Nunca Diga que Ama uma Pessoa
A lucidez só deve chegar ao limiar da alma.
Nas próprias antecâmaras do sentimento
é proibido ser explícito...
Tem coisas que a gente não tem como determinar. Simplesmente é a vida. Eu já aprendi que tentar controlar tudo só faz tudo fugir do controle.
"Há em todas estas linhas preenchidas por poética,
algo de melancolia
De um amor ideal -
São quase notas musicais..."
FatinhaPessoa
"Meto-me para Dentro
_________________Fernando Pessoa.
Meto-me para dentro, e fecho a janela.
Trazem o candeeiro e dão as boas noites,
E a minha voz contente dá as boas noites.
Oxalá a minha vida seja sempre isto:
O dia cheio de sol, ou suave de chuva,
Ou tempestuoso como se acabasse o Mundo,
A tarde suave e os ranchos que passam
Fitados com interesse da janela,
O último olhar amigo dado ao sossego das árvores,
E depois, fechada a janela, o candeeiro aceso,
Sem ler nada, nem pensar em nada, nem dormir,
Sentir a vida correr por mim como um rio por seu leito.
E lá fora um grande silêncio como um Deus que dorme."
O Guardador de Rebanhos por Alberto Caeiro
Realidade
"A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós próprios..."
" As coisas sonhadas só têm o lado de cá… Não se lhes pode ver o outro lado… Não se pode andar à roda delas… O mal das coisas da vida é que as podemos ir olhando por todos os lados… As coisas de sonho só têm o lado que vemos… Têm amores só puros como as nossas almas."
Assim, sem nada feito e o por fazer
Assim, sem nada feito e o por fazer
Mal pensado, ou sonhado sem pensar,
Vejo os meus dias nulos decorrer,
E o cansaço de nada me aumentar.
Perdura, sim, como uma mocidade
Que a si mesma se sobrevive, a esperança,
Mas a mesma esperança o tédio invade,
E a mesma falsa mocidade cansa.
Tênue passar das horas sem proveito,
Leve correr dos dias sem ação,
Como a quem com saúde jaz no leito
Ou quem sempre se atrasa sem razão.
Vadio sem andar, meu ser inerte
Contempla-me, que esqueço de querer,
E a tarde exterior seu tédio verte
Sobre quem nada fez e nada quere.
Inútil vida, posta a um canto e ida
Sem que alguém nela fosse, nau sem mar,
Obra solentemente por ser lida,
Ah, deixem-se sonhar sem esperar!
Fernando Pessoa
Cancioneiro
Tomamos a Vila depois de um Intenso Bombardeamento
A criança loura
Jaz no meio da rua.
Tem as tripas de fora
E por uma corda sua
Um comboio que ignora.
A cara está um feixe
De sangue e de nada.
Luz um pequeno peixe
— Dos que bóiam nas banheiras —
À beira da estrada.
Cai sobre a estrada o escuro.
Longe, ainda uma luz doura
A criação do futuro...
E o da criança loura?
Expulsis
Meus medos estão saindo
Abandonando meu ser
Pois tive que expulsá-los
Pra poder sobreviver.
Cada minuto sem eles,
Sei que irei ascender.
Santo Antônio do Salto da Onça/RN
17/11/2023
Catástrofe
A tempestade saiu
Do copo e foi para fora
E eu fiquei sem saber
O que fazer nesta hora.
Não sei se a humanidade
Terá a capacidade
De resistir isto agora.
Santo Antônio do Salto da Onça/RN
17/11/2023
Fera em mim
Os monstros nos acompanham
Sejam presentes, ou vozes!
Mas podemos controlá-los
Sermos até seus algozes.
Não podemos fraquejar,
Pois nossos “Eus” são ferozes!
Santo Antônio do Salto da Onça/RN
17/11/2023
Introspecção
Olho de fora de mim
Pra tentar me entender
Leio o livro em que está
Escrito o meu viver
Talvez nele eu encontre
O que eu queira saber.
Santo Antônio do Salto da Onça/RN
17/11/2023
Transeunte
Somos sempre viajantes
Nesta vasta imensidão
E em cada viagem feita
Seguimos pra evolução
Para um dia atingirmos
A completa perfeição.
Santo Antônio do Salto da Onça/RN
17/11/2023
Será Humano?
O homem é um ser humano
Que se diz evoluído
Mas ele é devastador
Quer ver tudo destruído.
Ele morde, bate e mente
É um ser inconsequente,
Corrompe e é corrompido.
Santo Antônio do Salto da Onça/RN
17/11/2023
Sem palavras
Silêncio, às vezes, é
O complemento da fala
E pra não ferir alguém
A nossa boca se cala.
Às vezes, ela falando,
Acaba cuspindo bala.
Santo Antônio do Salto da Onça/RN
17/11/2023
Quem Dera
Imagino um dia em que estarei no barro.
Às vezes quente, às vezes lama, entre outros,
No mais alto teor malcheiroso que exalam os mortais.
Quem dera!
Se até mesmo sob tanta terra,
Naquele invólucro imóvel, apertado,
Sem água e escuro, a decompor-me,
Exalasse o perfume de jasmim.
Quem dera!
Pois essa podridão indesejável
É o perfume da humanidade vil
Que o exala sem querer, claro!
Transfigurando-se em seu estado mórbido.
Quem dera!
Se eu fosse,
Apenas fosse,
Sem ter que me ver decompor-me
Com tanta fetidez.
Quem dera!
Se eu apenas fosse numa viagem
sem ter que me ver neste estado humano
devorado por vermes.
Quem dera!
Assim o penso,
Assim é o meu lado material.
Quem dera!
Não fosse.
Santo Antônio do Salto da Onça/RN
23/11/2023
Transitório
Vejo da minha janela
O planeta estilhaçado
Onde reina o desamor
Com cada um pro seu lado.
Não vejo mais caridade
Somente atrocidade
Num mundo contrariado.
Santo Antônio do Salto da Onça/RN
23/11/2023
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