O Valor do ser Humano Rubem Alves

A vida é pobre demais para não ser também imortal.

A vida é uma coisa muito complicada. E toda a questão de ser ou de não ser consiste em encontrar-se nesta confusão.

Qualquer pessoa pode ser modificada para melhor, se ela assim se propuser.

Mergulha, sem limites, no espanto e na estupefacção; deste modo podes ser sem limites, assim podes ser infinitamente.

A realidade é que nós tomamos para ser verdade.
O que assumimos como verdade é o que acreditamos.
O que nós acreditamos é baseado em nossas percepções.
O que percebemos depende do que buscamos.
O que procuramos depende do que pensamos.
O que pensamos depende do que percebemos.
O que percebemos determina o que nós acreditamos.
O que nós acreditamos determina o que fazer para ser verdade.
O que fazer para ser verdade é a nossa realidade.

Não existe prazer que não diminua ao ser conhecido.

Pois bem, que é que o autor coloca nos seus livros? O que ele não é e gostaria de ser, como nos sonhos. Os livros são desejos recalcados, atos falhos.

Preferia ser o primeiro nesta aldeia do que o segundo em Roma.

O papel do marido atraiçoado continuará a ser ridículo até o dia em que a sociedade reconhecer que a honra é uma propriedade como qualquer outra, e que, roubado esse património, o desprezo, como punição do delito, deve cair não no que sofre, mas sim no que perpetrou o roubo.

O desejo transforma o ser de que nos aproximamos num monstro que não se parece com ele.

Mais vale ser-se parvo do que morto.

Muitos compositores de nossa época pretendem ser modernos, sem possuir o dom da originalidade. E não compreendem que todo artista original é moderno por força.

Ao analisar os fatos históricos, evita ser profundo, pois muitas vezes as causas são bastante superficiais.

Um homem bom pode ser pouco inteligente. Mas é imprescindível que um homem mau tenha a cabeça funcionando muito bem.

Não há amor da parte de um ser sem liberdade. Ao que ele chama o seu amor é à paixão dessa liberdade.

Uma vez que estes mistérios nos ultrapassam, finjamos ser os seus organizadores.

Quem tenta convencer uma multidão de que ela não está a ser tão bem governada como deveria ser, nunca deixará de ter ouvintes atentos e favoráveis.

Nada que valha alguma coisa pode vir de um ser desunido.

É simples: se Deus existe, eu serei a primeira a ser informada.

Posso nunca ter sido (...), por conseguinte não sou um ser necessário.