Novo Começo
Sabe quando você caminha sem que seus pés toquem o chão.
Eu já senti isso, eu já me senti amada a cada vez que fui beijada.
Já me senti a mulher perfeita a cada vez que senti seus olhos.
Eu vivi a paixão, o sorriso bobo que não se contém.
Vivi o amor, aquele que faz você se sentir o tempo todo abraçado, protegido, abençoado.
Por tudo isso eu conheci a alegria, eu conheci a felicidade, por que fui tão completa que não desejei mais nada da vida além de poder agradecer.
Quis a vida, que tudo mudasse, que todos esses sentimentos se tornassem opostos e por ter chegado tão alto, fosse preciso descer muito baixo, me despedindo de cada um.
Então eu só desejei pedir, pedir que o tempo voltasse, que a vida novamente mudasse, e uma nova chance existisse.
Nada nunca mudou.
Eu nunca mais fui tão feliz, mas também nunca mais fui tão infeliz.
Talvez eu tenha aprendido a fracionar aquela alegria, talvez eu tenha aprendido a reviver a felicidade com o que ela havia me ensinado.
Nada, nenhuma das emoções chega perto da paixão.
Uma paixão nos faz renascer, nos faz ver outro mundo, nos faz sorrir só de fechar os olhos.
Paixões movem o mundo.
O problema é que elas machucam, a decepção que causam é como a queda livre em um precipício.
Nada se compara a estar apaixonado, mas nada se compara a dor da paixão não correspondida.
E ainda assim eu rezo todos os dias para nunca deixar de me apaixonar.
Eu sempre tive essa consciência, de que nada era para sempre, talvez até demais. Então já via todas as felicidades como efêmeras, com prazo e data de validade.
Meus amores nunca deram certo, nunca acreditei em nenhum deles. Se estava feliz achava que não os merecia, se não eram plenamente perfeitos achava que não mereciam uma chance.
É difícil perceber e admitir que se jogou sempre tudo fora por medo, medo do que iria acontecer e que se fazia isso acreditando agir por sensatez, coragem e inteligência.
Talvez...
O momento de se preocupar com o rumo de sua vida, seja quando você se pega perguntando:
Em que ainda acredito em minha vida...
Se a gente soubesse...
Ah... Se a gente soubesse, se tivéssemos tido um sinal, um aviso, poderíamos ter nos salvado.
Mas a ânsia de ser feliz nos faz mergulhar, nos faz acreditar...
E depois que a verdade se mostra, tudo que temos é a horrível sensação que mais uma vez usamos um nariz de palhaço, sem perceber.
Certa vez li que se uma pessoa não sabe o que a faz infeliz, não pode saber o que a faz feliz.
Então comecei a pensar na possibilidade de que talvez ainda não saiba o que é felicidade ou infelicidade.
Já ouviu aquele ditado?
Por mais fina que seja a fatia do bolo ela sempre tem dois lados.
Eleger culpados ou inocentes está além da habilidade humana.
Por que a vida tem a poderosa habilidade de nos colocar a cada momento de um lado.
E por mais duvidoso que possa parecer, o culpado hoje pode ser o mocinho de amanhã.
Sempre acreditei que o melhor indicador se estamos levando a vida como deveríamos, é a nossa alegria e a nossa vontade de viver.
Se nossos dias estão pesados, se as lembranças ruins são muito mais presentes que as boas, se as perdas são constantes, ou pior se já nos acostumamos a viver assim, com o coração fechado, com certeza algo está errado.
As vezes a vida está gritando com a gente, tentando nos mostrar um outro caminho.
Então mudamos a cor de roupa do réveillon, pulamos as sete ondinhas, e não nos damos conta, de que é hora de mudar de comportamento.
Se não formos felizes, não poderemos oferecer isso a ninguém.
Então é Natal!!!
Ok... Tudo fica enfeitado, tudo fica lindo, as lojas fervem, mas e os corações?
Os presentes dados por etiqueta, as presenças por obrigação, uma nuvem de açúcar para amenizar tanta hipocrisia.
Seria maravilhoso que as pessoas praticassem o perdão, a gratidão, mas sinceramente, isso acontece?
Então tirando todo o lado religioso da história, você ainda acredita em natal?
E quando você fez parte de muitas histórias, mas não ficou em nenhuma.
Já doeu muito lembrar de minha passagem nessas histórias.
Mesmo depois de tanto tempo, continuo não entendendo por que não permaneci.
Mas, o que consigo ver e entender é que meus pares protagonistas nunca foram o que pensei.
E que as pessoas que me substituíram são todas um pouco de mim.
Eles nunca me esqueceram, só nunca teriam conseguido me transformar em uma sombra como fizeram com elas.
Parece que estou no centro de um grande círculo.
Para onde quer que corra não consigo mudar, para onde quer que eu vá é a mesma visão, o mesmo caminho.
Parece um grande emaranhado de nós e por mas que eu tente não consigo desmanchar, desfazer.
Será que algumas escolhas se tornam eternas, se tornam permanentes limitações.
É engraçado como mudamos, dizendo vulgarmente como literalmente pagamos com a língua
Se alguém me dissesse que um dia seria como sou hoje, diria loucura! Você deve estar louco eu nunca serei assim.
Pois bem, hoje em dia eu limito as pessoas que entram ou que sequer tentam participar da minha vida. Mas, um dia eu disse ao céus, Deus faça com que aconteça alguma coisa em minha vida, qualquer coisa é melhor que nada.
Ao ter que escolher cores, nada dos pastéis e bebês de hoje em dia, seria o laranja, o vermelho, o amarelo, cores que fosse cheias de vida.
E as paixões, ao contrário de hoje, eram o combustível de tudo, eu as caçava, assim como as emoções. Nada dessa vida morna, previsível e calma de hoje em dia.
E mesmo tendo sofrido muito, tendo errado muito, trocaria tudo que tenho hoje, pela vida que tinha antes. Onde a vida era realmente vivida.
E quando alguém disser:
Não faça planos, não se preocupe, apenas viva!!!
Responda, sem planejamento nenhuma mudança verdadeira ocorre, por que ninguém muda de um dia para o outro.
A única mudança que acontece de um dia para o outro são os cortes de cabelo. As mudanças artificiais.
Todas as outras precisam sim de planejamento e persistência para se concretizarem.
Eu já vivi tantas coisa que deram errado.
Já me levantei depois de tantas perdas e decepções, que hoje não sei como consegui.
Na verdade foi tanta dor que me desliguei do mundo, passei a não esperar mais, a não sentir mais.
Será que existe um amor que fica para sempre.
Sabe, te apoiando, sem deixar de sorrir para você.
Que não desiste de você, mesmo quando você enlouquece.
Eu não sei se existe, mas gostaria de poder conhecê-lo.
Sabe aquele tipo de pessoa que ao colocar os fones, os tira para ver se realmente não está incomodando.
Sabe aquele tipo de pessoa que mesmo atolada, para e ouve o que lhe pedem e realmente considera.
Sou assim, posso dizer que aprendi que não devemos esperar nada pelo que fazemos, mas ainda me surpreendo com tanta ingratidão.
E tem dias que a sensação que fica é que ando com um nariz vermelho.
E não importa por quantos caminhos eu passe ou tenha que passar eu vou encontrar o meu.
Cada dia, cada lembrança, valeu a pena se doeu ou não, tudo foi aprendizado.
Tudo me fez mais forte, tudo faz parte do que sou hoje e se até hoje ainda não descobri para onde devo ir, acredite.
É por que nada até hoje foi capaz de me deslumbrar e fazer meu coração parar.
Um vazio tão grande, uma busca incessante de algo fugaz.
Algo pelo que se encantar, algo pelo que apenas se apaixonar.
Tudo tão cinza, tão simplificado a trabalho e utilidades que a banalidade se extinguiu.
Só um um pouquinho de ócio necessário ao bem estar de nada fazer.
Eu sempre achei que escreveria minha história, colecionei diários que um dia queimei.
Na faculdade achei que escreveria uma teoria, mal acabei o TCC.
No final acho que vou acabar com a coleção de pensamentos de chuveiro.
