O Sol e o Vento

Ao sol do verão
o sorvete se derrete.
Namoro desfeito.

Cuidado com quem fixa os olhos no sol e não espirra.

Girassol na tarde
se curva em reverência:
o sol se vai.

Queremos um lugar ao sol - é normal, meu rapaz; então faz o sol em vez de tentar ganhar o lugar.

sol e margaridas
conversa clara
na janela da sala

Voa bem-te-vi,
enquanto o sol é promessa
e eu tenho as janelas.

Quimonos secando
ao sol. Oh, aquela manguinha
da criança morta!

Olhar felino
perfil egípcio
apanha sol

A felicidade é como o sol, e a sombra tem de ser, para que o ser humano se sinta bem.

No perfume das flores de ameixa,
O sol de súbito surge -
Ah, o caminho da montanha!

Sê alegre apenas depois de dares a volta à vida toda. E regressares então a uma flor, ao sol num muro, a um verme no chão. A profunda alegria não é a do começo mas a do fim.

Nada Fica

Nada fica de nada. Nada somos.
Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos
Da irrespirável treva que nos pese
Da humilde terra imposta,
Cadáveres adiados que procriam.

Leis feitas, estátuas vistas, odes findas —
Tudo tem cova sua. Se nós, carnes
A que um íntimo sol dá sangue, temos
Poente, por que não elas?
Somos contos contando contos, nada.

O sol se põe
Sobre o riozinho sujo -
Ah, infância!

sob o sol se pondo
como alfinete no lago
descansa a garça

Na órbita mágica
da translação, o sol faz
e desfaz verão.

O senso comum diz-nos que a terra é imóvel, que o sol gira à sua volta e que os homens que vivem nos antípodas andam de cabeça para baixo.

o sol faz o que deve
nasce no Japão
morre em Porto Alegre

Meninada ao sol.
Sorvetes se derretendo.
Mar - pingos mais doce.

meio dia
dormem ao sol
menino e melancias

A estrela cadente
teima, se enrosca, se queima.
Quer o sol nascente.