amor é transcendental.
Ou seja: escapa.
Foge das definições como um gato —
no peitoril da janela,
olha para você, mas não obedece:
é a imprevisibilidade que se deixa ficar.
É um peixe vivo na banheira da alma —
algo inadequado, mas presente.
Ou a sombra de um pássaro:
risca o chão e some antes de você apontar —
pura efemeridade.
É sagrado,
porque é inútil (não serve para nada).
Como um copo d’água na madrugada —
não sacia, só umedece os lábios.
É real,
porque não precisa ser provado.
E é impossível.
Como traduzir o cheiro da chuva
sem nomear a saudade?
Amo você como um espirro —
involuntário,
irreprimível,
rasgo brusco no tecido do dia,
me atravessa sem pedir,
me expulsa de mim.
Amo como o bocejo —
contagioso,
inevitável,
boca aberta pro mistério
que escapa das palavras.
Amo você assim:
sem querer, querendo,
sem saber, sabendo,
como se ama o ar —
que entra e sai
sem pedir licença,
e nem percebemos
até faltar.
Durante os rigores do inverno, a mulher casada vê-se na contingência de buscar consolo em um companheiro que lhe aqueça o coração e o lar, ou, na ausência deste, em uma garrafa de uísque que lhe aplaque a solidão. E como o seu consorte se encontra frequentemente ausente, em viagens distantes, é imperativo que a adega esteja bem abastecida para mitigar as agruras da solidão.
