O Espiritismo na Arte Leon Denis
Se o espiritismo falar mais alto do que o cristianismo, pago caro se a fé dos mortos interagirem no mundo dos vivos.
O espiritismo está acima de todas as doutrinas da terra:
no topo é o número um das religiões dos mortos, sendo a mais antiga e a primeira que existiu no Éden.
"O espiritismo não é religião.
O espiritismo não é fé cega.
O espiritismo é uma ciência de auto-observação.
Mas, antes de qualquer coisa, o espiritismo é Bom Senso!"
☆Haredita Angel
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"No espiritismo não tem patente.
Padre, Pastor, Rabino ou Vidente.
Todos lá, são Ministros do Amor.
Do amor por si.
Do amor por todos."
Haredita Angel
07.04.17
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - O ORGULHO E A VAIDADE.
SOBRE O ORGULHO E A VAIDADE E A ILUSÃO DO DOMÍNIO INTERIOR.
ORGULHO E VAIDADE COMO DESAFIOS DA VIDA MORAL.
Procuremos examinar com serenidade e método dois dos defeitos que mais frequentemente se manifestam no psiquismo humano o orgulho e a vaidade. A análise desses estados morais exige disposição sincera para conhecê los em profundidade sem mascarar lhes os impulsos nem justificar lhes as expressões. A tolerância verdadeira inicia se no trato que dispensamos a nós mesmos pois ninguém se reforma por meio da autopunição mas pelo esclarecimento progressivo da consciência. O trabalho de prospecção interior portanto deve realizar se com brandura vigilante evitando tanto a complacência quanto a censura destrutiva.
Trazer aos níveis conscientes as manifestações impulsivas que ainda nos governam parcialmente é condição indispensável para que possamos educá las e controlá las. Não se trata de negar os defeitos mas de compreendê los em sua origem e dinâmica reconhecendo que o domínio interior não é fruto de repressão violenta mas de lucidez moral constante.
O ORGULHO À LUZ DA DOUTRINA MORAL
O orgulho constitui uma das mais antigas e persistentes imperfeições do espírito. Ele manifesta se quando o indivíduo passa a condicionar sua felicidade à satisfação do amor próprio e dos apetites grosseiros tornando se infeliz sempre que não consegue impor sua vontade ou preservar a imagem idealizada de si mesmo. Segundo os ensinamentos apresentados em O Livro dos Espíritos por Allan Kardec no exame das penas e gozos terrenos aquele que se prende ao supérfluo sofre intensamente diante das frustrações enquanto o espírito que relativiza as aparências encontra equilíbrio mesmo em situações adversas.
O orgulho induz o homem a julgar se mais elevado do que realmente é a rejeitar comparações que lhe pareçam rebaixadoras e a colocar se acima dos outros seja por inteligência posição social ou vantagens pessoais. Conforme se esclarece em O Evangelho Segundo o Espiritismo no capítulo dedicado à cólera o orgulho gera irritação ressentimento e explosões emocionais sempre que o eu se vê contrariado ou questionado.
Entre as características mais recorrentes do indivíduo predominantemente orgulhoso destacam se a hipersensibilidade às críticas a reação agressiva a observações alheias a necessidade constante de centralidade e imposição das próprias ideias a recusa em reconhecer erros e a dificuldade em abrir se ao diálogo construtivo. Soma se a isso o menosprezo pelas opiniões do próximo a satisfação presunçosa diante de elogios e a preocupação excessiva com a aparência exterior com gestos calculados e com o prestígio social.
O orgulhoso frequentemente acredita que todos ao seu redor devem girar em torno de si e não admite humilhar se por considerar tal atitude sinal de fraqueza. Recorre à ironia e ao deboche como instrumentos de defesa nas contendas e acaba por viver numa atmosfera ilusória de superioridade intelectual ou social que lhe impede o acesso honesto à própria realidade interior.
Na maioria dos casos o orgulho funciona como mecanismo de defesa destinado a encobrir inseguranças profundas limitações formativas conflitos familiares não resolvidos ou frustrações relacionadas à imagem social que o indivíduo construiu para si. Em vez de enfrentar tais fragilidades o sujeito identifica se com o papel que escolheu desempenhar no cenário social tornando se prisioneiro da própria representação.
VAIDADE COMO DESDOBRAMENTO DO ORGULHO
A vaidade deriva diretamente do orgulho e com ele caminha de forma próxima e complementar. Enquanto o orgulho se estrutura como convicção interna de superioridade a vaidade manifesta se como necessidade externa de reconhecimento e admiração. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo ao tratar das causas atuais das aflições ensina se que o homem muitas vezes é o responsável pelos próprios infortúnios mas prefere atribuí los à sorte ou à fatalidade para poupar a vaidade ferida.
Entre as expressões mais comuns da vaidade encontram se a apresentação pessoal exuberante no vestir nos adornos e nos gestos afetados o falar excessivo e autorreferente a ostentação de qualidades intelectuais físicas ou sociais e o esforço constante para destacar se aos olhos dos outros mesmo ao custo de provocar antipatia. Observa se ainda intolerância para com os que possuem condição social ou intelectual mais humilde bem como aspiração a cargos e posições que ampliem o prestígio pessoal.
O vaidoso revela dificuldade em reconhecer a própria responsabilidade diante das adversidades e tende a obstruir a capacidade de autoanalisar se culpando a má sorte ou a injustiça do destino por suas dores. Essa postura impede o amadurecimento moral e favorece a cristalização do defeito.
A vaidade atua de modo sutil infiltrando se nas motivações aparentemente nobres. Por essa razão constitui terreno propício à influência de espíritos inferiores que se aproveitam da necessidade de destaque para gerar perturbações nos vínculos afetivos e sociais. Todos trazemos em nós alguma parcela de vaidade em diferentes graus o que pode ser compreensível até certo limite. O perigo reside no excesso e na incapacidade de distinguir entre o idealismo sincero voltado a uma causa elevada e o desejo oculto de exaltação pessoal.
DIMENSÃO PSICOLÓGICA E MORAL DA VAIDADE
As manifestações externas da vaidade revelam quase sempre uma deformação na relação do indivíduo com os valores sociais. Quanto mais artificiais se tornam a aparência os gestos e o discurso maior costuma ser a insegurança íntima e a carência afetiva subjacente. Muitas dessas fixações originam se na infância e na adolescência quando modelos idealizados de sucesso e felicidade são assimilados sem discernimento crítico.
O vaidoso frequentemente não percebe que vive encarnando um personagem. Seu íntimo diverge da imagem que projeta e essa dualidade produz conflitos silenciosos. Há sofrimento interior e desejo de encontrar se mas também medo de abandonar a máscara que lhe garantiu visibilidade e aceitação. Com o tempo essa dissociação pode gerar endurecimento emocional frieza afetiva e empobrecimento do sentimento.
O aprendiz do Evangelho encontra nesse processo vasto campo de reflexão. A análise tranquila das próprias deformações permite identificar as raízes que as originaram e favorece o resgate da autenticidade interior. Despir se da roupagem teatral e assumir se integralmente constitui passo decisivo rumo à maturidade moral e à disposição sincera de melhorar sempre.
ORGULHO VAIDADE E DOMÍNIO INTERIOR
O orgulho não caminha por virtude mas por carência. Ele busca companhia porque teme o silêncio no qual a consciência poderia interrogá lo. Trata se de um afeto desordenado que se apresenta como força quando na realidade é fragilidade não confessada. Onde o orgulho se instala a segurança é simulada e o eu passa a representar um papel inclusive diante de si mesmo.
Convém recordar que os defeitos não são senhores autônomos da alma. Eles não governam por natureza mas por concessão. O erro fundamental do orgulhoso consiste em inverter a relação entre sujeito e atributo. O homem não é possuído pelo defeito ele o abriga o alimenta e o preserva como se fosse parte essencial de sua identidade. O que poderia ser corrigido passa a ser defendido e dessa confusão nasce a servidão moral.
A lucidez ética inicia se quando o indivíduo reconhece que possuir um defeito não equivale a ser definido por ele. O vício é acidente e não substância. Enquanto essa distinção não se estabelece o orgulho seguirá mal acompanhado aliado à negação à rigidez e à insegurança. Quando a razão reassume o governo interior o orgulho perde o trono e revela se apenas como um hábito suscetível de superação.
Assim a verdadeira elevação não nasce da exaltação do eu mas da coragem serena de reconhecê lo incompleto e perfectível pois somente aquele que se conhece sem ilusões caminha com firmeza rumo à imortalidade do espírito consciente.
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO.
A CARIDADE PROVADA PELA INGRATIDÃO.
O trecho apresentado do capítulo 13 de O Evangelho Segundo o Espiritismo constitui uma das mais severas e ao mesmo tempo mais elevadas lições morais do ensino espírita. Nele se encontra uma pedagogia espiritual rigorosa que desnuda as motivações íntimas do bem aparente e submete a caridade humana ao crivo do desinteresse absoluto conforme a lei divina ensinada pelo Cristo e sistematizada por Allan Kardec.
A resposta do Guia Protetor em Sens no ano 1862 estabelece com clareza que a recusa em fazer o bem por temor da ingratidão não é prudência moral, mas expressão de egoísmo refinado. Fazer o bem esperando reconhecimento desloca o ato da esfera da caridade para a do comércio afetivo. O benefício deixa de ser dom e converte se em moeda simbólica de vaidade. A doutrina espírita aqui reafirma que o valor moral da ação não reside no gesto exterior, mas na intenção que o sustenta conforme já se encontra nas máximas evangélicas sobre o mérito oculto.
O texto aprofunda ainda mais essa análise ao afirmar que a ingratidão é permitida por Deus como prova. Não se trata de punição arbitrária, mas de instrumento educativo. A perseverança no bem diante da ausência de retorno humano revela o grau real de desprendimento do Espírito encarnado. A gratidão que consola o ego é um prêmio terreno. O mérito espiritual nasce quando o bem é feito mesmo sob a dor da frustração. Esta lição harmoniza se com o princípio da lei de causa e efeito apresentado na codificação espírita e reiterado em O Livro dos Espíritos nas questões que tratam da justiça divina.
Há também no texto uma dimensão profundamente reencarnacionista. O benefício esquecido no presente não se perde no tempo espiritual. Ele retorna como memória moral quando o Espírito liberta se do corpo. Aquele que foi ingrato reconhece então a própria falha e busca reparar o débito em existência futura. Assim o benfeitor invisível coopera para o progresso do outro sem jamais o saber. A máxima um benefício jamais se perde não é metáfora consoladora mas lei moral objetiva sustentada pela continuidade da consciência.
Na instrução intitulada Os Órfãos recebida em Paris no ano 1860 a caridade assume contornos ainda mais comoventes e exigentes. O Espírito Protetor desloca o foco do simples auxílio material para a atitude interior do benfeitor. Não basta dar. É necessário dar com ternura. A esmola que humilha fere mais do que a privação. A caridade que ostenta autoridade agrava a dor daquele que já sofre. Aqui o ensino espírita atinge uma delicadeza ética rara ao afirmar que o sorriso a palavra e a carícia possuem valor moral superior ao óbolo frio.
A referência à possível ligação pretérita entre o benfeitor e a criança órfã introduz novamente a lei das reencarnações como fundamento da fraternidade universal. Todo sofredor pode ter sido afeto íntimo em outra existência. Se a memória fosse restaurada o ato deixaria de ser caridade e tornar se ia simples dever. Esta reflexão dissolve a ilusão da superioridade moral do que ajuda e recoloca todos os Espíritos no mesmo plano de solidariedade evolutiva.
O capítulo encerra se portanto como um tratado silencioso sobre a verdadeira caridade aquela que não calcula não exige não se ressente e não se exibe. A mão esquerda não saber o que faz a direita significa apagar o ego do ato moral e permitir que a ação seja expressão direta da lei divina inscrita na consciência.
Assim a caridade desinteressada perseverante e compassiva torna se não apenas auxílio ao próximo mas instrumento de depuração interior pelo qual o Espírito educa a si mesmo e coopera silenciosamente com a obra eterna do bem.
A Maçonaria e o Espiritismo são ciências e não religiões. Aqueles que assim não as praticam, se encontram equivocados na origem e na raiz.
Acredito em um espiritismo ecumênico como uma ciência religiosa maior, se afastando um pouco do racismo kardecista que depõe contra toda idéia de espiritualismo eterno e universal. Afinal a alma não tem cores ou gêneros, que são aspectos limítrofes da matéria nesta dimensão.
O CAMINHO DA POSSESSÃO E DA LIBERTAÇÃO NA ESCRITURA DO ESPIRITISMO.
Autor/Pesquisador: Marcelo Caetano Monteiro.
O texto conhecido , publicado na Revista Espírita do ano de 1863, constitui um dos documentos mais densos, pedagógicos e decisivos da literatura espírita clássica no que concerne ao problema da obsessão, da subjugação e da possessão. Trata-se de uma escritura que não apenas descreve fatos extraordinários, mas funda critérios doutrinários, morais e científicos para a compreensão da interferência espiritual sobre o encarnado, afastando definitivamente tanto a superstição teológica quanto o reducionismo médico materialista.
Desde o início, o texto propõe uma revisão conceitual de enorme alcance. Ao afirmar inicialmente que não existem possessos no sentido vulgar, mas subjugados, a doutrina espírita demarca sua ruptura com a noção demonológica herdada da tradição medieval. Contudo, o próprio desenvolvimento experimental dos fenômenos leva à necessária retificação dessa assertiva, reconhecendo a possibilidade de uma possessão real, ainda que parcial, caracterizada pela substituição temporária do Espírito encarnado por um Espírito errante. Essa retificação não representa contradição, mas maturação metodológica, fidelidade ao princípio kardeciano segundo o qual a doutrina progride pela observação rigorosa dos fatos.
O primeiro caso apresentado, de natureza simples e quase lúdica, revela uma possessão mental sem prejuízo moral ou físico. Um Espírito desencarnado, pouco adiantado porém benevolente, aproveita o afastamento momentâneo do Espírito da médium sonâmbula para utilizar-lhe o corpo. O fenômeno é descrito com minúcia comportamental, gestual e psicológica, evidenciando que não se trata de imaginação, sugestão ou histeria, mas de uma individualidade espiritual distinta, reconhecível por traços de caráter, hábitos e memória pós mortem. Aqui se estabelece um ponto capital. A possessão não implica necessariamente maldade, violência ou perversão. Ela é um fato neutro em si, cuja gravidade depende da natureza moral do Espírito obsessor.
Esse ponto preparatório conduz ao núcleo trágico do texto, o caso da senhorita Júlia. Aqui a escritura abandona o tom quase anedótico e ingressa num território de dor, dramaticidade e instrução profunda. Júlia apresenta um estado de sonambulismo quase permanente, acompanhado de crises violentas nas quais luta contra um Espírito que se identifica como Fredegunda. O relato é de uma intensidade psicológica impressionante. A jovem não apenas vê e sente a presença do Espírito, mas vivencia uma cisão interna, ora sendo dominada por ele, ora combatendo-o com fúria, ora punindo a si mesma como se fosse a própria obseditora.
O aspecto mais instrutivo desse caso reside na absoluta ausência de conhecimento prévio. Júlia não conhecia o nome Fredegunda, nem sua história, nem o período histórico a que se referia. Em vigília, sua inteligência era simples, limitada, comum. Em sonambulismo, manifestava lucidez, profundidade e coerência incompatíveis com seu nível cultural. Essa alternância destrói a hipótese de loucura orgânica. A loucura não amplia a inteligência. Não refina o raciocínio. Não introduz conhecimento histórico específico. O que se observa é a emancipação da alma quando os laços corporais se afrouxam, permitindo o exercício mais amplo das faculdades espirituais.
O texto assume então uma função crítica severa contra a medicina materialista e contra o magnetismo praticado sem discernimento moral. Médicos declaram-se impotentes. Magnetizadores inexperientes agravam o quadro. Um deles, dominado por presunção doutrinária, sustenta que apenas Espíritos inferiores se comunicam, negando a assistência dos bons Espíritos. Tal crença revela-se não apenas falsa, mas criminosa, pois retira da obsediada a esperança, reforça o poder do obsessor e compromete sua razão. A análise fluídica apresentada é de extrema sofisticação. O Espírito obsessor absorve o fluido do magnetizador por afinidade vibratória, fortalecendo-se, enquanto a doente se enfraquece. Aqui se estabelece uma lei fundamental. Não basta emitir fluido. É imprescindível a qualidade moral do fluido, sua natureza íntima, sua consonância com o bem.
A cura da senhorita Júlia inaugura um paradigma terapêutico espírita completo. Ela não se opera por força, imposição ou confronto violento, mas por tríplice ação. Ação moral sobre a doente, levando-a ao perdão, à humildade e à prece sincera. Ação espiritual sobre o obsessor, por meio da evocação, do esclarecimento e da educação moral. Ação fluídica orientada, sustentada pela assistência dos bons Espíritos e pela prece coletiva. O perdão de Júlia a Fredegunda constitui o ponto de inflexão decisivo. Ao abandonar o ódio, ela eleva sua vibração moral e rompe a sintonia que sustentava a obsessão.
As comunicações subsequentes do Espírito Fredegunda são de valor doutrinário inestimável. Revelam a psicologia do Espírito culpado, sua dificuldade de pronunciar o nome de Deus, seu sofrimento prolongado, sua resistência inicial ao arrependimento e, finalmente, sua transformação gradual. O Espírito não é apresentado como um demônio absoluto, mas como uma consciência enferma, presa ao passado, dominada pelo orgulho e pelo remorso. Sua melhora não decorre de castigo, mas de instrução, prece e caridade. A obsessão, nesse contexto, aparece como uma expiação aceita antes da encarnação, destinada ao progresso de ambos, obsessor e obsediado.
O texto estabelece ainda uma distinção sutil e fundamental entre Espíritos francamente maus e Espíritos hipócritas. Estes últimos, que se revestem de aparência de virtude e saber, são mais perigosos, pois fascinam, iludem e se apoderam do Espírito do médium. Fredegunda, ao recuar diante do nome de Deus, demonstra estar mais próxima da regeneração do que aqueles que utilizam o nome divino como máscara.
A Escritura do Espiritismo Cristão, nesse conjunto, revela-se fiel ao espírito do Evangelho sem cair no misticismo irracional. A possessão não é um espetáculo sobrenatural, mas um fenômeno moral e psíquico regido por leis. O Cristo expulsava demônios não por magia, mas por autoridade moral. O Espiritismo restitui esse entendimento, demonstrando que a verdadeira libertação nasce da elevação interior, da caridade ativa, da reforma íntima e da comunhão vibratória com o bem.
Assim, O Caminho não é apenas um relato histórico ou um estudo clínico espiritual. É uma cartografia da alma humana em luta, um tratado sobre responsabilidade moral, uma advertência contra a soberba intelectual e um testemunho de que nenhuma dor é inútil quando aceita como instrumento de aprendizado e redenção. E permanece como um marco perene, lembrando que toda sombra cede quando a consciência aprende a caminhar, com humildade e verdade, em direção à luz.
A INSTRUÇÃO DOS POSSESSOS DE MORZINE, A MEDIUNIDADE BÍBLICA E O CRITÉRIO ESPÍRITA DO JULGAMENTO MORAL.
O complemento indispensável ao estudo do caso da senhorita Júlia encontra-se na Instrução sobre os possessos de Morzine, publicada sucessivamente na Revista Espírita nos números de dezembro de 1862, janeiro, fevereiro, abril e maio de 1863. Esses artigos formam um corpo doutrinário coerente que antecede, prepara e esclarece o entendimento maduro da possessão espiritual à luz do Espiritismo Cristão, afastando definitivamente tanto a explicação demonológica tradicional quanto a patologia psiquiátrica exclusiva.
Em Morzine, pequena localidade da Alta Saboia, verificou-se um fenômeno coletivo de obsessão grave que atingiu dezenas de pessoas, sobretudo mulheres jovens. Os sintomas eram violentos, públicos e contínuos. Convulsões, blasfêmias, força física desproporcional, aversão a objetos religiosos, discursos incoerentes em estado de crise e perfeita normalidade fora deles. O clero local atribuiu os fatos à possessão demoníaca clássica. A medicina declarou-se impotente. O Espiritismo, porém, identificou ali um caso típico de obsessão coletiva agravada por ignorância, medo e sugestão religiosa.
O ponto central da instrução espírita sobre Morzine é a distinção rigorosa entre causa e efeito. O corpo sofre porque a alma está oprimida. A perturbação orgânica é consecutiva, não originária. A crença de que se trata do demônio reforça o domínio do Espírito obsessor, pois lhe confere um poder simbólico que ele não possui por direito natural. Ao serem convencidos de que carregavam o diabo, os obsidiados reforçavam o laço fluídico que os subjugava. Trata-se de um mecanismo psicológico e espiritual de ressonância vibratória.
A analogia com o caso da senhorita Júlia é direta e inequívoca. A diferença essencial é que, em Morzine, a ignorância coletiva e a ação ritualística baseada no medo agravavam os quadros, enquanto no caso de Júlia a abordagem esclarecida, moral e espiritual conduziu à libertação e à regeneração do Espírito obsessor. A instrução de Morzine demonstra que a obsessão pode adquirir caráter epidêmico quando o meio moral é homogêneo em crença, temor e sugestão negativa. O meio, aqui, atua como multiplicador fluídico.
É nesse ponto que se insere a referência a Samuel Hahnemann, não como médico convencional, mas como precursor de uma medicina de princípios dinâmicos. A homeopatia, ao afirmar que a doença não é apenas material, mas uma perturbação da força vital, aproxima-se do entendimento espírita segundo o qual o Espírito é o agente principal do equilíbrio ou do desequilíbrio orgânico. A obsessão grave, como em Morzine ou no caso de Júlia, não poderia jamais ser curada por intervenções materiais exclusivas, pois sua causa reside no campo moral e espiritual. O medicamento sem reforma íntima é ineficaz. O fluido sem elevação moral torna-se nocivo.
A contribuição de Erasto, por sua vez, é decisiva ao estabelecer a lei da dupla ação. Encarnado sobre encarnado, desencarnado sobre desencarnado. Não há libertação duradoura sem o concurso de Espíritos superiores aliados à ação moral do médium ou magnetizador. Essa lei explica por que os exorcismos ritualísticos fracassam quando não há autoridade moral real, e por que a simples vontade humana, desacompanhada de humildade e prece, se revela impotente diante de Espíritos perseverantes.
Essa compreensão espírita encontra correspondência notável nas Escrituras hebraicas, quando analisadas sob o prisma da mediunidade natural e da justiça moral divina. A chamada mão que escreveu na parede, no episódio do rei Belsazar, descrito no livro de Daniel capítulo 5, constitui um fenômeno mediúnico objetivo de efeitos físicos visíveis. Não se trata de alegoria poética, mas de manifestação espiritual ostensiva, inteligível apenas a um médium de alta lucidez moral e intelectual, Daniel. O fenômeno ocorre em ambiente de profunda perturbação moral, profanação e orgulho. A escrita não é ameaça arbitrária, mas diagnóstico espiritual. Mene indica contagem do tempo moral concedido. Tequel indica avaliação do peso ético da consciência. Parsim indica consequência natural da falência moral.
O julgamento não é mágico, mas causal. A mediunidade manifesta-se como instrumento pedagógico da lei divina. O Espírito comunica, mas o fato se cumpre porque o rei já estava em estado de queda interior. O mesmo princípio governa a obsessão. O Espírito obsessor não cria o mal. Ele o explora onde encontra afinidade.
A narrativa de Nabucodonosor, no capítulo 4 de Daniel, reforça essa lógica. O rei não sofre uma transfiguração teológica, mas uma regressão psíquica provocada pela soberba extrema. O afastamento da razão simboliza a ruptura entre o poder humano e a lei divina. O estado animalizado não é castigo externo, mas efeito educativo. Quando a consciência reconhece a soberania do Altíssimo, a sanidade retorna. À luz do Espiritismo, trata-se de um caso de perturbação espiritual grave, com suspensão temporária do governo consciente da alma sobre o corpo, fenômeno análogo a certos estados obsessivos profundos.
Ambos os relatos bíblicos revelam que a mediunidade sempre existiu como instrumento da justiça divina, mas só se torna compreensível quando dissociada do medo e da superstição. O Espiritismo não nega as Escrituras. Ele as restitui ao seu sentido racional e moral. Demonstra que a ação espiritual é regida por leis, que a obsessão é curável pela elevação íntima, e que nenhum Espírito sofre sem motivo.
A Instrução sobre os possessos de Morzine, o caso da senhorita Júlia, as comunicações de Erasto, a visão dinâmica da medicina espiritual e os episódios bíblicos de Daniel convergem para uma mesma verdade. A mediunidade é uma faculdade natural. A obsessão é um fenômeno moral. A libertação não se opera pelo medo, mas pela consciência. E a justiça divina não pune arbitrariamente, mas educa, pesa, mede e restaura segundo o mérito e o esforço de cada alma em aprender a governar-se a si mesma sob a lei eterna do bem.
Não vou a igreja só por que tem um grande pregador ou grande ministerio de louvor,e sim por que sei que meu Pai celestia esta sempre lá.
A única e verdadeira ligação à Deus é o amor! Não adianta nada ser um religioso estudioso e dedicado e não amar o próximo, não cuidar do próximo... isso é ser hipócrita e não um religioso de verdade!
Lembre-se que você pode até enganar os homens, mas nunca a Deus.
Ame mais, cuide mais!
Tragédia é não saber aproveitar o agora!
Aproveite cada segundo da sua vida, você nunca mais viverá ele novamente!
Seja feliz, os problemas acontecem para que possamos extrair o melhor deles para garantir nossa felicidade, então seja grato por eles!
Ame mais, cuide mais!
Sinto frio, envolto nos pés
tocando areia molhada
fugindo tensão e revés
horizonte, moldura pintada.
Quando você foi, dia feito hoje
um medo de voltar sozinho
como filhote longe do ninho
me lembro, dói triste feito hoje.
Rio que desce, correndo olhos
vento que leva, entalha cristais
amarga meu sono, pingos no solo
bela menina que laços desfaz.
Eis que não caiu somente sobre mim
chuva fina, nos conduz em solidão
lá fora, pétalas, havia um jardim
embaça vidro, desenha coração.
Para mim, cheiro jasmim, carmim, sim
para ti, resilição, relação de ilusão, não
sem você, tenho medo, me ajude, querubim
por você, sou forte trovão, encaro um dragão.
Enquanto a chama arder, me sinta
sabes bem, olhe pra dentro, repita
coração e mente, vida, momento
estou aqui, no frio, escuro, relento.
(Relento - Denis Santana - 2016)
Entorpece no sono flamejante
folhas secas viram carvão
mato queima, fumaça chiante
errei, mas peço perdão
Queixo trêmulo e soluçante
imploram por mera absolvição
nesta escravidão sou reinante
tenho em mente uma bifurcação
Dum amor fui resignante
como pássaro num alçapão
perdido, animal rastejante
me prendes negando decisão
Águia sábia de ataque farsante
tu és bela mas ages como camaleão
viajando pela flora verdejante
passeia enganando a paixão
Estreante dum caminho estrelante
não preciso de prova e certidão
és uma louca diva alucinante
brincando de colecionar coração
Sigo aqui quieto e zelante
apostando num cavalo azarão
sentimento cruel e tratante
que exala pura descompaixão.
(Resignante - Denis Santana - 2015)
Este som que me incomoda
quase sempre de madrugada
um desejo que implora
minha linda namorada
Se mistura no seu beijo
seu suor, respiração
selvagem no cortejo
sou firme na paixão
Sou amante aspergindo
em teu peito o meu sangue
amor que vem sentindo
mãos na pele, excitante
Lua nova me ilumine
luz esquenta meu verão
uma voz chama Cristine
neste céu sou gavião.
