Os Velhos Carlos Drummond de Andrade
Longa Noite
No espelho da vida
revi mil rostos,
velhos, cansados, perdidos
em passados distantes.
Em meu espanto,
percebi também
quem fui,
pois na luz
que refletia
finalmente eu vi
o tempo que passara.
rápido, implacável, irônico.
pedaços de mim
formavam outras fisionomias
que não eram mais
como um dia foram.
E, em minha mente
lutei por descobrir
vestígios de outrora.
em vão!
Eu não tenho velhos tempos, sou muito nova. Pra mim tudo começou e terminou ontem.
Às vezes, as estrelas alinham-se para dois velhos amores ficarem juntos. Mas, às vezes elas alinham-se para duas velhas chamas queimarem. Está imaginando o que a noite está nos reservando, amor ou fogos de artifício?
Velhos ditados populares: não chore pelo leite derramado, pela meia rasgada, pelo cadarço enrolado, pela cadeira quebrada, pela coberta que não ajudou no frio, pela comida que ainda falta em sua mesa, enfim, não perca seu tempo chorando por isso, meu amigo, e sim perca seu tempo tentando ajeitar essa situação, amenizando os seus danos...
Super-Heróis
Preciso de novas amizades, novos amigos e velhos momentos de alegria.
É tristemente incrivel como a gente se torna menos humano quando crescemos.
Dos melhores amigos que tive até hoje, das amizades mais divertidas, dos momentos mais marcantes e das doces lembranças,
praticamente todas estão por de trás de meus ombros, é preciso olhar para o passado para resgatar tais momentos.
A risada era mais solta, as brincadeiras mais intuitivas e animadas, o valor da presença dos amigos era mais reconhecida, a gente se sentia mais leve e despreocupado ao lado dos 'amiguinhos', até as brigas eram divertidas de certo ponto, brigavamos por pouco e por menos ainda já estavamos de bem novamente. A noite chegava tão de pressa, os 'findis' eram tão curtos e marcantes, os amigos sabiam da nossa vida, conheciam nossa familia, conversavam mais com a gente e nós com eles, dividiamos nossas vidas, tudo era motivo de risos e deboches até.
Me pergunto, por que deixamos de ser assim, de ser mais verdadeiros, parece que o tempo vai passando e nos moldando para sermos infelizes, chatos, orgulhosos, mesquinhos e idiotas, sim, idiotas. Deve ser porque com o passar dos anos, aprendemos o que é traição, o que a mentira, a inveja e o orgulho causam. Deve ser porque queremos ser adultos o quanto antes, aprendemos que o melhor é ser o melhor, melhor que o outro em tudo. Temos que ser adultos, responsáveis e pior que tudo, achamos que somos indepentendes de pais, da familia, dos amigos e de Deus.
Quando crianças, brincamos de super-heróis, sem medo, sem vergonha, inventamos falas, situações onde o super-herói entra em cena e salva a todos. Onde existe apenas otimismo e a certeza de que o nosso super-herói irá vencer de qualquer forma. Quando crescemos queremos ser o super-herói, achamos que somos invencíveis, que vamos dominar o mundo, que chorar é para os fracos, que se alguém falar atravessado temos que dar umas 'porradas'. Por sermos super-heróis, todos devem implorar atenção e nos dar toda a sua atenção, que sempre somos mais fortes, mais lindos, mais 'pegadores', mais bem sucedidos, o mais, mais, mais... em tudo o tempo todo.
Temos mesmo que matar a criança dentro de nós? Temos mesmo que deixar que tudo seja superficial? Pare agora, relembre e responda. Quantos amigos você tinha quando era criança? Com quantas outras crianças você brincava, se divertida? Quantas lembranças você tem desta época, e de pessoas que talves você nunca mais tenha visto? E hoje? Quem esta ao seu lado quando você precisa? E quando é para ir em uma festa? Quantos estão lá? Quantos lhe trairam a confiança? Quantos lhe juraram amizade eterna e, hoje passam por você e não olham em seu rosto?
Não dividimos mais nossas histórias, nem com amigos, nem com a familia e nem com Deus. Não damos mais valor as pessoas, e sim ao que elas tem. Não falamos mais que gostamos, não nos deixamos ser conquistados. Nos achamos super-heróis, nos achamos melhores, e o que isto importa quando o mundo desaba aos seus pés? Quanto custa um abraço? Onde compra-se um sorisso? Onde moram os amigos? Para que serve o amor?
Onde está aquela criança sonhadora que não tinha vergonha de abraçar o amigo, que não estava nem ai para o que pensavam dela, de suas brincadeiras? Onde esta aquela criança que se reunia com as outras para inventar o que fazer, dando a minha para o tamanho da casa ou a roupa que seus amigos vestiam? Afinal, onde esta aquela criança que você era? Quem é você agora? Seus dias precisam daquela criança, para serem mais azuis.
“Ergamos um brinde aos amigos ausentes, amores perdidos, velhos deuses e à Estação das Brumas, e que cada um de nós sempre conceda ao diabo o que lhe é merecido”.
Gostaria que pudéssemos voltar no tempo, para os bons e velhos tempos
Quando nossa mãe cantava para dormirmos, mas agora estamos estressados
Velha madeira para queimar, velho vinho para beber, velhos amigos para confiar e velhos livros para ler.
Uma das principais missões da igreja Católica é fazer que não se cometam os mesmos velhos erros... e que, ainda no futuro, possam continuamente cair em armadilhas (heresias). Dogmaticamente defende o gênero humano de seus piores inimigos, ... que são os antigos erros.
Não dá para viver sem um truque. A noite, enquanto espera o sono, esboce novos planos que lhe tragam, se não a glória, pelo menos o suficiente para continuar a fazer novos planos para um amanhã. Pode ser um amanhã simples, modesto, que seja apenas um amanhã.
– Você está apaixonado, - murmurou ele emocionado, dando um tapinha nas minhas costas. – Coitadinho!
Toda religião organizada, com raras exceções, tem como pilar básico a sujeição, a repressão e a anulação da mulher no grupo. A mulher deve aceitar o papel de presença etérea, passiva e maternal, nunca autoridade ou independência, ou terá que pagar as conseqüências. Pode ter seu lugar de honra entre os símbolos, mas não na hierarquia. A religião e a guerra são negócios masculinos. E, em todo caso, a mulher acaba sempre por se converter em cúmplice e executora de sua própria sujeição.
SONETO
O quanto perco em luz conquisto em sombra.
E é de recusa ao sol que me sustento.
Às estrelas, prefiro o que se esconde
Nos crepúsculos graves dos conventos.
Humildemente envolvo-me na sombra
que veste, à noite, os cegos monumentos
isolados nas praças esquecidas
e vazios de luz e movimento.
Não sei se entendes: em teus olhos nasce
a noite côncava e profunda, enquanto
clara manhã revive em tua face.
Daí amar teus olhos mais que o corpo
com esse escuro e amargo desespero
com que haverei de amar depois de morto.