O Poeta e a poesia
Jogam minhas cinzas no mar.
Não dá tempo nem de acenar.
Não volto nunca mais. Digo sim, digo não.
Entro em extinção. Sem nada nas mãos, com peso nas costas.
Sempre vou lembrar de você enquanto eu respirar.
Difícil de Responder
Algo que é difícil de entender
É compreender o porquê
Saber que podemos morrer
Sem saber como viver.
O difícil é continuar
E pensar sobre o porquê
A demora para acabar
Tantas vida a perder.
Será difícil de aceitar
E de responder o porquê
Basta apenas recomeçar
Com um motivo para viver
Sentimentos Atômicos
Ouço assobios vindo do céu
E vejo clarões aterrorizantes
Sinto a terra tremer meus pés
Pressinto o fim a cada instante
Ouço um choro constante
E vejo pessoas desalojadas
Procurando por onde se esconder
Dessa guerra que não acaba
Ouço outro estrondo alarmante
Que veio de uma cidade muito distante
Eu vi, o que já tinha sido visto antes
Ouvi a voz de um pequeno garoto
E o grito de um homem gordo
Eu vi as consequências trazidas
Que é vivenciada até hoje em dia.
VISITA
A triste Morte, no final do dia,
veio tentar tirar-me deste mundo...
Pedi a ela só mais um segundo
para encerrar a última poesia.
Ela aceitou, com desprezo profundo,
e ficou lendo os versos que eu fazia,
notei, então, centelhas de alegria
a transformar seu rosto moribundo.
E ela entendeu: como levar-me embora,
se a minha essência estava eternizada
nas tantas rimas e versos que eu fiz?
Então, jurando voltar outra hora,
Pediu-me uns versos para ler na estrada,
deu-me um sorriso e lá se foi, feliz...
MINHA OUTRA METADE
Você veio como chuva de verão;
Me surpreendeu, encheu meus olhos de lágrimas e encharcou o meu coração de amor. De repente você foi crescendo...
E o berço já não mais lhe coube. Mas nos meus braços você ainda cabe. Assim como Deus tirou Eva da costela de Adão; você foi tirado de mim: minha outra metade. Como água; você ocupa cada espaço daqui de casa, e vai ocupando do meu peito também. Quando vejo já é noite, e você está dormindo. Nem parece aquela criança agitada de durante o dia. Você é o sonho de Deus, e eu passei a sonha-lo também.
Enquanto o mundo está se acabando lá fora, você dorme como se nada estivesse acontecendo.
Você foi crescendo e o tempo da vida foi tirando você de mim. Logo ficarei velha e voltarei a ser uma criança como tu também. E você cuidará de mim. O tempo é danado: a cada dia vai esculpindo na minha faça rugas, deixando meu cabelo da cor das nuvens. Meus olhos um dia já não mais verá você tão bem. Mas imaginarei teu sorriso gostoso sem nenhum dente...
Eu sentirei teu toque, teu cheiro, o cheiro da minha criança linda. Quero sempre ter meu rosto molhado com teu beijo...
Canais
Canais são pequenos caminhos de vida
Eles levam e trazem as marés
E depositam nossos sonhos nos rios
Eles são como veias distribuídas
Por todo o corpo desta cidade
Que embora intensa, moderna,
Urbanizada (e civilizada),
Ainda se conecta de muitas formas
Com a natureza,
Com os rios e com seus cursos.
Canais são isso; conexões com o fluxo do
Tâmisa, pequenos fragmentos de uma
Imensidão sem fim, a desaguar no mar.
Também somos canais.
Pequenos fragmentos
Fôlegos de vida levando o que deve ficar
Para trás e trazendo esperanças
Somos canais de amor.
Precisamos desaguar
Este afeto, este desejo de mudança
Para o mundo neste imenso rio
Que flui sob as nuvens de anseios
Aguardando por desaguarem abraços e choverem reencontros.
Marcha fúnebre
Quem será o responsável
Pelo meu olhar acabrunhado?
Quem carregará
O fardo de puxar o gatilho?
Quem vai embalsamar
O meu corpo para a hora da partida?
Quem trará uma lágrima,
Ao menos uma, para o meu funeral?
Quem?
Eu, que guardei tantas dores,
Acumulei desilusões
E chorei tantos dissabores,
Agora sei rir sem motivo aparente.
Tudo que sofri acabou com apenas um toque.
Vi que toda névoa se dissipou
E agora tudo faz sentido.
Descrição do óbvio,
Louvo com satisfação,
Nota violenta,
Ouvida na desolação.
Vivida a devida dissertação.
Kathlyn e o Vestido Violeta,
Vagando sonolenta,
Com suas botas de carmim.
Passeando em marcha lenta,
Envolvida em cetim.
Kathlyn e o Vestido Violeta
As roseiras mais grosseiras,
Podem habituar-se ao afável
Chamego da cerração.
Projetando uma admirável
Imagem arteira,
Refletindo luz ultravioleta
Em sua pigmentação.
Kathlyn e o Vestido Violeta,
Vagando sonolenta,
Com suas botas de carmim.
Descrição do óbvio,
Louvo com satisfação,
Nota violenta,
Ouvida na desolação.
Vivida a devida dissertação.
Kathlyn e o Vestido Violeta,
Passeando em marcha lenta.
Envolvida em cetim.
Uma boneca de cera,
A maciez do algodão,
A Bela como Fera,
Auferida em sua coleção.
Kathlyn e o Vestido Violeta,
Vagando sonolenta,
Com suas botas de carmim.
Passeando em marcha lenta,
Envolvida em cetim.
Numa noite friorenta,
Ao som da invernada,
Na relva estrelada,
Devaneios são assim...
Uma casa vazia
Uma casa vazia
Uma casa vazia
Uma casa vazia
Uma casa vazia
Uma casa vazia
Não me acompanha
O eco sussurra
Sobre Mãinha escrevi: SOMOS UM
Meu olhar é o dela.
Meu cabelo crespo é o dela.
Meus lábios carnudos é o dela.
Até meu sorriso!
A cor da pele é dela.
O nariz esparramado é
o dela.
O rosto, é o dela.
Se tivermos distantes, a alma não se desconecta;
Somos uma alma, só dividida em dos corpos.
Nem a morte pode nos separar.
Pois até depois de mortos, a vida faz questão de nos juntar.
Somos a beleza do continente africano;
Eu sou seu poeta,
E ela, meu poema que declamo.
Mãe é um pedaço de Deus:
Porque é uma vida que gera outra vida!
Fragmentos do meu livro: Dom Amaro.
CIDADES IRMÃS
Vou subindo as ladeiras
Em Olinda, parte alta
Lá no fundo, bem pequena
Recife aos olhos salta
Cidades que são irmãs
Do amor são as maças
Que todo poeta exalta
É o amor que me conduz, força linda poderosa que toma conta de tudo, água tranquila serena, espelho que reflete o rosto encantado por ser tão belo esse sentimento.
O amor muda tudo, deixa tudo mais cheio de luz e de cor.
Então caro poeta, deixa-te envolver por essas profundas águas, que te levaram ao paraíso, e escreve-as em teus lindos poemas, tuas linhas sagradas, como só tu sabes fazer.
Eu aprendi, que todos merecem respeito. Até mesmo aqueles que nos desrespeitam, esses (mais que qualquer outro) merecem o nosso respeito.
Carlos Silva.
Indiana, ela é
Indiana Nayana, vossa é.
Da Índia ela é.
Seu criador a fez linda,
da cabeça aos pés.
Pele caramelo, cabelos de tâmara com ondas.
Destaque para os olhos, de cor âmbar.
Move-se ao dengo e graça,
maravilhando qualquer um que passa.
A mais bela ela é.
A mais magnífica indiana sim, ela é.
Canela, páprica, seda e mel.
A mais preciosa especiaria de sua vó, Cléo.
Amando...
Curta muito...
Conheça alguém,
convide-a para sair,
permita-se amar.
Ame muito...
Se entregue ao amor,
aprenda com os erros,
Ame-se muito.
Seja o amor...
Se planeje,
viva da melhor forma,
siga em frente sempre.
AUTORRETRATO
Demétrio Sena - Magé
Não há como encontrar em mim a sensibilidade que os seus olhos leem no poeta que sou. Quem mora no poeta é alguém mais frio e sem coração do que as pessoas que nunca se camuflaram nos versos. Leia no romantismo dos meus poemas comoventes, algo escrito para convencer a mim mesmo. Veja nas minhas construções literárias que mais encantam pessoas, um desencanto pessoal. Uma incapacidade como indivíduo, para corresponder aos ideais.
Quem conhece profundamente a humanidade, a tal ponto que a interpreta, compreende ou conforta, não é uma pessoa física. É o imaginário em redor da pessoa incapaz de manter o encantamento; a confiança afetiva; o romantismo; a segurança emocional. O indivíduo que mora no poeta é frio; seco; apático; insensível... tenta, em vão, ser o poeta que é... repetir o poeta no sujeito e se apossar do seu predicado... vencer a si mesmo ao se matar como indivíduo, para sobressair-se como entidade... a entidade que se faz amar através das letras... da alma literária... alma de fora... armadura do corpo e da alma que se anulam, porque não podem corresponder aos sonhos que levam às essências longínquas.
Fique apenas com o poeta... com a doce mágica do seu próprio imaginário... e do meu lado impessoal. A pessoa que recheia o poeta é um indivíduo de corpo e vícios... que pelo quanto alimenta o poeta, já se tornou oco... é árido, escarpado e sem graça... é triste, rígido e deserto... é de fácil decepção e com certeza lhe magoaria, no futuro... talvez até o fizesse não muito tempo depois.
Se num futuro imprevisível... por algum descuido seu ou por uma tocaia inadvertida em minha solidão, você vier a me conhecer, antecipadamente me perdoe por eu não ser o poeta... o poeta que sou, mas que voa mundo afora e me deixa no abismo do apenas eu... tão vazio da poesia com que abasteço corações remotos.
... ... ...
#respeiteautorias Isso é lei.
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