Odio que Virou Amor
A coragem não me foi inata, foi escolhida, escolho-a todo dia, em passos curtos, a escolha virou estilo.
O que tentei esconder virou força para mostrar, transformei vulnerabilidade em alavanca, hoje exponho o que me fez inteiro.
Gastei noites em prantos e dias em ação, a urgência virou disciplina, a disciplina produz liberdade.
O desprezo alheio virou combustível discreto, usei-o para polir minha determinação, hoje ele alimenta minha calma.
A miséria de ontem virou subsídio, reapliquei o que aprendi em valor, meu capital é a lição aplicada.
O silêncio do fracasso virou silêncio do triunfo, o som mudou, mas o rigor permaneceu, sigo com o mesmo trabalho, outro fruto.
A esperança virou plano de ação, cada esperança ganhou etapas práticas, assim o sonho virou tarefa cumprida.
Perdi tudo e ganhei a mim mesmo, no vazio reencontrei o essencial, perda virou retorno para o que importa, ganhei liberdade e rosto próprio.
Na solidão fui encontro comigo mesmo, conheci medos e passos que me guiam hoje, a solidão virou mapa para andar sozinho, assim encontrei força no meu próprio passo.
No deserto, o conforto virou dor, eo silêncio me acusava sem piedade. O frio do esquecimento quase apagou meu nome… Até que ouvi a voz do Pastor chamando por mim.
A compaixão virou um alvo fácil em um campo de batalha onde cada um luta apenas pela sua sobrevivência.
Minha alma já quebrou tantas vezes que virou vitral, fragmentos coloridos, montados com fé, iluminam quem chega perto.
Ontem foi um dia triste mas luminoso, minha tia e madrinha Edylla, virou mais uma estrelinha no céu do RJ, aos 96 anos, foi se juntar na eternidade a nossa constelação materna familiar. Enfim, descanse em paz, querida madrinha.
“Quem sou Eu para dizer a minha princesa que ela virou um dragão, antes de conhecê-la Eu era um sapo”.
