Os Velhos Carlos Drummond de Andrade
O decote na poesia é o êxtase de qualquer fissura intermamária, e eu não me recordo se ele foi criado no dia em que um poeta ébrio, excitado, avistou, e partiu para transbordar os seus mais reservados juízos; ou se no dia em que a moça dilatou as mamas, fingindo ovulação, para aliciar a sua presa desarmada, que em vez do ato, romantizou a escrita!
Leia, e não tente traduzir nada...
Leia, e exercite a mais ingênua e maliciosa fantasia,
que se refugia dentro de você.
Leia, e pratique o que imaginou!
Tente olhar para o decote, mas não tente saber o que tem além dele...! Isso é Decote Poético, e esse é meu livro!
Decote Poético é uma antologia de obras que fiz ao longo de 40 anos. Versos simples que tratei de misturar entre o lúdico real e a acidez imaginária. Casos que dão vida a estações pessoais, bem como, pulverizam o meu imaginário mais sigiloso!
Até o mais fino brilho muda,
Como o sentimento de um amante,
Assim como muda o superficial,
Até o mais profundo,
Há mudança redundante.
Tenho um filho em outra terra,
Foi um amor sem passaporte,
Quando o suor fecunda o solo,
A semente não pergunta,
Brota e expurga a morte!
Noite sem lua,
Chuva na rua,
A alma insinua,
A cobiça continua,
No leito extenua,
A arte que autua!
Ninguém desvirtua,
O que o lamento situa,
E se nada intua,
Meu sono conceitua!
Não cobice toda a felicidade do Mundo pra si próprio, porque felicidade, nunca diminui quando compartilhada. O êxtase de ser feliz, é exatamente igual ao êxtase de fazer feliz, onde por sinal, nota-se a singularidade da beleza do amor, harmoniosamente inexaurível!
Dica para os homens: se você tem uma companheira ao seu lado e ainda não tem condições de contratar alguém para cuidar dos afazeres domésticos, não se culpe por isso. Hoje em dia é normal economizarmos para outras prioridades. Mas saiba que sua obrigação é ajudá-la o máximo que puder. Compartilhe tais responsabilidades, como por exemplo: lavar os banheiros e a louça suja, passar pano, varrer, colocar as roupas na máquina para lavar e estendê-las no varal, colocar o lixo para fora, etc. Pode ter certeza que se você tirar um dia da sua semana para uma faxina em casal, além da casa ficar limpinha e organizada, vocês se divertirão do início ao fim desta missão!
Compreender o outro não é fazer com que ele caiba no seu entendimento, mas ampliar o seu entendimento de forma a alcançar a real dimensão e complexidade do outro, em individualidade e circunstâncias.
Não são tanto os nossos desejos e habilidades que determinam a nossa trajetória. Antes, há carências e limitações que nos impulsionam na direção contrária do que acreditamos ser incapazes — e tantas vezes somos. Inconscientemente nos afastamos de tudo o que nos causa medo ou desconforto. Alguns limites, com persistência serão superados. Outros não. Existe uma matemática oculta em tudo o que é abstrato, e não importa o quanto nos esforcemos, há caminhos que nunca serão percorridos. De fato, não conheci tantas pessoas que não desejassem ter feito o melhor. Algumas fizeram e mesmo assim falharam. A falha quase nunca foi uma escolha, mas um acontecimento. E ao fim de tudo, somados todos os erros e acertos, aconteceu apenas o que era possível acontecer.
Slow motion heavy metal
Fim de tarde de uma qualquer sexta-feira
Como tantos prenúncios de festa
As pessoas caminham nas ruas sem pressa
O cansaço do trabalho é endorfina
E o sinal vermelho é só alegoria
No rádio, um heavy metal envelhecido 12 anos
Toca suave
E um pedaço de minha vida
O passado imperfeito
Passa perfeito em câmera lenta
Mais que perfeito
Meus fiéis companheiros na odisseia de uma noite
O sorriso vencedor de quando éramos imortais
O direito de viver intensamente
E a ingenuidade suficiente para perder metade de tudo
E tudo era importante
As novas e pequenas grandes coisas
E pequenas grandes causas
As roupas sem grife
Os rostos sem marca
O som ao vivo no barzinho
Cada letra um hino, um manifesto
Cada gesto um pretexto, uma outra intenção
Conquista, afirmação
Entre uma e outra brincadeira de criança
Brincadeira de correr, brincadeira de brincar
Meninos e meninas, a calçada e o violão
A tristeza injustificada
Aliviada em qualquer canção
A vontade maior do que todas as possibilidades
E sempre no fim a força e a alegria
A coragem de quem tinha o futuro como arma
E o futuro era certo e distante
Mas o último era mulher do sapo
E nós crescemos
E o futuro se fez, de causas e canções
E a história se fez, por mãos de aprendiz
O POEMA ERRADO
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Drummond
Vou ao reino das palavras com a tranquilidade de quem trouxe de lá uma ou duas páginas valorosas. São minha permissão. Entro quando quero, extraio as palavras de onde repousam em estado de dicionário, e as acomodo para viagem na forma de poemas perfeitos. Todos se corrompem na passagem, alguns irremediavelmente. É por esse motivo que tantas linhas imprecisas são escritas. Tenho impulsos de retornar ao reino das palavras e vasculhar incansavelmente pelo poema certo. Ele ainda está lá. Mas desse já não tenho a chave, e ninguém mais a poderá ter. Perdeu-se. Olho para o poema embaralhado que possuo, sentenciado à inexistência, e me compadeço do seu destino. Sorrio. A inexistência é uma condenação impossível.
O poema errado
Com a vida diante dos olhos
Escrevi minha história
Manchei os campos com meus passos
Maculei a água com minha sede
Julguei merecer que me sorrissem
Um sorriso puro e ingênuo
Que já não sorri sem tristeza
Fui amado com um amor perfeito
Que hoje tem a marca da minha estupidez
Quisera ter entendido o que é ser humano
O que é ser imperfeito
Quisera ter entendido o propósito de todas as coisas
Segundo o qual nada existe em vão
Não se vive sem culpa
Mas não se existe sem razão
Se em tudo eu tivesse errado
Não choraria por não ter tocado
A flor que deixei morrer no jardim
A flor não temia a morte
A vida era o seu fim
POESIA ( I )
O poeta pinta em palavras
Às vezes vivas
Naturezas mortas
O Poeta esculpe em versos
Às vezes em jardins
Estátuas pálidas
Em pedras nuas
Telas transparentes
Exposta a própria alma
Inepto vivente, louco
Ou nada disso
O Poeta diz o que sente
Inventa o que não sente
Diz o que pensa
E diz sem pensar
Flerta com a sabedoria
E ela às vezes flerta com ele
A inteligência, a lógica, a razão
Em sua magnitude fazem reverência
À simplicidade do poeta
POESIA (II)
O poeta precisa as palavras
Precisas palavras
Vertidas em poesia
Dizem do poeta
O que palavras não podem dizer
O poeta precisa da poesia
Ela é que não precisa do poeta
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